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sábado, 27 de dezembro de 2014
MENSAGEM PARA O FIM DE ANO DE 2014.
Mensagem Para o Fim de Ano de 2014. Rev.
Amado Pai Oxalá,
Senhor dos Orixás, força suprema.
Mestre fiel, que nos ama e nos dá bençãos,
Novamente findando mais um ano, venho te agradecer por tantas
maravilhas recebidas de ti.
Agradeço extremamente pelo Sol ao raiar da manhã,
Pelos jardins que embelezaram nossos caminhos,
pelo novo dia que tu nos presenteia,
pelas chuvas que nos cederam a água para matar nossa sede,
pelo vento que nos refrescaram o corpo por muitas vezes tão cansado,
pelo imenso e poderoso mar que tanto nos encanta,
pelo pão que mata a fome de nossos semelhantes,
Agradeço também querido Pai,
pelos obstáculos que me ensinaram a ser forte,
pela dor que me ensinou a não desistir e ser perseverante,
pelas lágrimas que pude secar de meus irmãos angustiados,
por tudo que pedi e o senhor me cedeu, e por algumas coisas que não o
fez, pois não era de meu merecimento,
agradeço pelos amigos que me acompanharam por todo ano, e agradeço
pelos possíveis inimigos que tu tiraste de meu caminho,
agradeço a sabedoria de poder responder com convicção algumas questões
nas buscas de ajudas de amigos desesperados, ou daqueles que
simplesmente achavam que seus problemas eram enormes, sem ao menos
terem olhado ao lado, e verem que os de seus semelhantes eram
extremamente maiores.
Também agradeço as palavras que me conduziste a falar, mesmo duras, a
aqueles que não deram valor as bençãos e lições que o Senhor os
concedeu.
A ti Pai Oxalá, todos os Orixás e todas as Entidades de Luz,
entrego tudo que realizei esse ano.
Tudo que passou por minhas mãos,
as coisas que pude criar,
o trabalho espiritual realizado,
as palavras de caridade,
a ajuda cedida.
Querido Pai Oxalá,
nesse momento lhe entrego todos os amigos
que comigo percorreram tantos caminhos em favor ao bem e ao amor.
Lhe entrego também as pessoas que foram centenas,
os que de alguma forma se aproximaram de mim me trazendo carinho,
amor e paz.
Entrego em teu abraço paternal esses irmãos que estão bem pertinho
de mim, e também os que estão tão distantes, mas mesmo assim rompem
fronteiras para nos agraciar com seu carinho.
Também peço sua proteção Querido Pai Oxalá,
para aqueles que me estenderam as mãos na hora do desespero,
e também para aqueles que pediram minhas mãos num momento de
angústia.
Agradeço por cada resposta cedida quando me encontrava em dúvida,
e agradeço a luz dada a cada instante que eu não encontrava uma saída
para meu semelhante.
Também gostaria, além de lhe agradecer Senhor, lhe pedir perdão.
Perdão pelas palavras mal ditas,
pelo tempo desperdiçado com coisas desnecessárias,
pelo dinheiro mal empregado em coisas fúteis,
pela falta de entendimento com fatos que achei irrelevante,
pela falta de paciência com algumas pessoas,
Perdão pela oração não feita na hora devida,
ou pela oração não passada a quem necessitava.
Perdão pelo momento que deixei um irmão sem uma palavra esperada.
Perdão por não ter agradecido o suficiente, e ter pedido mais do
que eu necessitava.
Perdão por achar que as vezes meus problemas eram maiores dos que
os de meus irmãos de fé.
Perdão pelas reclamações de um dia chuvoso, ou pelo mal humor de
um dia de muito calor.
Perdão por não ter posto em prática a oração diária pelos meus
semelhantes que buscavam um afago espiritual.
Perdão por não me lembrar que temos milhares de crianças morrendo
de fome por todo o mundo, enquanto fazemos nossas refeições sem culpa.
Querido Pai de todos nós,
a ti entrego esse novo ano.
Ano esse que não sabemos o que vem pela frente,
que não sabemos como passaremos,
que não sabemos se sorrisos daremos,
quantas lágrimas secaremos,
quantas orações teremos,
quantos pedidos faremos,
quantos obstáculos passaremos,
e quantas vezes mais nos ajoelharemos
para de novo pedir implorar sem lhe agradecer.
Portanto querido Pai Oxalá,
hoje lhe peço já agradecendo,
para mim, meus amigos e a todos de bom coração,
Paz, amor e compreensão,
a felicidade com largos sorrisos,
a fortaleza para sobreviver,
a sabedoria e o entendimento,
o otimismo e a bondade,
a luz e a caridade.
Peço que feche meus ouvidos para toda falsidade,
e minha boca a palavras maledicentes.
Peço que eu seja luz a quem está na escuridão,
estradas abertas a quem busca um caminho,
paz a quem está em desespero,
esperança a quem perdeu a fé.
Me faça assim Senhor, por todo esse ano que se inicia,
para que eu possa levar seu nome,
podendo assim criar uma corrente de paz, fraternidade, caridade, fé e
amor.
Querido Oxalá,
a meus irmãos de fé que leem essa mensagem,
se inebriem de amor paz e sabedoria,
para que assim essas sementes comecem a crescer
por todo novo ano,
por toda a vida.
Feliz ano novo a todos os irmãos Umbandistas ou não.
Que Pai Oxalá, todos os Orixás e todas as Entidades de Luz abençoe a
todos, não só nesse novo ano, mas também por toda a nossa vida terrena
e espiritual.
Que assim seja !
Carlos de Ogum
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Umbral: o Que É?
Após lermos esse texto que nos foi enviado pela amiga Gizele Aquino,
decidimos então ´postar para leitura e reflexão de todos, para
demonstrar o quanto somos responsáveis pelo nosso paraíso ou inferno
astral. Nossos sentimentos e ações nos farão vivenciar caminhos
iluminados ou de escuridão determinando que o nosso Umbral particular
se torne florido ou pantanoso.
É um ótimo texto para reflexão. Paz e luz!
Carlos de Ogum.
Umbral: o Que É?
Em 1943, André Luiz, o médico que se tornou conhecido
psicografando livros pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier,
trouxe a público o significado dado à palavra na colônia espiritual
“Nosso Lar”, onde passou a viver alguns anos depois de seu desencarne.
Em seu livro também chamado “Nosso Lar”, ele conta como ouviu
falar do Umbral pela primeira vez, quando o enfermeiro Lísias lhe dava
as primeiras informações sobre a colônia e descreveu-o como região
onde existe grande perturbação e sofrimento e para a qual a colônia
dedicava atenção especial.
Desde então, a palavra Umbral, escrita com inicial maiúscula, como
o fez André Luiz no livro “Nosso Lar”, tomou significado especial,
principalmente entre os espíritas, designando a região espiritual
imediata ao plano dos encarnados, para onde iriam e onde estariam
todos os espíritos endividados, perturbados e desequilibrados depois
da vida.
Com esta conotação a palavra difundiu-se muito e transformou-se
num quase sinônimo do Inferno e do Purgatório dos católicos, com
localização geográfica, tamanho, etc., conceito este que o próprio
Allan Kardec, codificador do Espiritismo, já havia desmistificado em
suas obras, mais de 80 anos antes, especialmente em “O Livro dos
Espíritos”
Como vemos pelas respostas dos espíritos a Kardec, o inferno e o
paraíso não passam de estados de espírito, condição moral de
sofrimento ou felicidade a que estão sujeitos os espíritos por suas
próprias atitudes, pensamentos e sentimentos durante a vida encarnada
e depois dela. E é bom lembrar que espíritos somos todos, encarnados e
desencarnados, vivendo cada um o seu inferno e o seu paraíso
particulares. O que nos diferencia dos espíritos desencarnados é
apenas o fato de estarmos temporariamente presos a um corpo denso de
carne. De resto, somos absolutamente iguais a eles, com desejos,
opiniões, frustrações, alegrias, defeitos e qualidades. Na verdade, a
figura geográfica e espacial do inferno dos católicos serviu de molde
aos espíritas para que melhor visualizassem o que seria o Umbral,
assim como o inferno da Igreja Católica foi tomado emprestado e
adaptado do inferno dos povos pagãos para compor os mitos de inferno e
paraíso. Se não existe inferno ou purgatório porque haveria de existir
o Umbral com localização, medidas, coordenadas, etc.?
Tudo o que existe no plano espiritual é criado pela mente dos
espíritos encarnados e desencarnados. Sempre que pensamos nossa mente
dispara um processo pelo qual somos capazes de moldar as energias mais
sutis do universo, criando formas que correspondem exatamente àquilo
que somos intimamente.
Extremamente apegados ao mundo material, nada mais natural que,
mesmo estando fora dele, queiramos tê-lo novamente quando
desencarnados. É aí que nossa mente entra em ação, criando tudo o que
desejamos ardentemente.
E várias mentes desejando a mesma coisa juntas têm muito mais força para criar.
A grande diferença é que, no mundo físico, podemos embelezar
artificialmente o nosso ambiente e a nossa aparência, enquanto que no
plano astral isso não é possível, pois lá todos os nossos defeitos,
mazelas, falhas, paixões, manias e vícios ficam expostos em nossa
aura, exibindo claramente quem somos como consciências e não como
personalidades encarnadas.
No Umbral, tudo o que está fora de nós é consequência do que está
dentro. Tudo o que existe em nosso mundo pessoal e nos acontece é
reflexo do que trazemos na consciência.
Assim, o Umbral nada mais é que uma faixa de frequência vibratória
a que se ligam os espíritos desequilibrados, cujos interesses,
desejos, pensamentos e sentimentos se afinizam.
É uma “região” energética onde os afins se encontram e vivem, onde
podem dar vazão aos seus instintos, onde convivem com o que lhes é
característico, para que um dia, cansados de tanto insistirem contra o
fluxo de amor e luz do universo, entreguem-se aos espíritos em missão
de resgate, que estão sempre por lá em trabalhos de assistência.
Alguns autores descrevem o Umbral como uma sequência de anéis que
envolvem e interpenetram o planeta Terra, indo desde o seu núcleo de
magma até várias camadas para fora de seus limites físicos.
O que acontece é que os espíritos se reúnem obedecendo, apenas e
unicamente, à sintonia entre si e acabam formando anéis energéticos em
torno do planeta, ou melhor, em torno da humanidade terrena, pois ela
é parte da humanidade espiritual que o habita e é também o foco de
atenção de todos os desencarnados ligados a ele.
As camadas descritas em alguns livros são mais um recurso didático
para facilitar o entendimento e o estudo do mundo espiritual, pois não
há limites precisos entre elas, assim como não há divisas exatas entre
um bairro e outro de uma mesma cidade, ainda que eles sejam de classes
sociais bem diferentes.
Esse mesmo mecanismo de sintonia é o que cria regiões
“especializadas” no Umbral, como o Vale dos Suicidas, descrito por
Camilo Castelo Branco, pela psicografia de Yvonne A. Pereira, em seu
livro "Memórias de um Suicida".
Espíritos com experiências de suicídio, vivendo os mesmos dramas,
sofrimentos, dificuldades, agrupam-se por pura afinidade e formam
regiões vibratórias específicas. Assim também acontece com faixas
energéticas ligadas às drogas, ao aborto, aos distúrbios psíquicos, às
guerras, aos desequilíbrios sexuais, etc.
Apesar de toda perturbação e desequilíbrio dos espíritos que vivem
no Umbral, não devemos nos iludir. Existe muita disciplina,
organização e hierarquia nos ambientes umbralinos.
É o que nos mostra, por exemplo, o espírito Ângelo Inácio, pela
psicografia de Robson Pinheiro, em seu livro "Tambores de Angola", e o
espírito Nora, pela psicografia de Emanuel Cristiano, em seu livro
"Aconteceu na Casa Espírita".
Vemos ali o quanto esses espíritos podem ser inteligentes,
organizados, determinados e disciplinados em suas práticas negativas,
criando instituições, métodos, exércitos e até cidades inteiras para
servir aos seus propósitos.
É preciso que compreendamos que todos nós já estamos vivendo numa
dessas “camadas” de Umbral que envolvem a Terra e que todos nós
criamos o nosso próprio Umbral particular sempre que contrariamos as
leis divinas universais, as quais podem ser resumidas numa única
expressão: amor incondicional.
Mas o Umbral não é um mundo só de desencarnados. Muitos projetores
conscientes (encarnados que fazem projeções astrais conscientes)
narram passagens por regiões escuras e densas, semelhantes às
descrições de André Luiz em "Nosso Lar".
Todos os encarnados desprendem-se do corpo físico durante o sono e
circulam pelo mundo espiritual.
Esse é um fenômeno absolutamente natural e inerente a todo espírito
encarnado.
Uma grande parte continua a dormir em espírito, logo acima de onde
está descansando o corpo físico.
Outros limitam-se a passear inconscientes pelo próprio quarto ou casa,
repetindo, mecanicamente, o que fazem todos os dias durante a vigília.
E há os que saem de casa e vão além.
Dentre estes, uma pequena parte procura manter uma conduta ética
elevada, 24h por dia, tentando sempre melhorar-se como pessoa,
buscando sempre ajudar e crescer e, muitas vezes, é levada ao Umbral
em missão de resgate ou assistência, trabalhando com espíritos mais
preparados, doando suas energias pelo bem de outros espíritos.
Mas há um grande número dos que conseguem sair de seu próprio lar
durante o sono e vão para o Umbral por afinidade, em busca daquilo que
tinham em mente no momento em que adormeceram ou obedecendo a
instintos e desejos inferiores que, embora muitas vezes não estejam
explícitos na vigília, estão bem vivos em sua mente e surgem com toda
força quando projetados.
Essas pessoas, muitas vezes, acabam sendo vítimas de espíritos
profundamente perturbados ligados ao Umbral que as vampirizam e
manipulam, em alguns casos chegando até a interferir em sua vida
física, criando problemas familiares, doenças, perturbações
psicológicas, dificuldades profissionais e financeiras, etc.
Vemos, assim, que o Umbral, de que falam André Luiz e tantos
outros autores encarnados e desencarnados, está mais próximo de nós,
encarnados, do que muitos de nós imaginam.
E, o que é mais importante, somos nós mesmos que ajudamos a manter
esse mundo denso com nossos pensamentos e sentimentos menos elevados.
Somos nós que damos aos espíritos perturbados, que se encontram
ligados a essa faixa vibratória, grande parte da matéria-prima de que
se valem para sustentar seu mundo de trevas e sofrimento.
O Umbral está em todo lugar e em lugar nenhum, pois está dentro de
quem o cria para si mesmo e acompanha o seu criador para onde quer que
ele vá.
Toda vez que nos deixamos levar por impulsos de raiva, agressividade,
ganância, inveja, ciúmes, egoísmo, orgulho, arrogância, preguiça,
estamos acessando uma faixa mais densa desse Umbral.
Toda vez que julgamos, criticamos ou condenamos os outros, estamos nos
revestindo energeticamente de emanações típicas do Umbral.
Toda vez que desejamos o mal de alguém, que nos deprimimos, que nos
revoltamos ou entristecemos, criamos um portal automático de
comunicação com o Umbral.
Toda vez que nos entregamos aos vícios, à exploração dos outros, aos
desejos de vingança, aos preconceitos, criamos ligações com mentes que
vibram na mesma faixa doentia e estão sintonizadas com o Umbral.
O Umbral só existe porque nós mesmos o criamos, e só continuará
existindo enquanto nós mesmos insistirmos em mantê-lo com nossos
desequilíbrios.
O Umbral é nosso também, faz parte do nosso mundo e não podemos
renegá-lo ou simplesmente ignorá-lo. Assim como não podemos também
fingir que não temos nada a ver com ele. Lá estão também algumas de
nossas próprias criações mentais, de nossos sentimentos inferiores, de
nossos pensamentos mais densos. E lá vivem espíritos divinos como nós,
temporariamente desviados do caminho de luz em que foram colocados por
Deus.
Por isso é importante que não vejamos o Umbral como um lugar a ser
evitado ou uma ideia a não ser comentada, mas como desequilíbrio
espiritual temporário de espíritos como nós que, muitas vezes, só
precisam de um pouco de atenção e orientação para se recuperarem e
voltarem ao curso sadio de suas vidas.
É comum encontrarmos médiuns e doutrinadores que têm medo ou
aversão ao trabalho com espíritos do Umbral, evitando atendê-los,
ignorando-os friamente ou tratando-os como criminosos sem salvação que
não merecem qualquer compaixão ou respeito.
Estas pessoas esquecem-se de um dos preceitos básicos da
espiritualidade: a caridade.
Os habitantes do Umbral não são nossos inimigos, mas espíritos que
precisam de compreensão e ajuda.
Não são irrecuperáveis, mas perderam o rumo do crescimento espiritual.
Não estão abandonados por Deus, mas não sabem disso e desistem de
procurar orientação.
Não são diferentes de nós, mas tão semelhantes que vivem lado a lado
conosco, todos os dias, observando nossos atos, analisando nossos
pensamentos, vigiando nossos sentimentos, prestando atenção às nossas
atitudes.
E, se não queremos ir ao Umbral por afinidade, que nos ocupemos em nos
tornar seres humanos melhores, mais dignos, mais éticos, 24h por dia.
Desse modo, nossa passagem pelo Umbral será sempre na condição de
quem leva ajuda sem medo, sem preconceito e sem sofrimento, e não de
quem precisa de ajuda para superar seus próprios medos, preconceitos e
dores.
Por: Maísa Intelizano.
Enviado pela Amiga: Gizele Aquino.
Retirado do grupo Facebook: Cavaleiros de Aruanda.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Orixá Regente do Ano de 2015
E o ano de 2014 se vai. E já estamos apreensivos e
esperançosos para o início de 2015.
Estamos também curiosos em saber qual será o Orixá regente desse
ano que está para nascer, e como sempre é feito em nosso terreiro, o
Mentor da casa, nosso querido Rei Congo, jogou seus búzios e nos
revelou essa informação. Só frisando que foi dito pelo Vovô Rei Congo,
confirmado pelo nosso Vovô carismático, vovô Benedito e também da
mesma forma confirmado pelo querido Pai Antero.
Agora repasso a informação que nos foi divulgada.
No ano de 2015 o Orixá regente será Pai Ogum, estando sempre
atuante por todo o ano, que virá acompanhado pela vibração intensa de
Mãe Iemanjá.
Teremos também uma forte irradiação de Exú por um longo período do
ano de 2015, que com isso dará força extrema a vibração de Ogum.
Resumindo para entendimento, ao ser indagado qual será o Orixá
regente do ano de 2015, será dito simplesmente Pai Ogum, pois será o
Orixá dominante desse ano.
Sendo assim, será um ano muito intenso, com grandes batalhas em
diversas partes da humanidade, ou seja, buscas de poder, busca de
justiça, busca de realizações.
A quem tentou um objetivo em 2014 e não conseguiu realizá-lo, 2015
será um ótimo ano para conquistas. Porém a quem não se preveniu, não
buscou se precaver em relação a gastos pessoais, poderão passar um ano
extremamente dificultoso.
Resumindo, quem plantou brisas colherão brisas, quem plantou
furacões colherão furacões.
Para quem cultivou a espiritualidade no ano de 2014, esse ano de
2015 deverá ser melhor, pois Ogum é o guardião, e vai agir de acordo
com a caridade e a fé que se foi entregue no ano que se finda.
Como 2014 foi o ano de Xangô, todos nós fomos colocados na balança
da justiça para sermos observados, aqueles no qual forem merecedores
de vitórias serão agraciados por Ogum, pois em 2015 Ogum traz as
conclusões do que foi julgado por Xangô no ano que está se findando
Porém, a conclusão de Ogum é executada de acordo com o merecimento de
cada um, sobre aquilo que foi julgado na balança de Xangô. Nem tudo
poderá ser flores.
Sobre a vibração de Iemanjá no ano de 2015, poderemos ter a benção
de não termos um ano tão seco quanto foi 2014. Teremos mais união
entre famílias e será um ótimo ano para quem deseja se casar, por amor
verdadeiro, ou para as mulheres que desejam engravidar.
Se acharam que o ano de 2014 passou rápido, podem ter certeza que
2015 vai nos parecer que passará mais rápido ainda, e isso se deve a
irradiação de Exú, portanto poderemos, ou conquistar nossos objetivos
rapidamente, ou não nos darmos conta do tempo, e o ano terminar sem
conquista alguma. Fiquem bem atentos.
Esperamos que todos os irmãos adentrem o ano de 2015 com muita fé,
buscando sempre fazer a caridade, conquistando todos os objetivos,
sempre com muita paz e muita saúde, sem mazelas, sem ódios, sem
rancores e com muita luz na caminhada.
Que Pai Ogum, Mãe Iemanjá e o guardião Exú, abram os caminhos de
todos nós e que todos Orixás e todas as Entidades de Luz nos protejam
por todo ano de 2015.
Que assim seja!
Carlos de Ogum
sábado, 22 de novembro de 2014
ERVAS NA UMBANDA.
Ervas na Umbanda
"Defuma com as ervas da jurema, defuma com arruda e guiné.
Benjoim, alecrim e alfazema,
vamos defumar filhos de fé."
Para quem acompanha rotineiramente as Giras de Umbanda, pode perceber que as ervas estão sempre fazendo parte dos trabalhos, das
defumações, dos banhos, dos chás, enfim, de tudo que se compõe essa bela Religião.
As ervas são essenciais na jornada de caridade da Umbanda. Elas podem ser utilizadas em uma infinidade de coisas e por uma infinidade de
Entidades de Luz.
É muito normal nas consultas feitas com Pretos Velhos ou Caboclos, eles "receitarem" alguma coisa utilizando as ervas a seus
consulentes.
Por esse motivo vamos nesse texto demonstrar resumidamente, os tipos de ervas utilizadas na Umbanda, quais os Orixás que tem o domínio
delas e algumas serventias.
As mais conhecidas com certeza são: arruda, guiné, espada de
Ogum, benjoim, alfazema, alecrim entre outras.
Agora abaixo relacionaremos cada Orixá e suas ervas, também será
relacionado as ervas que se utilizaria em banhos referente a cada
Orixá. Esses banhos podem ser de descarregos ou limpeza de aura,
conforme determinado pela Entidade de Luz que foi atendente na hora da
consulta, determinando assim o uso de cada erva específica, como por
exemplo, conforme o trabalho necessário, ou do Orixá necessário para
determinada limpeza de aura, ou qualquer necessidade de suas
vibrações.
OXALÁ.
Ervas: Tapete de Oxalá(Boldo), Saião, Colônia, Manjericão Branco, Rosa
Branca, Folha de Algodoeiro, Sândalo, Malva, Patchouli, Alfazema,
Folha do Cravo, Neve Branca, Folha de Laranjeira.
(Em algumas casas: poejo, camomila, chapéu de couro, coentro, gerânio
branco, arruda, erva cidreira, alecrim do mato,hortelã, folhas de
girassol, agapanto branco, aguapé (golfo de flor branca), alecrim da
horta, alecrim de tabuleiro, baunilha, camélia, carnaubeira, cravo da
índia), fava pichuri, fava de tonca, folha de parreira de uva branca,
maracujá (flores), macela, palmas de Jerusalém, umbuzeiro, salsa da
praia).
Ervas para banho de descarrego: Poejo, Camomila, Chapéu de Couro, Erva
de Bicho, Cravo, Coentro, Gerânio Branco, Arruda, Erva Cidreira, Erva
de São João, Alecrim do Mato, Hortelã, Alevante, Erva de Oxalá
(Boldo), Folhas de Girassol, Folhas de Bambu.
OGUM.
Ervas: Peregum(verde), São Gonçalinho, Quitoco, Mariô, Lança de Ogum,
Coroa de Ogum, Espada de Ogum, Canela de Macaco, Erva Grossa,
Parietária, Nutamba, Alfavaquinha, Bredo, Cipó Chumbo.
(Em algumas casas: Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo
Ninguém Pode, Folhas de Romã, Flecha de Ogum, Cinco Folhas, Macaé,
Folhas de Jurubeba).
Ervas para banho de descarrego: Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja,
Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Espada de Ogum, Flecha de
Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.
XANGÔ.
Ervas: Erva de São João, Erva de Santa Maria, Beti Cheiroso, Nega
Mina, Elevante, Cordão de Frade, Jarrinha, Erva de Bicho, Erva Tostão,
Caruru, Para raio, Imbaúba.
(Em algumas casas: Xequelê).
Ervas para banho de descarrego: Folhas de Limoeiro, Erva Moura, Erva
Lírio, Folhas de Café, Folhas de Mangueira, Erva de Xangô, Alevante,
Quebra-Pedra.
OXOSSI.
Ervas: Alecrim, Guiné, Vence Demanda, Abre Caminho, Peregum (verde),
Taioba, Espinheira Santa, Jurema, Jureminha, Mangueira, Desata Nó.
Em algumas casas: (Erva de Oxossi, Erva da Jurema, Alfavaca, Caiçara,
Eucalipto).
Ervas para banho de descarrego: Malva Rosa, Mil Folhas, Sete Sangrias,
Folhas de Aroeira, Folhas de fava de Quebrante, Folhas de Samambaia,
Folhas de Palmeira, Folhas de Laranjeira, Erva Cidreira, Folhas de
Jurema, Folhas de Maracujá, Folhas de Palmito, Folhas de Abacateiro.
OBALUAIÊ/OMULÚ.
Ervas: Erva de Bicho, Erva de Passarinho, Barba de Milho, Barba de
Velho, Cinco Chagas, Fortuna, Hera.
(Em algumas casas: Cuféia - Sete Sangrias, Erva De Passarinho, Canela
De Velho, Quitoco, Zínia).
Ervas para banho de descarrego: Sete Sangrias, Canela De Velho, Erva
De Passarinho, Barba De Milho, Barba De Velho.
OXUM.
Ervas: Colônia, Macaçá, Oriri, Santa Luzia, Oripepê, Pingo de água,
Agrião, Dinheiro em Penca, Manjericão Branco, Calêndula,Narciso;
Vassourinha, Erva de Santa Luzia, e Jasmim.
(Em algumas casas: Erva Cidreira, Gengibre, Camomila, Arnica, Trevo
Azedo ou grande, Chuva de Ouro, Manjericona, Erva Santa Maria).
Ervas para banho de descarrego: Erva Cidreira,Gengibre, Camomila,
Arnica,Trevo Azedo ou Grande, Chuva de Ouro, Manjericão, Erva Santa
Maria, Calêndula, Alfazema.
IEMANJÁ.
Ervas: Colônia, Pata de Vaca, Imbaúba, Abebê, Jarrinha, Golfo, Rama de
Leite.
(Em Algumas Casas: Aguapé, Lágrima De Nossa Senhora, Araçá Da Praia,
Flor De Laranjeira, Guabiroba, Jasmim, Jasmim De Cabo, Jequitibá Rosa,
Malva Branca, Marianinha - Trapoeraba Azul, Musgo Marinho, Nenúfar,
Rosa Branca, Folha De Leite)
Ervas Para Banho De Descarrego: Pata De Vaca, Folhas De Lágrima De
Nossa Senhora, Erva Quaresma, Trevo E Chapéu De Couro, Alfazema.
IANSÃ.
Ervas: Cana Do Brejo, Erva Prata, Espada De Iansã, Folha De Louro,
Erva De Santa Bárbara, Folha De Fogo, Colônia, Mitanlea, Folha Da
Canela, Peregum Amarelo, Catinga De Mulata, Parietária, Para Raio.
(Em Algumas Casas: Cordão De Frade, Gerânio Cor-de-rosa Ou Vermelho,
Açucena, Folhas De Rosa Branca.
Ervas Para Banho De Descarrego: Catinga De Mulata, Cordão De Frade,
Gerânio Cor-de-rosa Ou Vermelho, Açucena, Folhas De Rosa Branca, Erva
De Santa Bárbara.
NANÃ BURUQUÊ.
Ervas: Manjericão Roxo, Colônia, Ipê Roxo, Folha Da Quaresma, Erva De
Passarinho, Dama Da Noite, Canela De Velho, Salsa Da Praia, Manacá.
(Em Algumas Casas: Assa Peixe, Cipreste, Erva Macaé, Dália Vermelho
Escura, Folha De Berinjela, Folha De Limoeiro, Manacá, Rosa Vermelho
Escura, Tradescância).
Ervas Para Banhos De Descarrego: Folhas E Flores De Angelim-amargoso,
Pinhão Roxo, Violeta, Canela De Velho, Rosa Vermelha, Dama Da Noite,
Guarabú, Manjericão Roxo.
Buscando em relação de ervas de algumas Entidades, podemos frisar
também as ervas de Ibeijada, dos Pretos Velhos, dos Exús e Pombo
Giras, entre outros, conforme anexamos abaixo:
IBEIJADA.
Ervas: Jasmim, Alecrim, Rosas.
Ervas para banho de descarrego: Margaridinha (conhecida como rosa
branca em algumas regiões).
EXÚ E POMBO GIRA.
Ervas: Pimenta, capim tiririca, urtiga, Arruda, salsa, hortelã, Picão,
Cambará, Estramônio, Aroeira comum, Jaqueira, Dormedeira, Pimenta
Malagueta, Pimenta do reino, Olho de gato, Carrapicho-rasteiro,
Junquinho, Alfavaca, Mandioca, Dinheiro em penca, Esperta, Fortuna,
Perpétua, Sapê, Urtiga de folha grande, Trombeta roxa, Folha de fogo,
Mastruz, Cansanção de leite, Guiné, Camapu, Corredeira, Erva de bicho,
Palmatorio do diabo, Vassourinha preta, Fumo, Trapoeraba, Abacateiro,
Coerana, Aveloz, Cana de açúcar, Figueira, Urtiga brava, Arrebenta
cavalo, Bico de papagaio, Azevinho, Bredo de espinho, Jequiriti,
Comigo ninguém pode.
PRETO VELHO.
Os Pretos Velhos tem como regra a utilização de muitos tipos de
ervas, eles por virem sempre na linha do Orixá Obaluaiê, tem como
normalidade se utilizarem das ervas desse Orixá, e claro que se
utilizam também das ervas dos Orixás na qual vem a sua irradiação, ou
seja, se vem na irradiação de Oxum se utilizam das ervas de Oxum, se
vem da irradiação de Ogum se utilizam das ervas de Ogum, e assim por
diante. O fato que sempre se utilizam de ervas, ou para banhos de
descarregos, para defumações de limpezas de ambientes ou dos filhos
necessitados, ou para chás em busca de curas dos males físicos ou
espirituais.
As ervas mais utilizadas pelos Pretos Velhos são: Arruda, guiné,
alecrim, alfazema, benjoim, douradinha do campo, aroeira, poejo,
espada de Ogum, entre outras.
CABOCLO.
Assim como os Pretos Velhos, os Caboclos se utilizam das ervas do
seu Orixá dominante na relação a linha, ou seja, no caso dos Caboclos
esse Orixá é Oxossi. Portanto ele trabalha com as ervas de Oxossi, e
se utilizando também das ervas de cada Orixá dominante na sua
irradiação.
Por serem grandes conhecedores da força da natureza, não é raro
ver nos terreiros de Umbanda os Caboclos trabalharem somente com
ervas. Ervas como folhas de várias árvores, sementes, raízes, para
todo tipo de limpeza e cura do corpo espírito.
Para finalizar vamos falar o melhor tipo de erva para lavagem do
Ori (cabeça) de um filho de determinado Orixá. Só frisando que todos
os banhos de descarrego ou de limpeza de aura, só devem ser tomados
com a determinação de uma Entidade, e somente deve ser tomado dos
ombros para baixo, sendo o da lavagem do Ori também sendo determinado
por uma Entidade de Luz e com ervas referente a cada Orixá que
comanda a coroa do médium, ou seja, ervas do Pai ou Mãe ou do Terceiro
Santo do Ori de cada filho.
FILHOS DE OXALÁ: Funcho, Barba de Velho, Girassol, Poejo, Guiné
Caboclo, Tapete de Oxalá.
FILHOS DE OGUM: Espada de Ogum, Lança de Ogum, Samambaia.
FILHOS DE XANGÔ: Alevante, Erva de São João, Erva Grossa, Mangueira.
FILHOS DE OXOSSI: Araçá, Cipó Caboclo, Lágrima de Nossa Senhora, Erva
doce.
FILHOS DE OBALUAIÊ/OMULÚ: Canela de Velho, Barba de Velho, Barba de
Milho, Sete Sangrias.
FILHOS DE OXUM: Agrião do Pará Jambuaçú, Alfavaca de Cobra, Erva de
Santa Maria, Calêndula, Alfazema.
FILHOS DE IEMANJÁ: Aracá da Praia, Fruta da Condessa, Musgo Marinho,
Guabiraba Anis, Rosa Branca.
FILHOS DE IANSÃ: Altéia Malvarisco, Bambu, Espada de Iansã, Erva de
Santa Bárbara, Açucena.
FILHOS DE NANÃ BURUQUÊ: Guarabu, Pau Roxo, Manjericão Roxo, Canela de
Velho.
A utilização das ervas na Umbanda devem seguir a recomendação de
Uma Entidade de Luz, como um Preto Velho ou um Caboclo, o mesmo serve
para a lavagem do Ori de um filho, não se deve fazer o uso dessas
ervas na espiritualidade sem essas orientações de como fazer, com o
que fazer, o dia de fazer e o porque fazer.
Que todos os Orixás e todas as Entidades de Luz possam nos mostrar
a melhor utilização dessas ervas, para nosso crescimento como
médiuns, como cura a nosso corpo, como limpeza a nossos ambientes e
como melhor caminho para iluminar nosso espírito.
Salve as Ervas de nossa Umbanda Sagrada!
Carlos de Ogum.
sábado, 8 de novembro de 2014
A História de Pai José
"Pai José vem cá, vem cá.
Pai José vem trabalhar.
Pai José vem lá de Angola pro terreiro saravar."
Pai José, Preto Velho caridoso que trabalha humildemente nos
terreiros de Umbanda trazendo paz, harmonia, saúde e vitórias a quem
vai a ele buscar uma ajuda.
Pai José viveu encarnado como um negro escravizado por volta do
século XIX, em uma fazenda cafeeira da região sudeste do Brasil.
Filho de negros da mesma fazenda, ele desde a tenra idade sentiu na pele a maldade dos senhores escravocratas, que dominavam a região na
época, ou por serem grandes fazendeiros cafeeiros, ou por serem grandes negociadores de negros para serem usados como escravos, ou pelos
dois fatos.
A mãe de José era uma mulher muito apegada em sua fé, tinha um
grande poder de oração, e um amor extremo pelos Orixás. E neles
entregava suas suplicas e pedidos de uma vida de luz.
Quando grávida, em um dia de intensa oração, a mãe de José ao
dormir sonha com um homem negro lhe dizendo que em seu ventre estaria
a criança que futuramente seria um grande benzedor e encaminhador de
obsessores, e ele com esse dom e essa luz poderia ajudar muito a todos
que necessitavam. Porém quando com sete anos de idade ele poderia ser
tomado pela força do mal, e essa força faria de tudo para que a luz
espiritual do menino se apagasse.
E assim ele nasceu, dentro da senzala rodeado pelos negros
encantados com o rosto angelical do menino.
Desde pequeno José era uma criança diferenciada, sempre pronto a
ajudar as pessoas, com uma simpatia incrível e uma índole
maravilhosa.
E como foi dito pelo homem negro no sonho de sua mãe, aos sete
anos José apresenta uma mazela física e espiritual, que depois de
muitas orações e benzeduras de um velho negro de nome Cipriano, fica
curado e sua alma liberta dos obsessores da escuridão.
A partir dessa cura, José se dedica a aprender todas as magias,
benzeduras e a arte de curar através de ervas e raízes, assim como
seu mestre e salvador o velho Pai Cipriano.
Pai José, já homem feito e muito respeitado pelo fato de ser um
grande discípulo do velho Cipriano, tem cada dia mais o orgulho de ser
conhecido pelas suas ajudas aos necessitados, assim com foi conhecido
seu mestre.
Ele tinha um jeito simples e sereno de demonstrar sua sabedoria
divina, falava manso, com um tímido sorriso e um olhar penetrante, que
encantava a todos que o procuravam, sejam negros escravizados ou
senhores donos de escravos.
Ele era realmente diferenciado entre os negros, tinha um maravilhoso
dom de acalmar dores, tanto do corpo físico quanto do espírito.
Entre tantas histórias desse grandioso ser, vamos frisar uma que é
realmente divina, demonstrando a força da fé, e a vontade extrema de
ajudar um semelhante, mesmo se essa ajuda depender de arriscar a sua
alma.
Como foi dito anteriormente, José ainda na tenra idade, sofreu uma
fortíssima obsessão, e essa força do mal foi retirada do caminho dele
pelo seu Mestre, o grande Pai Cipriano, que lhe salvou a vida e o
espírito de ser levado para escuridão.
Para quem ainda não leu esse texto anexamos o link abaixo para que
leiam e entendam o andamento dessa história.
A História de Pai Cipriano.
Voltando a história de nosso Pai José, os espíritos da escuridão
que tinham ordens de envolver e levar as profundezas a alma iluminada
dele, e anos atrás foram expulsos por nosso Pai Cipriano, não
desistiram.
Eles se silenciaram por anos e anos, mas aguardando o momento
certo de tentarem novamente seu objetivo de cumprir as ordens de
desvincular da caridade o espírito puro e iluminado desse negro que
tantas pessoas já respeitavam como curador e benzedor.
E esse momento chegou, foi numa noite de inverno muito frio, onde
os negros tentavam se aquecer ao lado de uma fogueira. Todos sentados
ao chão empoeirado da senzala congelante.
Ao lado de José estava sentado seu pequeno protegido e afilhado, o
menino conhecido como "Negrinho", no qual todos os negros adoravam
pelo seu sorriso sincero e cativante, uma criança realmente
encantadora.
E pelo grande amor que Pai José tinha pelo menino "Negrinho", os
espíritos da escuridão usaram desse fato para tentar assim dominar o
negro e o levar a perder o caminho da caridade. Envolveram o espírito
do menino, obsediando e fazendo com que sua alma desprendesse da vida
terrena, ficando presa na escuridão extrema, para que assim forçasse
ao negro José se deixar levar para salvar a vida e a alma do menino.
Ao perceber que o pequeno "Negrinho" estava sendo dominado e
obsediado, Pai José, se abraçou com ele e se elevou em orações, e
nesse instante entendeu que a alma do pequeno estava sido entregue a
escuridão, como tinha acontecido com o próprio Pai José na sua
infância.
O negro José, ainda abraçado com o corpo inerte de seu afilhado,
clamou por Oxalá, pediu entendimento e sabedoria ao seu mestre Pai
Cipriano, que nesse momento ouviu a sua voz serena dizendo, que a
força de sua fé o levaria a salvar a alma já perdida da criança, ele
deveria fortalecer suas forças, clamar a Deus com toda força de sua
fé, e deixar que seu espírito tomasse o corpo do menino. Fazendo
isso ele teria como manter uma alma no corpo inerte da criança, e da
mesma forma teria como levar sua alma as profundezas escuras para
resgatar a alma de seu afilhado "Negrinho".
Mas de forma nenhuma deveria enfraquecer sua fé, pois assim sua
alma ficaria presa dentro da fortaleza obscura dos obsessores, e ele
acabaria escravizado por Kiumbas e Zombeteiros.
Mesmo sabendo do perigo que corria e mesmo sabendo que era ele
que os obsessores desejavam escravizar, José se concentra, se eleva
aos céus, e busca força espiritual para fazer o que lhe foi dito por
Pai Cipriano.
Como em transe, seus olhos entreabertos, corpo tremulo e ainda
abraçado com o menino, ele consegue dividir a força de seu espírito
com o corpo da criança, e assim entra no ambiente da escuridão em
busca de resgatar a alma do pequeno.
Quando deu por si, Pai José se encontrava acuado por dezenas de
espíritos negros que de todas as formas tentavam desconcentrar, para
que ele se perdesse na grande quantidade de caminhos negros e fétidos
que ali existia.
Ele, lembrando-se dos conselhos de Pai Cipriano, se fixou em um
só ponto e seguiu adiante, rezando firmemente, mostrando que sua fé
era maior que qualquer coisa.
Logo adiante encontrou o espírito do menino e o trouxe para junto
de si. Ao observar que Pai José estava conseguindo seu objetivo, os
obsessores, eguns, kiumbas e zombeteiros o atacaram de diversas
formas, e ele novamente elevando-se ao Pai Maior, pede que consiga
manter sua fé para que conseguisse levar dali o espírito do menino e
o dele próprio.
Após uma breve pausa, Pai José abre os olhos lentamente e observa
uma grande luz branca lhe protegendo, e dessa luz uma voz já conhecida
mandando ele seguir juntamente com o seu afilhado.
Era a voz de Pai Cipriano, que foi a seu encontro com uma legião
de Exús chefiada pelo Exú Tranca Ruas, tirando de seu caminho todos os
obsessores e espíritos sem luz.
Ao findar o caminho obscuro, foi como que Pai José saísse de seu
transe. Já na senzala ele acorda ainda abraçado com o menino
"Negrinho", que nesse instante olha o rosto cansado de Pai José e
sorri.
Pai José com sua fé, sua boa vontade, sua caridade resgatou o
espírito do seu afilhado das garras de seus algozes obsessores. E
fazendo isso salvou seu próprio espírito.
Ele ajoelhou e agradeceu a Zambi, nosso Pai Maior, agradeceu
também a seu Mestre, Pai Cipriano, e a toda legião de trabalhadores
da linha da esquerda, nossos guardiões Exús.
Pai José é uma Entidade trabalhadora de nossa Umbanda, ele sempre
prega que a fé é o caminho para alcançar a vitória.
Trabalha com carinho a todos os necessitados, a todos obsediados,
a todos sofredores, mas tem uma ligação e uma proteção especial as
crianças.
Palavras De Pai José: Aprenda Que De Nada Serve Ser Luz Se Não
Iluminar O Caminho Dos Demais.
Saravá Pai José, a sua benção!
Adorei as Almas!.
Carlos de Ogum
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
A UMBANDA E O SINCRETISMO COM O CATOLICISMO.
A Umbanda e o Sincretismo com o Catolicismo.
Todos os Umbandistas, sejam eles filhos de algum Terreiro ou sejam
apenas consulentes ou da assistência, com toda certeza já ouviram falar
a palavra "sincretismo".
Mas o que seria "sincretismo"?
No dicionário de língua portuguesa essa palavra é representada e
explicada da seguinte forma:
SINCRETISMO: fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com
reinterpretação de seus elementos; - fusão de elementos culturais
diversos, ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais.
( Dicionário Houaiss)
Palavra originada do grego significa sistema que consiste em conciliar
os princípios de várias doutrinas ou filosofias; é a associação
de valores espirituais de uma determinada religião com os valores
espirituais de outra determinada religião.
No dicionário de Umbanda, sincretismo se define simplesmente
assim:
SINCRETISMO: - Fenômeno de identificação dos orixás com os Santos
Católicos.
E dessa forma mais simples podemos notar que ao cultuar as imagens
de santos católicos, os Umbandistas cultuam na verdade seus Orixás.
Mas porque teve que ser trazido essas imagens para os rituais de
Umbanda ?
Vamos voltar um pouco no tempo para entendermos.
Tudo se originou no tempo em que os negros eram traficados da sua
terra mãe África, trazidos para o Brasil em navios negreiros, onde
esses negros eram negociados e escravizados pelos senhores
escravocratas e fazendeiros cafeicultores de várias regiões.
Como nessas regiões a religião predominante era a católica, esses
negros eram proibidos de exaltar a fé que tinham em seus Orixás, sendo
surrados e até mortos quando tentavam demonstrar sua fé nessa força da
natureza.
Então esses negros se utilizavam da imagem de santos cultuados
pela Igreja Católica por um fato histórico cultural, na medida em que
os negros que chegavam ao Brasil como escravos, oriundos das diversas
tribos africanas, traziam em seu interior a crença nos Orixás, porém
não podiam manifestá-la pelo preconceito de seus senhores, que
consideravam tal culto heresia e feitiçaria.
Na África, seu culto fazia-se com o contato direto com a Natureza,
cada Orixá sendo cultuado em seu elemento. O negro africano cultuava
sua crença através de seus Otás (pedra). Cada Orixá tem a sua pedra, e
a forma encontrada pelos negros escravos foi associar a imagem do
santo católico mais representativa da força desses Orixás, colocar
seus otás dentro destas imagens e reverenciar sua crença sem tê-la
reprimida por seus senhores. A partir desse momento, dava-se início ao
sincretismo dessas duas religiões, já que a correspondência de Santos
Católicos com os Orixás africanos era a única maneira dos negros
escravos escaparem dos castigos e perseguições dos seus senhores e de
religiosos que tentavam difundir o catolicismo, impondo a crença com
as suas representações católicas.
Os Senhores achavam graça no sincretismo e, considerando os
africanos ignorantes, consentiam na prática bem disfarçada de seus
cultos. E assim, graças à inteligência dos sacerdotes africanos, as
suas antiquíssimas e sábias ideias religiosas puderam sobreviver até
hoje, apesar da intolerância de uma ou outra autoridade da lei
atrasada.
Portanto encontramos até hoje, as casas de culto de Umbanda
utilizando-se dessa representação sincrética, não pela necessidade do
culto à imagem, mas sendo admitida pelos zeladores de santo para que
os filhos de santo e frequentadores da casa tenham uma imagem para
direcionar suas súplicas e pedidos já que para alguns, dirigir seus
pedidos a energias da natureza, forças oriundas do ar, da água, da
terra ou do fogo, é de difícil compreensão por seu componente abstrato
e impalpável.
Enfim, não existe imagem representativa dos Orixás na Umbanda,
razão pela qual se permite a utilização dos Santos católicos nos
Gongás, havendo o respeito tanto ao Orixá representado pela imagem,
como respeito ao santo cultuado pela mesma.
A Umbanda é um celeiro de fé e nela cabem todas as espécies de
crenças que possam nos levar ao objetivo maior de amor e caridade
pregado pelas nossas entidades.
O africano não abandonou as suas crenças religiosas. Simplesmente,
procurou acomodar-se a situação e o processo mais inteligente foi
exatamente o de comparar as qualidades dos seus Orixás com as dos
Santos católicos. Tomaram como base o Santo mais adorado do lugar:
daí, algumas alterações verificadas no sincretismo, especialmente na
Bahia e no Rio de Janeiro, conforme descrevemos abaixo:
Na Bahia:
OXALÁ: Senhor do Bonfim.
OGUM: Santo Antônio.
XANGÔ: São Jerônimo.
OXOSSI: = São Jorge.
OMULÚ ou OBALUAIÊ: São Lázaro e São Roque.
LOGUM EDÉ: Santo Expedito.
OXUMARÊ: São Bartolomeu
OXUM: Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora Aparecida.
IEMANJÁ: Nossa Senhora da Conceição.
IANSÃ ou OIÁ: Santa Bárbara.
NANÃ BURUQUÊ: Nossa Senhora Sant'Ana.
No Rio de Janeiro:
OXALÁ: Jesus Cristo.
OGUM: São Jorge.
XANGÔ: São Pedro ou São Gerônimo.
OXOSSI: São Sebastião.
OMULÚ Ou OBALUAIÊ:São Lázaro e São Roque.
OXUM: Nossa Senhora da Conceição.
IEMANJÁ: Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Glória ou Nossa
Senhora dos Navegantes.
IANSÃ: Santa Bárbara.
NANÃ BURUQUÊ: Nossa Senhora Sant'ana.
IBEIJI: São Cosme e São Damião.
EXÚ: Santo Antônio de Pemba.
O sincretismo se faz entre Divindades, assim, não há sincretismo
entre as Entidades, tais como Caboclos, Pretos Velhos ou Crianças,
ainda que seja comum vermos Pais Franciscos, Antonios, Ciprianos e
tantos outros, mas que nada têm de sincrético com os santos de mesmo
nome.
A Umbanda apresenta sincretismo também com o Candomblé, não se
confundindo com esse, no entanto. Ambas são religiões com base em um
culto ancestral africano, com crença em Orixás africanos, mas cada um
encontra seu diferencial na forma de manifestação de sua crença.
As datas de festejos aos Orixás dentro da Umbanda também são
representadas ´pelas datas que se homenageiam os Santos Católicos,
conforme descrevemos abaixo, frisando que estamos falando das datas
que seguimos no Rio de Janeiro:
Oxalá: 25 de dezembro. (Dia do nascimento de Jesus Cristo).
Ogum: 23 de abril. (Dia de São Jorge).
Xangô: 29 de Junho (Dia de São Pedro), e 30 de Setembro. (Dia de São
Gerônimo).
Oxossi: 20 de Janeiro. (Dia de São Sebastião).
Obaluaiê: 16 de Agosto (Dia de São Roque).
Omulú: 17 de Dezembro. (Dia de São Lázaro).
Oxum: 08 de Dezembro. (Dia de Nossa Senhora da Conceição).
Iemanjá: 02 de Fevereiro (Dia de Nossa Senhora das Candeias).
15 de Agosto. (Dia de Nossa Senhora da Glória).
Iansã: 04 de Dezembro. (Dia de Santa Bárbara).
Nanã Buruquê: 26 de Julho. (Dia de Nossa Senhora Sant'ana).
Ibeiji: 27 de Setembro. (Dia de São Cosme e São Damião).
Exú: 13 de Junho. (Dia de Santo Antônio de Pemba).
E assim é dado o sincretismo entre a religião Umbandista e a
religião Católica. E para terminarmos esse texto, abaixo descreveremos
a definição de sincretismo feito pelo Caboclo 7 Espadas:
"Fenômeno místico religioso que visa tornar inteligível um Culto
que possa ser praticado por vários povos ou grupos étnicos, que até o
momento tinham rituais e concepções diferentes. É um mal necessário,
pois se formos analisar profundamente o Sincretismo vamos ver que ele
faz com que vários Cultos se identifiquem em um só Culto (…)”."
E com essa bela colocação e definição do Caboclo 7 Espadas,
terminamos pedindo a todos Umbandistas ou não para que respeitem
profundamente as imagens Católicas, fazendo delas o teor da fé nos
Orixás representadas por elas.
Salve Pai Oxalá, salve todos os Orixás!
Salve Jesus Cristo, salve todos os Santos Católicos que emprestam suas
imagens para que possamos através delas cultuar nossos sagrados Orixás.
Carlos de Ogum.
Obs.: Esse tema foi sugerido pelo nosso querido Cristyann de Oxossi.
Ogã e encaminhador do TUPOM.
Colaboração: Mariana de Oxum.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
A História de Pai Cipriano
"Cipriano Quimbandeiro, chorou no cativeiro. Hoje chora de alegria o Rosário de Maria. Chora, chora, saravando Angola..."
Lá pelos meados do século XVIII, existiu um negro que foi
escravizado pelos senhores brancos, que era conhecido pelo nome de
Cipriano, o bruxo da senzala do sul.
E por que levava esse nome?
Cipriano foi escravizado na tenra idade, trabalhou nas roças de
café, cana de açúcar e trigo de sol a sol por longos e longos anos.
Contudo, a noite na senzala, ele se empenhava com os mais velhos em
aprender as magias, benzeduras e todas as coisas místicas com todos
os negros mais velhos, que eram, cada um especialista em determinada
coisa desse gênero.
E Cipriano, por ser extremamente dedicado ao que fazia, se apegou
em todas as formas de magia e benzeduras, aprendia um pouco com cada
um dos seus mestres negros.
E foi assim que se tornou um grande benzedor e entendedor de
magias africanas, fazendo delas um ponto positivo para auxiliar a
todos que delas necessitavam, e que ele procurava ajudar com toda a
dedicação e carinho.
Por esse motivo Cipriano ficou conhecido por toda região, como o
negro que retirava espíritos sem luz, que curava com suas magias, que
acalmava as dores com suas benzeduras, além de ser um dos mais
entendidos sobre ervas e suas benevolências.
Nos dias de hoje Cipriano se apresenta como Entidade de Luz nos
terreiros de Umbanda, onde trabalha na linha das Almas, sendo um Preto
Velho muito solicitado pela sua atuação dentro do encaminhamento de
obsessores e quebra de magia negra.
Ele quando chega ao terreiro, muitas pessoas parecem temer por
saber quem ele é, e o que ele representa na Umbanda. Muitos assemelham
esse Preto Velho com um bruxo, ou o senhor da cruz de caravaca, cruz
essa que se é utilizada pelos senhores da alta magia.
Mas Pai Cipriano é apenas uma bela Entidade de Luz, que foi
abençoada por Deus, Pai Oxalá e todos os Orixás, para poder retornar
como Entidade para auxiliar os necessitados, e isso ele faz
extremamente bem.
Uma característica desse Preto Velho e chegar nos terreiros de
Umbanda de joelhos, ou arrastando uma das pernas ou mesmo as duas, e
isso tem um motivo que faz parte de sua história na vida terrena,
ainda como escravo.
Como foi dito nos meados do século XVIII , Cipriano era um negro
escravizado, mas extremamente respeitado pela fama que corria a
região, na qual dizia que ele era o bruxo das senzalas.
Essa fama não só trazia respeito para Cipriano, mas também trazia
o carinho de seus irmãos negros, pois todos sabiam que além da fama de
bruxo, ele tinha outra fama, de sempre fazer o possível e o impossível
para auxiliar alguém que necessitava de sua ajuda, sendo nas magias e
benzeduras simples, como a mais alta magia que por mais complicada e
difícil de ser realizada, se fosse para curar, sanar mazelas,
retirar obsessores, ou qualquer coisa que necessitasse da sua ajuda
ele o faria, sem temer obstáculos.
Dentro desse pensamento, certa vez ele foi solicitado pelos pais
de uma criança negra, que se esvairia em sangue, numa hemorragia sem
motivo físico. Os seus pais desesperados sem condição de procurar
ajuda como sanar aquela hemorragia de seu pequeno filho, pois ao
pedirem desesperadamente ajuda aos feitores, foram ameaçados de serem
levados ao tronco.
Diante do fato gravíssimo, um dos negros se lembrou das bruxarias
e benzeduras que Cipriano fazia, e ao falar aos pais da criança,
foram imediatamente pedir ajuda ao negro.
Cipriano foi até a criança, que nesse momento já estava com a
respiração pesada, olhos cerrados e perdendo sangue por entre
orifícios.
Cipriano, com galhos de arruda, guiné e benjoim, fez uma
benzedura, fazendo com que a respiração da criança se acalmasse, e
assim ele colocou as mãos abertas no peito do menino, fechou os olhos,
como se examinasse a criança espiritualmente.
Após alguns minutos em um transe profundo, Cipriano é jogado ao
chão por uma força descomunal, que vinha do corpo da criança. Essa
força invisível, faz com que Cipriano acordasse do transe, não
deixando com que ele terminasse o tratamento espiritual sobre o
menino.
Novamente ele tenta, e novamente acontece a mesma coisa. E nessa
segunda tentativa ele pressente que ali existe muito mais que uma força
que não aceita que ele tentasse curar a criança, mas algo demoníaco
que obsediava o menino, tentando tomar conta de seu espírito ao ponto
de induzi-lo a que sua alma o seguisse a escuridão eterna.
Ao sentir que a mazela do menino negro não era apenas um mal
físico, Cipriano se fechou em oração junto a Pai Oxalá e aos Orixás,
nos quais ele tinha extrema fé. Dali ele tem uma visão das ervas que
deveria utilizar para um banho que levaria aquela força do mal para
longe do menino, e assim poderia, com sua benzedura e magia fazer com
que ele tivesse êxito na cura do corpo físico, já tão debilitado.
Cipriano diz aos presentes que ficassem em oração, pois ele teria
que ir as matas fechadas, em um local único, para apanhar as ervas e
assim dar continuidade a cura do menino. E assim foi feito.
Cipriano se embrenhou pela mata, seguindo o caminho que lhe foi
indicado por meio de visão espiritual. Cada vez mais distante da
fazenda na qual estava a criança, Cipriano via a mata se fechando cada
vez mais, chegando ao ponto de certos lugares ele ter que passar
totalmente abaixado.
Enfim ele encontra o local indicado pela suas visões e no local
todas as ervas necessárias para fazer o banho, o chá e as benzeduras
para salvar a vida da criança.
Após recolher todas as ervas que necessitava, Cipriano tenta se
apressar para chegar em tempo de salvar a pequena criança. E ao se
embrenhar na mata novamente, ele sente que estava sendo observado, e
logo em seguida consegue ver por quem. Um enorme vulto negro, rodeado
de menores vultos da mesma negritude, começam a ficar ao seu redor
tentando fazer com que Cipriano perdesse o rumo do caminho de retorno.
Como ele se fixou no caminho, sem se deixar a ser induzido pelos
maléficos vultos, continuou a caminhar, deixando assim o grande vulto
negro com mais ódio ainda.
O grande vulto negro passa novamente por Cipriano, fazendo menção
de ataque. E como novamente Cipriano não se deixou abalar, o vulto
maior e negro reúne os demais comandados do mal tentando novamente
atormentá-lo. E enquanto os menores vultos vinham de todos os lados
para cima de Cipriano, o vulto maior segue até um covil de cobras,
fazendo com que a mais venenosa das serpentes ficasse em posição de
bote para atacar o negro quando passasse por ali.
E assim aconteceu, Cipriano foi atacado pela venenosa serpente, um
ataque rápido e certeiro em sua perna esquerda, fazendo com que ele
caísse já delirando de tanta dor pelo veneno que se espalhava.
Nesse instante Cipriano se lembra do pequeno menino, que era
tomado pelos espíritos do mal, e ele se fechou em oração pedindo aos
Orixás força para conseguir chegar a seu objetivo e assim curar a
criança.
Com sua fé grandiosa, juntamente com uma vontade descomunal,
Cipriano busca forças, e olhando ao redor, nota que já não está mais
sendo ameaçado pelos vultos negros. Desse momento em diante ele se
arrasta por meio da mata fechada, junto ao chão e as folhas e raízes
que se sobressaiam por todas as fendas da terra.
Cada vez mais cansado, com dores terríveis, já não sentindo suas
pernas, uma pelo veneno da serpente e a outra pelo esforço extremo de
levar seu corpo adiante, Cipriano desaba mais uma vez ao chão.
Ele olha para o céu, clama por misericórdia, com olhos
lacrimejados tentando buscar na sua fé a força que necessitava para
seguir o caminho de volta.
E nesse momento uma luz muito forte aparece diante de seus olhos,
e dessa luz vem uma voz forte, mas serena, que lhe disse:
"Cipriano, você tem nas mãos as ervas necessárias para acalentar sua dor física. Essas ervas podem curar sua perna ferida e envenenada pela serpente do mal. Basta pegar todas, e numa sequência esfregar uma a uma no local da picada, porém terá que usar todas as ervas que tens
em mãos nesse momento.
Sabendo disso, você não terá como salvar o corpo físico da criança da morte, e consequentemente também não terá como salvar o espírito desse menino da escuridão na qual ele está sendo levado pelos espíritos sem luz, que estão nessa constante busca por esse menino por ele ser um espírito puro e iluminado, que virá no futuro ser um grande aliado do bem contra obsessores e kiumbas.
Você tem que usar seu livre arbítrio nesse momento, poderá usar as ervas para se curar, ou poderá arriscar sua vida e seguir em frente para salvar a vida e a alma do menino.
Você poderia se curar e retornar em busca de mais ervas no localindicado, mas contudo não teria tempo hábil para retornar a tempo de salvar a vida da criança."
Ao fim dessas palavras a luz desapareceu da mesma maneira que
apareceu. Cipriano cerra os olhos, e os abre lentamente, olhando seu
embornal com as ervas. Olha também para suas pernas, a esquerda já com
um grande edema, e a direita com feridas abertas por estar sendo
arrastada pelo terreno tão danificado.
Cipriano fecha novamente os olhos, faz uma oração e segue seu
caminho, rastejando por entre as folhas caídas, indo ao encontro do
menino na senzala da fazenda.
Durante longo tempo ele se rastejou, até que se deparou com a
pequena trilha que ligava a mata a fazenda. Que para ele foi um alívio
e uma vitória.
Conseguiu chegar até a fazenda, e lá foi auxiliado pelos seus
irmãos negros a ir até a senzala onde estava a criança.
Chegando diante do menino, Cipriano rapidamente se pôs a fazer
suas orações, suas benzeduras e suas mágicas curas por intermédio das
ervas que tinha em mãos. Delas também fez chás, e logo que se iniciou
o trabalho de cura física e espiritual do menino, já pôde se observar
uma melhora grandiosa.
Quando Cipriano se aproximou do menino colocando suas mãos em seu
peito para dar continuidade a limpeza dos obsessores, o grande vulto
negro, visto na mata, apareceu diante dele, mas já sem forças, e foi
conduzido para longe dali e do menino para sempre.
A criança se recuperou rápido, deixando os seus pais eternamente
agradecidos a Cipriano. Ele porém, após controlar o veneno que agia
maleficamente em seu corpo, ficou com as pernas sem movimento, a
esquerda pela picada da serpente, e a direita pelo esforço extremo que
foi obrigado a fazer para chegar até a fazenda.
Pai Cipriano desencarnou com mais de 80 anos. E no dia de seu
desencarne, ele, sabendo que estava chegando seu momento de partir da
vida terrena, pediu aos negros que se reunissem em sua volta, e
juntos fizessem orações aos Orixás, para que o recebesse de braços
abertos, no local que Pai Cipriano chamava de "Paraíso dos Bruxos".
Ao fazerem o que ele desejava, Pai Cipriano desencarnou nos braços
do menino negro, que nessa época já era um homem feito, que ele salvou
da morte e das garras de obsessores da escuridão.
Esse menino cresceu com um respeito grandioso por Pai Cipriano,
tanto que ele seguiu os passos de seu mestre, e com ele aprendeu todas
as benzeduras, mandingas e o domínio das ervas, sendo para curas
físicas ou espirituais, e que mais tarde também, como seu mestre
viraria uma Entidade de Luz trabalhadora da Umbanda, e levaria o nome
de Pai José.
E essa é a história de nosso Preto Velho Pai Cipriano, como ele
ficou conhecido, como ele salvou da morte Pai José, ainda na tenra
idade.
Saravá Pai Cipriano, o grande mestre em retirar eguns, kiumbas e espíritos zombeteiros de pessoas obsediadas por esses espíritos malignos.
Adorei as Almas!
Adorei Pai Cipriano!
Carlos de Ogum
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
AS GUIAS DE CONTAS DA UMBANDA.
As Guias de Contas da Umbanda.
Uma das coisas que mais chamam atenção nos médiuns trabalhadores
da Umbanda, são as guias ou colares de contas por eles utilizados.
Mas qual a finalidade desses colares?
O que eles representam?
Abaixo vamos falar um pouco dessas guias, suas cores, formas, o
que se faz representar, como devemos utilizar, como devem ser feitas,
quem as pede, as diferenças de cada uma.
As guias ou colares de contas, representam a força vibracional de
um Orixá ou de uma Entidade de Luz, também demonstram o grau de
mediunidade de cada filho da casa , de cada linha que se trabalha,
assim como também podem ser utilizadas para proteção do médium fora do
terreiro.
Guias de trabalho e guias de proteção.
As guias poder servir para o trabalho de um médium dentro de um
terreiro e também para proteção do mesmo fora do terreiro ou casa
espírita.
Guias de Trabalho.
As guias de trabalho, são de uso exclusivo para dentro do
terreiro, nos dias de gira, nos dias de festas, nos dias de batismo,
entre as outras coisas feitas dentro da casa umbandista.
Elas devem ser feitas de acordo com os Orixás do ori do médium,
de acordo com o pedido de alguma Entidade da coroa do médium, nas
cores determinadas de cada Orixá ou Entidade, de contas leitosas para
a Umbanda, e cristal para o Candomblé. Como vamos nos frisar em
Umbanda, nossas colocações serão de acordo com as regras Umbandistas.
As guias de trabalho devem ser firmadas, ou seja, elas terão no
ponto mais alto (parte inferior da cabeça, sendo encostado a nuca) uma
firma, que é uma peça feita com o mesmo material das contas
leitosas, sendo essa comprida e cilíndrica, onde deve ser terminado o
fechamento da guia, que ficará encostada a nuca do médium, quando for
utilizada a guia de trabalho.
Essa guia de contas leitosas devem ter as cores indicadas de cada
Orixá da coroa do médium, sendo algumas de uma só cor, outras
bicolores ou na quantidade de cores conforme a necessidade de cada
Entidade de Luz.
Essas guias também podem ser feitas com outros tipos de materiais,
dentro dos pedidos das Entidades trabalhadoras, sendo esses materiais
como contas de sementes (lágrimas de Nossa Senhora), cruzes e figas de
madeira, couro, palha. Tudo isso dentro da necessidade de cada
Entidade de Luz.
Guias de proteção.
As guias de proteção são feitas a pedido de uma Entidade de Luz ou
pelo próprio médium ou consulente, para que possa ser usada dia a dia
para proteção nas ruas, contra assaltos, acidentes, inveja entre
outras coisas.
Essas guias também são feitas da mesma forma das guias de
trabalho, porém não se é utilizado as firmas, e normalmente é feita
nas cores da quais a Entidade que foi solicitada a fazer se utiliza.
Podendo também ser feita nas cores dos Orixás da coroa do médium ou
consulente, assim como também com sementes (lágrimas de Nossa Senhora)
ou mesmo em couro.
Cores e Formas de Guias.
As cores, como já foi dito vai de acordo com o Orixá da coroa do
Médium ou a Entidade que pediu. Abaixo vamos descrever algumas guias
da Umbanda.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS BRANCAS:
Essa guia vibra a força de Pai Oxalá, normalmente todos os filhos
ao entrar para trabalhar em uma casa de Umbanda, já devem estar com a
guia de Oxalá. Mesmo sem saber quais são os Orixás de Ori, mesmo sem
ter desenvolvimento mediúnico, o médium já deverá estar usando a guia
branca. É a primeira guia da vida de um médium pela regra da Umbanda.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS VERMELHAS:
É a Guia para vibração do Orixá Ogum, sendo ele o pai da coroa de
um médium. Ela normalmente é toda vermelha com firma da mesma cor,
podendo ser utilizada pequenas espadas de aço, para a simbologia desse
Orixá. Contudo isso não vai de acordo com a vontade do médium, e sim
pela determinação da Entidade que solicitou esses símbolos.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS MARRONS:
São guias para os filhos de Xangô, elas normalmente são todas
marrons com firma da mesma cor, podendo também, em alguns casos ser
divididas em 3 marrons e uma branca. Também pode ser inserida o
símbolo de Xangô, que é o machado pequeno em aço, isso quando
determinado pela Entidade solicitante.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS VERDES:
Essas guias são utilizadas normalmente pelos filhos de Oxossi,
sendo toda em contas verdes e firma também da mesma cor. Como nos
casos acima, também pode ser inseridos o símbolos desse Orixá, que
nesse caso pode ser um arco e flecha ou uma pequena flecha de aço.
Essas guias verdes também podem ser utilizadas por Caboclos, sendo
da mesma forma as contas e a firma, porém em alguns casos podem
incluir outras cores nas contas, e também ´podem ser pedido dentes de
animais, penas, sementes, etc.
Da mesma forma também aos Boiadeiros, sendo que podem ser inclusos
pedaços de couro, olho de boi (semente), etc.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS BRANCAS E PRETAS:
É utilizada nas guias dos filhos de Obaluaiê, sendo divididas
conforme a solicitação da Entidade, podendo ser uma branca e uma
preta, ou três brancas e três pretas ou mesmo sete brancas e sete
pretas, fechando com a firma branca raiada de preto. Pode ser
solicitado o uso de pequenas cruzes em aço, como simbologia desse
Orixá.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS AMARELAS E PRETAS:
As guias bicolores em amarelo e preto em suas contas, são
utilizadas para médiuns filhos de Omulú, sendo também conforme
Obaluaiê, divididas de uma a uma, ou de três em três, ou também de
sete em sete contas intercaladas, com a firma preta raiada de amarelo.
E como o símbolo de Omulú é o mesmo de Obaluaiê, também pode ser
solicitado pequenas cruzes em aço, para ser colocado na guia, conforme
instrução da Entidade solicitante.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS AZUIS ANIL OU AZUIS CLARO:
Essas guias são utilizadas para filhos de Oxum, sendo toda em azul
anil ou mesmo em azul claro, com firma da mesma cor das contas. A
diferença do azul claro ou do azul anil, vai depender da sequencia dos
outros Orixás da coroa do médium, e é determinado pela Entidade
solicitante. Poderá ser pedido pequenos corações de aço para a guia do
filho de Oxum, sendo essa a simbologia dessa Orixá.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS AZUIS CLARO:
Essa guia é para os filhos de Iemanjá, ela deve ser feita toda em
azul claro, com a firma da mesma cor. Em alguns casos pode ser contas
azuis e brancas, com quantidade e separação determinada pela Entidade
solicitante. Nesse caso também se usa a firma azul claro. Como Iemanjá
e a Rainha do mar, mãe dos peixes, muitas vezes podem ser pedidas para
acrescentar na guia pequenos peixes em aço ou mesmo cavalos-marinhos,
também do mesmo material.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS AMARELAS:
As guias com contas amarelas e firmas da mesma cor, são utilizadas
pelos filhos da Orixá Iansã. Elas devem ser amarelas de um tom mais
claro, e podem ter, dentro da determinação da Entidade solicitante, o
símbolo dessa Orixá, que é o Raio (Eruexim, cabo de ferro ou cobre com
um rabo de cavalo).
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS ROXAS:
Para os filhos de Nanã Buruquê se utiliza a guia com contas roxas,
sendo a firma da mesma cor. Em alguns raros casos pode ser solicitado
pela Entidade que instruiu a confecção da guia a ser utilizado uma
cópia miniatura de um Ibíri (um feixe de ramos de folhas de palmeira ,
com a ponta curvada enfeitada com pequeninos búzios).
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS ROSAS, OU ROSAS E AZUIS, OU AZUIS:
Essa guia é bem particular, pois ela é a guia vibracional de
Entidades de Luz na fase infantil. São utilizadas na maioria dos
terreiros por todos os médiuns, principalmente nas festas de Ibeijada,
Erês, na comemoração do dia de Ibeijis.
Elas podem ser toda de contas rosas com firma da mesma cor
(normalmente solicitada por uma criança do sexo feminino), ou
podem ser toda com contas em azul claro, sendo a firma na mesma
cor (normalmente quando solicitado por uma criança do sexo masculino).
Mas como tanto médiuns femininos quanto masculinos podem receber na
coroa meninos e meninas, é mais comum ser utilizada a guia bicolor nas
cores rosa e azul, sendo a firma rosa raiada de azul ou azul raiada de
rosa.
Em alguns casos pode ser solicitado pela criança trabalhadora da
Umbanda uma diferenciação em sua guia, podendo ser com contas maiores
do que as normais, algumas utilizam bonequinhos, algum brinquedinho,
podem ser fechadas ao invés de firmas com contas acima do tamanho das
contas da guia, podem fazer várias diferenciações, tudo vai da vontade
e da precisão da Ibeijada.
GUIA COM FIRMA E CONTAS LEITOSAS PRETAS OU VERMELHAS E PRETAS:
Essas guias são utilizadas para nossos compadres Exús e nossas
comadres Pombo Giras.
Elas são formadas e confeccionadas conforme a solicitação dessas
Entidades de Luz, sendo feitas da seguinte maneira:
Exú: O Exú pode utilizar a guia preta quanto a vermelha e preta, tudo
dentro da linha e irradiação que ele trabalha.
Sendo de contas pretas, a firma deve ser da mesma cor., e pode ser
utilizado, dentro da determinação da Entidade, pequenos tridentes de
aço, sendo esses tridentes retos, chamados de tridente masculino.
Pode também ser pedido pelo o Exú, pequenos punhais de aço.
Eles podem ser divididos em três, sete ou até 21 tridentes ou
punhais na confecção da guia, tudo isso dentro da irradiação e
trabalho do Exú solicitante.
Sendo de contas vermelhas e pretas, a firma pode ser preta, preta
raiada de vermelho, vermelha ou vermelha raiada de preto. Também se
pode ser utilizada pequenos tridentes ou punhais de aço, conforme
vimos acima.
Pombo Gira: Na linha das Pombo Giras, também podemos ver guias da
mesma forma dos Exús, sendo tanto Vermelha e preta quanto apenas
vermelha, e com firmas também da mesma forma dos Exús, podendo ter
como firmamento os punhais e tridentes em aço, só detalhando que os
tridentes no caso da Pombo Gira são tridentes curvos, os chamados
tridentes femininos.
Essas colocações para as guias de Exús e Pombo Giras foram feitas
para um modo geral, podendo tranquilamente ser diferenciada por um ou
outro detalhe, como por exemplo a quantidade de contas de cada cor, ou
outro símbolo mais particular de cada Entidade (pois são milhares e
milhares de Exús e Pombos Giras diferentes).
GUIAS COM FIRMA E CONTAS VERMELHAS E BRANCAS.
Essa guia é utilizada para nossos companheiros Malandros e
Malandras.
Elas são bicolores em contas vermelhas e brancas, com
firma vermelha ou branca, podendo ser raiada ou não.
As contas podem ser divididas em uma a uma, três em três, sete em
sete, vinte e uma a vinte uma, ou até mesmo uma quantidade maior de
uma cor e menor de outra, tudo dentro da determinação da Entidade de
Luz que determinou a fazer a guia para o médium.
Raramente se vê uma guia dos Malandros com algum símbolo,
normalmente são apenas as contas vermelhas e brancas e a firma, mas em
pouquíssimos casos pode ser pedido para ser adicionado uma ou três
piriguaia (variedade de búzio) na guia.
GUIAS DE SEMENTES (LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA):
Essas guias são muito utilizadas pela linha de Preto Velho, elas
são confeccionadas de acordo com a vontade e determinação da Entidade,
muitas vezes tem a aparência de um terço para orações. Podendo ela ter
figas de guiné ou de arruda nas divisões das sementes, normalmente não
tem firma, mas pode ter uma cruz em madeira na parte central inferior
da guia.
Alguns Pretos Velhos podem fazer uns patuás para serem colocados
em determinadas guias de sementes, em pontos demonstrados por eles, e
esses patuás podem ter uma variedade de coisas, como figas, cruzes,
medalhas de anjos, orações, sementes, entre centenas de outras coisas
que a Entidade julgue ser necessário para auxiliar o médium na hora da
incorporação.
Essas guias também podem ser pedidas por algum Caboclo, podendo
ela ser toda de semente e com uma firma da cor normalmente verde, ou
podem ter flechas, arcos ou lanças em aço, da mesma forma das guias em
contas verdes.
GUIAS DE COURO:
Não muito vista nos terreiros de Umbanda, pois essa guia é
utilizada por médiuns trabalhadores que incorporam Boiadeiros, e por
muitas vezes o próprio Boiadeiro, se caso pedir uma guia, a pede de
contas verdes com apetrechos, conforme já foi dito antes.
Todas as guias devem ser confeccionadas sempre por determinação da
Entidade trabalhadora da coroa do médium, ou por uma Entidade
incorporada ao responsável pelo terreiro no qual o médium faz parte.
As guias podem ser utilizadas de uma forma tradicional, ou seja,
pendurada ao pescoço, com as firmas voltadas a nuca do médium, mas em
alguns casos podem ser determinado pelas Entidades a serem utilizadas
cruzada ao corpo, como por exemplo se iniciando do ombro esquerdo com
o término na parte lateral inferior direita do corpo (linha da
cintura), ou vice e versa.
É importante dizer que em algumas casas tem como regra para cada
guia de Orixá ou Entidade de Luz um determinado número de contas ou
sementes, porém essa regra traz um problema aos médiuns, pois sendo
assim elas nunca ficam de acordo com o tamanho desejado, na maioria
das vezes ficam extremamente pequenas, e com isso atrapalha, pelo
incômodo que ela causa, a concentração do médium antes da
incorporação. Por isso o mais correto a fazer e manter uma regra
simples, todas as guias devem, ao serem colocadas devem ficar na
altura do umbigo do médium, pois assim não tem como ficar algo
incômodo independente da altura de cada um.
As guias são o ponto de vibração entre a Entidade e o médium, elas
não são adornos ou enfeites. Use-as sempre por determinação da
Entidade e sempre dentro da linha de trabalho, nunca esquecendo que
guias de Umbanda são de Umbanda e de Candomblé são de Candomblé, não é
porque achou uma guia mais bonita que ela serve para sua coroa ou sua
vibração junto a Entidade.
Respeite as guias, respeite sua coroa, respeite suas Entidades.
Carregar Guias No Pescoço É Muito Bonito, Difícil É Saber Respeitar O
Que Elas Representam. (Vô Tião)
Carlos de Ogum.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Vovó Anita, A Preta Velha Doceira
Na Umbanda temos muitas Entidades de Luz que nos fazem pensar
muito sobre a vida, sobre a caridade, sobre o amor a nossos
semelhantes, sobre a fé em nosso Pai Maior, e entre essas Entidades
divinas está uma Preta Velha que demonstra muito tudo isso para nós
Umbandistas ou não.
O nome dessa Preta Velha é Anita, ou melhor dizendo, Vovó Anita a
Preta Velha Doceira.
Portanto hoje falaremos um pouco dessa Entidade de Luz, mostrando
o seu carinho e amor com a natureza, com seus irmãos negros
escravizados como ela, mostrando suas magias, benzimentos e a sua
grande fé em Deus, nos Orixás e nas forças que esses Orixás
representam diante da natureza.
Anita nasceu no Brasil, em uma fazenda cafeeira, décima segunda filha
de uma negra escrava e procriadora, seu pai era escravo, também
procriador, sendo ele de outra fazenda vizinha.
Ela não sabia ao certo o números de irmãos que tinha, pois a
maioria foram vendidos as fazendas da região ainda na fase infantil.
Seu pai ela só viu duas vezes quando ele voltou a fazenda na qual
Anita cresceu, para que fosse conduzido a uma nova procriação, e entre
essas duas únicas vezes ela não sabia como se portar, o que dizer, o
que pensar sobre tudo aquilo, então se passou despercebido esses
encontros e para ela é como se nunca tivesse existido em sua vida
aquele contato entre pai e filha.
Anita era uma menina muito dedicada a seus afazeres, tudo que era
Ensinado e demonstrado a ela aprendia facilmente, guardava todos os
detalhes, e criava coisas novas adicionando mais outros detalhes.
Com isso Anita cresceu na fazenda com a responsabilidade de usar
seus dons para fazer os deliciosos doces com frutas, na qual ela
misturava um a um com paciência e dedicação, até se formar algo
inexplicável, extremamente saboroso e insubstituível.
Com essa dedicação, ela com o passar dos anos e com mais
experiência, certa noite acorda um tanto assustada com uma voz que
chamava por seu nome.
Ela subitamente se levanta de sua tarimba, tentando buscar de onde
veio a voz, olhando para os lados e vendo todos seus irmãos negros
dormindo, fica um pouco assustada ao voltar a ouvir a voz a chamando.
Nesse instante ela tem uma visão de um fecho de luz vindo em sua
direção, e dentro dessa luz uma linda imagem de uma velha senhora
sorridente.
A senhora a olha com carinho e lhe entrega um pequeno galho de
arruda juntamente com um ramo de guiné, dizendo-lhe:
"A partir de hoje você usará esse galho de arruda e esse ramo de
guiné amarrado em seu braço direito, fazendo-se assim uma porta para
que as divindades da natureza possam utilizar de teus talentos como
a senhora da frutificação e a mãe de suculentos doces, não só para
agradar o paladar de pessoas famintas pelo sabor inigualável provindo
dessas iguarias, mas sim, que a partir de hoje terás o dom de cura se
utilizando desse poder natural.
E usará esse dom, além de benzeduras, para curar pestes de seus irmãos negros e de seus senhores brancos, sem recuar ou fraquejar por mais que tu aches difícil a peste que possa ser espalhada dentre teu povo e senhores."
Ao dizer isso a imagem desaparece diante dos olhos de Anita,
que segura firmemente as ervas dadas a ela.
A partir desse dia Anita passou a usar os ramos em seu braço
direito amarrado com uma fina palha de milho.
Ela decidiu então contar toda a história a Joaquina, uma velha
escrava que por mais de uma centena de anos vivia na fazenda, e por
ser uma negra muito respeitada por todos e por ter conhecimentos
diversos, inclusive de feitiçaria, Anita acreditou que seria o melhor
caminho para que tivesse entendimento sobre tudo aquilo.
A Velha Joaquina, olhando ao ramo no braço de Anita, diz:
"Minha filha, está para chegar tempos difíceis nessa região,
teremos uma grande nuvem negra sobre nossas cabeças, uma peste vai
aparecer e poderá tomar conta de nossos corpos. Você tem a luz para
salvar muitos de nossos irmãos e nossos senhores. Vá até seu pomar, e
dele traga as frutas que você desejar, pois essas frutas misturadas
com algumas ervas vai ser o remédio de cura de nosso povo e senhores.
Antes disso, se firme em Oxalá e em todos os Orixás trazendo as forças
da natureza junto ao que você ira fazer."
Anita foi ao pomar recolheu várias frutas, foi recolhendo também
muitos tipos de ervas. Foi para a senzala e ficou em oração junto ao
pai maior. E 3 dias se passaram, quando os primeiros negros desabaram
com a força da peste, foi uma doença que se espalhava pelos pulmões,
levando aos mais fortes dos negros caírem sem condição de respiração.
Anita como em transe, fez todas as misturas possíveis, e dessas
misturas saiu um chá de frutas e ervas, e uma pasta da mesma mistura.
E a peste chegou a casa do Coronel fazendeiro e senhor dos
escravos.
Ele foi o primeiro a se acamar, levando logo em seguida a sinhá
sua esposa.
Vários doutores médicos vieram a fazenda, mas nenhum deles tinham
a solução, e alguns deles saiam dali com a peste.
Nas senzalas vários negros se amontoavam sem nenhuma condição de
uma cura. E foi ai que a negra Joaquina foi ao encontro do coronel
fazendeiro, e falou sobre a possível cura, que se encontrava nas mãos
da negra Anita.
O Coronel manda buscar Anita, que já era famosa pelas suas
deliciosas iguarias, e agora seria ainda mais conhecida por usar
dessas iguarias um modo de trazer a cura para todos que sofriam da tal
peste.
Ela chega a casa grande da fazenda, indo ao encontro do Coronel,
que foi o primeiro a utilizar a magia provinda das frutas e ervas,
todas passadas pelas mãos da eficiente e tão cuidadosa Anita.
Ela faz com que o Coronel bebesse do chá, sendo em pequenos goles,
enquanto ela passava a pasta com frutas e ervas espalhando sobre a
altura dos pulmões dele. Nesse momento Anita novamente entra em uma
espécie de transe, fazendo uma oração na qual lhe parecia um linguajar
familiar, mas que na verdade só ela mesma entendia.
E assim a respiração do senhor Coronel, que até esse momento era
pesada e muito difícil, foi ficando mais calma, leve entrando em ritmo
de uma normalidade extrema.
Ele olhando nos olhos de Anita, sente uma paz imensa, as dores
cessaram, e o corpo não mais estava febril.
Agradecido pela melhora imediata, ele com lágrimas nos olhos
suplica a negra Anita que curasse a sua esposa também, que ele seria
eternamente agradecido.
E assim foi feito, Anita da mesma forma feita ao Coronel, fez a
tão querida sinhá, que em pouco tempo já estava recuperada. E ela por
sinal, estava por demais preocupada com os negros que adoentaram
juntamente com seus senhores, pedindo carinhosamente a Anita que fosse
as senzalas levar aquela tão milagrosa cura a todos os enfermos.
E ela foi, pacientemente, caridosamente a cada um dos seus irmãos
de raça, e entre um transe e outro, Anita findou com a peste dentro da
fazenda, sem uma só morte entre todos que adoeceram, diferentemente de
outras fazendas que tiveram muitas perdas de vida, tanto de negros
quanto de senhores de escravos.
As falas sobre as curas feitas por Anita se espalharam por toda
região, e assim todos os Coronéis fazendeiros foram em busca da ajuda
dessa divina senhora doceira. E ela cuidou e curou centenas de
pessoas, sendo escravos e senhores de escravos.
O Coronel da fazenda na qual vivia Anita, ficou extremamente
agradecido por tanta dedicação e caridade da negra Anita, dando-lhe de
presente dentro da fazenda uma choupana e a chance dela sair das
senzalas abarrotadas.
E assim ela viveu até seus 90 anos, dentro da fazenda cafeeira, em
sua choupana e em volta todo seu pomar de frutas e ervas mágicas que
utilizava para curar diversos tipos de males do corpo e do espírito,
pois a Velha Anita também se tornou uma das mais conhecidas negras
curandeiras de toda a região.
Ela desencarnou duas décadas antes da libertação de seu povo
escravizado. E no dia de seu desencarne, ao saber do fato, todos os
negros da região colocaram em seus braços direito um galho de arruda e
um ramo de guiné, para que assim a Preta Velha Anita os protegessem de
todos os males físicos e espirituais.
Hoje a vovó Anita trabalha nos terreiros de Umbanda, auxiliando os
filhos que tenham males do corpo e da alma, trazendo paz, abrindo
caminhos a todos os filhos necessitados. Nunca deixa um filho sem uma
luz no caminhar, nunca deixa de mostrar a força da fé no Pai Maior e
nunca deixa de mostrar que a natureza é a força contra muitas coisas
que viram obstáculos em nossa vida.
Saravá a divina e caridosa Preta Velha Vovó Anita!
Adorei as Almas!
Carlos de Ogum.
(Agradecemos a nossa querida Médium Aninha de Iemanjá por nos dar a
satisfação de conhecer essa bela Entidade na linha dos Pretos Velhos,
através do trabalho de caridade e desenvolvimento mediúnico em nosso
terreiro.)