sexta-feira, 30 de dezembro de 2016 41 comentários

A Importância de uma boa Corrente para a Gira de Umbanda

     




    Para o umbandista não há nada melhor do que estar em uma Gira,
pois nela sabemos que teremos nosso desenvolvimento mediúnico, nosso
desenvolvimento espiritual e assim estaremos buscando a evolução que
tanto desejamos.

    Mas para estarmos em uma Gira, e para que nossos erros de humano
não atrapalhem o caminhar de todo trabalho espiritual, devemos nos
manter em corrente, e essa corrente deverá ser intensa, sem tropeços,
sem nossos erros do dia a dia, sem os vícios, sem maus sentimentos,
sem vaidade, sem estar com pensamentos ligados a coisas alheias a
Gira.

    Devemos entender que a parte fundamental de uma boa corrente é a
concentração, devemos nos concentrar e buscar todas as energias boas
do ambiente, e essa colocação deve ser não somente para os médiuns
trabalhadores da casa, mas para todas as pessoas envolvidas ali
naquele momento, como a assistência, consulentes, ou mesmo pelos
visitantes curiosos. Isso é fundamental para o bom desenvolvimento dos
trabalhos da casa, e claro também para manter a boa vibração das
energias do ambiente.

    Certamente muitas pessoas que frequentam terreiros de Umbanda já
ouviram falar a seguinte frase:  vindas dos Zeladores, pais e mães
pequenos da casa: "Olha a corrente irmãos, vamos concentrar". E será
que todos os envolvidos no trabalho, sendo filhos da casa ou
consulentes, sabem realmente o que significa essa frase?

    Na realidade quando um Zelador, sendo esse Zelador bem preparado,
chama a atenção para a corrente, certamente é porque ele sentiu uma
diminuição na energia do ambiente, essa energia espiritual vem através
dos bons fluídos emanados pelos sentimentos, pensamentos e
concentração, que devem ser mantidos pelos médiuns de uma forma
elevada, para manter os trabalhos em um nível elevado, e assim
auxiliar toda a casa, e claro ter uma auto preservação.

    Em uma Gira devemos estar ligados por um mesmo ideal, esse ideal é
o amor, a paz e a caridade, dentro da Umbanda isso é a base de tudo.

    Criada essa ligação espiritual através de uma concentração
constante e limpa, teremos a possibilidade de nos mantermos em união e
assim as boas energias serão atraídas para o ambiente, e assim o
trabalho de caridade flui, pois todas essas energias somadas atuam em
todo o grupo (médiuns e consulentes), e com a sua força já iniciam uma
atuação do bem, trazendo auxilio aos que necessitam, desde que essas
pessoas estejam em estado de recepção, em concentração no ritual, e
claro ansiando em receber o bem.

    Um detalhe a ser colocado, é que se a corrente estiver em estágio
abaixo do esperado, ou chamada corrente fraca, as pessoas com
pensamentos confusos, dispersos, distraídos, ou com maus pensamentos,
então um caos poderá se implantar, podendo ocorrer ataques de
entidades inferiores que sempre esperam uma oportunidade para
atrapalharem os trabalhos e até fazerem o mal as pessoas ali
presentes. Por esse motivo que devemos estar muito atentos com nossos
sentimentos e pensamentos dentro de uma Gira.

    É de extrema responsabilidade de todos a ideia de não quebrar a
corrente mediúnica, todos temos que ter a conscientização que devemos
buscar sempre o objetivo principal além do ritualismo, que seria a
coesão e a uniformidade da corrente, e assim manter a sustentação
vibratória através da mediunidade.

    Sabemos que quando ocorre uma quebra de corrente é porque alguns
componentes dos trabalhos estavam desconcentrados. E também em alguns
casos no qual o médium se encontra com problemas e fatos externos, que
faz com que ele tenha interferências espirituais que influencia
negativamente sua concentração, esse médium deve ser afastado da
corrente provisoriamente, para que assim possa ser atendido
espiritualmente, e obter tempo necessário para refletir sobre seus
atos, ações e logicamente sobre seu estado mental, para que assim
possa mudar sua condição emocional e psicológica que por ventura está
lhe atrapalhando como trabalhador mediúnico de uma sagrada corrente.

    Para algumas pessoas frequentadoras das Giras e Correntes é tudo
muito simples, porém para outras é um verdadeiro nervosismo, o medo de
fazer algo errado, de quebrar a Gira, de trazer espíritos sem luz para
dentro dos trabalhos, fazem dessas pessoas alvos mais fáceis, pois
certamente obsessores prestam muita atenção nessas personalidades mais
fracas, pessoas que tem maus sentimentos, pensamentos mesquinhos.
invejosos, enfim, os que trazem vícios destruidores para dentro dos
trabalhos.

    Sempre é recomendado a seguinte maneira de  se por para sermos
bons trabalhadores mediúnicos:

    Em um dia de Gira devemos nos preparar antes mesmo de chegarmos no
terreiro. Devemos seguir algumas recomendações, que certamente trará
grande ajuda a nossa concentração e nosso trabalho, assim como essas
descritas abaixo:

1º Devemos ter na consciência a alimentação, preferencialmente
sem carnes vermelhas, ou muita quantidade de comida antes da Gira.

2º A limpeza de aura e corpo é essencial, podendo ser com um banho de
ervas recomendada pelo Mentor da casa.

3º Evitar contatos íntimos 24 horas antes, e 24 horas após a Gira.

4º Evitar debates e discursões. Se não tem algo de bom a falar, melhor
coisa é o silêncio.

5º Manter, no caso de médiuns, suas roupas sempre limpas, a sujeira
eleva as energias dos Kiumbas e Zombeteiros.

    Já dentro do terreiro, evitar as conversas desnecessárias, conversa
do dia a dia, reclamações, amarguras, amarguras alheias, ficar
observando roupas de um ou de outro, comentários maldosos.

    Tente buscar desde a sua entrada no terreiro captar as forças que
ali existem, e que foram criadas pela luz intensa das Entidades
divinas.

    E para que consiga captar essas energias devemos sempre evitar as
conversas desnecessárias, a introspecção, a observação de seus
próprios pensamentos ao invés de ficar observando o comportamento
alheio, pois mesmo que esses sejam seus irmãos de corrente, quem tem
como obrigação de observar isso é o Zelador de Santo auxiliado pelo
Pai e Mãe pequenos, e devem fazer essa observação para saber se esses
irmãos estão trabalhando de acordo com a pretensão da casa, ou seja,
do Terreiro e de suas Entidades de Luz.

    É recomendado nesse momento de introspecção o médium ficar de
olhos fechados, para que assim possa ir sentindo, não o que ocorre em
sua volta de uma forma física, mas sim sentir as forças espirituais,
que da mesma forma está também lhe rodeando.

    Devemos estar relaxados o máximo possível, para que assim possamos
expandir nossa aura em volta de nosso corpo, e assim a sensibilidade
para outros planos seja muito mais facilitada.

    Nesse momento já podemos tentar buscar um contato com nossas
Entidades protetoras, ainda que sem incorporação, claro, e isso deve
ser feito através de orações, e dessa forma essas Entidades chegarão
até a Coroa do médium, para que fiquem bem próximas por todo tempo da
Gira.

    Devemos manter a corrente firme e dessa forma podermos usar as
energias do terreiro com a finalidade de melhora dos dons que
obtemos, porém muitos médiuns não são estimulados a essa troca de
energia, e nem imaginam que essa maravilhosa força cedida pelos
terreiros facilitam o intercâmbio entre o médium e o mundo astral que
cobrem as casas de Umbanda e todas as Entidades de Luz que ali estão
para trazer a paz, o amor e a caridade.

    Ao iniciar se deve manter em estado de relaxamento mental,
tentando buscar a essência de cada ponto cantado, tente levar para sua
mente o que esses pontos dizem, pois eles tem como objetivo desviar a
mente dos médiuns dos problemas que os envolvem no dia a dia, e assim
fazer que se concentrem suas mentes nos rituais que virão a seguir,
pois as letras dos pontos cantados nos induzem a imaginar imagens de
Entidades, de lugares e situações que fortalecem a nossa fé e crenças,
sendo assim nos dão a certeza de estarmos assistidos por nossos
protetores espirituais, e com isso nossas mentes estarão sempre
ocupadas com pensamentos e mentalizações positivas, evitando se deixar
levar pelos problemas, pelo cotidiano, por pensamentos negativos.

    Dessa forma sua mente estará trabalhando em favor das energias
positivas que vão agir sobre a própria mente, o corpo físico, e
logicamente sobre o estado psíquico. E isso acontecendo, certamente sua
aura estará muito mais relaxada, expandida, e consequentemente mais
propenso a sensibilidade, fazendo com que as incorporações se torne
facilitadas, menos traumáticas e muito mais segura.

    Com todo esse preparo para não quebrar a corrente, e com sua mente
voltada a criação de imagens de teor positivo, e com a proteção das
Entidades de Luz, que já captamos anteriormente, os espíritos sem luz,
os obsessores, terão extrema dificuldade de adentrar na coroa do
médium, tornando assim a Gira e a corrente extremamente segura.

    O médium nunca deve se esquecer de ter assiduidade e compromisso
com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e
espírito, e saber que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada
no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.

    Uma das regras básicas da umbanda para se manter a corrente firme
é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como
um dom ou poder maior concedido ao médium, mas sim como um compromisso
e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate cármico e expiação de
faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve
ser encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas
como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.

    Mediunidade é coisa séria e participar de uma corrente mediúnica,
mais ainda, é preciso que entendam seus deveres e obrigações e faça
cada um a sua parte, e que sejamos conscientes de que nem todos somos
médiuns de incorporação, e não é porque não estamos trabalhando
incorporados que não devemos ser atentos aos deveres que nos competem.

    Finalizando, devemos ter a consciência de que se formos médiuns
trabalhadores de uma casa, muitos consulentes ali estarão em busca de
auxílio, e se não estivermos em condição de manter a corrente firme,
esses consulente podem sair dali com mais cargas negativa do que
quando chegaram, da mesma forma também nossos irmãos de corrente e
logicamente nós mesmos.

    Por esse motivo é tão importante um bom preparo antes das Giras, e
mais importante ainda o controle emocional, o controlar sentimentos e
vícios, o pensar e o agir dentro dos terreiros, antes e depois das
Giras e Correntes.


    Que Deus, Oxalá, todos os Orixás e todas as Entidades de Luz nos ajudem a manter firme a corrente, a Gira, a caridade. 

Amém!

Carlos de Ogum



terça-feira, 20 de dezembro de 2016 55 comentários

Mensagem para o fim de ano de 2016 - por Carlos de Ogum

   

    Amado e poderoso Deus, Pai Supremo de todos Orixás e todas
Entidades de Luz. Senhor absoluto de todo o universo, protetor divino
de todos nós.

    Estamos findando mais uma etapa de nossas vidas. Mais um ano que
se vai. Mais uma era que se passa.

    E com a passagem desse ciclo, venho mais uma vez humildemente a
teus pés agradecer por mais esse obstáculo vencido.

    Agradecer meu Sagrado Pai, por todas as bençãos recebidas por ti
esse ano.

    Agradeço Pai por um novo raiar do dia, que nos da esperanças para
lutarmos, por tentar buscar a evolução e, quem sabe um dia, sermos
melhores seres, para assim podermos ser dignos de ser filhos do Senhor
meu Deus.

    Agradeço Senhor pela noite estrelada que iluminou e velou nosso
sono, nos fazendo descansar o corpo, a mente e o espírito.

    Agradeço também, meu Pai, o perfume das flores, o brilho do Sol, a
Lua que encanta, as chuvas que nos trazem água, pelos ventos que nos
refrescaram, pelas águas que mataram nossa sede e pelo pão de cada
dia.

    Devo abaixar a minha cabeça, Senhor e, de joelhos, agradecer
profundamente todas as dores que passei, que me mostraram grandes
lições e ensinamentos nesse ano.

    Agradeço pelas pedras em meu caminho, pedras que aprendi a desviar
e me manter firme rumo a evolução.

    Agradeço pelas lágrimas que perdi intensamente, fazendo assim
lavar minha alma e meus pecados.

    Agradeço pelos pedidos aceitos, e principalmente pelos não aceitos
por ti. Pois foram esses que me mostraram que devia tomar outros
caminhos para crescer espiritualmente, entendendo que não era do meu
merecimento recebê-los.

    Agradeço, Pai Divino, pelos inimigos que afastasse de mim, e pela
aproximação dos amigos de luz.

    Agradeço cada palavra que enviaste através das Entidades de Luz,
para que eu servisse de mensageiro e assim pudesse levar um pouco de
esperança a todos irmãos que nos procuravam.

    Agradeço, meu Pai, o retorno de cada irmão em agradecimento a essas
Entidades maravilhosas, que por todo ano levaram caridade a todos nós.

    Agradeço a cada obrigado, a cada lágrima de emoção, a cada notícia
de nascimento das criancinhas desenganadas pelos doutores de terra, e
que vieram ao mundo com saúde, após um longo trabalho de interseção de
nossas amadas Entidades de Luz junto a ti, fazendo com isso que minha
alma brilhasse e me dando forças para continuar, pois a cada lágrima
emocionada que deixava rolar, era a certeza de que nosso trabalho dava
frutos maravilhosos.

    A Deus, nosso Pai Maior, aos Orixás e todas as Entidades de Luz,
ofereço tudo que fiz nesse ano.

    Todas as coisas que pude construir, todas as coisas que por minhas
mãos passaram, todos os trabalhos de caridade realizados, todas as
palavras ditas, toda a luz na escuridão, todas as esperanças cedidas,
todas as perguntas respondidas.



    Amado Deus,
nesse momento lhe entrego todos os irmãos que junto a mim buscaram
fazer a caridade.

    Entrego-lhe também todos os amigos que nasceram por todo esse ano,
juntamente com os antigos, pedindo proteção e compreensão a todos.

    Entrego-lhe, Senhor, todos os amigos que estão pertinho de mim, mas
também quero lhe entregar os que estão distantes, mas mesmo assim
mostram o carinho, a atenção e o amor que emana em seus corações.

    Peço sua proteção, Senhor, para todos que me estenderam as mãos nas
minhas fraquezas, e peço por todos que um dia buscaram minhas mãos
para se erguer.

    Agradeço, meu Pai, a sua intervenção a cada instante que me sentia
perdido, sem rumo, sem esperança, sem fé, sem saída.

    Pai amado, sei que agradecer é algo divino, porém me vejo na
obrigação de continuar de joelhos, e assim lhe pedir perdão.

    Perdão pelas palavras mal ditas,
pelo tempo desperdiçado com coisas inúteis,
pelas coisas supérfluas que me fizeram ter gastos desnecessários,
pela minha falta de compreensão com fatos que na minha visão falha,
eram irrelevantes,
pela falta de paciência constante,
pela oração mal feita, ou pela oração não feita no momento correto,
pela falta de palavra a um irmão em um momento que eu achei que meus
problemas eram maiores,
perdão por eu ter pedido mais que meu merecimento, e não ter
agradecido o suficiente por algo que recebi,
perdão pelas reclamações desnecessárias,
perdão pelo mal humor que me consome,
perdão por não colocar em prática todos os dias a missão de rezar por
um irmão necessitado,
perdão por eu sentar a mesa e fazer minhas refeições e esquecer que
temos irmãos sofrendo com a fome,
perdão, Senhor, por cada instante que errei, no falar, agir, pensar.

    Deus, poderoso Deus,
a ti entrego a minha vida e meu caminhar no novo ano.

    Ano esse que não sabemos como será seu andamento, não sabemos como
será para nós, e nem sabemos se vamos vê-lo terminar.

    Peço forças, Senhor, para atravessar esse novo ciclo, com luz, com
esperanças, com paz, com amor.

    Que me mostre o momento certo da oração, o instante propicio da
palavra, o segundo melhor para sorrir ou chorar.

    Peço, Pai, que me conceda a sabedoria de poder ultrapassar os
obstáculos, de falar sem magoar, de rezar com fé, de espalhar a
esperança, de disseminar o amor, de ajoelhar para lhe agradecer.

    Então, nesse momento, Deus amado, venho pedir-lhe, porém já lhe
agradecendo, pedir para mim, minha família e todos amigos de coração,
de luz.

    Peço amor e paz
lágrimas só de felicidade,
prudência e sabedoria,
lucidez e fortaleza,
bondade e caridade,
a luz e a bondade,
que fechem nossos ouvidos para a falsidade,
nossas bocas sejam fechadas para as palavras mentirosas ou egoístas,
que sejamos luz para a escuridão
a quem busca um caminho, sejamos estradas abertas
a quem está em desespero, sejamos paz
a quem perdeu a fé, sejamos esperanças.

    A mim principalmente que seja feito assim por todo ano, para que
eu possa levar seu nome, sua luz, sua esperança a todos os irmãos. e
assim poder criar uma corrente de paz, caridade, fé, amor e
fraternidade.

    Amado Deus, Orixás e Entidades de Luz,
a todos que leem essa mensagem, que vossas almas se encham de
sabedoria, amor e paz, para que possamos juntar cada elo dessa
corrente de caridade, fazendo-a crescer por todo novo ano, pela vida,
pela eternidade.

    Feliz ano novo a todos nós, de todas as raças, de todos os
gêneros, de todas as classes sociais, de todas as religiões.

    Que nosso Mestre Deus, Pai Oxalá, Pai Ogum, Pai Xangô, Pai Oxossi,
Pai Obaluaiê/Omulú, Mãe Oxum, Mãe Iansã, Mãe Iemanjá, Mãe Nanã Buruquê
e todas as Entidades de Luz, abençoem a todos, não só nesse novo ano,
mas também por toda a eternidade.

    E para finalizar gostaria de fazer um agradecimento especial a
todas as Entidades trabalhadoras do Terreiro de Umbanda Pai Ogum Megê,
destacando os Mentores: Vovó Joaquina, Pai José, Cabocla Janaína, e o
meu maravilhoso e divino Mentor Vovô Rei Congo, que acompanhado Gira
a Gira incansavelmente, pelos Pretos Velhos Pai Antero e Vovô
Benedito, fazem com que toda a caridade chegue a quem realmente
necessita.

Obrigado, meus amados!


Que assim seja !


Carlos de Ogum



sábado, 10 de dezembro de 2016 33 comentários

Falando sobre o Gongá

                     


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    Essa noite tive um sonho,
sonho de luz e de amor,
e nele eu sempre proponho,
no meu Gongá colocar uma linda flor.

    Essa flor é para os Orixás,
e todas as Entidades de Luz,
são eles que iluminam os Gongás,
trazendo sempre a caridade do menino Jesus.

    Velas vou acender para iluminar,
esse altar tão sagrado para Umbanda,
e ele certamente vai nos abençoar,
retirando de nós toda a demanda.

    Nesse altar sagrado bato cabeça,
saudando a todos que nele está,
com fé e amor agora enalteça,
esse altar divino que é o nosso Gongá.
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    Nós umbandistas temos um local dentro de nossos templos, casas ou
terreiros no qual respeitamos muito, e claro, amamos aquele local como
um pedacinho de nossa residência.

    Esse local tem o nome de Gongá, ou também chamado em alguns
terreiros como Congá, Jacutá, ou mesmo altar.

    A palavra Gongá vem de origem Bantú, e por um modo um tanto
errôneo linguístico se transforma em "congár" ou "congal", e é a
representação do altar umbandista.

    A palavra altar vem do latim "altus", ou seja, alto, elevado,
dando significado exatamente a ideia de ligação entre o ser humano e o
Pai Maior, e onde poderemos fazer nossas orações, homenagens,
e demonstrar nossa fé.

    Como sabemos a Umbanda é uma religião sincrética, e como já vimos
em algumas histórias, os negros escravizados era catequizados e
obrigados a se converter ao catolicismo por seus senhores, e por esse
motivo nasceu a associação do panteão africano aos santos católicos,
como forma de cultuarem seus Orixás através das imagens católicas sem
assim não criarem problemas com seus senhores.

    Portanto o Gongá, era um altar católico com os assentamentos e
firmamentos escondidos por baixo.

    Dessa forma eram cultuados os Orixás tendo as imagens de Santos
católicos, e isso se interligou de uma forma grandiosa, que hoje a
maioria dos Gongás tem suas imagens católicas, não por obrigação, mas
sim pela devoção, contudo sempre visto com a nomenclatura do Orixá,
como exemplo disso podemos falar do Orixá Ogum, sincretizado por São
Jorge, Santo guerreiro dos católicos, ou mesmo a Orixá Oxum,
sincretizada por Nossa Senhora da Conceição, ou mesmo ainda o Orixá
Oxalá, que por ser considerado o Pai dos Orixás é sincretizado com
Jesus Cristo, assim como todos os outros Orixás tem a sua
sincretização.

    A todos que já participaram de uma Gira de Umbanda, seja como
trabalhador de um terreiro, ou mesmo apenas como consulente ou
assistente, já pôde observar o conteúdo que temos em nossos Gongás,
pois nele podemos encontrar uma grande variedade de objetos, assim
como estátuas de Santos católicos, de Caboclos, de Pretos Velhos, de
Boiadeiros, de Erês, Ciganos, de Orixás, quartinhas, velas de diversas
cores, pedras/Otás, pontos riscados, flores, objetos do ritual das
Entidades de Luz, que seguem a mesma imantação do Gongá.

    Muitas pessoas sem informação e sem entendimento costumam dizer
que o Gongá umbandista é apenas um local de idolatria e fetiches sem
necessidade, porém essas pessoas não entendem que no Gongá está a
"ponte" entre o médium e a força superior, ou seja, uma das ligações
entre o terreno e o espiritual, e que sem ele essa ligação poderia se
tornar um tanto perigosa, pois serve para o firmamento e segurança do
terreiro, afim de não deixar aberturas a espíritos sem luz tomarem
conta de uma Gira, na qual certamente seria prejudicial aos médiuns,
Zeladores e consulentes.

    O Gongá tem como preceito o funcionamento de um ponto de
referência para qual são direcionadas as ondas e cargas energéticas
em forma de preces, rogativas, agradecimentos, meditações, entre
muitas outras formas de energizar sua fé.

    Sabemos que os terreiros de Umbanda recebem várias e várias
pessoas dos mais diferentes degraus evolutivos, umas que dispensam
instrumentos materiais para conseguirem elevar seus pensamentos aos
altos planos invisíveis, porém outras tantas pessoas necessitam de
elos tangíveis de ligação para a concentração, afloramento e
direcionamento do teor mental das mesmas, por esse motivo também, a
grande importância do sagrado Gongá.

    Temos ainda no Gongá algo bem importante que é o quesito
sugestibilidade, luminosidade, vibração etc., estimula médiuns e assistentes a elevarem
seu padrão vibratório e a serem envolvidas por feixes cristalinos de
paz, amor, caridade e fraternidade, emanados pela Espiritualidade
Superior atuante.

    Sobre os assentamentos, imantações e firmamentos do Gongá, não
existe uma regra única a seguir, pois esse ponto vai de terreiro para
terreiro, sendo levado em questão as instruções ou dos Zeladores da
casa, ou das Entidades que comandam o terreiro. Os elementos sugeridos
vão conforme as energias que regem os Guias trabalhadores da casa, e a
única regra a ser levada sem esquecimento é que tais assentamentos e
firmamentos devem ser feitos, antes de qualquer tipo de trabalho
espiritual umbandista no terreiro.

    Também é através do Gongá que muitas pessoas que participam de uma
Gira de um determinado terreiro pela primeira vez, consegue através
dos elementos, imagens, firmamentos e cores de velas, identificar
imediatamente quais as forças que coordenam os trabalhos da casa.

    Normalmente em todos os Gongás, na parte central, em local mais
elevado, se faz uso da imagem de Jesus Cristo, sincretizado com o
Orixá Oxalá. Além do respeito ao Pai dos Orixás, essa imagem fica em
destaque pelo amor dos umbandistas ao filho de Deus, que também faz
com que os não umbandistas se sintam em comunhão, realizados, de
sentimentos puros ao depararem com a bela imagem de Jesus Cristo, de
braços abertos, como abraçando a todos que venham visitar os
terreiros, e os convidando a participarem dessa grande obra de
caridade que é a Umbanda.

    O Gongá é uma das partes mais importantes de um terreiro de
Umbanda, pois ele é um núcleo de força em atividade constante, agindo
como centro atrator, condensador, escoador, expansor, transformador, e
alimentador dos mais diferentes tipos de níveis de energia e
magnetismo.

    Vamos descrever cada um desses centros, para que possamos entender
melhor a função do Gongá nos terreiros.

Centro Atrator:

    Atrai para si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre
o terreiro, numa contínua atividade magnético atratora de recepção de
ondas ou feixes mentais, quer positivos ou negativos.

Centro Condensador:

    É condensador, na medida em que tais ondas ou feixes mentais vão
se aglutinando ao seu redor, um complexo influxo de cargas negativas e
positivas, produto da psicoesfera dos presentes.

Centro escoador:

    É escoador, na proporção em que, funcionando como verdadeiro
fio terra (para raio) de miasmas e cargas magnético negativas, as
comprime e descarrega para a mãe terra, num potente fluxo
eletromagnético.

Centro expansor:

    É expansor porque, condensando as ondas ou feixes de pensamentos
positivos emanados pelo corpo mediúnico e pela assistência, os
potencializa e devolve para as pessoas presentes, num complexo e
eficaz fluxo e refluxo de eletromagnetismo positivo.

Centro transformador:

    É transformador porque, em alguns casos e sob certos limites,
funciona como reciclador de lixo astral, condensando-os, depurando-os
e os vertendo já filtrados ao ambiente de caridade.

Centro alimentador:

É alimentador pelo fato de ser um dos pontos do terreiro a receberem
continuamente uma variedade de fluidos astrais, que além de auxiliarem
na sustentação do trabalho da Casa, serão o combustível principal para
a atividade do Gongá (Núcleo de força).


    Devemos ter o entendimento que o Gongá não é um enfeite para
embelezar os terreiros, muito menos um aglomerado de símbolos e
objetos aleatórios que são colocados ali para sanar a vaidade de uns
ou os devaneios de outros, os Gongás estão ali em terreiros honestos e
sérios porque tem fundamento, tem uma razão de ser, pois assentados de
uma base sólida, lógica, racional, litúrgico magísticas, e sustentados
pelo Plano Astral, mantém a casa segura, firme, sem ter a chance de
ser atacada por espíritos sem luz, como Kiumbas, Eguns e Zombeteiros.


    Respeitem o Gongá como um local sagrado dentro dos terreiros, não
tentem inventar assentamentos, imantações ou firmamentos. O Gongá é
um ponto sagrado, não é um espelho para sua vaidade.

Reflita!

Salve nosso Gongá!


Pai Carlos de Ogum



 
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