quinta-feira, 30 de maio de 2013 17 comentários

Obá




     Orixá do rio Níger. Orixá, embora feminina, temida, forte, energética, considerada mais forte que muitos Orixás masculinos, vencendo na luta, Oxalá, Xangô e Orumilá.
     Obá é irmã de Iansã, foi esposa de Ogum e, posteriormente, terceira e mais velha mulher de Xangô. Bastante conhecida pelo fato de ter seguido um conselho de Oxum e decepado a própria orelha para preparar um ensopado para o marido na esperança de que isto iria fazê-lo mais apaixonado por ela. Quando manifestada, esconde o defeito com a mão.
     Seus símbolos são uma espada e um escudo.
     Tudo relacionado a Obá é envolto em um clima de mistérios, e poucos são os que entendem seus atos aqui no Brasil. Certas pessoas a cultuam como se fosse um Xangô fêmea.
     Obá e Ewá são semelhantes, são primas. Obá usa a festa da fogueira de Xangô para poder levar suas brasas para seu reino, desta forma é considerada uma das esposas de Xangô mais fieis a ele.
     Obá é Orixá ligado a água, guerreira e pouco feminina. Suas roupas são vermelhas e brancas, leva um escudo, uma espada, uma coroa de cobre. Usa um pano na cabeça para esconder a orelha cortada.
 Conta e lenda que Obá, repudiada por Xangô, vivia sempre rondando o palácio para voltar.



CARACTERÍSTICAS.

Cor:
Vermelha (marrom rajado) e Rosa.

Fio de Contas:
Marrom Rajada ou Rosa.-

Ervas:
Candeia, negamina, folha de amendoeira, ipoméia, mangueira, manjericão, rosa
branca.

Símbolo:
ofangi (espada) e um escudo de cobre.

Pontos da Natureza:
Rios de águas revoltas, (as pororocas).

Flores:
Rosa Vermelha ou Cor de Rosa.-

Essências:
Perfume de rosas.-

Pedras:
Marfim, coral, esmeralda, olho de leopardo.

Metal:
cobre.

Saúde:
audição, orelha, garganta.

Dia da Semana:
Quarta-feira.

Elemento:
Fogo.
-
Saudação:
Obá xirê.

Bebida:
Champanhe.

Número:
7 e seus múltiplos.

Animais:
Galinha d'angola.

Comidas:
Abará - massa de feijão fradinho enrolado em folhas de bananeira; acarajé e quiabo picado


Oferenda:
Canjica e feijão miúdo refogados com tempero verde e Abacaxi.

Data Comemorativa:
30 de maio.

Sincretismo:
Santa Joana d'Arc.

Incompatibilidades:
Sopa, peixe de água doce.


ATRIBUIÇÕES:

     Defende a justiça, procura refazer o equilíbrio.


LENDAS DE OBÁ:

OBÁ - Orixá Guerreira e Das Águas Revoltas !!!
     Obá vivia em companhia de Oxum e Iansã, no reino de Oyó, como uma das esposas de Xangô, dividindo a preferência do reverenciado Rei entre as duas Iabás (Orixás femininos).

     Obá percebia o grande apreço que Xangô tinha por Oxum, que mimosa e dengosa, atendia sempre a todas as preferencias do Rei, sempre servindo e agradando aos seus pedidos. Obá resolveu então,   perguntar para Oxum qual era o grande segredo que ela tinha, para que levasse a preferência do amor de Xangô, vez que Iansã, andava sempre com o Rei em batalhas e conquistas de reinados e terras, pelo seu gênio guerreiro e corajoso e Obá era sempre desprezada e deixada por último na lista das esposas de Xangô. Oxum então, matreira e esperta, falou que seu segredo era em como preparar o amalá de Xangô principal comida do Rei, que lhe servia sempre que deseja-se bons momentos ao lado do patrono da justiça.
     Obá, como uma menina ingênua, escutou e registrou todos os ingredientes que Oxum falava,  sendo que por fim Oxum, falou que além de tudo isso, tinha cortado e colocado uma de suas orelhas na mistura do amalá para enfeitiçar Xangô. Obá agradeceu a sinceridade de Oxum e saiu para fazer um amalá em louvor ao Rei, enquanto Oxum, ria da ingenuidade de Obá que, sempre atenta a tudo, não percebeu que Oxum mentira, pois ela encontrava-se com suas duas orelhas, e falará isso somente para debocha de Obá. Obá em grande sinal de amor pelo seu Rei, preparou um grande amalá, e por fim cortou uma de suas orelhas colocando na mistura e oferecendo à Xangô como gesto de seu sublime amor. Xangô ao receber a comida, percebeu a orelha de Obá na mistura, e esbravejou e gritou. Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e se transformaram nos rios que levam os seus nomes. No local de confluência dos dois cursos de água, as ondas tornam-se muito agitadas em conseqüência da disputa entre as duas divindades. E, até hoje quando manifestadas em seus iaôs elas dançam simbolizando uma luta.

Outra lenda de Obá:

A Luta de Obá e Ogum.

     Obá certa vez desafiou Ogum para um combate. O guerreiro, porém antes da luta foi consultar um Babalaô, que o ensinou a fazer uma pasta de milho e quiabo pilados.
     Ogum esfregou esta pasta no local destinado ao combate. Obá perdeu o equilíbrio, escorregou e caiu no chão. Ogum aproveitou-se disso e ganhou a luta.

Entendendo mais sobre a Orixá Obá.

Essa Divindade é um orixá ligado ao Trono Feminino do Conhecimento,
através da absorção do conhecimento em desequilíbrio para a sua
posterior recondução ao equilíbrio do ser. Assim, acaba por punir quem
faz mau uso dos conhecimentos, dado que são qualidades divinas. Obá
ajuda na superação da dispersão ou confusão mental. Possui como elemento
a terra úmida e fértil que sustenta os vegetais, daí sua ligação com
Oxóssi , orixá com o qual chega a formar um par terra-vegetal.


Características dos filhos de Obá:

    As pessoas pertencentes a este Orixá são lutadoras, bravas, um tanto
agressivas, o que as levam a serem pouco incompreendidas. Freqüentemente
tendem a terem experiências infelizes e amargas. São ciumentas, pois são
muito zelosas com tudo que lhe pertencem. Porém, pessoas de grande valor
e dedicação. Tendem a alcançar seus ideais. Dedicadas e muitas vezes
ingênuas, principalmente em relação ao amor e as amizades. São
extremamente honestas, tolerantes e crédulas.
    Sua principal característica é ser guerreira(o). Não cultiva amigos por
achar que são interesseiros. Não gostam de sexo.
   Geralmente tem nariz largo, sobrancelhas grossas, rosto redondo, lábios
acentuados, pessoa de estrutura forte.


    Obá não é muito cultuada na Umbanda, tem como seus maiores adeptos
os frequentadores do Candomblé, porém toda a Umbanda a respeita como
Orixá guerreira que é.

    Saravá a Guerreira Obá. Obá Xirê.



Carlos de Ogum.






Oração a Obá.

Salve nossa amada e querida mãe Obá , Senhora Mãe da terra! Diante de
vossa bondade e de vossa luz, nós vos reverenciamos, querida mãe.

    Pedimos senhora mãe que nos acumule de conhecimentos e nos torne
irradiante, diante da vossa presença, do vosso amor e da vossa
misericórdia.

Vós que sois mãe telúrica por natureza, ampare-nos, sustente-nos,
guie-nos, conduza-nos e envolva-nos em todos os sentidos, carnais e
espirituais.

 Traga-nos, ó mãe, luz irradiante onde houver a escuridão pela falta de
fé. Traga-nos, querida mãe a capacidade mental de entendimento das
coisas visíveis, proteja-nos com vossa ajuda justa e verdadeira.

Paralise ó mãe divina o que estiver desvirtuado em nosso caminho,
transformando-o em conhecimento puro. Faça de nós ó mãe vossos eternos
filhos encantados, do plano de Deus, purificando os possíveis desvios de
nossa personalidade.

Querida mãe Obá , que vossa natureza vegetal, vossas flores , frutos e
todo o vosso nécta e mel sejam um remédio para as nossas vidas,
absolvendo as energias negativas e transformando-as em positivas. Libere
vossas essências e radiações energizadoras, querida mãe, para a cura,
cicatrização, higienização, purificação e potencialização de nossa
mente, de nossos familiares, de nossas  casas e ambientes de trabalho,
mantendo as vibrações virtuosas e elevadas.

Estimule-nos ó divina mãe, na busca do conhecimento interior da verdade
e da fé. Afaste de nós toda a ironia, vícios e conceitos desvirtuados.
Livre-nos de falsas verdades religiosas e de darmos mau uso ao
raciocínio e ao conhecimento. Ative, ó mãe, com  seu gesto seguro, nossa
religiosidade. Paralise e perdoe os excessos por nós cometidos,
aquiete-nos mãe querida sustente-nos conduza-nos, leve-nos  em vossos
braços firmes e seguros, para que nunca sejamos induzidos a seguir uma
direção contrária à lei maior.

Ó mãe, vós que sois a seiva viva aonde as sementes germinam, abençoe o
nosso pão de cada dia, fruto da vossa terra generoso, e faça com que ele
nunca nos falte em nossas mesas. Abençoe os quatro cantos da terra, com
vosso santo e Divino amor e faça de nós eternos aprendizes e sementes
vivas da vossa verdade e do vosso infinito conhecimento.

Salve, salve, querida mãe Obá !

Akirô Obá Yê.


domingo, 26 de maio de 2013 9 comentários

Pai Nosso da Umbanda

Pai nosso que estais nos céus, nas matas, nos mares e em todos os mundos habitados.
Santificado seja o teu nome, pelos teus filhos, pela natureza, pelas águas, pela luz e pelo ar que respiramos.
Que o teu reino, reino do bem, do amor e da fraternidade, nos una a todos e a tudo
que criastes, em torno da sagrada Cruz, aos pés do divino salvador e redentor. Que a tua vontade nos conduza sempre para o culto do amor e da caridade. Dai-nos hoje e sempre a vontade firme para sermos virtuosos e úteis aos nossos semelhantes. Dai-nos hoje o pão do corpo, o fruto das matas e a água das fontes para o nosso sustento material e espiritual.
Perdoa, se merecermos, as nossas faltas e dá o sublime sentimento do perdão para os que nos ofendam. Não nos deixeis sucumbir, ante a luta, dissabores, ingratidões, tentações dos maus espíritos e ilusões pecaminosas da matéria. Enviai-nos, pai, um raio de tua divina complacência, luz e misericórdia para os teus filhos pecadores que aqui habitam, pelo bem da humanidade, nossa irmã.

Que Assim Seja!


Carlos de Ogum.

quinta-feira, 23 de maio de 2013 98 comentários

Santa Sara Kali e os Ciganos



    Dentro da Umbanda temos uma legião de Entidades que nos ajudam em diversas causas, entre elas estão as legiões dos Ciganos, que são um povo escolhido por Oxalá para, com sua sabedoria e amizade, nos ajudar em algumas causas espirituais ou pessoais que tanto nos afligem nos dias de hoje.

    Antes de falar dos Ciganos propriamente dito, gostaria de falar um pouco sobre Santa Sara Kali, que é a padroeira dos Ciganos e também de tantas pessoas que mesmo sem o sangue Cigano, tem no  espírito a magia desse povo maravilhoso.

    O dia de Santa Sara, que é vista como a "Princesa da Beleza Negra", é comemorado no dia 24 de maio, e abaixo vamos ver a história de Santa Sara Kali.

Histórias ou Lendas sobre Santa Sara.

Segundo alguns historiadores, por volta dos anos 50 d.c, uma embarcação teria cruzado os mares a partir de terras Palestinas levando a bordo para fugir das perseguições de Roma aos primeiros cristãos... [mardecoruripe] Os primeiros cristãos seria um grupo de personagens bíblicos: Maria Jacobina ou Jacobé, irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro, Maximiliano e Sara, uma negra serva das mulheres santas e aportado em uma pequena ilha situada em águas do Mediterrâneo. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer. Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias. Sara teria sido uma das primeiras convertidas ao cristianismo e morrido a serviço de suas companheiras de viagem.

Uma outra versão contada é que Sara era uma escrava egípcia de uma das três Marias, Madalena, Jacobé ou Salomé; e junto com José de Arimatéia, Trófimo e Lázaro foi colocada, pelos judeus, em uma barca sem remos e alimentos. Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito (acredita-se que deste gesto de Sara Kali tenha nascido a tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: Dalto chucar diklô (Te darei um bonito lenço)). Talvez por um milagre, ou por obra do destino, eles chegaram a salvo a uma praia próxima a Saintes Maries de La Mer. Depois de muitos dias, o barco foi resgatado por moradores de uma vila próxima aos arredores da costa marítima. Todos, por serem brancos, foram acolhidos, exceto Sara, por ser escrava (egípcia) e negra. Um grupo de ciganos a fez, pois estavam nas proximidades e presenciaram o fato. Sendo assim, passaram a cuidar de Sara, que, com sua morte, posteriormente, os mesmos passaram a recorrer com pedidos à mesma, por ter sido uma pessoa querida em vida, e esta, os atendeu em espírito, realizando milagres. A partir disso, Sara se tornou Mãe e Rainha dos Ciganos, honrando-os e protegendo-os. O surgimento de sua capela - foi criada após a sua morte. Quando veio à falecer, os Ciganos foram até a igreja da vila pedindo que seu funeral se realizasse na mesma. Devido ao preconceito, os católicos da época recusaram. A partir de então, foi feito uma espécie de gruta/igreja para Sara, visitada até os dias de hoje. Quando em 1935 a Igreja tirou Sarah de sua Cripta, muitos ciganos se aplicaram à prova do punhal (punhal avermelhado no fogo sobre a veia do pulso). Diz-se que o Sol queimou o olhar de Sarah. Quando o número de ciganos aumentou, a Cripta não deu para todos, e foi feito um acordo entre um gadjo chamado "Marquês de Baroncelli" e um cigano chamado "Cocou Baptista", um chefe cigano muito influente. Até um certo tempo o acordo foi cumprido, mas os seus sucessores não levaram o trato a diante. Este chefe cigano foi usado, simplesmente um instrumento do gadjo, ele foi renegado e expulso pelo povo cigano. Os ciganos de origem Calon, com o passar dos anos, alteraram algumas palavras da língua regional do povo cigano. Devido a estas alterações, houve algumas modificações idiomáticas no significado das palavras. Entre elas, podemos citar a palavra Kalin, que em Calon representa a palavra "cigana". Já para os ciganos que ainda preservam a língua regional, Kali representa negra. Há algum tempo, existe esta confusão idiomática, envolvendo a cor da pele da Santa. Para os Calons, seria Santa Sara Kalín (a cigana) e não Santa Sara - a negra. Paralelamente, a história de Sarah chegou à Índia, onde os ciganos a associaram à deusa Kali, negra, poderosa, transformadora.

Outra versão conta que Sara era moradora de Camargue e teve piedade das Marias, resolvendo ajudá-las. Também dizem que ela era uma rainha das terras de Camargue ou uma sacerdotisa do antigo culto celta ao deus Mitra. Uma das explicações para estas histórias é que em Camargue existiram várias colônias de antigas civilizações, como a egípcia, a cretense, a fenícia e a grega. Por isso, muitos poetas e menestréis contaram a história de Sara, de acordo com o que ouviram de seu povo, e assim, o mito em torno dessa poderosa santa foi difundido pelo mundo e ela continua, até hoje, a ser adorada entre as comunidades ciganas. Nos dias atuais, a santa padroeira dos ciganos é comemorada com muitos rituais e tradições por mais de 15 milhões de ciganos espalhados em diferentes pontos da Europa, Ásia, África, Austrália e Nova Zelândia. Para preservar a história original de Santa Sara Kali, é necessário lembrar que a igreja católica santificou-a como SANTA e, que é dessa forma que o povo cigano a cultua (e não em rituais).

Aqui no Brasil, Santa Sara divide a preferência dos ciganos brasileiros com Nossa Senhora Aparecida e São Jorge Guerreiro. Os ciganos brasileiros adoram Nossa Senhora de Aparecida, talvez por causa de sua cor, e muitos a equiparam à Santa Sara Kali. Se não têm a imagem dela, por ser difícil encontrá-la, por certo possui em sua Thiera (barraca) ou casa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Às vezes têm as duas. Certo é que ela é a mais venerada Santa para os ciganos e todo acampamento cigano conduz uma estátua da virgem negra depositada num altar de uma das tendas cercadas por velas, incenso, flores, frutas e alimentos.

Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Para as mulheres ciganas, o milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem suas vidas sem filhos. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo. A pior praga para uma cigana é desejar que ela não tenha filhos e a maior ofensa é chamá-la de DY CHUCÔ (ventre seco). Talvez seja este o motivo das mulheres ciganas terem desenvolvido a arte de simpatias e garrafadas milagrosas para fertilidade. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um diklô (lenço), o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça.
As mulheres ciganas também confeccionam saias, com as quais vestem a imagem da Santa.
A proteção de Sarah confere às pessoas emanações sempre benéficas que representam simbolicamente o ventre da sua mãe, seu sorriso, a irmã e a rainha: a "phuri dai" secreta dos Roms. Dizem que a pessoa de bom coração consegue ver o sorriso na estátua de Santa Sara. Verá que tanto seu sorriso como o dela estarão diferentes. Para os ciganos a estátua de Sara está carregada. Nela se condensam as energias sutis de muitas gerações de ciganos feiticeiros. Ela sempre atende a todos, principalmente às pessoas que têm a intuição mais desenvolvida e usam os oráculos como forma de divinação. É de costume festejar as slavas (promessas ou comemorações em homenagem a algum santo). A Slava de Sara Kali é nos dias 24 e 25 de maio. A Slava de Nossa Senhora de Aparecida coincide com a comemoração dos gadjés, a 12 de outubro. Na Slava, é oferecido um banquete ao santo homenageado, onde é colocado o Santo do Dia no centro da mesa, em lugar de destaque e junto a Ele, um manrô (pão) redondo, que é furado no meio e onde coloca-se um punhado de sal junto com a vela. Esse pão é posto em uma bandeja cheia de arroz cru, para chamar saúde e prosperidade e, ao término do almoço, ele é dividido entre os convidados pelos donos da casa, junto com essas palavras de bençãos: THIE AVÊS THIAILÔ LOM, MANRÔ TAI SUNKAI (Que você seja abençoado com o sal, com o pão e com ouro).


    Sabendo-se que os Ciganos admiravam muito Santa Sara Kali, a tradição de homenagear essa linda "Princesa Negra", cresceu também por entre a religião Umbandista, pois dentro da Umbanda se tem um grande respeito pelo povo Cigano e por suas magias.

    Abaixo descreveremos um pouco mais sobre esse povo tão sublime que hoje, dentro da Umbanda, faz a caridade, nos ajudando em tantas mazelas.

Conhecendo os Ciganos e Ciganas no mundo dos espíritos.

    Essas Entidades Pertencem à uma linha de trabalhadores espirituais que busca seu espaço próprio pela força que demonstram em termos de caridade e serviços a humanidade. Seus préstimos são valiosas contribuições no campo do bem-estar pessoal e social, saúde, equilíbrio físico, mental e espiritual, e tem seu alicerce em entidades conhecidas popularmente como "encantadas".

São entidades que há pouco tempo ganharam força dentro dos rituais da Umbanda . Erroneamente no começo eram confundidos com entidades espirituais que vinham na linha dos Exus, tal confusão se dava por algumas ciganas se apresentarem como Cigana das Almas, Cigana do Cruzeiro ou nomes semelhantes a esses utilizados por Exús e Pombos-Gira.

Hoje, o culto está mais difundido, se sabe e se conhece mais coisas sobre essas entidades, chegando algumas casas a terem um ou mais dias específicos para o culto aos espíritos ciganos.
Não tem na Umbanda o seu alicerce espiritual, como dissemos; Amor incondicional à proteção da natureza. Encontraram na Umbanda um lugar quase ideal para suas práticas por uma necessidade lógica de trabalho e caridade. Na Umbanda passaram a se identificar com os toques dos atabaques, com os pontos cantados em sua homenagem e com algumas das oferendas que são entregues às outras entidades cultuadas pela Umbanda. Encontraram lá, na Umbanda, uma maneira mais rápida de se adaptarem a cultos e é por isso que hoje é onde mais se identificam e se apresentam.
São entidades oriundas de um povo muito rico de histórias e lendas, foram na maioria andarilhos que viveram nos séculos XIII, XIV, XV e XVI.

Tem na sua origem o trabalho com a natureza, a subsistência através do que plantavam e o desapego as coisas materiais. Dentro da Umbanda seus fundamentos são simples, não possuindo assentamentos ou ferramentas para centralização da força espiritual. São cultuados em geral com imagens bem simples, com taças com vinho ou com água, doces finos e frutas solares. Trabalham também com as energias do Oriente, com cristais, incensos, pedras energéticas, com as cores, com os quatro sagrados elementos da natureza e se utilizam exclusivamente de magia branca natural, como banhos e chás elaborados exclusivamente com ervas.

Diferentemente do que pensamos e aprendemos, raramente são incorporadas, preferindo trabalhar encostadas e são entidades que devem ser cultuadas na direita, pois quando há necessidade de realizarem qualquer trabalho na esquerda, são elas que se incumbem de comandar as entidades ciganas que trabalham para este fim, por isso, não precisam de assentamentos. Por isso tudo fica evidenciado que são entidades que trabalham exclusivamente para o bem. Santa Sara Kali é sua orientadora para o bom andamento das missões espirituais. Não devemos confundir tal fato com Sincretismos, pois Santa Sara é tida como orientadora espiritual e não como patrona ou imagem de algum sincretismo.

Ciganos na Umbanda são espíritos desencarnados homens e mulheres que pertenceram ao povo cigano . Os ciganos em geral, tem seus rituais específicos e cultuam muito a natureza, os astros e ancestrais. A santa protetora do povo cigano é "Santa Sara Cali". Dentro da Umbanda , trabalham para o progresso financeiro e para as causas amorosas. Cheios de simpatias espirituais, os espíritos ciganos trabalham para a cura de doenças espirituais. Os ciganos, dentro da ritualística umbandista, falam a língua "portunhol", alguns, poucos, falam o romanês , língua original dos ciganos. As incorporações acontecem geralmente em linha própria, mas nada impede que eles possam a vir trabalhar na linha de Exú .

São muito altivos, assertivos no que falam, seguros de si, do que enxergam e acreditam. É um povo de muita fé e credibilidade. De muito domínio e poder. São donos de uma sensualidade natural e nunca barata, envolventes pelo alto nível de carisma e amor ao próximo. Estão sempre prontos a auxiliar aqueles que o invocam e necessitam de sua ajuda. São exímios apreciadores de licores, vinhos, ouro, prata, tecidos, amantes da arte, donos de uma sensibilidade ímpar. Muitos são clarividentes natos e muito zelosos com aqueles que estimam.


    Dentro da Umbanda se tem muitas vezes um desacordo entre o entendimento no que se refere a Ciganos e Ciganas do Oriente e Exús Ciganos e Pombo Gira Ciganas. Na verdade tanto os Ciganos ditos do Oriente e os Ciganos ditos das linhas de esquerda (Exús e Pombo Giras), tiveram em sua vida terrena a mesma concepção regrada pelos preceitos ciganos, contudo os que chamamos hoje dentro da Umbanda como os "Ciganos do Oriente", refere-se aos Ciganos que por toda a vida encarnada se fizeram membros de um clã, sem abandonar esse grupamento, vivendo assim toda a encarnação dentro dos preceitos desse clã, e os que conhecemos dentro da Umbanda como "Exús Ciganos" e Pombo Gira Ciganas", numa determinada época abandonaram esses clãs e se aventuraram a conhecer outras culturas e outros povos, aprendendo assim a não seguir somente as regras de um determinado clã.


    O Povo Cigano dentro da Umbanda, independente de vir dos preceitos dos clãs ou fora deles, é um povo caridoso que devemos respeitar e sentir orgulho quando esses nos tornam protegidos e guardados por eles.

 Oração de Santa Sara Kali





Santa Sara, minha protetora, cubra-me com seu manto celestial. Afaste as negatividades que porventura estejam querendo me atingir.
Santa Sara, protetora dos ciganos, sempre que estivermos nas estradas do mundo, proteja-nos e ilumine nossas caminhadas. Santa Sara, pela força das águas, pela força
da Mãe-Natureza, esteja sempre ao nosso lado com seus mistérios.

Nós, filhos dos ventos, das estrelas, da Lua cheia e do Pai, só pedimos a sua proteção contra os inimigos.
Santa Sara, ilumine nossas vidas com seu poder celestial, para que tenhamos um presente e um futuro tão brilhantes, como são os brilhos dos cristais.
Santa Sara, ajude os necessitados; dê luz para os que vivem na escuridão, saúde para os que estão enfermos, arrependimento para os culpados e paz para os intranquilos.
Santa Sara, que o seu raio de paz, de saúde e de amor possa entrar em cada lar, neste momento.

Santa Sara, dê esperança de dias melhores para essa humanidade tão sofrida. Santa Sara milagrosa, protetora do povo cigano, abençoe a todos nós, que somos filhos
do mesmo Deus.

    Que assim seja!!!




  Salve nosso Povo Cigano, Salve Santa Sara Kali.

Apchá, ARRIBA MEU POVO CIGANO!!!



Carlos de Ogum.

sexta-feira, 17 de maio de 2013 11 comentários

As Sete Lágrimas de Um Preto Velho



Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados, lágrimas lhe desciam pela face e não sei por que as contei. Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei.  Fala meu Preto Velho, diz a este teu filho, por que externa assim, esta tão visível dor?

 Está vendo, filho, estas pessoas que entram e saem do terreiro? As lágrimas que você contou, estão distribuídas a cada uma delas.

 A primeira lágrima foi dada aos indiferentes, que aqui vem em busca de distração. Que saem ironizando e criticando, por aquilo que suas mentes ofuscadas não puderam
compreender.

 A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando. Sempre na expectativa de um milagre, que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos lhes negam.

 A terceira, aos maus. A aqueles que procuram a Umbanda em busca de vinganças, desejando prejudicar a um seu semelhante.

 A quarta, aos frios, aos calculistas. Aos que, ao saberem da existência de uma força espiritual, procuram beneficiar-se dela, a qualquer preço, mas não conhecem a palavra gratidão e nem a Caridade.

 A quinta lágrima, vê como chega suave? Ela tem o riso, do elogio e da flor dos lábios. Mas se olhares bem, no seu semblante, verá escrito: "Creio na Umbanda. Creio nos teus Caboclos, nos teus Velhos, e no teu Zambi, mas somente se vencerem no meu caso ou me curarem disso ou daquilo".

 A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Terreiro em Terreiro, sem acreditar em nada, buscando aconchegos e conchavos. Mas em seus olhos revelam um interesse diferente.

 A sétima, filho, notas como foi grande? Notou como deslizou pesada? Foi a última lágrima. Aquela que vive nos Olhos de todos os Orixás e de todas as entidades. Fiz doação desta aos Médiuns. Aos que só aparecem no Terreiro em dia de festa. Aos que se esquece de suas obrigações. Aos que esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade, tantas crianças precisando de amparo. Da mesma caridade e do mesmo apoio que eles próprios, um dia aqui vieram buscar.

 Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair, uma a uma, 
AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO.

Colaboração da amiga Talita Sousa

domingo, 12 de maio de 2013 65 comentários

Pretos-Velhos


HISTÓRIA:

     As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.
     Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.
     Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:
     Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.
     Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo financiando as guerras e fazendo dos vencidos escravos.
     No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.
     Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá; minas e malês.
     A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro; em quatro séculos, do XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituíam uma parte selecionada da população.
     Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em troca de seu trabalho os negros recebiam três "pês": Pau, Pano e Pão. E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A "macumba" era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi (protegido de Ogum).
     Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, do Ventre livre e, enfim, pela Lei Áurea.
     A Legião de espíritos chamados "Pretos-Velhos" foi formada no Brasil, devido a esse torpe comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África.
     Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião.
     Idosos mesmo, poucos vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e fortes, tanto para resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego. Porém, foi esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a ciência e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe natureza.
     Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz sobre o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece, apenas amadurece.
     Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se a nata da sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente destruidor, como sempre acontece.
     O ato final da peça que encarnamos no vale de lágrimas que é o planeta Terra é a morte. Mas eles voltaram. A sua missão não estava ainda cumprida. Precisavam evoluir gradualmente no plano espiritual. Muitos ainda, usando seu linguajar característico, praticando os sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua ascendência (linhagem), costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência intrínseca da civilização que se aprimorou após incontáveis anos de vivência.


FORMAÇÃO DA FALANGE DOS PRETOS-VELHOS NA UMBANDA.

     Depois de mortos, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos das tribos a que pertenciam.
     Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores, mas no Candomblé, são considerados Eguns (almas desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na Umbanda. Usam branco ou preto e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.
     O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).


O NOMES DOS PRETOS-VELHOS.

     Há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto-Velho ser uma miscelânea de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que cognominamos "A Idade das Trevas" no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas e quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à influência portuguesa) não permitiam a seus escravos a liberdade de culto. Eram obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles seguiram a velha norma: contra a força não  há resistência, só a inteligência vence. Faziam seus rituais às ocultas, deixando que os déspotas em miniatura acreditassem estar eles doutrinados para o catolicismo, cujas cerimônias assistiam forçados.

     As crianças escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A primeira, ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de acordo com a seita. A segunda vez, na pia batismal católica, sendo esta obrigatória e nela a criança recebia o primeiro nome dado pelo seu senhor, sendo o sobrenome composto de cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Ex.: Antônio da Coroa Grande), ou então da região africana de onde vieram (Ex.: Joaquim D'Angola).
     O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência, compreensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.
     No mundo espiritual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente dizemos que são os "Psicólogos da Umbanda".

     Eis aqui, como exemplo, o nome de alguns Pretos-Velhos:

     Pai Cambinda (ou Cambina), Pai Roberto, Pai Cipriano, Pai João, Pai Congo, Pai José D'Angola, Pai Benguela, Pai Jerônimo, Pai Francisco, Pai Guiné, Pai Joaquim, Pai Antônio, Pai Serafim, Pai Firmino D'Angola, Pai Serapião, Pai Fabrício das Almas, Pai Benedito, Pai Julião, Pai Jobim, Pai Jobá, Pai Jacó, Pai Caetano, Pai Tomaz, Pai Tomé, Pai Malaquias, Pai Antero, Pai Dindó, Vovó Maria Conga, Vovó Manuela, Vovó Chica, Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Ana, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra, Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita, Vovô Rei Congo, Pai José, Pai Joaquim, Vovô Tião.

     Obs: Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais "velhos" do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia).


ATRIBUIÇÕES:

     Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
     Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os conceitos de karma e ensinar-lhes resignação.
     Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos Pretos-Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo-forma.
     Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram as formas de um Pretos-Velhos.
     Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: "então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece???".
     Esses espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita comunicação com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda.
     O espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um Preto-Velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
     Por isso, se você for falar com um Preto-Velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
     Para muitos os Pretos-Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são psicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também combatem as forças negativas (o mal), espíritos obsessores e kiumbas.


A MENSAGEM DOS PRETOS-VELHOS.

       A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.
     Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".
     Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos...
     Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.


     Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida:
     "Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai Cipriano).


CARACTERÍSTICAS:

     Linha e Irradiação
     Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na irradiação de um Orixá diferente.

     Fios de Contas (Guias):
     Muitos dos Pretos-Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário de Nossa Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda.

     Roupas:
     Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às vezes usam lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu de palha.

     Bebida:
     Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).

     Dia da semana: Segunda-feira

     Chakra atuante: básico ou sacro

     Planeta regente: Saturno

     Cor representativa: preto e branco;

     Saudação: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com "Adorei as Almas")

     Fumo: cachimbos ou cigarros de palha.

     Obs: Os Pretos-Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.

COZINHA RITUALÍSTICA.

     Tutu de feijão preto.

     Mingau das almas.

     É um mingau feito de maisena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem açúcar ou sal, colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita de fitas pretas sobre esse mingau, antes de entregá-lo na natureza.

     Bolinhos de tapioca.

      Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água quente (ou leite de coco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os bolinhos em forma de croquete e passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha.
     Colocar os bolinhos em prato de louça branca podendo acrescentar arruda, rapadura, fumo de rolo, etc.

     Obs: Nas sessões festivas de Pretos-Velhos, é usual servir a tradicional feijoada completa, feita de feijão preto, miúdos e carne salgada de boi, acompanhada de couve à mineira e farofa.


FORMAS INCORPORATIVAS E ESPECIALIDADE DOS PRETOS-VELHOS:

     Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito.  A vibração começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá, etc...) e depois sentam e praticam sua caridade (Podemos encontrar alguns que se mantém em pé).
     É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutil, e apenas com movimentos dos ombros quando sentados.
     Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar.  Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas.
     A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mas diferenças ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.
     Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:

      Pretos-Velhos De Ogum:

     São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.
     São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.
     São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando segurança para aqueles indecisos e "medrosos".  É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.

     Pretos-Velhos De Oxum:

     São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível.
     Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado.
     São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior.  As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.


     Pretos-Velhos De Xangô:

     Sua incorporação é rápida como as de Ogum.
     Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais.
     Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.

     Pretos-Velhos De Iansã:

     São rápidos na sua forma de incorporar e falar.  Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas.
     Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá.
     Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.
     Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego.  É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo muito próximos dessas pessoas.

     Pretos-Velhos De Oxossi:

     São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas.
     Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo.
     Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc...
São verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior "químico" - Oxossi.

     Pretos-Velhos De Nanã:

     São raros, sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda.  Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada.
     Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo.
     Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes. Seu julgamento é severo. Não admite injustiça.
     Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca". Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.
     É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta.
     São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso karma, pois isso sem dúvida é a sua função.
     Atuam também como os de Inhasã e Obaluaiê, conduzindo Eguns.

     Pretos-Velhos De Obaluaiê/Omulú:

     São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral.
     Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.
     Agarram-se a seus filhos com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de amar.
     Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos-Velhos.  Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento.
     Como trabalha para Obaluaiê, e este é o "dono das almas", esses Pretos-Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos.
     Sua "visão" é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como profissional e até espiritual.
     Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo tudo que lhes for pedido, apenas confiando nesses Pretos-Velhos.
     Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.

     Pretos-Velhos De Yemanjá:

     São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga.
     Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares.
     Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as mulheres que desejam engravidar.
     Utilizando o movimento das ondas do mar, são excelentes para descarregos e passes.

     Pretos-Velhos De Oxalá:

     São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos.
     Raramente dão consulta, sua maior especialidade é dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos.
     Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, bom comportamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios, humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.



    Salve essas almas caridosas e humildes, que vem sempre com uma palavra para nos ajudar a caminhada que as vezes nos parece tão difícil, mas que esses Vovôs e Vovós tornam muito mais aceitáveis.

Salve meu Rei Congo, Pai Antero, Pai Benedito, Vó Joaquina, Pai Cipriano,
Vô Chico, Pai José e Vó Cambinda.. Sua benção.  Salve todos os Pretos
Velhos. Adorei as almas.


Carlos de Ogum.

sexta-feira, 10 de maio de 2013 7 comentários

Magia da Umbanda - Caboclo Junco Verde


A Umbanda é magia.
Magia do marafo. Magia da fumaça.
Magia do som. Magia do movimento.
O marafo atrai. A fumaça defuma.
O som harmoniza. E o movimento vibra.

Umbanda é magia.
Magia da guia. Magia do ponto riscado. Magia do ponteiro.
A guia protege. A pemba ordena. O ponteiro firma.

Umbanda é magia.
Magia de Oxalá. Magia de Ogum.
Magia de Oxossi. Magia de Xangô.
Oxalá é amor. Ogum é a força.
Oxossi é a vida. Xangô é o equilíbrio, a justiça.

Umbanda é magia.
Magia de Iemanjá. Magia de Oxum. Magia de Iansã.
Iemanjá é a criação. Oxum é o equilíbrio. Iansã é a guerreira.

Umbanda é magia.
Magia do terreiro. Magia da hierarquia. Magia da corrente.
O terreiro é a casa. A hierarquia é a ordem. A corrente a força.

Umbanda é magia.
Magia do caboclo. Magia do preto-velho. Magia da criança.
O caboclo é a força. O preto-velho é a humildade. A criança a inocência.

Umbanda é magia.
Magia do Exu. Exu é o equilíbrio de tudo.

Saravá a magia da umbanda!

Colaboração da Amiga Mariana Moreira

segunda-feira, 6 de maio de 2013 115 comentários

História de Rei Congo



   Rei Congo é um Preto Velho amado por toda a Umbanda, pela sua humildade e serenidade.

    Ele foi escravo entre o século XVI e o século XVII, e desde sua juventude era um guerreiro, que lutava em prol de seus irmãos africanos que tanto sofriam nas mão de seus Coronéis e Feitores.

    A história diz que Rei Congo, que tinha seu nome de batismo como Octácilio, era um grande rezador e curador de doenças, ficando sendo conhecido entre negros e brancos pelo seus tratamentos das moléstias como a tuberculose, que na época exterminava muitas pessoas sem escolher cor nem raça.

    O negro Octácilio, certa vez após uma das filhas de um Coronel fazendeiro, chamado de "Senhor do café", ficar muito fraca com a famigerada doença assassina, a tuberculose, ficou muito conhecido em toda região pelo tratamento dado a pequena sinhá, através de seus conhecimentos de ervas utilizadas em chás e compressas, sanando assim todo mal estar sofrido por ela e curando-a de vez da tão maléfica doença. Após esse fato Octácilio começou a frequentar outras fazendas da região para, com sua sabedoria ajudar outras pessoas que sofriam além da famigerada tuberculose outros males que afligiam a tão covarde e intolerante classe branca e rica da época.
Com essas viagens de fazenda em fazenda, Octácilio começou a perceber que seus irmãos negros sofriam grandes humilhações e maus tratos dos então feitores que ordenados pelos coronéis, mandavam castigar na chibata e no tronco todos os negros sem que houvesse motivo para tal covardia.

    E foi assim que o jovem Octácilio tomou para si a vontade de lutar contra essas atrocidades, e dia após dia ele tomado por seu desejo de liberdade e também pela grande vontade de livrar seus irmãos das garras covarde de feitores e coronéis, ele decidiu então tentar a fuga, com o objetivo de mais tarde tentar ajudar os outros escravos a fazerem o mesmo.

    Enfim chega a noite da fuga, Octácilio e mais alguns negros, após um dia cansativo na preparação da terra para um novo plantio de café, conseguem fugir do cativeiro após dominarem o feitor e seus jagunços quando já iam acorrentar as portas do senzala.

    Vários negros fugiram, muitos deles foram recapturados e outros mortos, mas Octácilio conseguindo se embrenhar nas matas escuras conseguiu enfim a sua liberdade.

    A partir desse dia, Octácilio com a ideia fixa em tentar libertar seus irmãos escravizados, rogou a Pai Oxalá e a todos os Orixás que lhe mostrassem o caminho para que ele conseguisse o tal feito.
Após vários dias e noites fugindo pelas matas sagradas de Pai Oxossi, ele se depara com uma montanha, que na época era conhecida como "Monte dos Perdidos", essa montanha tinha centenas de caminhos que interligados chegavam a lugar algum, e apenas um caminho levava ao cume da montanha.

    Octácilio por algumas vezes já ouvira falar da lenda do "Monte Perdido", e sabia que o cume dessa montanha seria o lugar ideal para se abrigar e abrigar os negros que ele desejava libertar dos açoites e dos troncos destruidores.

    Em suas orações ele pediu aos Orixás Sagrados que lhe abrissem o caminho, e que ele conseguisse chegar ao cume da montanha sem se perder pelo labirinto que o levaria a morte.

    Foi ai que ele começou sua caminhada rumo a tão assustadora montanha, e sem se dar conta, subia a trilha de maneira tão segura e confiante que sem esperar em poucas horas já estava diante de um grande campo florido com um grandioso lago de águas límpidas. Ele admirado por tanta beleza daquela natureza que lhe foi entregue por Oxalá, ele se ajoelha e agradece pelo presente tão belo.

    E foi nesse belo e protegido lugar que Octácilio começou a sua luta de livrar da escravidão seus irmãos negros, pois ali estava nascendo o Quilombo do Congo" e também o sonho de ali ser o caminho da paz buscada pelos quilombolas.

    Entrando pelas fazendas cafeeiras durante as madrugadas, Octácilio começou a resgatar os negros escravos, levando-os para o Quilombo do Congo, e ali esses negros começaram a plantar, a construir seus lares e constituir família.

    Octtácilio escolhia os negros mais novos, fortes e ágeis, fazendo deles um grupo de guerreiros da mesma causa, ou seja libertar mais e mais escravos, e no primeiro grupo já preparado para ação, o negro Octácilio recebeu o nome de Rei do Quilombo do Congo, e todos a partir desse dia passaram a lhe chamar de "Rei Congo", como é conhecido até hoje nas casas de Umbanda.

    Certa vez, em mais uma das centenas de vezes que Rei Congo tentava buscar a liberdade para os negros escravizados, um certo coronel muito temido dentro da região fez com que seus feitores e centenas de jagunços ficassem de tocaia por vários dias e noites com intuito de capturar o libertador de escravos. E numa noite nebulosa no qual Rei Congo e seus guerreiros estavam prontos para mais uma ação, o velho negro Malaquias, que tinha o dom da vidência, disse ao seu Rei negro que aquela noite ele não deveria levar seus guerreiros, pois muitas mortes poderiam ocorrer, ele deveria ir só, pois apesar de ser muito perigoso seria dessa oportunidade que ele traria um grande aliado nas causas que lutavam.

    Rei Congo com toda sua humildade concordou com o velho Malaquias, e saiu só para essa missão, ao chegar a fazenda em questão, Rei Congo tenta chegar a senzala onde dormiam os negros escravizados. Porém a um certo momento Rei Congo se depara com um dos feitores da fazenda com dezenas de jagunços armados. O feitor o acorrenta em um tronco próximo a senzala, a espera do dia raiar e acatar as ordens do tão famigerado coronel.

    Rei Congo com olhar firme porém sereno, tenta buscar forças nas palavras do velho Malaquias, tentava entender todo o fato, toda a causa do acontecimento. Sabia ele que tudo que acontecera teria uma razão, porém até então não conseguia chegar numa resposta em que aquilo tudo poderia ajudá-lo na luta contra a escravidão.

    O sol raiou, e o feitor que ora tinha acorrentado Rei Congo, tinha um semblante cansado, parecia amargurado. Ele manda um dos seus jagunços levarem a notícia da captura do libertador de escravos ao coronel, que logo vem com as ordens de açoitarem o negro libertador até a morte, e que levassem o corpo dele a té ele, para junto a outros coronéis fazendeiros comemorassem a morte do tão temido Rei Congo.

    E foi dada a missão ao feitor de levar a morte a Rei  Congo por meio da chibata. E ele, o feitor, já preparado para o começo da tortura daquele corpo preso ao tronco de madeira por meio de correntes de aço, quando olha nos olhos de Rei Congo e diz se ele era o tal negro curador de doenças tão conhecido dentro da região por ter curado muitas pessoas da tão medonha doença, que na época era a tuberculose. Rei Congo, ainda com olhar sereno apenas balançou a cabeça afirmativamente. Então o feitor o livra das correntes e  se jogando aos pés de Rei Congo pede a ele para salvar a sua amada que se encontrava tísica, ela estava extremamente enfraquecida e sem nenhuma chance de sobreviver. Rei Congo estendendo a mão ao feitor, lhe pergunta se ele tinha fé, ele responde que sim, então Rei Congo diz que ele ia libertar sim a doce jovem dos males da tuberculose.

    O feitor, sabendo que teria que entregar o corpo de Rei Congo para os coronéis, resolveu então libertá-lo e seguir com ele e sua amada para o Quilombo do Congo. E assim foi feito, nesse mesmo dia saíram fugidos da fazenda rumo ao Monte dos Perdidos, e mesmo durante a viagem Rei Congo fazia seus chás e compressas para o tratamento da jovem Rosa, que dia após dia ia recuperando sua saúde. E ao chegarem a seu destino, com cuidados mais especiais, com o tratamento vindo das ervas e compressas sagradas do velho Congo, Rosa se recuperou totalmente, e em agradecimento o feitor, que tinha o nome de Amadeu, jurou lealdade a Rei Congo, que se transformou em um dos grandes guerreiros libertadores do Quilombo de Rei Congo.

    Apenas os guerreiros de Rei Congo sabiam o caminho correto para chegar ao "Monte dos Perdidos" que já estava sendo conhecido em toda a região como "Quilombo de Rei Congo". Como a quantidade desses guerreiros ainda era baixa, não davam conta de libertarem tantos escravos como era da vontade de Rei Congo, pois as viagens de ida e volta as fazendas eram longas, cansativas e perigosas, ele decidiu então montar pequenos quilombos que servissem de esconderijo para os quilombolas próximo ao quilombo principal, tentando assim conseguir um pouco mais de tempo para aumentar as ações contra a escravidão nas fazendas. Isso infelizmente durou pouco, pois mesmo em matas fechadas esses pequenos quilombos foram descobertos pelos Feitores e seus capatazes, ou pelos Capitães do mato contratados pelos coronéis fazendeiros que estavam a busca de seus escravos.

    Rei Congo então decidiu que mesmo com a demora das viagens e a dificuldade da subida ao "Monte dos Perdidos", seria melhor que os negros libertados fossem levados diretamente para um lugar seguro ao invés de acamparem nos pequenos quilombos a espera de alcançarem um número maior de quilombolas.

    E assim foi feito por longos anos, Rei Congo e seus guerreiros libertavam os seus irmãos escravizados, os levavam para o Quilombo, e lá eles plantavam, criavam animais, constituíram laços, cultuavam seus Orixás, viviam em paz e em liberdade.

    Muitos coronéis por anos tentaram alcançar o tão conhecido e guardado Quilombo de Rei Congo, muitos feitores, capatazes e Capitães do mato perderam suas vidas tentando decifrar o caminho correto que levava ao cume da montanha, mas nenhum desses tiveram êxito em seus
objetivos, pois ali além de ter grandes guerreiros que protegiam a entrada e o caminho do quilombo, tinha um Rei, um Rei protegido pelos Orixás, principalmente por pai Oxalá no qual o velho Rei Congo agradeceu por toda sua vida a luz dada para que ele encontrasse o caminho para sua libertação e a de centenas de irmãos negros.

    No final do século XVII, Rei Congo fez sua passagem para o mundo dos espíritos já com 90 anos de idade no corpo físico, e sendo agraciado por pai Oxalá a benção de poder vir a terra como Entidade de Luz para continuar libertando as pessoas da escravidão, porém com um trabalho ainda mais árduo, pois essa escravidão não são nas correntes de aço frio, mas da escravidão da inveja que consome a alma, da falta de humildade que magoa o espírito, do orgulho que destrói o perdão, da soberba que esmaga o ser, da falta de amor que escurece o caminho e principalmente da falta de fé que lhe desvia da evolução espiritual.


    Rei Congo preto velho calmo e sereno, humilde mas soberano, tem sempre  a palavra certa na hora certa, tem ensinamentos certos pros momentos certos. Com sua voz mansa e seu jeito peculiar de se sentar, ele é reconhecido por toda a Umbanda, e todos que já tiveram a oportunidade de poder ouvir seus conselhos em seu tom de voz sereno,, pode se considerar um abençoado por pai Oxalá..

    Rei Congo meu mentor, meu Vovô eterno, minha luz num caminho escuro, a ti peço a benção e proteção.

    Saravá Vovô Rei Congo, Adorei as Almas.


Carlos de Ogum.

sábado, 4 de maio de 2013 6 comentários

Maravilhosas Palavras do Caboclo Tupinambá - Colaboração da Amiga Talita Sousa


"Sim, seu caminho é a Umbanda enquanto você valorizar a experiência espiritual com os Orixás, Guias e Mensageiros do Astral que se desdobram em muitas formas para te auxiliar. Seu caminho é e sempre será a Umbanda, enquanto você acender uma vela e sentir que ela fala contigo, enquanto você escutar o som do atabaque e seu corpo aquecer num compasso de vibrações e arrepios, enquanto  você sentir o aroma das ervas transmutadas em fumaça ao contato com a brasa incandescente e for acometido da sensação de estar sendo transportado para outro lugar, a Umbanda continuará sendo seu caminho enquanto o brado dos Caboclos te arrepiar, o silêncio dos Pretos Velhos te emocionar, o gracejo dos Baianos te alegrar, a sinceridade dos Exus te curvar, a simpatia das Pomba Giras te atrair e a ciranda dos Erês te relembrar que, apesar dos pesares, o mais importante é não perder a pureza das crianças.

Sim, seu lugar é no Templo que frequenta, enquanto os espíritos regentes ainda forem referências de aprendizado, enquanto você sentir saudade ao final de cada gira,  enquanto os objetivos espirituais e materiais também forem os seus objetivos, enquanto o sentimento de irmandade não se dissipar facilmente em momentos de atritos e conflitos naturais, enquanto você preservar o respeito e lealdade ao seu Sacerdote."

Sr. Caboclo Tupinambá.

Saravá!
quarta-feira, 1 de maio de 2013 7 comentários

Dez Doenças Espiritualmente Transmissíveis - Colaboração do nosso amigo: Guilherme Luiz de Freitas


  1. Espiritualidade Fast Food:

A espiritualidade Mix com uma cultura que celebra a velocidade, a multitarefa e gratificação instantânea onde o resultado seja provável a espiritualidade fast-food. Espiritualidade fast-food é um produto da fantasia comum e é compreensível para o alívio do sofrimento de nossa condição humana, ele tem que ser rápido e fácil. Uma coisa é clara: a transformação espiritual não pode ser obtida como uma solução rápida.


  2. Falsa espiritualidade:

A falsa espiritualidade é a tendência de falar, vestir e agir como se o imaginário visse o que outra pessoa espiritualizada faria. É uma espécie de imitação da espiritualidade. Imita a realização espiritual da mesma maneira que um tecido pode imitar a pele genuína de um leopardo.


  3. Motivações confusas:

Embora o nosso desejo de crescer seja genuíno e puro, muitas vezes ele se confunde com motivações menores. Incluindo o desejo de ser amado, o desejo de pertencer a um grupo, a necessidade de preencher nosso vazio interno, a crença de que o caminho espiritual removerá: A nossa ambição, o nosso sofrimento espiritual, o nosso desejo de ser especial, de ser melhor do que qualquer coisa, para ser "o Único".


  4. Identificando-se com Experiências Espirituais:

Nesta doença, o ego se identifica com a nossa experiência espiritual e a toma como sua e nós começamos a acreditar que estamos incorporando ideias que surgiram dentro de nós em determinados momentos. Na maioria dos casos isso não dura indefinidamente, embora tenda a perdurar por longos períodos de tempo como aqueles que se julgam terem função iluminada e/ou, serem professores espirituais.


  5. O Ego espiritualizado:

Essa doença ocorre quando a própria estrutura da personalidade egoica se torna profundamente integrada com conceitos espirituais e ideias. O resultado é uma estrutura egoica "à prova de balas". Quando o ego se torna espiritualizado, somos incapazes de ajudar, em uma nova entrada ou em comentários construtivos. Nós nos tornamos seres humanos impenetráveis com crescimento espiritual raquítico e isto tudo em nome da espiritualidade.


 6. Produção em Massa de Professores Espirituais:

Há uma série de tradições espirituais em moda, produzem pessoas que acreditam estar em um nível de iluminação espiritual ou maestria, que está muito além de seu nível real.Uma das doenças é o transportador espiritual: Ele coloca um brilho, obtém um insight e... Bam! Pronto! Você está iluminado e pronto para iluminar os outros de maneira similar. O problema não é que tais professores instruam, mas que representem, a si mesmo, como tendo alcançado o domínio espiritual.


  7. Orgulho Espiritual:

O orgulho espiritual surge quando o profissional, através de anos de esforço e trabalhado, realmente alcança certo nível de sabedoria e a usa para justificar o poder de desligar uma experiência maior. Um sentimento de "superioridade espiritual" é outro sintoma desta doença transmitida espiritualmente. Ela se manifesta como uma sensação sutil de que "Eu sou melhor do que os outros sou mais sábio e superior porque sou espiritualizado".


  8. Grupo da mente:

Também descrito como pensamento de grupo de culto ou doença que cause vergonha, grupo da mente é um vírus insidioso que contém muitos elementos tradicionais que causam dependência.Um grupo espiritual faz acordos sutis e inconscientes sobre as formas corretas de pensar, falar, vestir e agir. Indivíduos e grupos infectados com o "espírito de grupo" rejeitam indivíduos, atitudes e circunstâncias que não estão de acordo com suas regras, muitas vezes não escritas do grupo.


  9. O complexo de pessoas escolhidas:

O complexo de pessoas escolhidas não se limita aos judeus. É a crença de que "O nosso grupo é mais evoluído espiritualmente, poderoso, iluminado e simplesmente, melhor do que qualquer outro grupo". Há uma diferença muito importante entre reconhecer que se encontrou o caminho certo. O professor ou a comunidade e o caminho que você se encontra.


  10. O vírus mortal:

"Cheguei": Esta doença é tão potente que tem a capacidade de ser terminal e mortal para a nossa evolução espiritual. Esta é a crença de que "Eu cheguei" na meta final do caminho espiritual. Nosso progresso espiritual termina no ponto em que essa crença se torna cristalizada em nossa psique, para o momento em que começamos a acreditar que chegamos ao fim do caminho, um maior crescimento cessa.



 Mariana Caplan, Ph. D. Adaptado > do livro Eyes Wide Open: Cultivando o Discernimento no Caminho Espiritual (O Som Verdadeiro).


    Todos os ensinamentos e curiosidades sobre o Espiritismo serão muito bem vindos.

Carlos de Ogum.

 
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