domingo, 31 de julho de 2016 56 comentários

Falando sobre a Fé Religiosa

                       

    Sempre ouvimos falar para elevarmos nossa fé, não deixar que o
desânimo, as dores, as angústias, os sofrimentos não consigam derrubar
nossa fé.

    Mas o que seria a fé?

    No idioma hebraico, um dos registros mais antigos da palavra fé,
"emuná", aconteceu no livro de Habacuque, volume sagrado da fé
judaica, também presente no Velho Testamento da Bíblia Sagrada cristã.
Os principais significados da palavra "emuná" são: fidelidade,
confiança e lealdade.

    No Grego, fé é "pistia" e quer dizer "acreditar"; no Latim o
termo "fides", aponta para uma postura e uma posição de
"fidelidade".

    Mas como colocar essa tão sagrada palavra no que se diz religião?

    No âmbito religioso, a fé é um dom daqueles que cumprem
genuinamente os conceitos apregoados por sua religião ou crença. Ter
fé também se aproxima de possuir uma religião ou um culto. Exemplo
disso é a já conhecida expressão "fé cristã", "fé islâmica" ou "fé
judaica".

A Fé" é uma esperança, uma convicção total e completa em alguma coisa
ou alguém, mesmo que não exista comprovação, evidência, sinal ou fato.

    Liricamente, a fé é inimiga da dúvida, e companheira da firmeza,
da força e da segurança. Em determinados momentos da vida, como
tribulações emocionais como tristezas, traições, desilusões amorosas -
ou físicas, como - doenças passageiras ou incuráveis, agir com fé é
ter expectativa de que alguma coisa irá se transformar para melhor; é
ficar esperando algo que instintivamente se sabe que irá acontecer,
assim como alguém que bate na porta espera, com confiança, que ela irá
abrir.


    A fé é algo um tanto misterioso, porém algo que entendemos que
existe, tanto que ela é estudada pela ciência. Vem sendo determinada e
medida através de experiências por diversos estudiosos, e em diversos
países. Esses estudos e comprovações foram testados em casos diversos
pois o poder da oração feita com fé já foram testados em casos de
saúde e demonstraram com grande êxito sua efetividade, através da fé e
da oração.

    Um dos grandes erros dos seres humanos é confundirem a fé com a
ansiedade, pois dizendo ter fé, estão apenas apresentando grande teor
de ansiedade, e assim, após acharem que estariam elevando a fé,
cobram de uma forma incerta a aqueles que tentaram demonstrar essa
falsa fé. Isso acontece muito por consulentes, que vem buscar auxilio
com as Entidades de Luz da Umbanda, pois elevam a ansiedade,
demonstrando aquilo que estão desejosos, torcendo para que aquilo que
querem aconteça, mas não com fé, e sim pela ansiedade, que acarreta
uma cobrança sem noção e nexo.

    Essa falta da verdadeira fé, faz com que muitos consulentes
descriminem certas Entidades de Luz, certos Terreiros de Umbanda e
certos Zeladores de Santo, pois quantos, na demora no atendimento à
sua vontade, emitem conceitos negativos (do tipo, somente eu não
consigo, acontece somente comigo, como sou infeliz, etc.) Que vão para
o espaço, e retornam à mesma pessoa, seja pela emissão de vibrações
negativas. Tudo isso acontece pela falta de fé, confundida com a
ansiedade que tem na busca de solução para seus problemas pessoais.

    A fé real não é apenas crer em Deus, nos Orixás, nas Entidades de
Luz, nos Santos, é saber que existem essas forças, e estão presentes
em nossa vida e em nosso caminho. Na questão da fé em Deus, temos que
ter a convicção de que ele vive dentro de nós, e ele não se afasta de
nós, somos nós que nos afastamos dele, através de nossas más ações, de
nossos erros, nossa baixa energia e nossos valores errôneos.



    Muito já ouvimos nas casas de Umbanda a seguinte frase: "Quem
realmente tem fé treme e balança, mas não cai: filho de umbanda
balança, mas não cai". Essa frase de um ponto histórico, conhecido
por, provavelmente, todos os terreiros existentes no Brasil, dá uma
demonstração do que significa a fé para um umbandista. Mesmo nas horas
mais difíceis da vida ele se vale de suas Entidades de Luz e,
sobretudo, de Deus (Olorum, Zambi), aqueles momentos que considerava
impossíveis de superar. Essa é a fé que diferencia e que resguarda dos
malefícios do mundo.

    Infelizmente nenhum de nós, seja de qualquer religião ou dogma,
está livre, de em algum momento da vida, deixarmos que nossa fé perca
a força, que se abale, por qualquer motivo ou circunstância.

    Já observei muitas pessoas se desvincularem da fé, e muitas se
arrependerem por isso. Dentro da Umbanda, onde tenho  minha fé
religiosa plantada, adubada, e claro muitas colheitas vieram por esse
motivo, já observei muitas e muitas pessoas, que erroneamente se
deixaram abalar a fé, inclusive eu próprio.

    Mas a fé é ilimitada, é algo inexplicável, é algo divino, e basta
você se entregar novamente, que ela vai fazer sua alma brilhar
novamente, vai lhe entregar a Deus, vai lhe mostrar caminhos, por
mais dura que seja as provas que temos que passar, por mais
atribuladas que seja essa caminhada, com toda certeza sem a fé, seria
impossível chegarmos a qualquer lugar.

    Quando temos o abalo da fé, a perda de credibilidade dentro do que
é sabido na religião. Muitos fundamentos, grandes conhecimentos, a
verificação de mistificações, de falsos médiuns, de Zeladores de Santo
que se utilizam da religião para seus interesses pessoais, tudo isso
causa os abandonos de trabalhadores sérios das casas umbandistas.
Muitos desses desistem por não conseguirem elevar sua fé, e por muitas
vezes pelos erros humanos, julgam as Entidades de Luz, desistindo por
completo de tudo, deixando sua fé tão baixa, que não retornam nas
casas nas quais fizeram parte nem para resgatar suas Guias, suas
quartinhas de Anjos de Guarda, ou qualquer coisa que pertence ao
médium ou a Entidade que ele carrega na Coroa.

    Infelizmente isso acontece com frequência, e mais infelizmente
ainda ainda vai acontecer muitas vezes.

    Dentro da Umbanda, muitas pessoas acham que esse é um momento de
experimentação por parte dos Orixás, das Entidades de Luz, ou do
próprio Deus, para comprovar a nossa fé, e ver até onde podemos
aguentar. Outros julgam ser o momento quando o trabalhador da corrente
se sente muito cansado, seja pelas atividades, pelo dia a dia, pelas
exigências que uma Casa impõem em seu cotidiano ou por qualquer outro
motivo.


    Mas como faço para entender esses momentos de abalo de fé?

    Como devo proceder para não deixar minha fé se desmoronar?

    Em algumas buscas sobre esses fatos, entendemos que antes de
qualquer coisa, antes de qualquer decisão, antes de qualquer desânimo,
devemos relaxar a mente e a alma. Deixar o suposto problema ou fato
distante para refletirmos, verificar o quanto a fé que já
demonstramos ter algum dia, nos ajudou em algum momento. E então
dialogarmos com nosso espírito que fora abalado pela falta de fé, e
nesse diálogo levantarmos as seguintes questões:

O que houve com minha fé?

Por que deixei minha fé ser abalada?

O que está causando isso em mim?

    Certamente iremos encontrar diversas respostas para cada pergunta,
porém devemos analisar todas com muita atenção, pois algumas são
simplórias, e não merecem que deixemos abalar nossa fé.

    Dentre muitas respostas, na Umbanda, as que mais abalam a fé
contida em nosso ser, é a colocação da desonestidade, vaidade,
mistificação, crueldade, consulentes insatisfeitos com o que eles
acham que lhe é justo, Zeladores prepotentes que se utilizam da
Umbanda para interesses próprios, tais como dinheiro, sexo, fama, ou
qualquer coisa inventada pelo homem, que não conduz com a religião.

    Mas para deixarmos claro, que esses abalos de fé, independente da
causa, o que podemos notar é que a maioria das vezes os assuntos
externos à fé estão somatizando desânimo, desmotivação, baixando sua
vibração energética e lhe afastando das Entidades e da religião, mas
que esta última, a religião, é alheia a isso tudo.

    Normalmente o problema está dentro de nós mesmos, e isso é muito
difícil de ser assumido. O ser humano sempre tende a jogar a culpa nos
outros, do que se conscientizar de que a falha está em si mesmo.


    Agora que já refletimos, e talvez já tenhamos encontrado o motivo
desse abalo de nossa fé, a pergunta deverá ser mudada, e deveremos
fazer a nós mesmo a seguinte indagação:

    O que devo fazer para mudar?

    Antes de tudo, não se deixar envolver emocionalmente com erros
externos, de pessoas de baixo grau de espiritualidade, não trazer para
si as faltas de outras pessoas, evitar se colocar como vítima em
situações diversas, não se entregar ao ódio, rancor ou cólera por
entender que um médium ou zelador está se entregando a desonestidade,
a vaidade, a falta de humildade, a arrogância, a prepotência, enfim, a
erros de terceiros, que sabemos que atrapalha o bom andamento de uma
casa de Umbanda, e claro nos afasta pela nossa falta de fé no local.

    Trabalhe sempre em prol da espiritualidade maior, pois fazendo sua
parte, com certeza sua fé vai reinar.

    Faça sempre seu melhor pela casa de Umbanda que faz parte, isso
faz nossa alma se encher de luz, e as Entidades vão nos responder
positivamente, e assim nossa fé ficará sempre em alta.


    Devemos rezar firmemente para que nunca deixemos de crer, saber
que a fé realmente remove montanhas, e que termos essa luz além de um
bálsamo para o espírito, é também um presente de Deus.

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A esperança e a caridade são uma consequência da fé. - Allan Kardec

A fé consola, , nos dá força e coragem para continuar a caminhada rumo
a Deus, nosso Pai Olorum.

A fé é algo que não se vê, se sente... - Carlos de Ogum

A fé é um clarão divino, refulgente, peregrino, que irrompe, trazendo a luz; A caridade é a expressão da personificação do mestre
amado.

A fé é um salto no escuro para os braços de Oxalá. Quem não tem fé não
salta e não é abraçado, fica apenas no escuro...

A fé é uma luz que brilha dentro da alma, espírito, coração; que vai
de encontro ao sagrado que nos dá vida, energia, paz, esperança.

A fé em Oxalá nos faz crer no incrível, ver o invisível, e realizar o
impossível.

A fé não é algo decorativo, ornamental. Ter fé significa colocar Oxalá
realmente no centro da nossa vida.

A fé não é palpável, a fé é um sentimento. Nunca perca a sua fé! Com a
sua fé e devoção chegará longe!

A fé não vem de fora para dentro e sim de dentro para fora. Cultive
sua fé em seu espírito.

A fé nos dá esperança e nos faz crer no melhor de Oxalá para nossas
vidas.

A fé une o que a religião separa. - Mãe Dirce de Oiá.

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    Que Deus nosso Pai Maior com sua inesgotável sabedoria e amor,
fortaleça sempre a nossa fé, para que possamos ter esperanças e assim
conseguirmos caminhar rumo a evolução espiritual.

Salve a todos que tem fé, e proteção a aqueles que não tem.



Carlos de Ogum

quarta-feira, 20 de julho de 2016 60 comentários

A Umbanda na Legião dos Sete (Exús e Pombo Giras)

       


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    Salve a Legião dos Sete,
Legião que traz luz e encanto,
salve a Legião do Sete,
me abençoe e me tira de meu pranto.

Salve a Legião do Sete,
Legião que reina Pai Omulú,
livrai-nos do mal que nos acontece,
salve Seus Setes e Donas Setes Pombo Gira e Exú.

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    Temos uma Legião de trabalhadores na Umbanda que leva a
nomenclatura de "Sete". Essas legiões podem vir na linha de Caboclos,
Pretos Velhos, Erês, Boiadeiros, Ciganos, enfim, várias linhas, porém
vamos falar da Legião de Exús e Pombo Giras dessa linha, para melhor
entendimento de como são feitos seus trabalhos, pois muitas pessoas
mal informadas acreditam que essa Legião tem o propósito de trabalhar
em prol das vontades sem nexo ou noção de um consulente que deseja
apenas algo, ou que não é seu, ou de seu merecimento.

    Todos os Exús e Pombo Giras da Legião dos Sete, tiveram uma vida
encarnada, tiveram a evolução espiritual, foram escolhidos e
abençoados por Zambi (Deus), para que se tornassem Entidade de Luz
para trabalhar em prol da caridade, incorporando ou não em médiuns
desenvolvidos mediunicamente, afim de terem mais evolução, e
distribuindo evolução a Coroa que na qual recebe essa Entidade de Luz.
Sendo assim, refletimos, se uma Entidade de Luz tem essa caminhada
toda para chegar ao encontro da evolução, como iriam desistir dessa
caminhada para satisfazer algumas vontades mesquinhas, intolerantes,
prepotentes e sem humildade de certos consulentes.

    Não, não fazem isso. Nem uma Entidade de Luz da Legião dos Sete, e
nenhuma outra Entidade de Luz. Só friso os da Legião dos Sete, pois na
mente de muitas pessoas nasceu a lenda de que esses Guias trabalham
fechando os sete caminhos de um inimigo qualquer, a troco de qualquer
coisa deixada em uma encruza, ou na calunga pequena (cemitério). Porém
como disse acima, é apenas lenda, ou informações errôneas


    Dentro da Legião dos Sete na linha de Exú e Pombo Gira temos
vários trabalhadores, todos ligados ao Pai Maior, respeitando os
caminhos e determinações de Pai Oxalá e de todos os Orixás, Orixás
esses que através de suas irradiações demonstram as Entidades o
trabalho a fazer, e o caminho a tomar, mais uma prova que esses Guias
trabalham e agem dentro da lei espiritual da caridade, sendo assim em
qualquer casa de Umbanda, fora isso, é apenas um médium mal preparado,
ou dando abertura a obsessores e espíritos sem luz, como Kiumbas,
Eguns e Zombeteiros, ou apenas médiuns demonstrando vaidade, e assim,
mistificam tentando enganar o consulente.

    Dentre essas Entidades dessa Legião, temos um dos mais conhecidos
e procurados em terreiros de Umbanda, que é o Exú Sete Encruzilhadas.
E podemos encontrar Entidades de Luz com essa nomenclatura em várias
irradiações, por esse motivo poderemos encontrar dentro de um mesmo
terreiro, em uma Gira um Médium incorporado com o Senhor Sete
Encruzilhadas, e logo a seu lado um outro Médium com uma Entidade com
o mesmo nome, e isso acontece quando por exemplo,   vem um na
irradiação do Orixá Ogum e outro na irradiação de Xangô, ou Oxossi, ou
Oxum, enfim, sobre a regência e irradiação de qualquer Orixá. Frisando
que não é exclusividade de Senhor Sete Encruzilhadas, pois isso serve
para qualquer Entidade de Luz.

    Senhor Sete Encruzilhadas é chefe dessa Legião de Exús e Pombo
Giras, é sobre o comando dele que os outros trabalham, ou seja, mesmo
que os Exús e Pombo Giras sejam de linhas ou irradiações diferentes do
Exú Sete Encruzilhadas, é pra ele que primeiramente terão que prestar
conta do trabalho de caridade que foram determinados. Assim como
outros Exús e Pombo Giras prestariam conta  a seu Tranca Ruas, a Seu
Marabô, a Seu Exú Caveira, a Seu Tiriri, ou a qualquer outro chefe de
Legião que ele fizesse parte.

    Ao comando de senhor Sete Encruzilhadas existe milhares de outros
Exús e Pombo Giras da Legião dos Sete, entre eles os mais conhecidos
são:

Exú Sete Porteiras.
Exú Sete Tronqueiras.
Exú Sete Catacumbas. Podendo ter a chefia de Senhor Sete Encruzilhadas
ou de Senhor Tiriri.
Exú Sete Covas. Chefia idem ao Exú Sete Catacumbas.
Exú Sete Cruzes. Chefia idem ao Senhor Sete Catacumbas.
Exú Sete Caveiras. Chefia de Senhor Sete Encruzilhadas ou de Senhor
Exú Caveira.
Exú Sete Ventanias.
Exú Sete Ossos.
Exú Sete Gargalhadas.
Pombo Gira Cigana das Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Cigana das Sete Luas.
Pombo Gira Cigana das Sete Saias.
Pombo Gira Maria Farrapo das Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Maria Mulambo das Sete Catacumbas.
Pombo Gira Maria Mulambo das Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Maria Mulambo das Sete Figueiras.
Pombo Gira Maria Mulambo dos Sete Cruzeiros.
Pombo Gira Maria Mulambo dos Sete Punhais.
Pombo Gira Maria Mulambo dos Sete Véus.
Pombo Gira Maria Padilha das Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Maria Padilha das Sete Facas.
Pombo Gira Maria Padilha das Sete Navalhas.
Pombo Gira Maria Padilha Rainha das Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Maria Quitéria dos Sete Cruzeiros.
Pombo Gira Maria Sete Catacumbas.
Pombo Gira Maria Sete Covas.
Pombo Gira Rainha das Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Rosa das Sete Saias.
Pombo Gira Rosa Negra dos Sete Cruzeiros.
Pombo Gira Sete Calungas.
Pombo Gira Sete Caminhos.
Pombo Gira Sete Capas.
Pombo Gira Sete catacumbas.
Pombo Gira Sete Caveiras.
Pombo Gira Sete Chaves.
Pombo Gira Sete Coroas.
Pombo Gira Sete Cruzeiros.
Pombo Gira Sete Encruzilhadas.
Pombo Gira Sete Estradas.
Pombo Gira Sete Estrelas.
Pombo Gira Sete Figas.
Pombo Gira Sete Figueiras.
Pombo Gira Sete Luas.
Pombo Gira Sete Montanhas.
Pombo Gira Sete Navalhas.
Pombo Gira Sete Ondas.
Pombo Gira Sete Porteiras.
Pombo Gira Sete Punhais.
Pombo Gira Sete Saias.
Pombo Gira Sete Véus.

    Esses acima são apenas alguns poucos exemplos de Exús e Pombo
Giras da Legião dos Sete, frisando que todos, sem exceção, trabalham
em prol da caridade, em nome de Deus, de Oxalá e de todos os Orixás, e
nunca fariam algo que pudesse prejudicar um semelhante, nunca
fechariam caminhos a quem não mereça, nunca aceitariam oferendas em
troca de algum pedido de consulentes desavisados, nunca pediriam
sacrifícios de espécie alguma, e nunca iriam contra o livre arbítrio
de alguém para satisfazer quem quer que seja.

    Como foi dito acima, todos dessa Legião trabalha sobre o comando
do Exú Sete Encruzilhadas, pois ele, como seu próprio nome já diz, é o
"chefe" das forças desse lugar sagrado para os Exús e Pombo Giras, e
tendo ele essa missão, foi introduzido cada uma dessas Encruzilhadas
com a força das Sete Linhas de Umbanda (Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô,
Yorimá, Yori, Iemanjá), se tornando sete determinantes, dando força
a essa grandiosa Entidade de Luz, para ser então o Exú a encaminhar a
todos da Legião do Sete no caminho sagrado da Umbanda e da caridade, e
todos, sem exceção respeitam essa determinação para que juntos
trabalhem em prol da paz e caridade, em nome de Deus.

    Muitas pessoas não entendem muito bem essa colocação da Umbanda em
relação as encruzilhadas, mas para reflexão vejamos o quanto de
importância tem esses caminhos para a espiritualidade.

    As encruzilhadas na umbanda simbolizam o encontro entre os
diversos caminhos que podemos percorrer. Nas encruzilhadas, todos se
encontram,todas as energias se cruzam. é um local, tanto no físico,
quanto no astral saturado de poderes energéticos. é associada com
frequência ao conteúdo simbólico da porta, ou seja ao acesso às
diversas frequências vibratórias. por isso também pode simbolizar a
passagem para algo novo ou os portais mágicos que se abrem para novas
dimensões, ou seja, as encruzilhadas representam novas esperanças,
elevação da fé em algo maior que nós, sentimentos de proteções por
parte da força e luz irradiada pelos seus moradores e frequentadores.

E quem seriam esses moradores e frequentadores?

    Nossos amados trabalhadores pela caridade, os Exús e Pombo Giras,
que estarão nesses caminhos cruzados, seja para mostrar novos
caminhos, seja para nos proteger, seja para abrir portais que nos
trarão novas esperanças e erguer nossa fé.

    Agora imaginemos a força de uma encruzilhada, colocamos essa força
multiplicada por sete, adicionemos a poderosa chefia de um  Exú que
trará milhares de outros Exús e Pombo Giras, tão poderosos quanto, e
veremos o resultado maravilhoso que isso dá. E claro, sabendo que
toda essa força espiritual está ligada em um só objetivo, que é
trabalhar em prol da caridade, obedecendo as determinações do Pai
Maior, nosso amado Deus.

    E assim se forma a Legião dos Sete, Exús e Pombo Giras, que tem
como lema maior, fazer o bem eternamente a todos que buscam auxilio e
um caminho para a evolução, tanto na vida material, quanto na vida
espiritual.

    Respeitemos a maravilhosa Legião dos Sete, respeitemos os Exús,
respeitemos as Pombo Giras. Eles não trabalham tanto, não se entregam
tanto a essa missão árdua para satisfazer vontades de consulentes mal
intencionados, de pessoas mesquinhas, interesseiras, que só vem aos
terreiros por necessidades próprias, desejando fechar caminhos de um
semelhante, em busca de falsos amores, amarrações, maldades, entre
outros desatinos das mentes doentias de muitos seres humanos.

    Busquemos ir ao encontro dessas belas Entidades para nos abrir
caminhos, nos dar conselhos, nos mostrar os erros que nos cercam, nos
ensinar a amar nossos semelhantes, assim como Oxalá (Jesus Cristo)
nos ensinou.

    Salve essa Legião linda, salve a Legião dos Sete.

    Laroiê!



Carlos de Ogum

domingo, 10 de julho de 2016 42 comentários

Ogãs, Mãos Sagradas na Umbanda

                 


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    Saravá os Ogãs!

Ah como é lindo o batuque do tambor,
na Umbanda linda de Nosso Senhor.

É a mensagem que enaltece os Orixás,
é a oração que elevo ao Senhor,
é a vibração que nos faz incorporar,
sem o batuque na Umbanda não se pode trabalhar.

Ah como é lindo o batuque do tambor,
na Umbanda linda de Nosso Senhor.

Eu não sabia mas agora eu aprendi,
que o batuque faz uma Gira de Umbanda,
quem canta encanta a vida dos Orixás,
é uma benção divina que emana muita paz.

Ah como é lindo o batuque do tambor,
na Umbanda linda de Nosso Senhor.

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    Quando se fala em Ogã, logo nos vem a mente o som do atabaque, a
vibração das Entidades, a força de uma Gira. E é isso mesmo, Ogãs tem
o dom e a missão de fazer uma Gira de Umbanda ter mais luz, vibração e
poder.

    A Umbanda expande sua luz e força através do som e movimento, e
com os pontos cantados que se propicia a instalação energética de
alto nível, que é extremamente essencial para os trabalhos de
caridade.

    Os pontos cantados são poderosos mantras, que recorremos para
atingir uma concentração necessária da corrente mediúnica e quando da
solicitação e invocação das diversas Entidades de Luz que auxiliam nas
Giras de Umbanda.

    É através deles que são canalizadas as forças mentais de todos num
sentido único, estabelecendo uma comunhão entre os médiuns da corrente
e os espíritos evocados que assim se aproximam dos terreiros ou
centros, para a realização dos trabalhos de caridade e correntes
espirituais.

    A harmonia dos sons é uma das mais importantes partes da magia da
Umbanda, criando as condições para a instalação do transe mediúnico e
para a manifestação das Entidades.

    E para todo esse processo acontecer com perfeição temos o nosso
amado Ogã, figura tradicional e clássica nos ritos da sagrada Umbanda.

    Os Ogãs, também podendo ser conhecidos por "atabaqueiros" ou
"curimbeiros", são filhos, ou não, de uma casa de Umbanda, na qual são
destinados a tocar o instrumento sagrado da religião, o Atabaque, ou
alguns instrumentos variados, como o agogô e o triângulo. Os
Curimbeiros e Atabaqueiros também tem a missão de cantar os pontos que
servirão como ato vibracional da chegada de uma Entidade de Luz.

    Um Ogã é e deverá sempre ser um médium bem escolhido para tal
função, pois sua importância dentro de um terreiro e para o andar dos
trabalhos são extremamente essenciais. Gostaria de frisar que muitas
pessoas mal informadas tem como ideia errônea que qualquer um que não
incorpore pode estar diante do atabaque, mas enfatizo que o Ogã deve
ser extremamente preparado para tal função, e que deve ser, além de
um filho dedicado ao máximo, um médium intuitivo, pois ele é peça
fundamental dentro do ritual, e deve entender e saber que dele depende
muitos detalhes no andar da Gira, inclusive deve partir do Ogã algumas
decisões de escolhas de pontos para cada momento do ritual, para caso
algum suposto problema no trabalho, vem dele a intuição de certo tipo
de batida, de tom, de canto, para sanar esse possível problema
espiritual, como por exemplo, um filho da casa da uma abertura a um
obsessor ou a um sofredor, isso se deve ser notado pelo Ogã, e dele
parte a decisão de bater, cantar ou se silenciar, para o melhor
andamento da situação. Portanto, a cada ponto cantado, a cada batida
feita, se deve ter a demonstração de segurança, de intuição, de
sentimento e inteligência, para que tudo ocorra bem dentro de todos os
trabalhos de caridade. Então com toda certeza um Ogã não pode ser só
um curioso, que gosta de fazer barulho no atabaque. Por isso faz-se
necessário que seja escolhido uma pessoa séria, estudada, conhecedora
dos fundamentos da religião.

    Muitas pessoas tem dúvidas sobre as mulheres também poderem ser
Ogãs. Dentro da Umbanda não há nenhuma regra que impeça essa
possibilidade, porém dentro do Candomblé essa colocação não é aceita
por alguns dogmas da religião, principalmente pela menstruação.

    Dentro da Umbanda não é visto dessa forma, pois não seguimos os
dogmas do Candomblé, e sim seguimos as determinações de nossas amadas
Entidades de Luz, e isso é feito diretamente pelas próprias Entidades,
sendo assim, nunca foi dito por nossos Guias que as mulheres estariam
proibidas de serem Ogãs, Curimbeiras ou Atabaqueiras, portanto dentro
da Umbanda temos mulheres nessa honrosa missão e posição, sem
preconceito algum.

    Voltando na importância extrema do Ogã, frisamos que ao acontecer
uma Gira, diante dos Atabaques sagrados se encontram muitas Entidades
de Luz, umas que vão incorporar em algum médium para os trabalhos de
caridade a consulentes, e outras que estão ali, que não trabalham com
incorporação, mas são essenciais suas presenças. Entidades como
Caboclos e Caboclas, Exús e Pombo Giras, Boiadeiros, Malandros e
Malandras, até mesmo alguns Erês, que são responsáveis pelo andamento
da Gira, trabalhando sem tomarem a linha de frente dos trabalhos
espirituais. Dentre esse grupo existe uma corrente de Guias que
auxiliam nos toques e canto da curimba. São chamados de "Mestres na
música de Umbanda", verdadeiros guardiões dos mistérios do som.



    São espíritos bondosos, muito alegres e divertidos, que com o
cantar encantam a muitos no astral. Alguns fazem-se presentes
auxiliando o toque, outros o canto e outros ainda auxiliam a
manutenção da energia e sua dissipação dentro do terreiro. Muitas
vezes chega a acontecer uma espécie de incorporação desses guias com
os Ogãs, os inspirando a determinados toques e cantos. Qualquer pessoa
com experiência em curimba pode relatar casos aonde um ponto vem na
hora que ele é necessário e depois você simplesmente o esquece. Isso
acontece sobre inspiração desses mentores.

    Ser Ogã é muito mais do que ser aquela pessoa no fundo do
Terreiro, tocando pontos para as entidades, médiuns e assistentes.

    Ser Ogã é participar de forma efetiva e consciente nos trabalhos.
Isso exige conhecimento, concentração, responsabilidade e mediunidade.

    O Ogã é o médium responsável pelo canto, pelo toque, pela
sustentação e equilíbrio harmônico dos rituais. Diferente do que muita
gente pensa, um Ogã pode incorporar, porém, a sua mediunidade
manifesta-se normalmente, de forma diferente do restante do corpo
mediúnico. Manifesta, principalmente, através da intuição, das suas
mãos, braços e cordas vocais onde os Guias responsáveis pelo toque e
pelos cantos imantam os seus médiuns Ogãs. Esses mestres da música
atuam ativamente, mas de forma pouco perceptível à grande maioria
dentro do ritual de Umbanda e, muitas vezes, são pouco lembrados. Os
atabaques, quando devidamente consagrados e ativados pelos Ogãs, são
verdadeiros instrumentos de auxílio espiritual, pois são capazes de
canalizar, concentrar e irradiar energias que tanto podem ser
movimentadas pelo próprio Ogã como pelas entidades de trabalho para os
mais diversos fins.

    Para entendimento de todos, vamos frisar que a palavra "Ogã", é de
origem Yorubá, que significa em nossa língua "Senhor da minha casa".
Portanto, a curimba deve ser encarada como uma função de grande honra
e importância, para quem dela participa diretamente.

    É obrigação de todo Ogã, conhecer os diversos ritmos dos pontos e
o momento certo de cantá-los. Devem também, saber o nome de todas as
entidades espirituais que trabalham em seu terreiro, saber distinguir
rapidamente uma entidade de outra, e saber sempre, na ponta da língua,
todas as saudações destinadas aos Guias, Protetores e Orixás, da nossa
querida Umbanda.

    É muito importante, que o ponto seja cantado de forma correta.
Devemos analisar a letra e a melodia , e cantar com muito respeito e
emoção, sem gritaria e sem brincadeiras. Afinal, o ponto é uma prece,
portanto, vamos cantar com muito amor e devoção.

    Finalizando gostaria de frisar que para ser Ogã não basta querer,
se deve estudar, compreender, se fazer entender, buscar no fundo da
alma as intuições, sem medo, sem vaidade, sem querer estar ali apenas
por estar, e com muita humildade.

    Busque o conhecimento, aprenda e entenda os pontos necessários,
cante com amor, toque com respeito, e nunca se esqueça que ao se
colocar a frente de um atabaque, está se colocando a frente de um
instrumento sagrado, diante de várias Entidades de Luz, que estarão
ali, ou para a incorporação e trabalho em prol da caridade, ou para
acompanhamento da curimba, ou para encaminhar espíritos sem luz, ou
para descarregar ou desobsediar consulentes que sofrem com essas
cargas negativas, e tudo isso gira em torno das mãos sagradas do Ogã.

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    Saravá os Ogãs!

    Bendita seja suas mãos sobre o Atabaque,
louvando os Orixás com muito amor,
elas sangram mas não param de tocar,
e nos dão força com o som desse tambor.

    Graças a ela a Umbanda fica mais bonita,
vozes se juntam para cantar e agradecer,
e pra quem ainda não acredita,
a nossa fé faz o milagre acontecer.

    Abençoada essas mãos, ontem, hoje e amanhã,
salve na Umbanda a Coroa do Ogã.

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    Salve todos os Ogãs.

    Meu respeito e minha admiração.



Carlos de Ogum

 
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