segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ossãe


Conhecendo Ossãe

     É fundamental sua importância, porque detém o reino e poder das
plantas e folhas, imprescindíveis nos rituais e obrigações de cabeça e
assentamento de todos os Orixás através dos banhos feitos de ervas.
Como as folhas estão relacionadas com a cura, Ossãe também está
vinculado à medicina, por guardar escondida na sua floresta a magia da
cura para todas as doenças dos homens, contida nas virtudes de todas
as folhas. A cura é invocada no caso de doença, com o auxílio de
Obaluaiê.

     Divindade Masculina, do ar livre, que governa toda a floresta,
juntamente com Oxossi, dono do mistério das folhas e seu emprego
medicinal ou sua utilização mágica. Dono do axé (força , poder ,
fundamento , vitalidade e segurança ) existentes nas folhas e nas
ervas , ele não se aventura nos locais onde o homem cultivou a terra e
construiu casas , evitando os lugares onde a mão do homem poluiu a
natureza com o seu domínio .

       É bastante cultuado no Brasil, sendo conhecido por diversos
nomes, Ossonhe, Ossãe e Ossanha, a forma mais popular. Por causa do
som final da palavra, é freqüentemente confundido com uma figura
feminina.

     É o Orixá da cor verde, do contato mais íntimo e misterioso com a
natureza. Seu domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas, mais
especificamente às folhas, onde corre o sumo. Por tradição, não são
consideradas adequadas pelo Candomblé mais conservador, as folhas
cultivadas em jardins ou estufas, mas as das plantas selvagens, que
crescem livremente sem a intervenção do homem. Não é um Orixá da
civilização no sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como
Oxossi, uma figura que encontra suas origens na pré-história.

     As áreas consagradas a Ossãe nos grandes Candomblés, não são
jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os pequenos
recantos, onde só os sacerdotes (mão de ofá) podem entrar, nos quais
as plantas crescem da maneira mais selvagem possível. Graças a esse
domínio, Ossãe é figura de extrema significação, pois praticamente
todos os rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra, o
sangue escuro que vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou
infusões para uso externo ou de bebida ritualística.

     Quando os Zeladores(as) de Santo, penetram no reino de Ossãe para
fazerem as colheitas das ervas sagradas para os banhos e defumações,
devem antes pedir a Ossãe permissão para tal tarefa, pois se não o
fizerem, com certeza todas as folhas que retirarem de seu Reino, não
terão os Axés e Magias que teriam se pedissem a sua permissão, e até
dependendo do caso como alguns entram em seu Reino zombando e sem
firmeza de cabeça, suas ervas poderão agir ao contrario, causando
muitos distúrbios naqueles que zombarem de seu Reino e faltarem com o
devido respeito ao seu domínio. Junto á planta cortada, deixa-se
sempre a oferenda de algumas moedinhas e um pedaço de fumo-de-corda
com mel, assim assegurando que a vibração básica da folha permaneça,
mesmo depois de ela ter sido afastada da planta e, portanto do solo
que a vitalizava.

     As folhas e ervas de Ossãe, depois de colhidas são esfregadas,
espremidas e trituradas com as mãos, e não com pilão ou outro
instrumento. Cumpre quebrá-las vivas entre os dedos.

     Seja filho de Oxalá ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma
pessoa sempre tem de invocar a participação de Ossãe ao utilizar uma
planta para fins ritualísticos, pois, a capacidade de retirar delas
sua força energética básica, continua sendo segredo de Ossãe. Por isso
não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um prato a ser
oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.

     A Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se
admitindo uma folha colhida de maneira aleatória. Para que um iniciado
possa recolher as ervas necessárias ao culto a ser realizado, deve-se
abster de qualquer bebida alcoólica e de relações sexuais na noite que
precede a colheita. As folhas devem ser colhidas na floresta virgem,
sempre que possível. Antes de penetrar na mata, o iniciado deve pedir
licença a Oxossi e a Ossãe, para isso acender vela na entrada, com o
cuidado de limpar a área onde ficarão as velas.

     Toda vez que queimamos uma floresta, desmatamos, cortamos
árvores, ou simplesmente arrancamos folhas desnecessariamente, estamos
violando a natureza, ofendendo seriamente essa força natural que
denominamos Ossãe.

     E é por este motivo que devemos respeitar nossas florestas,
bosques, matas, enfim todo espaço em que tenha uma planta, mesmo
sabendo que Ossãe habita as florestas e matas fechadas mas toda planta
leva em sua essência o Axé deste Orixá da cura.

     Ossãe tem uma aura de mistério em torno de si e a sua
especialidade, apesar de muito importante, não faz parte das
atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do
conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das
plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da
busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a divindade.


Caracteristicas

Cor:
Verde e Branco

Fio de Contas:
Contas e Miçangas verdes e brancas

Ervas:
Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro, café (alfavaca, coco de dendê, folha do juízo, hortelã, jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de
jardim, vassourinha, verbena)

Símbolo:
Ferro com sete pontas com um pássaro na ponta central. (Representa uma árvore de sete ramos com um pássaro pousado sobre ela)

Pontos da Natureza:
Clareira de matas

Flores:
Flores do Campo

Pedras:
Morganita, Turmalina verde e rosa, Esmeralda, Amazonita

Metal:
Estanho (latão)

Saúde:
problemas ósseos, reumatismo, artrite

Dia da Semana:
Quinta-feira

Elemento:
Terra

Saudação:
Eueuá Ossãe

Bebida:
suco de hortelã, suco de goiaba, enfim sucos de qualquer fruta

Animais:
Pássaros

Comidas:
Banana frita, milho cozido com amendoim torrado, canjiquinha, pamonha, inhame, bolos de feijão e arroz, farofa de fubá; abacate

Número:
15

Data Comemorativa:
5 de outubro

Sincretismo:
São Benedito

Incompatibilidades:
ventania, jiló


Atribuições:
     Dá força curativa às ervas medicinais, dá axé às ervas litúrgicas.


Lendas de Ossãe

Ossãe recusa-se a cortar as ervas miraculosas.

     Ossãe era o nome de um escravo que foi vendido a Orumilá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que  sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de
uma perna só, ficou amigo de Ossãe e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.  Um dia, Orumilá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ossãe que roçasse
o mato de suas terras.  Diante de uma planta que curava dores, Ossãe exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava
hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo".
E assim por diante. Orumilá, que era um babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Ossãe ficasse junto
dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Ossãe ajudava Orumilá a receitar a acabou sendo conhecido
como o grande médico que é.

Ossãe dá uma folha para cada Orixá.

      Ossãe, filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Ewá e Obaluaiê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério
da vida. Todos os orixás recorriam a Ossãe para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossãe na luta contra a doença. Todos iam à casa
de Ossãe oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossãe lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.
     Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta
e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.
     Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ossãe, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura.
Xangô sentenciou que Ossãe dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ossãe negou-se a dividir suas folhas  com os outros Orixás. Xangô então ordenou que Iansã
soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossãe para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou
um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô.
     Ossãe percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê Uassá!" - "As folhas funcionam!". Ossãe ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram
às ordens de Ossãe. Quase todas as folhas retornaram para Ossãe. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da cura. O Orixá Rei, que era
um orixá justo, admitiu a vitória de Ossãe. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossãe e que assim devia  permanecer  através dos séculos. Ossãe,
contudo, deu uma folha para cada Orixá cada qual, com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossãe distribuiu
as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossãe
não conta seus segredos para ninguém, Ossãe nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossãe e sempre o reverenciam quando usam as
folhas.


    Que Ossãe nos dê luz e proteção.

    Eueuá Ossãe !!!

Carlos de Ogum


  Oração ao Ossãe

Meu Pai, Meu mestre.

Meu Senhor do Desconhecido!

Que as encruzilhadas das dúvidas sejam afastadas de minha vida.
Que o seu pássaro voe Á chegada de meu espírito!
Meu Pai, Meu Mestre e Senhor das Folhas, Que as folhas do outono
possam alegrar a minha alma!
Que as folhas da primavera possam enfeitar meu destino!
Que as folhas do inverno Cubram-me com sua proteção!
Que as folhas do verão Tragam-me sabedoria e conforto!

Meu Pai, Meu Mestre e Senhor das Curas!

Que seu pássaro cante 3 vezes para levar a minha saudade;
Que seu pássaro cante 7 vezes para levar a minha dor;
Que seu pássaro cante eternamente para receber o seu amor!

    Que assim seja !!!

    Que Ossãe nos dê luz e proteção.

    Eueuá Ossãe !!!




12 comentários:

Anônimo disse...

muito bom texto e linda oração! Eueuá Ossãe!!!!!!!!! Priscila

Unknown disse...

Muito obrigada por dividir conosco.. Muita Luz!!

Unknown disse...

Salve Ossãe!!!

Muito bom saber a história de alguns orixás que pra nós umbandistas são meio distantes por não serem cultuados.
Mas que mesmo assim zelam e vibram por todos nós!!

Axé

Anônimo disse...

Parabéns por nos presentear com esse post, Saravá.

Suelen Miranda

Anônimo disse...

Adoravel conhecer mais esse Orixá, Pai Carlos sempre tentando mostrar novos ensinamentos. Axé.

Catarina de Xangô

Anônimo disse...

Sempre ouvi falar de IOssãe, mas nunca busquei o que era realmente esse Orixá. Adorei o post.

Adão Marques

Anônimo disse...

Eueuá Ossãe! Texto impecavel.

Rosana Xavier

Anônimo disse...

Querido Amigo Carlos, extraordinário texto.
Eueuá Ossãe, Orixá de nossas matas.

Paulo Couto

Anônimo disse...

Não conhecia essa orixa agradeço pela aula

Anônimo disse...

Duvida minha, Ossãe tem algo a ver com Oxossi? Seriam os mesmos Orixás?

Carlos de Ogum disse...

Caro(a) anônimo(a), não! Os dois Orixás são distintos.

Axé!

Unknown disse...

Amei

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