quinta-feira, 29 de maio de 2014

Vamos Conhecer Um Pouco Mais de Nossa Umbanda Sagrada




    Muitas pessoas se dizem Umbandistas, dizem seguir com amor a
Religião de Umbanda, diz amar com todo carinho do mundo os Orixás e
as Entidades de Luz.

    Mas será que sabemos realmente o que é a Umbanda?

    Será que realmente  conhecemos a Umbanda?

    A Umbanda é uma religião de grande diversidade. Ao contrário do
Kardecismo ela não é codificada e se apresenta através de diferentes
práticas. Porém, alguns princípios básicos são comuns a todas as
ramificações da Umbanda.


    O primeiro deles é a caridade gratuita, sem distinção de cor,
raça, credo religioso ou status social.

    Aliás, a incorporação mediúnica de Caboclos, Pretos Velhos,
Crianças, Exus, Boiadeiros, Pombo Giras, Ciganos, etc., se dá para
cumprir este objetivo - a caridade a quem precisa - e a evolução do
espírito.

    No que tange a evolução do espírito, a Umbanda crê na reencarnação
dos espíritos para cumprimento de seus carmas e como forma de evoluir
na escala espiritual. A Umbanda crê no livre arbítrio que torna o
homem responsável por suas escolhas, ações, pensamentos e sentimentos
e que o coloca, portanto, no dever de responder por seus atos sem
revolta e com compreensão.

    Para a Umbanda, o mal, é um bem a nascer, e todos terão perante a
Deus o direito de evoluir, mesmo que para isso sejam necessárias
várias reencarnações. Eis o verdadeiro objetivo das reencarnações:
oportunidade de crescimento e evolução para o espírito.

    A Umbanda não prega o mal, é absolutamente contra a violência e
valoriza a humildade como virtude fundamental. Tanto o corpo mediúnico
quanto os dirigentes das Casas de Umbanda devem permanecer no
exercício constante de combater a vaidade e lembrar que a doação e
honestidade são fundamentais no caminho escolhido por eles: a missão
que é o serviço à Umbanda.

A Umbanda também tem como um dos seus principais pilares o respeito.

    Respeito pelas outras religiões, respeito pela evolução e história
de cada espírito, respeito pelos valores humanos, pela moral e pela
dignidade.

    Ainda hoje há muita confusão no entendimento da Umbanda. Essa
religião que só prega caridade e respeito muitas vezes é mal
interpretada por pessoas que a desconhecem ou pior, por charlatães ou
pessoas de má fé que se dizem Umbandistas e só deturpam os princípios
básicos da religião, fazendo com que boa parte da sociedade olhe para
a Umbanda com desconfiança, medo e até aversão.


    A Umbanda é uma Religião linda, não voltada ao dinheiro, portanto
nunca se deixem serem levados ´por pessoas maus caráteres que possam
vir a tentar vender a você bençãos em nome da Umbanda, pois Umbanda é
caridade pura, e fazer o bem sem esperar nada em troca e sem olhar a
quem.

    Umbanda é Religião e nunca poderá ser uma profissão.

    A Umbanda de forma nenhuma fará o mal a um semelhante, não fará
nada que leve contra o livre arbítrio de alguém, não vai tirar o
sossego de um irmão, não vai amarrar uma pessoa de forma amorosa, só
porque alguém que não tem amor próprio pediu.

    A Umbanda é linda, humilde, reflexível, nos dá caminhos nas horas
que não encontramos uma saída, nos dá lições quando precisamos
aprender sobre amor, paz e caridade.


    Não tenha medo de descobrir o que é a Umbanda, ela está de braços
abertos, sem nenhum interesse, esperando para receber você, com
carinho, respeito, amor e uma extrema e grandiosa fé em Deus.


    Vamos agora aprender uma bela oração, abaixo o Credo Umbandista.


Credo Umbandista.

Creio em Deus, Onipotente e Supremo.
Creio nos Orixás e nos Espíritos Divinos que nos trouxeram para a Vida
por Vontade de Deus.
Creio nas Falanges Espirituais, orientando os homens na vida terrena.
Creio na reencarnação das almas e na Justiça divina, segundo a Lei do
Retorno.
Creio na comunicação dos Guias Espirituais, encaminhando-nos para a
Caridade e a prática do Bem.
Creio na invocação, na Prece e na Oferenda, como atos de fé e creio
na  Umbanda, como religião redentora, capaz de nos levar pelo caminho
da evolução até o nosso Pai Oxalá.

    Que Assim Seja!

    Saravá nossa Umbanda Sagrada, nossa Religião Amada.


Carlos de Ogum

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A História do Cigano Baltazar, o Cigano das Magias e dos Punhais



    Pelos meados do século XIX, viveu um Cigano de nome Baltazar,
sétimo filho de um grupo de 10 irmãos, sendo 6 homens e 4 mulheres.

    Após seu irmão primogênito abandonar o clã cigano por ter se
apaixonado por uma mulher na qual conhecera em uma das vilas em que os
Ciganos de sua tribo acampavam, e sendo esse irmão primogênito o que
seria o herdeiro do comando e poderio sobre o clã no qual viviam, após
a morte do pai.

    Contudo, com o abandono desse irmão ao seu povo, foi determinado
que Baltazar seria o próximo chefe e responsável pelo clã.

    E a partir dai, ele foi preparado, como deveria. Passou a
acompanhar os mais velhos do clã, foi lhe colocado o dom dos negócios,
o valor do ouro, as magias ciganas, o como manter viva as tradições de
seu povo cigano.

    Ele aprendia tudo com muito louvor e entusiasmo, pois não tem
honra maior a um  cigano que ser responsável pelo seu povo, tomar
decisões, manter unido seu povo.

    Baltazar tinha uma grande paixão por armas brancas, tinha várias
delas, entre punhais cravejado de diamantes e lâminas feitas em ouro,
todas muito bem cuidadas e armazenadas na barraca na qual Baltazar
residia.

    Baltazar: Significa rei protegido pelo deus Baal e indica uma
pessoa introvertida e até um pouco desconfiada, mas que nunca nega
colaboração aqueles que recorrem a ele. Os amigos o admiram e o
respeitam muito. O nome vem do Hebraico "Que o deus Baal proteja o
rei".

    E era assim mesmo o nosso Cigano Baltazar, introvertido,
desconfiado e de coração grandioso.

    Baltazar não só gosta de punhais e espadas como em vida forjava
estas armas com metais como: cobre, latão, ouro e prata.

    Ele era descendente de tribos do deserto e andou pela Namíbia,
Turquia, Marrocos, Egito, Arábia. E em todos os lugares encantava a
todos com suas melodias sublimes que saíam de seu violino negro, que o
acompanhava em todos os momentos, principalmente nos momentos de
solidão e silencio que ele tanto apreciava.

    Mas quando em meio de seu povo, nos festejos variados, a noite
sobre a luz da Lua cheia, Baltazar tocava belas canções, alegrando e
fazendo dançar todo seu povo.

    Ao completar 19 anos, foi determinado a Baltazar que ele
precisaria de uma esposa, e essa esposa já tinha sido escolhida pelo
seu pai, e acertado com o pai da jovem.

    Como os ciganos tem a tradição de somente conhecerem a jovem
desposada no dia do casamento, assim foi feito com Baltazar. Após ele
fazer jus dessa honra, teve que então pagar o dote ao pai da jovem
noiva, que por tradição seria 25 moedas de ouro. Contudo, o pai dessa
jovem cigana, usando de má fé, já tinha acertado também o recebimento
do dote e a entrega de sua filha para ser desposada por outro jovem
cigano de outro clã.

    Os boatos correram rapidamente por entre os acampamentos ciganos,
e foi quando que o pai de Baltazar foi ao encontro do pai da jovem
para uma satisfação, pois a palavra dada dentre os ciganos tem que ser
palavra cumprida.

    Ao chegarem ao acampamento do pai da futura noiva, Baltazar
finalmente consegue olhar para a face de sua pretendida, era uma linda
jovem no auge de seus 15 anos, de nome Nadja, que por entre olhares e
pequenos sorrisos tímidos ficou demonstrado que ali estava nascendo um
grande amor entre ambos.

    Mas no acampamento também estava o outro jovem, um pouco mais
velho que Baltazar, que estaria ali com seu pai com o mesmo objetivo,
buscar a linda Nadja para desposar.

   Após alguns debates um tanto acalorados, o cigano um tanto
espertalhão, pai de Nadja, promete devolver um dos dotes, mas para
isso os dois rapazes deveriam duelar até a morte ou a desistência de
um deles.

    E assim foi feito, mesmo a contra gosto do Cigano Baltazar, pois
ele era um grande lutador da paz.

    O duelo começa sobre os olhares atentos dos pais dos rapazes, e de
todo povo cigano dessa região.

    Duelavam com punhais nas mãos, e em dado momento o jovem rival de
Baltazar consegue um ataque certeiro, ferindo um dos braços do jovem
cigano.
Ele cai, e sem piedade o outro jovem tenta cravar o punhal em seu
coração, que por meio de gritos do povo e lágrimas da linda Nadja,
consegue se desviar, dando-lhe um contra golpe, fazendo o outro jovem
ir ao chão, e como um felino em ataque, leva o punhal a garganta do
cigano.

    Todos gritam para que Baltazar termine o ataque, que mate seu
oponente, que não tenha pena nem piedade. Mas olhando o rosto de
Nadja, Baltazar diz que um amor não poderá se firmar se começar com a
perda de uma vida. E assim deixou o seu rival vivo, e disse que mesmo
já amando a bela Cigana Nadja, não poderia ceifar a vida de um
semelhante em prol de seu amor e de sua felicidade.

    Ao ouvirem essas palavras, os pais dos jovens ciganos que
duelavam, entenderam que Baltazar tinha toda razão, se abraçaram como
amigos, e ficou decidido que Baltazar deveria desposar a jovem Nadja,
e que o pai da jovem não deveria receber nenhum dote em favor disso.

    E assim foi feito, Baltazar casa-se com Nadja, e após alguns anos
ele se torna o grande chefe de todo seu clã, que aumentou
consideravelmente, pois tempos depois, após o desencarne do pai de
Nadja, ele se torna o chefe desse clã também, pois Nadja tinha apenas
irmãs, e sem um homem para conduzir o clã, ficou na responsabilidade
do Cigano Baltazar.

    Baltazar foi pai de 4 filhos sendo duas meninas e dois meninos, e
a eles ensinara muitas coisas, desde a música sagrada entre os
Ciganos até as magias guardadas a sete chaves. E dentre esses
ensinamentos, Baltazar ensinara a sua prole a caridade entre os
semelhantes, o valor da vida, do amor e da paz.

    Quando seu filho primogênito completou 14 anos de idade, Baltazar
teve a trágica perda de sua amada e doce esposa Nadja, que fora picada
por uma serpente venenosa, quando dormia em um acampamento em
Marrocos.

    Ele desesperado pela perda de sua amada, passou o comando a seu
filho primogênito, abandonando o acampamento e o clã.

    A partir daí, Baltazar se perdeu pelos caminhos de grandes
desertos, andando sem destino apenas com sua dor amarga de uma perda
irreparável, com o pensamento perdido, com o coração esmagado pela
saudade de sua doce Nadja.

    Ficou assim por muitos meses, até que em certo momento desiste de
sua fuga do destino, se fixando em um local com muito verde, e um
pequeno lago de águas brilhantes.

    Nesse local Baltazar passou o resto de vida que lhe restava, com
seu violino a tocar melodias com referência ao seu amor perdido e sua
melancolia e dor da saudade de sua amada Nadja.

    E assim ele ficou até que em dado momento cerram seus olhos,
ainda com lágrimas de tristeza, deixando sua vida se ceifar e sua alma
cigana se partir rumo aos braços de sua amada.

    Dentro dos trabalhos de Ciganos do Oriente, nos terreiros de
Umbanda, Baltazar se apresenta com um sorriso largo, talvez por ter
reencontrado a sua amada Nadja. Ele traz sempre palavras gentis,
conselhos para fortalecimento de almas desesperadas, assim como ele
mesmo já ficou, traz a magia cigana para bons negócios, saúde física e
espiritual entre tantas outras formas de ajuda.

Trabalha com o elemento fogo, usa camisa dourada como a cor do ouro,
pode usar uma túnica preta também, pode usar uma faixa vermelha ou
branca na cintura, como todos os ciganos dançarinos e músicos
gostavam de usar. Usava também um lenço negro ou vermelho sobre a
cabeça, como uma "bandana", que as vezes na amarração deixava a amostra
os cabelos negros, que por vez o amarrava como um rabo de cavalo, pois
os tinham longos na altura dos ombros.

    Baltazar tem a pele morena (como a dos árabes e mouros), tem um
magnetismo impressionante no olhar. Através do olhar dentro do olhar
ele pode lhe dizer muitas coisas, e saber muito sobre suas reais
intenções.

    Ele não lê cartas, e sim, faz leitura com superfícies em pedras,
como a hematita, a pedra do sangue e a obsidiana negra. Gosta de vinho
tinto, bebidas a base de raízes, de anis, e também de café. Quando
criança aprendeu com a mãe a leitura da borra de café, mas, segundo
ele mesmo diz, o fazia em escondido, pois, isso era tido como coisas
de mulheres. Com o passar do tempo, pelos lugares por onde passou
aprendeu as artes mágicas de cada um deles.

    É um Cigano que protege e cuida do espaço onde estiver. do
ambiente sagrado e dos Gongares ciganos.


    Que o Cigano Baltazar proteja nossas residências, nossos Terreiros
e nossos caminhos.

Arriba meu povo Cigano!!!

Opchá Cigano Baltazar!!!





Carlos de Ogum

sábado, 17 de maio de 2014

Sou da Religião de Umbanda Sim, Senhor Juiz!










  Sou da Religião de Umbanda Sim, Senhor Juiz.

    Sempre em nossos posts tentamos colocar textos que mostrem algo de
ensinamento sobre a RELIGIÃO de Umbanda, podendo ser extensível ao
Candomblé e todas as ramificações de outras Religiões Afros.

    Contudo, esse texto de hoje não seguirá a forma dos outros já
postados, Vamos aqui, mostrar um lado horrível do ser humano, o lado
do preconceito, do racismo e da intolerância.

    Como esse assunto está sendo exaustivamente colocado em todas as
mídias, e como não poderia deixar de ser assim, nós do blog Umbanda
Yorimá, decidimos colocar nesse espaço o nosso desabafo e a nossa
insatisfação com o caso em questão que abaixo descrevemos:

Após um pedido de retirada de 15 vídeos com mensagens de intolerâncias
contra Religiões afro-brasileiras em uma ação proposta pelo Ministério
Público Federal, o juiz federal, Eugênio Rosa de Araújo, alegou que
tais crenças "não contêm os traços necessários de uma religião", que
seriam um texto-base, como o Corão ou a Bíblia , estrutura hierárquica
e um Deus a ser venerado.

    Na decisão, Araújo coloca que "as manifestações religiosas
afro-brasileiras não se constituem em religiões, muito menos os vídeos
contidos no Google refletem um sistema de crença - são de mau gosto,
mas são manifestações de livre expressão de opinião".


    E ai nós Umbandistas, Candomblecistas e todas as Religiões
ramificadas dessa cultura, perguntamos:

    E o que o Senhor juiz sabe de nossa Religião?

    Quem é esse senhor para dizer o que é ou o que não é Religião?

    Será que essa decisão é pelo fato de racismo?

  Será que é por preconceito, por intolerância religiosa?

    Será que é por interesses econômicos?

    Ou será que é por pura e simples ignorância ?

    Realmente não sei a resposta dessa insanidade.

    Mas sei que a Umbanda e o Candomblé estão muito acima do que
qualquer decisão de um ser preconceituoso, e que nada que for feito de
uma forma irracional tirará o brilho dessas lindas Religiões.

    Só frisando para entendimento que o juiz Eugênio Rosa de Araújo
não se posicionou na decisão com a neutralidade que requer o cargo.
"Eu acho que o juiz não externou uma posição como juiz, ele externou
uma posição como uma pessoa que tem uma religião, e o estranho é que
ele é um funcionário de um Estado laico. Ele, na verdade, ofende a lei
que ele tem que zelar, o próprio artigo da constituição que fala de
discriminação de religião e preconceito".

    Gostaria de frisar também que o Ministério Público já recorreu da
decisão desse juiz, e que representantes de outras Religiões abraçaram
a causa em favor das Religiões afro-brasileiras, assim como o frei
franciscano David Raimundo dos Santos, que disse que o magistrado
demonstrou desconhecer as religiões afro-brasileiras. "A definição de
religião que o juiz tem na cabeça revela total desconhecimento das
teses teológicas". Ele avalia que o texto justifica a mobilização dos
adeptos do candomblé e umbanda. "Caso os membros das religiões afro
façam protestos, terão o apoio de nós, católicos" afirmou o frei.


    Abaixo está a petição: Justiça Federal: Reconheça a Umbanda e o
Candomblé como religião.

Justiça Federal: Reconheça a Umbanda e o Candomblé como religião
Porque fere o estatuto de Igualdade Racial onde nos protege quanto a
Intolerância Religiosa oriunda de outras religiões sobretudo a
Evangélica. Nos excluir enquanto religiosos, é criar para toda
comunidade de terreiro afro-descendente um grande constrangimento, é
dar força ao preconceito em relação aos Umbandistas e Candomblecistas.
Nossas crianças seriam alvo de chacota e humilhação em suas escolas,
nossa luta em prol da igualdade étnica também seria ferida, logo que a
maior parte dos adeptos da Umbanda e Candomblé são negros. Se não
temos uma "bíblia" é porque somos uma religião iniciática. Nenhum
adepto que não seja iniciado não pode ter acesso aos nossos
fundamentos. É preciso ser iniciado para tal, ou seja, nosso
ensinamento é passado após processo de iniciação dentro do culto. É
um processo de aprendizagem prática e não por leitura. Há de se
respeitar a forma como cada religião resolve entre si passar seus
ensinamentos. É importante nos reconhecer por todos esses motivos que
ainda são poucos diante de toda expressão, de todo legado que os
negros outrora já tão oprimidos e escravizados, nos deixaram.

Assine por favor as petições abaixo:

Justiça Federal Reconheça a Umbanda e o Candomblé Como Religião 

17ª Vara Federal do Rio de Janeiro Reconheçam Candomblé e Umbanda Como Religiões

    E para o juiz Araújo apenas algumas frases de reflexão:

A melhor religião é aquela que te aproxima das pessoas através do
amor, e não a que te afasta delas através do preconceito.

Idiota é aquele que tem preconceito e usa o nome de Deus para
justificar esse mal.

Não use Deus que AMA a TODOS igualmente, para justificar um
preconceito que é SEU somente!

Nossa bíblia está muito acima do que o simples papel. Olhe para o céu
e busque seu entendimento espiritual.

Respeito o que carrego no peito! Religião de Umbanda sem preconceito.


Seu preconceito não vai mudar minha opinião, muito menos minha
religião. Umbanda sem preconceito.

Carlos de Ogum.





sábado, 10 de maio de 2014

A História de Vovô Benedito da Calunga


Meu cachimbo está no toco Manda moleque buscar!
No alto da derrubada Meu cachimbo ficou lá!
Quem não pode com a mandinga não carrega Patuá.
Na aroeira de Vô Benedito Preto velho mandou me chamar.
Chama chama chama na aroeira de Vô Benedito.
La no mato tem flores tem rosário de Nossa senhora.
Na aroeira de Vô Benedito, Vô Benedito que nos valha nessa hora.
Está iluminada a nossa Umbanda Está cheio de flor no seu Gongá,
Vô Benedito sabe tudo que eu faço Vovô Benedito ilumina os caminhos por
onde eu passo.

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    Vovô Benedito da Calunga é um doce, carinhoso, brincalhão e
sorridente Preto Velho, que trabalha para a caridade na Umbanda,
trazendo esperanças para os filhos que se encontram sem caminho a
seguir, trazendo alegrias para quem se entregou as tristezas, trazendo
forças para seguirmos adiante sempre com fé em Deus.

    E como ele faz tal coisa?

    Apenas com suas palavras, seu sorriso de criança levada, suas
histórias do seu tempo de cativeiro, suas lições de vida e sua fé.

    Mas quem foi e esse ser tão iluminado e divino?

    Vovô Benedito foi um negro escravizado, pela covardia dos
senhores escravocratas, e teve sua ultima encarnação vivendo entre o
final do século XVIII e o século XIX.

    Essa história de fé começou, quando Benedito nasceu em uma senzala
de uma grande fazenda cafeeira, por alguma localidade dentro do
Sudeste do Brasil.

    Como naquela época as mulheres escravizadas começavam a reproduzir
muito cedo e continuamente, o corpo não conseguia uma recuperação
adequada, e por esse motivo muitas delas desencarnavam na hora do
parto, sendo esse feito sem muitos cuidados, ocasionando vários tipos
de problemas a saúde e ao corpo físico.

    E foi assim que a mãe de nosso Benedito fez o desencarne, deixando
seu fruto com alguns poucos minutos de vida.

    Ao ver sua companheira emitindo os últimos suspiros antes de ser
entregue aos braços da tão temida morte, o pai do pequeno Benedito,
que era um negro forte e corajoso, caiu em desespero, e aos gritos
clamou por ajuda chamando pelas negras mais experientes como
parteiras, mas já era tarde demais.

    Seus gritos de desespero se tornaram gritos de ira e ódio,
chamando a atenção dos feitores algozes, que ao adentrarem na senzala
foram atacados pelo negro em desespero.

    O negro corajoso não temendo pela sua vida foi ao encontro de
forma a atacar os feitores, mas esses o prenderam e o levaram ao
tronco, aguardando as ordens do poderoso Coronel cafeicultor.

    E do tronco para a morte, após centenas de chibatadas, o negro se
foi, fazendo assim do pequeno Benedito órfão no seu primeiro dia de
vida.

    Após esse acontecido, uma negra de nome Joaquina, já mulher
madura, decide que ela a partir dessa data faria de tudo para proteger
o pequeno Benedito, nome que a própria Joaquina escolheu.

    Benedito crescia, aos cuidados da velha Joaquina, conhecida também
como a velha feiticeira da fazenda. Ela o ensinava as magias dos
negros africanos, as benzeduras para os males físicos e espirituais, a
arte da cura através das ervas e raízes.

    E assim Benedito ia crescendo, se tornando amado por seus irmãos
de cor, aprendendo as lições da vida pelos velhos negros, aprendendo
a entender o que os ventos queriam dizer, o que as estrelas nos
indicavam, o que a lua poderia nos ajudar, enfim, tudo que era
dominado pelos Orixás ele buscou entender, não para simplesmente
saber, mas para poder com isso auxiliar seus irmãos escravizados, e
tentar acalentar um pouco a dor de tanto desamores com os negros.

    Já com 5 anos de idade, Benedito começa a frequentar a sede da
casa grande, onde residiam o Coronel cafeicultor, sua esposa, e o
jovem coronel, filho do casal, com sua esposa.

    E também nessa época nascia a grande companheira do menino
escravizado, a pequena menina, única neta do coronel cafeicultor, que
anos mais tarde se tornaria além da protetora dos negros escravos, a
grande paixão do negro Benedito.

    Benedito através da velha Joaquina foi conduzido a fazer pequenas
tarefas, e assim não ficaria sobre o forte sol das grandes e
intermináveis plantações de café, algodão, cana de açúcar, entre
outras.

    E assim ele foi crescendo sobre os olhos de sua mãe de coração, e
de todos os que residiam na casa grande. inclusive da pequena menina
que já era conhecida como a "sinhazinha da fazenda".

    Benedito já crescido, após saber da história de seus pais, e saber
que seus corpos inertes foram jogados ao fundo de um grandioso lago,
nas imediações da fazenda, tomou para si a responsabilidade e a missão
de sepultar dignamente os corpos de todos escravos, que viessem a
desencarnar, seja de modo natural, ou de modo brutal nos açoites e
troncos de castigo corporais na qual todos escravizados sofriam nas
mãos de seus algozes e famigerados feitores e coronéis.

    E foi assim que ele, retirava esses corpos das imediações do
grande lago, das dezenas de troncos espalhados por intermináveis
terras da grandiosa fazenda, das senzalas fétidas, e os conduziam para
a mãe terra, numa cova, muitas das vezes cavada com as próprias mãos.

    Dali ele fazia longas rezas clamando ao Orixá Omulú para que
encaminhasse o espírito de seus irmãos desencarnados para os braços
paternais de Oxalá.

    E assim esse pedaço de terra ficou conhecido como a "Calunga do
Benedito", e com o passar dos anos sendo conhecido como "A Calunga do
Vovô Benedito", e ai a linha após seu desencarne ser da Calunga
Pequena, sendo conhecido dentro dos trabalhos da Umbanda como "Vovô
Benedito da Calunga Pequena".

    Outro fato que chamou muita atenção desse nobre negro escravizado,
era seu amor pelos seus irmãos negros. Por centenas de vezes Benedito,
trocaria de lugar com algum negro açoitado no tronco. Ao perceber que
algum negro estava no tronco pelo motivo que fosse, e esse negro não
mais resistia ser açoitado pelos feitores, Benedito pedia humildemente
que libertassem seu irmão negro, rogando pela sua vida, e em troca
ele, o próprio Benedito, ficaria no tronco para receber o restante do
castigo.

    Quando era aceito a proposta, Benedito sorria a cada açoitada,
mostrando sua fé, e rogando para Oxalá pelos feitores que o
castigavam, pedindo clemência em nome deles, pois eles eram tão
escravos quanto ele.

    E por esse motivo, após tantos açoites e tantos troncos, o velho
Vovô Benedito, ao chegar em incorporação em um Terreiro de Umbanda,
chega de forma extremamente curvada, se apoiando em sua mão direita,
sem poder ficar ereto, mas isso não tira o brilho de seus olhos,
quando ele chega ouvindo a "curimba", ao som dos atabaques, que o
fazem dançar sorridente.

    Vovô Benedito da Calunga, tinha vários dons, entre muitos o de
fazer feliz as pessoas tristes, contador de casos, rezador de crianças
com males físicos e espirituais, quebrador de magias negras,
encaminhador de espíritos sem luz, sabia reconhecer todas as ervas,
para remédios e banhos de descarrego, além de ser o grande cuidador
e protetor das crianças filhos de escravos.

    E com esse jeito carinhoso, amável,, muito brincalhão e
sorridente, Benedito já com uma idade mais madura, certo dia sofreu a
ira do coronel, que nessa época era um afilhado do pai da sinhazinha,
pois o velho coronel foi tomado por males de uma doença crônica e já
não tinha saúde para comandar a fazenda, e também dos feitores, que o
viam não como um ser especial dentro da espiritualidade, mas como um
negro fanfarrão.

    Benedito, já com a grande admiração na qual a Sinhazinha tinha por
ele, toda vez que ele passava por ela, abria um belo e carinhoso
sorriso, e assim deixando além do afilhado do coronel muito
incomodado, uma legião de feitores raivosos.

Com um terno sorriso ela retribuía o largo sorriso dele, além de
elogiar com a frase rotineira: "Ver seu sorriso pelo amanhecer, é
como ver o sol brilhar mesmo coberto por grandes nuvens escuras. Isso
me alegra bastante".

    Ao ouvir isso o afilhado do coronel ameaçou a Benedito, que a
próxima vez que o negro abrisse o sorriso a linda sinhazinha, ele
mandaria arrancar os seus dentes.

    E numa tarde, Benedito encantado pela beleza de sua sinhazinha,
não se conteve e abriu um belo e largo sorriso ao encontro dela, sem
perceber que estava sendo visto ao longe pelo afilhado do coronel e de
seus jagunços, que de imediato o pegaram e o levaram para o tronco,
açoitando e fazendo cumprir a promessa de arrancar todos os dentes de
sua boca.

    Benedito após torturado, humilhado foi deixado no tronco, sendo
após levado a senzala praticamente sem vida para ser tratado pela sua
mãe de coração, a velha Joaquina, que com extremo esforço, centenas de
ervas, chás, banhos, rezas e muita vigília consegue fazer com que
Benedito se recuperasse, até ficar totalmente são.

    Hoje nas casas de Umbanda ele conta essa história, sem
ressentimento, mas muito agradecido a sua velha e amada Chica pelos
cuidados que teve com ele, além de frisar sempre que em sua boca não
há um dente sequer.

    Vovô Benedito, tinha o grande sonho de sair do cativeiro, tentar
esconderijo no tal sonhado e protegido Quilombo do Rei Congo, por
algumas vezes ele tentara a fuga, mas, ao vir a lembrança de que teria
de deixar para trás a sua querida mãe de coração, a velha Joaquina, e
de não mais poder ver o sorriso de sua sinhazinha, ele desistia, e
novamente voltava ao cativeiro.

    E assim Vovô Benedito passou sua vida, sempre com um sorriso nos
lábios, sempre com uma palavra de consolo a seus irmãos negros, sempre
entregando seu corpo para ser açoitado no lugar de um irmão negro que
já não resistia mais o peso da chibata, sempre protegendo uma criança
negra que poderia ser humilhada, maltratada e muitas vezes morta pelas
mãos dos feitores sem piedade.

    Já idoso, Vovô Benedito, sofre uma das suas maiores tristezas, a
perda de sua Mãe de coração, a velha Joaquina, ou a "Velha Chica",
como ele a chamou a vida inteira, por não conseguir  pronunciar o
nome dela, pois nas tentativas o melhor que conseguia pronunciar era
"velha Jucuína", depois de algumas tentativas, veio a desistência, e
como a Velha Joaquina lhe dera o nome de Benedito, ele lhe batiza de
"Velha Chica", como forma de gratidão, ou forma de fugir do nome, que
para ele era tão complicado pronunciar.

    Vovô Benedito desencarnou com a estupenda idade de 120 anos. 120
anos de chibatas, de troncos, de trabalhos forçados, de grandes
humilhações, mas também de 120 anos de carisma, fé, caridade, alegrias
mesmo nos momentos tristes, mesmo nos momentos de saudades, mesmo nos
momentos de dores, tanto do corpo físico quanto da alma.

    Infelizmente desencarnou sem saber o que era a liberdade, pois seu
desencarne foi no ano de 1887, sendo a assinatura da Lei Áurea no ano
seguinte.

    Hoje Vovô Benedito é uma Entidade de Luz, trabalhadora da linda
Umbanda. Um Preto Velho caridoso, amável, mandingueiro, que nos da
toda a atenção necessária, que nos faz ter esperanças, que nos mostra
caminhos, que nos alegra em momentos de desespero, que nos ensina que
a fé em Deus é o caminho.

    E com muita honra e felicidade que eu, Carlos de Ogum, tenho o
prazer de ter essa bondosa e carismática Entidade de Luz em minha coroa para trabalho dentro da linha dos Pretos Velhos, assim como tenho o mesmo prazer de ter Vovô Rei Congo das Almas e Pai Antero da Encruza nessa linha de trabalho, pois com essa corrente desses velhos negros amados fazemos o que mais amamos, usar a Umbanda para espalhar amor e caridade.

Salve todos os Pretos Velhos!

    Adorei as Almas!

    Saravá Vovô Benedito da Calunga Pequena!

    A sua benção e proteção meu Vovô querido!




Carlos de Ogum

segunda-feira, 5 de maio de 2014

UMA MARIA, SENDO A PADILHA. MARIA PADILHA EM NOSSO CAMINHO.






 Uma Maria, Sendo a Padilha. Maria Padilha Em Nosso Caminho.

Rainha e soberana dama da noite,
como é lindo seu bailar quando ela passa,
com sua dança encanta,
com sua rosa perfuma meu caminhar,
eu te entrego minha vida meu destino,
seus olhos são o caminho por onde devo passar.

Salve Maria Padilha, Laroiê, é mojibá!

Moça bonita e faceira,
Pombogirê, Pombogirá.
Lá na porta da Calunga,
com sete rosas em cruz,
eu acendo uma vela,
Padilha é quem me conduz.

Com sua taça encantada,
ela bebe a nossa dor,
menina da madrugada,
me olhe por onde eu for.

**********************************************************************

    Maria Padilha é uma das Entidades mais amadas, mais cultuadas e
mais buscadas em vários terreiros de Umbanda.

    Com seu jeito extrovertido, carinhoso, verdadeiro ela chama
atenção onde que chega, trazendo alegria e bem estar aos filhos de uma
casa Umbandista e a seus consulentes.

    Maria Padilha, é uma Pombo Gira que tem uma energia poderosa e
fortíssima. Atua em tudo e em todos, dia e noite.

    Ela nos pode ajudar em várias coisas, com seus conselhos e
mandingas, basta termos fé, e não tentarmos usar dessa força que ela
pode nos passar para fazer mal a nossos semelhantes.

    Dona Maria Padilha, por ser uma Entidade extremamente amada,
muitas médiuns, tem um grande orgulho em dizer que a tem como Pombo
Gira da sua coroa, que a tem como "madrinha", que a tem como
conselheira, que a tem como exemplo, enfim, ela, a Pombo Gira Maria
Padilha, tem o dom de encantar, não só suas filhas de trabalho, mas
também a todos que a cercam dentro de um Terreiro Umbandista.

    Muitas pessoas não compreendem sobre a forma de trabalho de uma
Entidade de Luz, como ela pode trabalhar com um médium, e ao mesmo
tempo trabalhar com outro em outro lugar totalmente diferente, com
grandes distâncias.

    Por exemplo, para a reflexão de todos.

    Se fizéssemos, a alguns médiuns, desenvolvidos mediunicamente e
espiritualmente, a seguinte pergunta:

Como é o nome da Pombo Gira que você trabalha?
Maria Padilha.

E a sua?
Maria Padilha

E você, qual é o nome da sua Pombo Gira de trabalho?
Maria Padilha

Como será que essa Entidade de luz consegue trabalhar com tantas
médiuns ao mesmo tempo?

    Isso parece confuso a você?

Na verdade é bem simples de entender.

    Partindo-se do princípio de que todo espírito evolui, seria
injusto deixar uma Entidade que trabalha na Umbanda, estacionar.

    Na verdade elas também evoluem, como todos nós.

    Existe uma infinidade de espíritos que estão na mesma faixa de
evolução, estes espíritos escolhem trabalhar em uma determinada
Falange, estando, portanto, na mesma faixa evolutiva e vibratória. O
espírito adota o nome da Entidade que deu origem a esta Falange, ou
seja, existem DIVERSOS espíritos com o mesmo nome, porém são entidades
diferentes.

Ainda dentro deste seguimento, existem diversos falangeiros e reinos
que atuam.

    No caso da maravilhosa Maria Padilha, dentro de sua linha, temos
vários falangeiros, que se limitam a mencionar apenas o nome de "Pombo
Gira Maria Padilha".

    Mas caso o consulente, ou o médium de trabalho desejar entender
qual a linha que ela vem, ou qual falange que pertence, basta apenas
perguntar, pois Maria Padilha, sendo ela da linha que for, vai estar
sempre disposta a fazer o interessado entender sua evolução, sua linha
e sua falange.

    Como podemos ver em diversas casas de Umbanda, Dona Maria Padilha
sempre vai estar sorridente, atenciosa, amável, com um magnetismo
natural a seus consulentes, fazendo assim com que vibre a sua força
com a fé do consulente para que assim todas as necessidades que ele, o
consulente, veio buscar, aconteça dentro do merecimento de cada um.

    Abaixo algumas linhas ligada ao nome de Maria Padilha, para
entendimento:

Maria Padilha das Almas.
Maria Padilha da Encruzilhada.
Maria Padilha da Calunga.
Maria Padilha do Cabaré.
Maria Padilha dos 7 Cruzeiros da Calunga.
Maria Padilha das 7 Navalhadas do Cemitério.
Maria Padilha das 7 Rosas, entre outras.

    Maria Padilha é considerada a senhora poderosa dos sete punhais,de todos os portais e todos os Exús
e Pombos Giras. Ela com sua beleza e seu carisma, consegue levar
esperanças e bem estar a todos que à ela procuram.

    Muito respeitada pelas outras Entidades de Esquerda, assim como o
Senhor Tranca Ruas, ela chefia grandes legiões de Exus e Pombo Giras.
Sendo assim conhecida como "Rainha".

    O nome Maria Padilha significa "Rainha do Fogo". Ela é
conhecida por muitas variantes que revelam algumas qualidades ou
característica desta mulher.

   Maria Padilha também pode ser conhecida, ou vista usando os
seguintes títulos: "Rainha das Estradas", "Rainha do Candomblé",
"Rainha das Marias", "Rainha das Facas", "Mulher de Senhor Tranca
Ruas", "Rainha da Malandragem", "Rainha dos Ciganos", etc.

    Em cada lugar lhe dão diferentes sobrenomes, que na realidade
buscam elogiar essa entidade, e transmitir uma maior intimidade.
    No entanto a nomenclatura dada não é tão importante como a linha
na qual trabalha, pois Maria Padilha tem muitas características e que
trabalha em vários lugares diferentes, como encruzilhadas, cemitérios,
cabarés entre outras.

    Dentre suas inúmeras atribuições, Pombo Gira Maria Padilha é
conhecida por sua eficiência e rapidez, e está entre as mais populares
das Pombo giras. E por muitas vezes ela é chamada, gentilmente, de
"Rainha sem coroa".

    Seu arquétipo descreve certo tipo de mulher, aquela que exige
respeito, e cujo comportamento é real, mesmo se ela é pobre ou da
classe trabalhadora, tem sempre uma presença de nobreza em seu estilo
de ser.

Tem predileção dentro da Umbanda, assim como Senhor Tranca Ruas ou
Senhor Zé Pilintra,

    Maria Padilha costuma se apresentar como uma mulher formosa, de
longos cabelos negros, pele morena, sua idade e físico variam também
de acordo com o tipo de caminho ou passagem desta Pombo Gira, pois
existem passagens jovens e maduras, mas não importando a idade que
apresentem têm o dom da sedução e do encantamento.

    Dona Padilha gosta muito de ser vista, adora a música, é uma
grande bailarina, cujos movimentos podem incluir passos das ciganas em
alguns momentos, mexendo sensualmente seus braços, como quem desfruta
plenamente de seduzir com o corpo em movimento. Seu porte é altivo e
majestoso, possui características das mulheres que não tem medo de
nada.

    Ela no entanto é muito temida por sua frieza e seu implacável
poder na questão de demandas, pois ela tem como companheiras de
trabalho Algumas das principais Pombo Giras que estão dentro de suas
ordens, se fazendo uma falange extremamente forte espiritualmente, que
cobra a honestidade, sem deixar que obsessores dominem a situação,
mesmo quando o consulente abre, com pedidos de mazelas e de
maledicências, portais a Espíritos sem luz, como Eguns, Kiumbas e
Zombeteiros.

    Sobre as ordens de Maria Padilha podemos encontrar as seguintes
Pombo Giras:

Maria Mulambo, Maria Quitéria, Maria Lixeira, Maria Mirongueira,
Maria das Almas, Maria da Praia, Maria Cigana, Maria Tunica,
Maria Rosa, Maria Colodina, Maria Farrapos, Maria Alagoana,
Maria Baiana e Maria Navalha.


    Essa falange de "Marias" demonstra a força que Maria Padilha tem,
sendo ela a "Rainha do Fogo", assim como bem já diz seu nome, domina
todas as mazelas, e luta contra todos obsessores nas sessões de
descarrego, juntamente com suas companheiras.

    Por muitas vezes ouvimos pessoas sem informação, sem entendimento,
sem instrução no parâmetro espiritual, falando coisas sem sentido em
nome de Maria Padilha. Coisas como amarrações de amores, de
promiscuidade, de vaidade, coisas que estão na mente de um médium mal
preparado, invadido de egocentrismo e de egoísmo. E por essa e outras
sandices vistas e ouvidas, tanto de consulentes quanto de alguns
médiuns não preparados mediúnica e espiritualmente, e que termino esse
texto com uma carta, que foi ditada pela Pombo Gira Maria Padilha,
incorporada em uma Médium extremamente desenvolvida para tal trabalho.

    Leiam com atenção, reflitam, e vejam  como são na realidade as
Pombo Giras, principalmente a mais comentada de todas nessas questões
na qual pessoas julgam que uma Entidade de Luz ira fazer somente para
agradar o consulente, e médiuns dizendo estar incorporados dizem que
farão, ou pelo ego, ou pela vaidade, ou pela troca por bens materiais.

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Não olhe para mim como uma mulher sensual, que ri e se diverte bebendo
champanhe.
Não olhe para mim como uma mulher de muitos homens, que favorece seus
caprichos e esconde sua verdadeira intenção.
Não olhe para mim como uma cúmplice de seus desequilíbrios e
testemunha de sua ignorância quando atentas contra a Lei Maior.
Não olhe para mim pensando que eu venho pular de alegria com o seu
ego, quando eu venho é para trabalhar.
Não olhe para mim à procura de pretextos para atrair alguém que lhe
interessa, não estou para brincadeiras sexuais travestidas de minha
suposta sensualidade .
Não olha para mim como uma mulher de palavras ruins, quando sua boca é
dominada por emoções que não sabes enfrentar.
Não me veja como um espírito feminino que gosta de se vestir de mil
cores, porque eu não me importo com aparências, sou o que sou.
Não confunda o seu entusiasmo em querer chamar a atenção com a minha
personalidade.
Não olhe para mim com cara de fome, oferecendo sacrifícios de animais
em troca de favores efêmeros e infantis. Não bebo sangue, o animal não
me interessa, não sou das trevas, sou da luz trabalhando para Deus na
escuridão.
Não olhe para mim pensando que sua loucura e descontrole ao incorporar
são a minha suposta manifestação. Aprenda que é você o responsável por
manter suas emoções ocultas no dia-a-dia.
Não olhe para mim supondo que eu vim para mostrar minha beleza. Eu não
sou uma boneca de pano que você pode vestir como quiser. Eu vim para
trabalhar, não para competir contra estupidez.
Não olhe para mim como um produto que você vende para os iludidos,
procurando tirar dinheiro de seus caprichos, desespero e
desequilíbrios. Eu sou um instrumento Divino, que não tem valor
monetário. Faço caridade, não negócios.
Não olhe para mim como uma ex-prostituta, ou uma mulher de má fé. Sou
um ser que trabalha nas trevas, a favor de Deus, pois assim ele
desejou, não pelo que eu fui.
Não olhe para uma Pombo Gira supondo ser uma mulher de Exu, e que tem
um filho que se chama Exu Mirim. Somos mistérios separados trabalhando
pelo bem da humanidade.
Não olhe para uma Pombo Gira como um espírito que depende de sangue, de
bebida, anéis, braceletes, vestidos, maquiagem, perfume, sapatos, etc,
etc& Não sou marionete de teu ego, nem da tua mediocridade. Não vim
para adornar seu corpo como se você fosse um manequim. Estou aqui para
demonstrar a simplicidade e determinação do Criador em suas ações.
Não olhe para uma Pombo Gira como uma degustação de milagres baratos
que se pagam com lágrimas e gritos de animais sangrado entre falsos
centros e falsos espíritos. O melhor milagre é que despertes do sonho
do carnaval profano que chamam de gira ou sessão, e se volte para a
realidade onde a Lei Maior e a Justiça Divina trabalham a favor da
humanidade.
Pombo Gira é um instrumento de Deus, um mistério que executa as ações
da Justiça Divina.
Pombo Gira não é o escândalo que se veem nas manifestações de alguns
médiuns ególatras mergulhados na ilusão.
Pombo Gira vai além da aparência. Estende-se à vontade do ser humano,
à vontade do Criador, no estimulo da evolução, da expansão de
consciência, da maturidade mental e emocional.
Pombo Gira transita pelas trevas lutando contra seres que perturbam a
Luz.

Pombo Gira merece respeito, por isso venho hoje passar essa mensagem.
Para que pares, reflitas e olhe ao seu redor e pergunte:

O que você faz com a sua Fé? Um circo de ignorância ou uma
demonstração de respeito pela religião?

Pombo Gira Maria Padilha.

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    Após essa lição da linda Pombo Gira Maria Padilha, nada mais a
dizer a não ser:

Saravá Rainha Maria Padilha!

Emôcibáu Pombo Gira Maria Padilha!

Carlos de Ogum.