terça-feira, 26 de novembro de 2013

Falando e Entendendo de Umbanda

    Hoje após ler alguns e-mail's recebidos com o assunto Umbanda,
fiquei refletindo o quanto temos que aprender sobre a Religião
Umbandista.

    Vi que estamos completamente despreparados para seguir
verdadeiramente essa linda religião, que nos dá a chance de sermos
melhores não só para conosco, como também com nossos semelhantes.

    Será que a Umbanda é somente algo que nos dá certos prazeres
momentâneos?

    Será que essa divina Religião é algo tão pequeno, que só nos serve
para buscar amores impossíveis, nos fazer vingar de uma pessoa na
qual você decide que deve se vingar, acertar problemas que você,
exclusivamente buscou?

    Será que a Umbanda, que é tão sagrada, linda e caridosa é algo que
tenha essa pequenez imoral?

    Será que Orixás, Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Erês, Ciganos,
Exus e Pombo Giras, vão entrar numa formação vibracional mediúnica com
a coroa desenvolvida de um médium apenas para ajudar a seres humanos
que acreditam que a Umbanda é o canal para suas vinganças, suas
frustações amorosas, sua falta de consciência, sua falta de caridade,
sua falta de justiça, sua falta de amor?

    Pois não é!

    A Umbanda é uma maravilhosa Religião, que tem o objetivo de
religar o filho de fé com o Pai Maior.

    As Entidades são para nosso povo Umbandista como se fossem nossos
professores, médicos, amigos, pais.

    Eles nos dão conselhos, nos dão caminhos, nos ensinam banhos de
limpeza espiritual, nos mostram sua sabedoria com ervas e plantas, nos
ensinam a ter fé no inexplicável.

    Com sua sabedoria e serenidade, nos ensinam a pescar ao invés de
nos dar o peixe, nos da o caminho para buscar a luz ao invés de nos
dar a fogueira acesa, nos da coragem de prosseguir ao invés de
ficarmos esperando por um milagre.

    Pedidos sem nexo, sem cabimento, sem moral por parte de alguns
consulentes, nos demonstram como estamos atrasados no que se diz ter
uma Religião, acreditar numa Religião, amar uma Religião.

    Deveríamos pedir perdão a Zambi, nosso Pai Maior, a Oxalá e a
toda a legião de Orixás, assim como todas as Entidades de Luz,
pela nossas atitudes incoerentes e descabidas.

    Temos que tentar mostrar que nossa Umbanda não é magia, não é
feitiçaria, que não é encantamento, que não é bruxaria, como pregam
certas pessoas sem instrução e conhecimento sobre  a magnitude da
linda Umbanda.

    Temos que insistir extremamente que na Umbanda não se vende
bençãos, que não trocamos caridade por dinheiro, que não fazemos
comércios com o nome de Deus.

    Precisamos frisar constantemente que dentro de uma casa de Umbanda
você não vai achar um líder da religião chamando pelo nome do demônio
a cada minuto, muito menos ovacionar o mal como se esse mal fosse um
Deus para os filhos que ali se encontram.

    A Umbanda verdadeira não vai cobrar que seus filhos se tornem
reféns de dízimos para alcançarem uma suposta benção, não vai lhe
prometer rios de ouro que não seja de seu merecimento, não vai dizer
que vai lhe curar de uma doença lhe induzindo a desistir de um
tratamento terreno.

    A Umbanda não vai lhe prometer que vai lhe trazer um "amor forçado
e induzido" em 3 dias, quem busca algo assim é uma pessoa que não tem
amor-próprio, e quem vende essa promessa usando o nome da Umbanda é um falso e hipócrita religioso, que está se usufruindo do nome "UMBANDA" para adquirir ganhos econômicos de pessoas estúpidas.

    Portanto, amigos Umbandistas ou não, amigos que amam essa religião
ou apenas simpatizam com ela, amigos que confiam nos conselhos dados
pelas maravilhosas Entidades de Luz, que buscam  nesses conselhos
caminhos a seguirem, que compreendem que a Umbanda e verdadeiramente
uma religião, que se entregam de corpo e alma a fazer a caridade, que
buscam nessa caridade cedida por alguém as respostas para algum
problema que possa parecer sem solução, vamos lutar para mostrar a
verdadeira chama da fé da Umbanda, pois ela é muito maior que as
vontades mesquinhas de pessoas sem compreensão e entendimento de que
é usar a força da fé, a luz das Entidades, a grandiosidade dos Orixás,
a caridade de médiuns desenvolvidos para tentar alcançar amores
forçados, vinganças mesquinhas, ganhos sem merecimentos.

    A Umbanda é muito maior que esses desejos de pessoas sem amor-próprio.

    Essa é a Umbanda, uma Religião a ser amada e seguida, por todos
que creem que a fé sim pode nos levar a caminhos floridos nos
livrando de espinhos.

    Ame a Umbanda como Religião!!!

Carlos de Ogum

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Logum Edé

     Logum Edé à filho de Oxossi e de Oxum. É mulher durante seis
meses, vivendo na água, e nos outros seis meses é homem, vivendo no
mato, propicia a caça e a pesca. Quando em seu aspecto feminino,
veste-se com saia cor-de-rosa, usa uma coroa de metal dourado (não o
Adé das rainhas), um arco e uma flecha. Com seu aspecto masculino usa
capacete de metal dourado, capangas, arco e flecha ou espada. Só se
veste com cores claras. Sempre acompanha na dança Oxum e Oxossi.

     Um Orixá essencialmente Ijexá (da Nigéria). Caçador e pescador.
Sendo filho de Oxossi e Oxum, assume características de ambos. É dito
que ele vive metade do ano nas matas - domínio do pai, comendo caça; e
a outra metade nas águas doces - domínio da mãe, comendo peixe.

     No Brasil tem numerosos adeptos.Logun-Edé, é o ponto de encontro
entre os rios e florestas, as barrancas, beiras de rios, e também o
vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias quentes pelas
florestas. Logum Edé representa o encontro de naturezas distintas sem
que ambas percam suas características. É filho de Oxossi Inlé com Oxum
Yeyeponda. Assim, tornou-se o amado, doce e respeitado príncipe das
matas e dos rios, e tudo que alimenta os homens, como as plantas,
peixes e outros animais, sendo considerado então o dono da riqueza e
da beleza masculina.

É considerado o príncipe dos orixás. Tem a astúcia dos caçadores e a
paciência dos pescadores como principais virtudes.

     Dizem os mitos que sendo Oxossi e Oxum extremamente vaidosos, não
puderam viver juntos, pois competiam pelo prestígio e admiração das
pessoas e terminaram separando-se. Ficou combinado entre eles que
Logun-Edé viveria seis meses nas águas dos rios com Oxum e seis meses
nas matas, com seu pai Oxossi. Ambos ensinariam a Logum Edé a natureza
dos seus domínios. Ele seria poderoso e rico, além de belo.

       No entanto, o hábito da espreita aprendido com seu pai, fez com
que, um dia, curioso a respeito da beleza do corpo de sua mãe, de que
tanto se falava nos reinos das águas, Logun-Edé vestindo-se de mulher
fosse espiá-la no banho. Como Oxum estivesse vivendo seu romance com
Xangô, tio de Logum Edé, e Xangô tivesse exigido como condição do
casamento que ela se livrasse de Logum Edé, Oxum aproveitou a
oportunidade para punir Logum Edé com sua transformação num orixá meji
(hermafrodita) e abandoná-lo na beira do rio. Iansã o encontra, e
fascinada pela beleza da criança leva Logum Edé para casa onde,
juntamente com Ogum, passa a criá-lo e educá-lo.

     Com Ogum Logun-Edé aprendeu a arte da guerra e da forja e com
Iansã o amor à liberdade. Diz o mito que Logum Edé tinha tudo, menos
amor das mulheres, pois mesmo Iansã, quando roubada de Ogum por Xangô,
abandona Logum Edé com seu tio, criando assim um profundo antagonismo
entre Xangô e Logum Edé, já que por duas vezes Xangô lhe tira a mãe.

     Logum Edé nunca se casou, devido a seu caráter infantil e
hermafrodita e sua companhia predileta é Ewá, que também vive, como
ele, solitária e no limite de dois mundos diferentes.

     Possui o conhecimento dos elementos da natureza, onde reinam seus
pais, como florestas, matas, rios, cachoeiras, etc. Seu próprio
domínio está situado nas margens de rios, córregos e cursos d'água em
geral, desde que tenham vegetação, ou seja, o encontro dos dois
reinados.
     Na verdade, esse orixá tem livre acesso aos dois reinados,
adquirindo o conhecimento de ambos. Consegue adaptar-se, com
facilidade, aos mais diversos ambientes, agindo e comportando-se de
diferentes formas, dependendo da situação.

     Ele herdou, também, muitas das características de seus pais, como
a habilidade de caçar e conseguir fortuna, o encanto e a beleza, bem
como um grande conhecimento de feitiçaria, como sua mãe. Além desses
atributos, é, também, responsável pela fertilização das terras,
através da irrigação, contribuindo, assim, com a agricultura.
     Esse orixá possui muita riqueza e sabedoria, não admitindo a
imperfeição em suas oferendas e rituais. Tem aparência doce e calma,
mas, quando contrariado, torna-se muito enfurecido.

Uma outra característica de Logum Edé é a de importar-se com o
sofrimento dos outros, distribuindo riquezas e caças para os que não
têm.



Características:

Cor:
Azul Celeste com Amarelo

Fio de Contas:
Contas e Miçangas de Cristal Azul Celeste e Amarelo

Ervas:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Símbolo:
Abebê e Ofá

Pontos da Natureza:
Margens dos rios que ficam na mata.

Flores:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Essências:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Pedras:
Turquesa, Topázio

Metal:
Latão e Ouro

Saúde:
problemas nos órgãos localizados na cabeça, problemas respiratórios

Dia da Semana:
quinta-feira e sábado

Elemento:
Água e Terra

Saudação:
Lossi Lossi Logum Edé

Bebida:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Animais:
cavalo marinho

Comidas:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Data Comemorativa:
19 de Abril

Sincretismo:
Santo Expedito

Incompatibilidades:
Cor Vermelha ou Marrom, cabeça de bicho, abacaxi

Atribuições:

     Dá alegria, sorte e beleza; protege os que trabalham com águas.


Lendas de Logum Edé

Logum Edé é salvo das águas:
 
 Oxum proibiu Logum Edé de brincar nas águas fundas, pois os rios
eram traiçoeiros para uma criança de sua idade. Mas Logum Edé era
curioso e vaidoso como os pais. Logum Edé não obedecia à mãe. Um dia
Logum Edé nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona
daquele rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas
querelas, começou a afogar Logum Edé. Oxum ficou desesperada e pediu a
Orumilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse no seu desespero de
mãe. Orumilá que sempre atendia à filha de Oxalá, retirou o príncipe
das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra. Então deu-lhe a
missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas
doces. Alguns dizem que Iansã foi quem retirou Logum Edé da água e
terminou de criá-lo juntamente com Ogum.


Logum Edé - O Orixá da Magia e da Boa Sorte:

     Estava Oxossi o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em
companhia de sua amada esposa Oxum, dona da beleza da riqueza e
portadora dos segredos da maternidade.
     Quando de seu passeio, foi avistado por Oxum um lindo menino que
estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido. Oxum de
pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato
momento uma grande identificação, entre ele, Oxum e Oxossi. Durante
muitos anos Oxum e Oxossi, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Oxum
procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso,
resolveu tê-lo como próprio filho. O tempo foi passando e Oxossi,
vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais,
proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e
empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da fraternidade para
com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e
a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza,
provenientes de um verdadeiro caçador. Oxum por sua vez, ensinou ao
garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a
arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o
mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios. Foi batizado
por sua mãe e por seu pai de Logum Edé, o príncipe das matas e o
caçador sobre as águas. Viveu durante anos sobre a proteção de pai e
mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso,
herdando a riqueza de Oxum e a fartura de Oxossi, adquirindo
princípios de um e de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje
de tudo que seu pai Oxossi carrega e sua mãe Oxum leva. Esse é Logum
Edé.

Logum Edé ganha domínio dado por Olorum: 

     No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da
natureza, não permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse. Guardavam
sua sabedoria como a um tesouro. É nesse contexto que vivia a mãe das
água doces, Oxum, e o grande caçador Oxossi. Esses dois orixás
constantemente discutiam sobre os limites de seus respectivos
reinados, que eram muito próximos. Oxossi ficava extremamente irritado
quando o volume das águas aumentavam e transbordavam de seus
recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta.

     Oxum argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à
irrigação e fertilização da terra, missão que recebera de Olorum.
Oxossi não lhe dava ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com
a inundação. Olorum resolveu intervir nessa guerra, separando
bruscamente esses reinados, para tentar apaziguá-los. A floresta de
Oxossi logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas. A
vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era
mais fértil. Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água
para beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez
mais raras. Oxossi não se desesperou, achando que poderia encontrar
alimento em outro lugar. Oxum, por sua vez, sentia-se muito só, sem a
companhia das plantas e dos animais da floresta, mas também não se
abalava, pois ainda podia contar com a companhia de seus filhos peixes
para confortá-la.

     Oxossi andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia
encontrar caça em lugar algum. Em todos os lugares encontrava o mesmo
cenário desolador. A floresta estava morrendo e ele não podia fazer
nada. Desesperado, foi até Olorum pedir ajuda para salvar seu reinado,
que estava definhando. O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta
d'água estava matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que
fez foi necessário para acabar com a guerra. A única salvação era a
reconciliação. Oxossi, então, colocou seu orgulho de lado e foi
procurar Oxum, propondo a ela uma trégua. Como era de costume, ela não
aceitou a proposta na primeira tentativa. Oxum queria que Oxossi se
desculpasse, reconhecendo suas qualidades. Ele, então, compreendeu que
seus reinos não poderiam sobreviver separados, unindo-se novamente,
com a benção de Olorum.

     Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logum Edé,
que iria consolidar esse "casamento", bem como abrandar os ímpetos de
seus pais. Logum Edé sempre ficou entre os dois, fixando-se nas
margens das águas, onde havia uma vegetação abundante. Sua intervenção
era importante para evitar as cheias, bem como a estiagem prolongada.
Ele procurava manter o equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor
maneira para estabelecer a paz e a fertilidade. Conta uma outra lenda
que as terras e as águas estavam no mesmo nível, não havendo limites
definidos. Logum Edé, que transitava livremente por esses dois
domínios, sempre tropeçava quando passava de um reinado para o outro.
Esses acidentes deixavam Logum Edé muito irritado. Um dia, após ter
ficado seis meses vivendo na água, tentou fazer a transição para o
reinado de seu pai, mas não conseguiu, pois a terra estava muito
escorregadia. Voltou, então, para o fundo do rio, onde começou a cavar
freneticamente, com a intenção de suavizar a passagem da água para a
terra. Com essa escavação, machucou suas mãos, pés e cabeça, mas
conseguiu fazer uma passagem, que tornou mais fácil sua transição.

Logum Edé criou, assim, as margens dos rios e córregos, onde passou a
dominar. Por esse motivo, suas oferendas são bem aceitas nesse local.

Logum Edé Rouba Segredos De Oxalá:

      Logum Edé era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso. Era
um caçador pretensioso e ganancioso, e muitos os bajulavam pela sua
formosura. Um dia Oxalá conheceu Logum Edé e o levou para viver em sua
casa sob sua proteção. Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão.
Mas Logum Edé queria mais, queria muito mais...
     E roubou alguns segredos de Oxalá. Segredos que Oxalá deixara à
mostra, confiando na honestidade de Logum Edé. O caçador guardou seu
furto num embornal a tiracolo, seu adô. Deu as costas a Oxalá e fugiu.
Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador que levara
seus segredos. Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e
muito calmamente sentenciou que toda a vez que Logum Edé usasse um dos
seus segredos todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
     "Que maravilha o milagre de Oxalá!". Toda a vez que usasse seus
segredos alguma arte não roubada ia faltar.
     Oxalá imaginou o caçador sendo castigado e compreendeu que era
pequena a pena imposta. O caçador era presumido e ganancioso,
acostumado a angariar bajulação. Oxalá determinou que Logum Edé fosse
homem num período e no outro depois fosse mulher. Nunca haveria assim
de ser completo. Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça,
e noutro tempo, no rio, comendo peixe. Começar sempre de novo era sua
sina. Mas a sentença era ainda nada para o tamanho do orgulho de Logum
Edé. Para que o castigo durasse a eternidade, Oxalá fez de Logum Edé
um orixá.


Saravá Logum Edé!!!

Lossi Lossi Logum Edé!!!



    "Dentro da Umbanda não se é cultuado rotineiramente o Orixá Logum Edé. Esse pequeno texto tem como finalidade apenas demonstrar e assim fazer de conhecimento de todos mais um Orixá. Que mesmo não sendo da linha cultuada da Umbanda, sempre é interessante esse entendimento."


Carlos de Ogum

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Tempo/Irôko e Ifá/Orumilá

Tempo/Irôko:

       Tempo ou Irôko é um orixá originário de Íwerè, região que fica
ao leste de Oyó na Nigéria, tão importante que ele é um orixá (e os
africanos a muito sabem disso).

     Tem um dito que diz "O tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a
folha vira", muitas vezes precisamos que o tempo nos seja favorável, e
outras não, quero dizer, precisamos de tempo curto ou longo, com o bom
uso do tempo, muitas coisas se modificam, ou podemos modificar.

     Irôko tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns
casos violento.
     Na Nigéria, Irôko é cultuado numa árvore que tem o mesmo nome.
Porém, no Brasil esta árvore foi substituída pela gameleira-branca que
apresenta as mesmas características da árvore usada na África. É nesta
árvore, a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme
do orixá pois suas raízes são fortes, firmes e profundas.

       Irôko foi associado ao vodun daomeano Loko dos negros de
dinastia Jeje e ainda ao inkice Tempo, dos negros bantos.
     Irôko, na verdade, é o orixá dos bosques nigerianos, onde lá na
Nigéria é muito temido, porque como conta um itan, ninguém se atrevia
a entrar num bosque sem antes reverenciá-lo. No Brasil, é nos pés da
gameleira-branca que fica seu assentamento e também é ali que são
oferecidas suas oferendas.

     Sua cor é o branco e ainda usa palha da costa em sua vestimenta.
Sua comida é o ajabó, o caruru, feijão fradinho, o deburu, o acaçá, o
ebô e outras.

     Em geral na frente das grandes casas de Candomblé, principalmente
em Salvador, existe uma grande árvore com raízes que saem do chão, e
são envoltas com um grande Alá (pano branco), este é Iroko, que é tido
com árvore guardiã da casa de Candomblé pois ter esta árvore plantada
no terreno da casa de Candomblé representa força e poder.

Este orixá é conhecido na angola como Maianga ou Maiongá.

Orumilá/Ifá:

     A importância de Orumilá é tão grande que chegamos a concluir que
se um homem fizer algum tipo de pedido ao todo poderoso Olorum (Deus,
o Senhor dos Céus), esse pedido só poderá chegar até Ele através de
Orumilá e/ou Exú, que são somente eles dois dentre todos os Orixá os
que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido pôr Olorum de
estar junto a Ele, quando assim for necessário.

     Ainda vale ressaltar que somente Orumilá e Exú possuem para si um
culto individual, onde são feitos adorações totalmente específicas
para os mesmos, também são eles os únicos que podem possuir para
somente o seu culto um sacerdote específico. Isso só é possível pôr
causa dos poderes delegados pelo todo poderoso a eles, pois os demais
Orixás são totalmente dependentes de Ifá e Exú, enquanto que eles não
dependem de nenhum dos Orixás para desenvolverem sua própria evolução,
ou seja, o culto à Ifá e Exú não dependem do culto aos Orixás,
entretanto o culto aos Orixás dependem totalmente de Ifá e Exú.

     Orumilá é o senhor dos destinos, é quem rege os o plano onírico
(sonhos), é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que
estão sob a tutela de Olorum, ele sabe tudo sobre o passado, o
presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é o regente
responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Odudua na
criação e fundação de Ilé Ìfé, é normalmente chamado em suas preces
de:

Elérí Ìpín - "o testemunho de Deus".
Ibìkéjì Olódúmarè - "o vice de Deus".
Gbàiyégbòrún - "aquele que está no céu e na terra".
Òpitan Ìfé - "o historiador de Ìfé".

     Acredita-se que Olorum passou e confiou de maneira especial toda
a sabedoria e conhecimento possível, imaginável e existente entre
todos os mundos habitados e não habitados à Orumilá, fazendo com que
desta forma o tornasse seu representante em qualquer lugar que
estivesse.

     Na Terra Olorum fez com que Orumilá participasse da criação da
terra e do homem, fez com que ele auxiliasse o homem a resolver seus
problemas do dia a dia, também fez com que ajudasse o homem a
encontrar o caminho e o destino ideal de seu orì. No Céu lhe ensinou
todos os conhecimentos básicos e complementares referente todos os
Orixás, pois criou um elo de dependência de todos perante Orumilá,
todos devem consultá-lo para resolver diversos problemas, como pôr
exemplo, a vinda de Oxalá à terra para efetuar a criação de tudo
aquilo que teria vida na mesma, porém o grande Orixá não seguiu as
orientações prescritas pôr Ifá, e não conseguiu cumprir com sua
obrigação caindo nas travessuras aplicadas pôr Exú, ficando esta
missão pôr conta de Odudua.

     Também Orumilá fala e representa de maneira completa e geral
todos os Orixás, auxiliando pôr exemplo, um consulente no que ele deve
fazer para agradar ou satisfazer um determinado Orixá, obtendo desta
forma um resultado satisfatório para o Orixá e para o consulente.

     Orumilá sabe e conhece o destino de todos os homens e de tudo o
que têm vida em nosso mundo, pois ele está presente no ato da criação
do homem e sua vinda a terra, e é neste exato instante que Ifá
determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr aquele
determinado espírito.

     É pôr isso que Orumilá tem as respostas para toda e qualquer
pergunta que lhe é feita, e que ele têm a solução para todo e qualquer
problema que lhe é apresentado, e é por esta razão que ele têm o
remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, por mais
impossível que pareça ser a sua cura.

     Todos nós deveríamos consultar Ifá antes de tomarmos qualquer
atitude e decisão em nossas vidas, com certeza iríamos errar menos, os
Iorubás consultam Ifá antes de tomarem qualquer decisão, como por
exemplo, antes de um casamento, antes de um noivado, antes do
nascimento e até mesmo na hora de dar o nome a criança, antes da
conclusão de um negócio, antes de uma viagem, etc.

     Além disto tudo, Orumilá é também quem tem a vida e a morte em
suas mãos, pois ele é a energia que esta mais atuante e mais próxima
de Olorum, podendo ele ser a única entidade que tem poderes para
suplicar, pedir ou implorar a mudança do destino de uma pessoa.

     Não é Orixá, encontra-se num plano mítico e simbólico superior ao
dos outros orixás. Se Olorum é o ser supremo dos Iorubás, o nome que
dão ao Absoluto, Orumilá é a sua emanação mais transcendente, mais
distanciada dos acontecimentos do mundo sub-lunar.

     Na tradição de Ifé é o primeiro companheiro e "Chefe Conselheiro"
de Odudua quando da sua chegada à Ifé. Outras fontes dizem que ele
estava instalado em um lugar chamado Òkè Igèti antes de vir fixar-se
em Òkè Itase, uma colina em Ifé onde mora Àràbà, a mais alta
autoridade em matéria de adivinhação, pelo sistema chamado Ifá. É
também chamado Àgbónmìrégún ou Èlà. É o testemunho do destino das
pessoas.

     Os babalaôs (pais do segredo), são os porta vozes de Orumilá. A
iniciação de um babalaô não comporta a perda momentânea de consciência
que acompanha a dos orixás. É uma iniciação totalmente intelectual.
Ele deve passar um longo período de aprendizagem, de conhecimentos
precisos, em que a memória, principalmente, entra em jogo. Precisa
aprender uma quantidades de Itans (histórias) e de lendas antigas,
classificadas nos duzentos e cinqüenta e seis odú (signos de Ifá),
cujo conjunto forma uma espécie de enciclopédia oral dos conhecimentos
do povo de língua Iorubá.

     Cada indivíduo nasce ligado a um Odu, que dá a conhecer sua
identidade profunda, servindo-lhe de guia por toda vida, revelando-lhe
o Orixá particular, ao qual deverá ser eventualmente dedicado. Ifá é
sempre consultado em caso de dúvida, antes de decisões importantes,
nos momentos difíceis da vida.



Lendas dos Orixás:


Iroko Castiga A Mãe Que Não Lhe Dá O Filho Prometido.

     No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi Irôco, mais
antiga que o mogno, o pé de obi e o algodoeiro. Na mais velha das
árvores de Irôco, morava seu espírito. E o espírito de Irôco era capaz
de muitas mágicas e magias. Irôco assombrava todo mundo, assim se
divertia. À noite saia com uma tocha na mão, assustando os caçadores.
Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos
ocos de seu tronco. Fazia muitas mágicas, para o bem e para o mal.
Todos temiam Irôco e seus poderes e quem o olhasse de frente
enlouquecia até a morte.

     Numa certa época, nenhuma das mulheres da aldeia engravidava. Já
não havia crianças pequenas no povoado e todos estavam desesperados.
Foi então que as mulheres tiveram a idéia de recorrer aos mágicos
poderes de Irôco. Juntaram-se em círculo ao redor da árvore sagrada,
tendo o cuidado de manter as costas voltadas para o tronco. Não
ousavam olhar para a grande planta face a face. Suplicaram a Irôco,
pediram a ele que lhes desse filhos. Ele quis logo saber o que teria
em troca. As mulheres eram, em sua maioria, esposas de lavradores e
prometeram a Iroko milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros. Cada
uma prometia o que o marido tinha para dar. Uma das suplicantes,
chamada Olurombi, era a mulher do entalhador e seu marido não tinha
nada daquilo para oferecer. Olurombi não sabia o que fazer e, no
desespero, prometeu dar a Irôco o primeiro filho que tivesse.

     Nove meses depois a aldeia alegrou-se com o choro de muitos
recém-nascidos. As jovens mães, felizes e gratas, foram levar a Irôco
suas prendas. Em torno do tronco de Irôco depositaram suas oferendas.
Assim Irôco recebeu milho, inhame, frutas, cabritos e carneiros.
Olurombi contou toda a história ao marido, mas não pôde cumprir sua
promessa. Ela e o marido apegaram-se demais ao menino prometido. No
dia da oferenda, Olurombi ficou de longe, segurando nos braços
trêmulos, temerosa, o filhinho tão querido. E o tempo passou. Olurombi
mantinha a criança longe da árvore e, assim, o menino crescia forte e
sadio. Mas um belo dia, passava Olurombi pelas imediações do Irôco,
entretida que estava, vindo do mercado, quando, no meio da estrada,
bem na sua frente, saltou o temível espírito da árvore. Disse Irôco:
"Tu me prometeste o menino e não cumpriste a palavra dada.
Transformo-te então num pássaro, para que vivas sempre aprisionada em
minha copa." E transformou Olurombi num pássaro e ele voou para a copa
de Irôco para ali viver para sempre.

     Olurombi nunca voltou para casa, e o entalhador a procurou, em
vão, por toda parte. Ele mantinha o menino em casa, longe de todos.
Todos os que passavam perto da árvore ouviam um pássaro que cantava,
dizendo o nome de cada oferenda feita a Irôco. Até que um dia, quando
o artesão passava perto dali, ele próprio escutou o tal pássaro, que
cantava assim: "Uma prometeu milho e deu o milho; Outra prometeu
inhame e trouxe inhames; Uma prometeu frutas e entregou as frutas;
Outra deu o cabrito e outra, o carneiro, sempre conforme a promessa
que foi feita. Só quem prometeu a criança não cumpriu o prometido."

     Ouvindo o relato de uma história que julgava esquecida, o marido
de Olurombi entendeu tudo imediatamente. Sim, só podia ser Olurombi,
enfeitiçada por Irôco. Ele tinha que salvar sua mulher! Mas como, se
amava tanto seu pequeno filho? Ele pensou e pensou e teve uma grande
idéia. Foi à floresta, escolheu o mais belo lenho de Irôco, levou-o
para casa e começou a entalhar. Da madeira entalhada fez uma cópia do
rebento, o mais perfeito boneco que jamais havia esculpido.
     O fez com os doces traços do filho, sempre alegre, sempre
sorridente. Depois poliu e pintou o boneco com esmero, preparando-o
com a água perfumada das ervas sagradas. Vestiu a figura de pau com as
melhores roupas do menino e a enfeitou com ricas jóias de família e
raros adornos. Quando pronto, ele levou o menino de pau a Irôco e o
depositou aos pés da árvore sagrada. Irôco gostou muito do presente.
Era o menino que ele tanto esperava! E o menino sorria sempre, sua
expressão, de alegria.

     Irôco apreciou sobremaneira o fato de que ele jamais se assustava
quando seus olhos se cruzavam. Não fugia dele como os demais mortais,
não gritava de pavor e nem lhe dava as costas, com medo de o olhar de
frente. Irôco estava feliz. Embalando a criança, seu pequeno menino de
pau, batia ritmadamente com os pés no solo e cantava animadamente.
Tendo sido paga, enfim, a antiga promessa, Irôco devolveu a Olurombi a
forma de mulher. Aliviada e feliz, ela voltou para casa, voltou para o
marido artesão e para o filho, já crescido e enfim libertado da
promessa. Alguns dias depois, os três levaram para Irôco muitas
oferendas. Levaram ebós de milho, inhame, frutas, cabritos e
carneiros, laços de tecido de estampas coloridas para adornar o tronco
da árvore. Eram presentes oferecidos por todos os membros da aldeia,
felizes e contentes com o retorno de Olurombi. Até hoje todos levam
oferendas a Irôco. Porque Irôco dá o que as pessoas pedem. E todos dão
para Irôco o prometido.

Iroko Ajuda A Feiticeira A Vingar O Filho Morto.

      Irôco era um homem bonito e forte e tinha duas irmãs. Uma delas
era Ajé, a feiticeira, a outra era Ogboí, que era uma mulher normal.
Irôco e suas irmãs vieram juntos do Orun para habitar no Aiê. Irôco
foi morar numa frondosa árvore e suas irmãs em casas comuns. Ogboí
teve dez filhos e Ajé teve só um, um passarinho.

     Um dia, quando Ogboí teve que se ausentar, deixou os dez filhos
sob a guarda de Ajé. Ela cuidou bem das crianças até a volta da irmã.
Mais tarde, quando Ajé teve também que viajar, deixou o filho pássaro
com Ogboí. Foi então que os filhos de Ogbói pediram à mãe que queriam
comer um passarinho. Ela lhes ofereceu uma galinha, mas eles, de olhos
no primo, recusaram. Gritavam de fome, queriam comer, mas tinha que
ser um pássaro. A mãe foi então foi a floresta caçar passarinhos, que
seus filhos insistiam em comer. Na ausência da mãe, os filhos de Ogboí
mataram, cozinharam e comeram o filho de Ajé. Quando Ajé voltou e se
deu por conta da tragédia, partiu desesperada a procura de Irôco.
Irôco a recebeu em sua árvore, onde mora até hoje. E de lá, Irôco
vingou Ajé, lançando golpes sobre os filhos de Ogboí. Desesperada com
a perda de metade de seus filhos e para evitar a morte dos demais,
Ogoí ofereceu sacrifícios para o irmão Irôco. Deu-lhe um cabrito e
outras coisas e mais um cabrito para Exú. Irôco aceitou o sacrifício e
poupou os demais filhos.

Irôco Engole A Devota Que Não Cumpre A Interdição Sexual.

     Era uma vez uma mulher sem filhos, que ansiava desesperadamente
por um herdeiro. Ela foi consultar o babalaô e o babalaô lhe disse
como proceder: Ela deveria ir à árvore de Irôco e a oferecer um
sacrifício, comidas e bebidas. Com panos vistosos ela fez laços e
enfeitou o pé de Irôco. Aos seus pés depositou o seu ebó. Fez tudo
como mandara o adivinho, mas de importante preceito ela se esqueceu.
Ela deu tudo a Irôco, ou, quase tudo. Ela esqueceu que o babalaô
mandara que nos três dias antes do ebó ela deixasse de ter relações
sexuais. Só então, assim, com o corpo limpo, deveria entregar o ebó
aos pés da árvore sagrada.

     Irôco irritou-se com a ofensa, abriu uma grande boca em seu
grosso tronco e engoliu quase totalmente a mulher, deixando de fora só
os ombros e a cabeça. A mulher gritava feito louca por ajuda e toda a
aldeia correu para o velho Irôco. Todos assistiam o desespero da
mulher. O babalaô foi também até a árvore e fez seu jogo, e o jogo
revelou sua ofensa, sua oferta com o corpo sujo. Mas a mulher estava
arrependida e a grande árvore deixou que ela fosse libertada. Toda a
aldeia ali reunida regozijou-se pela mulher. Todos cantaram e dançaram
de alegria. Todos deram vivas a Irôco. Tempos depois a mulher percebeu
que estava grávida e preparou novos laços de vistosos panos e enfeitou
agradecida a planta imensa. Tudo ofereceu-lhe do melhor, antes
resguardando-se para ter o corpo limpo. Quando nasceu o filho tão
esperado, ela foi ao babalaô e ele leu o futuro da criança: deveria
ser iniciada para Irôco. Assim foi feito e Irôco teve muitos devotos.
E seu tronco está sempre enfeitado e aos seus pés não lhe faltam
oferendas.

    Como foi dito acima, essas são lendas sobre Irôco, apenas lendas,
nada mais que lendas.

    E esse Orixá não é cultuado na Umbanda, esse texto é apenas para
acalentar a curiosidade e aumentar conhecimentos sobre outros
"Orixás", mesmo não cultuados dentro da Religião Umbandista.

Saravá Tempo/Irôko e Ifá/Orumilá!

Carlos de Ogum

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ossãe


Conhecendo Ossãe

     É fundamental sua importância, porque detém o reino e poder das
plantas e folhas, imprescindíveis nos rituais e obrigações de cabeça e
assentamento de todos os Orixás através dos banhos feitos de ervas.
Como as folhas estão relacionadas com a cura, Ossãe também está
vinculado à medicina, por guardar escondida na sua floresta a magia da
cura para todas as doenças dos homens, contida nas virtudes de todas
as folhas. A cura é invocada no caso de doença, com o auxílio de
Obaluaiê.

     Divindade Masculina, do ar livre, que governa toda a floresta,
juntamente com Oxossi, dono do mistério das folhas e seu emprego
medicinal ou sua utilização mágica. Dono do axé (força , poder ,
fundamento , vitalidade e segurança ) existentes nas folhas e nas
ervas , ele não se aventura nos locais onde o homem cultivou a terra e
construiu casas , evitando os lugares onde a mão do homem poluiu a
natureza com o seu domínio .

       É bastante cultuado no Brasil, sendo conhecido por diversos
nomes, Ossonhe, Ossãe e Ossanha, a forma mais popular. Por causa do
som final da palavra, é freqüentemente confundido com uma figura
feminina.

     É o Orixá da cor verde, do contato mais íntimo e misterioso com a
natureza. Seu domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas, mais
especificamente às folhas, onde corre o sumo. Por tradição, não são
consideradas adequadas pelo Candomblé mais conservador, as folhas
cultivadas em jardins ou estufas, mas as das plantas selvagens, que
crescem livremente sem a intervenção do homem. Não é um Orixá da
civilização no sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como
Oxossi, uma figura que encontra suas origens na pré-história.

     As áreas consagradas a Ossãe nos grandes Candomblés, não são
jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os pequenos
recantos, onde só os sacerdotes (mão de ofá) podem entrar, nos quais
as plantas crescem da maneira mais selvagem possível. Graças a esse
domínio, Ossãe é figura de extrema significação, pois praticamente
todos os rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra, o
sangue escuro que vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou
infusões para uso externo ou de bebida ritualística.

     Quando os Zeladores(as) de Santo, penetram no reino de Ossãe para
fazerem as colheitas das ervas sagradas para os banhos e defumações,
devem antes pedir a Ossãe permissão para tal tarefa, pois se não o
fizerem, com certeza todas as folhas que retirarem de seu Reino, não
terão os Axés e Magias que teriam se pedissem a sua permissão, e até
dependendo do caso como alguns entram em seu Reino zombando e sem
firmeza de cabeça, suas ervas poderão agir ao contrario, causando
muitos distúrbios naqueles que zombarem de seu Reino e faltarem com o
devido respeito ao seu domínio. Junto á planta cortada, deixa-se
sempre a oferenda de algumas moedinhas e um pedaço de fumo-de-corda
com mel, assim assegurando que a vibração básica da folha permaneça,
mesmo depois de ela ter sido afastada da planta e, portanto do solo
que a vitalizava.

     As folhas e ervas de Ossãe, depois de colhidas são esfregadas,
espremidas e trituradas com as mãos, e não com pilão ou outro
instrumento. Cumpre quebrá-las vivas entre os dedos.

     Seja filho de Oxalá ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma
pessoa sempre tem de invocar a participação de Ossãe ao utilizar uma
planta para fins ritualísticos, pois, a capacidade de retirar delas
sua força energética básica, continua sendo segredo de Ossãe. Por isso
não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um prato a ser
oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.

     A Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se
admitindo uma folha colhida de maneira aleatória. Para que um iniciado
possa recolher as ervas necessárias ao culto a ser realizado, deve-se
abster de qualquer bebida alcoólica e de relações sexuais na noite que
precede a colheita. As folhas devem ser colhidas na floresta virgem,
sempre que possível. Antes de penetrar na mata, o iniciado deve pedir
licença a Oxossi e a Ossãe, para isso acender vela na entrada, com o
cuidado de limpar a área onde ficarão as velas.

     Toda vez que queimamos uma floresta, desmatamos, cortamos
árvores, ou simplesmente arrancamos folhas desnecessariamente, estamos
violando a natureza, ofendendo seriamente essa força natural que
denominamos Ossãe.

     E é por este motivo que devemos respeitar nossas florestas,
bosques, matas, enfim todo espaço em que tenha uma planta, mesmo
sabendo que Ossãe habita as florestas e matas fechadas mas toda planta
leva em sua essência o Axé deste Orixá da cura.

     Ossãe tem uma aura de mistério em torno de si e a sua
especialidade, apesar de muito importante, não faz parte das
atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do
conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das
plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da
busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a divindade.


Caracteristicas

Cor:
Verde e Branco

Fio de Contas:
Contas e Miçangas verdes e brancas

Ervas:
Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro, café (alfavaca, coco de dendê, folha do juízo, hortelã, jenipapo, lágrimas de nossa senhora, narciso de
jardim, vassourinha, verbena)

Símbolo:
Ferro com sete pontas com um pássaro na ponta central. (Representa uma árvore de sete ramos com um pássaro pousado sobre ela)

Pontos da Natureza:
Clareira de matas

Flores:
Flores do Campo

Pedras:
Morganita, Turmalina verde e rosa, Esmeralda, Amazonita

Metal:
Estanho (latão)

Saúde:
problemas ósseos, reumatismo, artrite

Dia da Semana:
Quinta-feira

Elemento:
Terra

Saudação:
Eueuá Ossãe

Bebida:
suco de hortelã, suco de goiaba, enfim sucos de qualquer fruta

Animais:
Pássaros

Comidas:
Banana frita, milho cozido com amendoim torrado, canjiquinha, pamonha, inhame, bolos de feijão e arroz, farofa de fubá; abacate

Número:
15

Data Comemorativa:
5 de outubro

Sincretismo:
São Benedito

Incompatibilidades:
ventania, jiló


Atribuições:
     Dá força curativa às ervas medicinais, dá axé às ervas litúrgicas.


Lendas de Ossãe

Ossãe recusa-se a cortar as ervas miraculosas.

     Ossãe era o nome de um escravo que foi vendido a Orumilá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que  sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de
uma perna só, ficou amigo de Ossãe e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.  Um dia, Orumilá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ossãe que roçasse
o mato de suas terras.  Diante de uma planta que curava dores, Ossãe exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava
hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo".
E assim por diante. Orumilá, que era um babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Ossãe ficasse junto
dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Ossãe ajudava Orumilá a receitar a acabou sendo conhecido
como o grande médico que é.

Ossãe dá uma folha para cada Orixá.

      Ossãe, filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Ewá e Obaluaiê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério
da vida. Todos os orixás recorriam a Ossãe para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossãe na luta contra a doença. Todos iam à casa
de Ossãe oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossãe lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens.
     Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta
e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.
     Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ossãe, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura.
Xangô sentenciou que Ossãe dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ossãe negou-se a dividir suas folhas  com os outros Orixás. Xangô então ordenou que Iansã
soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossãe para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou
um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô.
     Ossãe percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê Uassá!" - "As folhas funcionam!". Ossãe ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram
às ordens de Ossãe. Quase todas as folhas retornaram para Ossãe. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da cura. O Orixá Rei, que era
um orixá justo, admitiu a vitória de Ossãe. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossãe e que assim devia  permanecer  através dos séculos. Ossãe,
contudo, deu uma folha para cada Orixá cada qual, com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossãe distribuiu
as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossãe
não conta seus segredos para ninguém, Ossãe nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossãe e sempre o reverenciam quando usam as
folhas.


    Que Ossãe nos dê luz e proteção.

    Eueuá Ossãe !!!

Carlos de Ogum


  Oração ao Ossãe

Meu Pai, Meu mestre.

Meu Senhor do Desconhecido!

Que as encruzilhadas das dúvidas sejam afastadas de minha vida.
Que o seu pássaro voe Á chegada de meu espírito!
Meu Pai, Meu Mestre e Senhor das Folhas, Que as folhas do outono
possam alegrar a minha alma!
Que as folhas da primavera possam enfeitar meu destino!
Que as folhas do inverno Cubram-me com sua proteção!
Que as folhas do verão Tragam-me sabedoria e conforto!

Meu Pai, Meu Mestre e Senhor das Curas!

Que seu pássaro cante 3 vezes para levar a minha saudade;
Que seu pássaro cante 7 vezes para levar a minha dor;
Que seu pássaro cante eternamente para receber o seu amor!

    Que assim seja !!!

    Que Ossãe nos dê luz e proteção.

    Eueuá Ossãe !!!