Hoje venho falar de algo muito especial, ser Pai de Santo.
Antes vamos observar apenas a palavra "Pai".
Ser Pai é algo tão sublime como ser Mãe, apesar de muitas pessoas
darem uma importância suprema a palavra "Mãe".
E entendo esse exaltar, entendo o amor pela palavra Mãe, mas dou a
mesma importância ao Pai. E falo isso por mim mesmo, pois sou pai. Um
pai na doce expressão de ser realmente um pai.
O pai que cuida, educa, se preocupa, ama seu filho acima de tudo. O
pai que se levanta nas madrugadas frias para verificar se seu filho
não passa frio, o pai que vela pelo sono tranquilo de seu protegido em
noites de tempestade, o pai que se desespera pelo pequeno atraso de
seu menino já crescido, o pai que chora com o choro de sua eterna
criança, o pai que ri das piadas sem graça de seu comediante mirim.
Enfim, o pai que ama seu filho como se ele fosse o único ser existente
na face da terra.
Acredito que todos os pais deveriam ter esse sentimento, essa
preocupação, esse amor.
E alguns pais, que amam seus filhos, se estendem com essa
nomenclatura de "Pai" para algo um tanto maior, pois levam esse amor
tão imenso para dentro da religião que ama, como por exemplo a nossa
linda e sagrada Umbanda. E a partir daí se tornam nossos Pais de
Santo, que na maioria das vezes são tão importantes para nós como
nossos pais consanguíneos.
Abaixo gostaria de anexar um texto que recebi de uma amiga, Fernanda Almeida, para
melhor demonstrar o amor de um Pai de Santo aos filhos de seu
Terreiro. Em um tom de desabafo, esse texto é uma verdadeira
demonstração de amor aos Filhos de Santo, e que muitos desses filhos
que frequentam uma casa de Umbanda, não entendem ou não percebe o
imenso carinho e amor que um Pai de Santo, e gostaria nessa frase
também mencionar as queridas Mães de Santo, pois o amor é igual, tem
por seus amados Filhos de Santo.
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Desabafo de um Pai de Santo.
Autor: Cláudio Alessandro Lino.
"Queridos filhos de santo que hoje se reúnem para falar mal de pais e
mães de santo, Gostaria em nome de meus co-irmãos pedir-lhes desculpas
por termos abertos nossas portas para recebê-los sem muitas vezes
conhecê-los profundamente.
De perdermos nossas noites de sono tentando arrumar uma solução
para os problemas que vocês criaram para suas vidas, de nos privar de
algumas coisas em nossas vidas pessoais porque precisávamos ajudar um
filho que não fez sua parte na casa.
De ampará-los, de brigarmos com vocês achando que nossos conselhos
iriam lhe encaminhar para o melhor, de suas vidas terem melhorado um
pouquinho, mais para vocês não ser o suficiente, de nos importarmos em
querer o melhor para vocês.
Simplesmente desculpem, continuaremos aqui, muitas vezes magoados com
suas atitudes e falhas, porém com a certeza de que daqui há pouco
passará e faremos tudo novamente pois o nome disso é MISSÃO!!!
Reflitam!"
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Esse relato em forma de desabafo de nosso amigo acima demonstra
bem que até mesmo alguns filhos de Santo de uma casa não compreendem,
não percebem e não valorizam seus verdadeiros Pais de Santo.
E o que podemos entender como "verdadeiro Pai de Santo"?
O Pai de Santo é aquele que vemos como um caminho a seguir, é
aquele que não usa de seu título para induzir seus filhos a errar, é
aquele que mostra que a Umbanda é uma religião não um comércio da fé,
é aquele que protege seu terreiro e seus consulentes contra médiuns
prepotentes, vaidosos, mentirosos e mistificadores, é aquele que
abraça seu Filho de Santo como abraça um filho consanguíneo,
educando-os, encaminhando-os e amando-os.
Gosto de frisar para deixar muito claro, que nem todas as pessoas
que estão a frente de um Terreiro, que vestidos com o branco de nossa
Umbanda, que paramentado com Guias de contas sejam Pais de Santo,
pois, um Pai de Santo não é feito por roupas ou guias, ele é feito de
um intenso grau de mediunidade, honestidade, caráter, humildade e
amor.
Não se deixem enganar pelos falsos Pais e Mães de Santo que
transformaram sua missão em poço de vaidade ou em um modo de adquirir
bens econômicos enganando seus semelhantes.
Por várias vezes as pessoas me perguntam se eu acho agradável ser
um Pai de Santo, e por mesmo número de vezes eu não sei bem o que
responder. Não porque não ache agradável, em alguns casos até poderia
dizer que sim, pois a Umbanda é algo tão sublime em suas
demonstrações de amor e fé, que extremamente agradável fazer parte
desses grupos, e mais ainda de ser uns dos que está a frente dessa
disseminação de caridade e fé.
Dentro da Umbanda não há um tradicionalismo, como em outras
religiões, pois não tendo regras escritas dando poderes de líder ao
Pai de Santo, estando ele a frente de uma casa de Umbanda, será ele
que vai dirigir o terreiro, sendo assim sua palavra tem uma grande
força nas decisões tomadas dentro daquela casa.
O fato é que, em muitas casas, ele não é nomeado nem eleito, ele
tem fiéis seguidores que aceitam e acreditam no que é pregado pelo
mentor da coroa dele.
O Pai ou Mãe de Santo são os chefes da comunidade de fiéis que
buscam ajuda, desenvolvimento mediúnico, tratamento espiritual e
abrigo sobre o teto de seu Terreiro.
O Orixá do Pai de Santo será sempre o chefe espiritual da casa.
Ele marca a linha de trabalho do terreiro e a entidade dessa linha que
incorpora nele sempre será o chefe espiritual do terreiro que ditará
todas as normas e regras para o seu funcionamento.
Finalizando, o Pai de Santo é um Médium extremamente preparado,
mas é um médium como todos os Médiuns frequentadores de uma casa de
Umbanda. Foi desenvolvido mediunicamente e espiritualmente para ser "O
Pai de Santo", o que vai mostrar caminhos, o que vai buscar ajudar ao
filho que necessita, o que vai trabalhar ´para o desenvolvimento dos
Filhos de Santo. E isso além de missão é uma obrigação.
Então não é necessário que idolatre um Pai de Santo, mesmo que ele
exija isso.
Pai de Santo não é para ser idolatrado, apenas basta respeitá-lo
como líder da religião, que é tão linda e sagrada, a nossa Umbanda.
Saravá todos os Pais, Mães e Filhos de Santo de nossa Umbanda!
Carlos de Ogum.