quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A HISTÓRIA DE ROSINHA DE OMULÚ E DE ZEZINHO DA PRAIA. ( IBEIJADAS)


  

 A História de Rosinha de Omulú e de Zezinho da Praia. (Ibeijadas)

Em um dia de muita luz,
no terreiro vieram saravá,
trazendo o nome de Jesus,
nosso amado Pai Oxalá.

Uma pula e salta como pipoca na panela,
humilde como preto velho mas sagaz como um Exú,
as vezes quietinha e as vezes tagarela,
é a Rosinha menina bela da linha de Omulú.

O outro é um menino encantador,
abençoado por Pai Oxalá,
de sua vida só gestos de amor,
esse é Zezinho da Praia o filho de Iemanjá.


    Rosinha de Omulú é uma menininha sapeca, risonha, meiga, que
trabalha na linha de Ibeijada nos terreiros de Umbanda.

    Ela vem na irradiação de Pai Omulú, com vibração também em Obaluaiê
e Nanã Buruquê.

    Zezinho é um menininho risonho, de olhos brilhantes, sorriso largo
e muito meigo.

    Trabalhador pela caridade nos terreiros de Umbanda, trazendo a
irradiação de Iemanjá para os filhos que buscam auxílio.

    Eles trabalham fazendo a caridade, trazendo saúde para o corpo físico,
paz para as famílias, quebrando magias, e faz isso tudo brincando como
criancinhas bem normais..

    Rosinha e Zezinho eram irmãos e tiveram suas vidas encarnadas no
início do século XX na Região Sudeste do Brasil. E nessa região
demonstraram que o amor e a caridade de uma criança podem estar muito
distante do entendimento dos seres humanos.

    Filhos de um sargento da polícia militar e de uma enfermeira
inglesa, Rosinha e Zezinho cresceram acompanhando um grande impasse
entre os pais. A mãe era a cuidadora dos doentes, independente de raça
ou posição social, e o pai era chefe de um departamento da polícia que
caçava os negros que viviam amontoados nos morros longe da elite
branca.

    Com isso era constante as brigas e discusões entre os pais das
crianças, que observavam tudo aquilo sem entender muito o que se
passava.

    Certo dia as crianças voltando de uma casa de orações com a mãe se
depararam com uma jovem negra desesperada levando uma criança de
alguns meses de vida aos braços. Essa criança em estado muito febril,
tinha seu pequeno corpo inerte, enquanto a jovem, que era sua mãe
chorava desesperadamente pedindo socorro, que alguma boa alma salvasse
sua criança.

    A mãe de Rosinha e Zezinho, sem pestanejar, pegou a criança ao
colo, e seguiu com ela e a jovem para a própria residência.

    Chegando lá, se utilizando de seus dotes de enfermagem, fez
compressas, medicou, alimentou a criança e a mãe. Deixando-as em um
dos quartos da grande casa que residiam.

    Pediu descrição as crianças, pois de modo algum o marido poderia
saber que ali se encontrava uma negra e seu filho.

    A jovem mãe e seu filho ficaram por muitos dias escondidos na
residência da enfermeira, que com ajuda de seus filhos conseguiu
esconder todo acontecido do severo sargento.

    A criança voltou a ter sua saúde restabelecida, e assim a jovem
mãe, extremamente agradecida partiu para o alto do morro novamente.

    Aquelas cenas de caridade ficaram marcadas nas mentes da menina
Rosinha e do menino Zezinho, e longas conversas se iniciaram entre os
dois sobre o acontecido.

    Após essas conversas, as crianças decidiram que iam ajudar os
moradores dos morros, e para isso teriam que ir a esses morros. Mas
nunca imaginaram que ali estava se iniciando o caminho desses anjos
rumo a evolução extrema, ao ponto de serem abençoados a se tornarem
Entidades de Luz.

    Decidiram também não falar com a mãe sobre essa vontade de
lutarem para auxiliar os menos favorecidos, pois caso o pai
descobrisse, a mãe deles não poderia ser responsabilizada, além de
acharem que a mãe os impediria em sua jornada por ela entender que
seria de extremo perigo. Assim como de fato era mesmo.

    Com a ideia na cabeça e a caridade no coração, as crianças
começaram a busca incansável de alimentos, roupas, remédios e tudo
mais que pudesse auxiliar os moradores dos morros.

    Fizeram um amontoado de coisas, e decidiram que antes de levar
algo, deveriam saber onde levar e para quem levar, e foi assim que os
dois saíram as escondidas pelas ruas da cidade.

    Em tons de infantilidade e brincadeira, riam, cantavam e
demonstravam a felicidade de estarem nessa aventura tão empolgante e
gratificante para ambos.

    Na chegada a entrada do morro, avistaram muitos homens de farda,
fardas iguais a do pai deles. Ficaram um pouco receosos de encontrar o
sargento, mas notaram que ele não estava ali. Respiraram fundo e
disfarçadamente, sem chamar atenção dos guardas foram andando devagar,
sem alarde, até que ficaram de frente com a grande subida íngreme, e
correram em disparada, como se estivessem sendo perseguidos por um
batalhão de guardas.

    Após alguns minutos já estavam no centro do morro. E passaram a
observar tudo ainda escondidos aos troncos de árvores.

    Viram muitas crianças negras brincando de pega pega, que lhes deu
muita vontade de brincar também. Viram as mulheres com latas de água
na cabeça, homens em alguns afazeres, barracos, muita pobreza.

    Ficaram parados sem saber exatamente o que fazer, um tanto
atônitos com uma realidade desprezível que eles jamais imaginavam que
existia.

    Em um dado momento o menino Zezinho quebra o silêncio e diz a sua
irmã Rosinha, já indagando, que ele não entendia o porque seu pai, o
sargento da polícia, queria pegar e maltratar essas pessoas.

    Ela também sem entender o porque desse fato, simplesmente balançou
a cabeça e os ombros, demonstrando sua negativa.

    Ficaram ali por algum tempo ainda escondidos observando, quando
algo inusitado os chamou atenção. Uma menina da base da idade dos
irmãos, apoiada em um pedaço de madeira, saltava com o pé levantado,
enquanto na outra mão trazia uma vasilha. Ela foi assim saltitando até
uma pequena bica de água, encheu sua vasilha e já ia dando meia volta
para o local de onde veio, quando se desequilibrou e caiu. Toda a água
caiu sobre a menina, que segurando sua perna chorava copiosamente.

    Os dois correram ao socorro da pequena menina negra, que ao ver os
dois irmãos se assusta. E eles explicam que queriam ajudar a ela a se
levantar, e levá-la para onde desejasse.

    Ela diz que precisa pegar água, pois sua mãe está muito doente, e
ela está sozinha. Com isso as crianças a ajudam a caminhar e a levar a
água até a sua mãe.

    Ao entrarem no pequeno barraco de madeira, se deparam com uma cena
lastimável, uma mulher negra deitada ao chão, em estado febril, com
uma magreza cadavérica. Sobre sua face moscas pousam sem que ela
pudesse reagir.

    Rosinha cai em um choro de desespero, sendo consolada por seu
irmão. Aquela cena seria o estopim para que ambos não recuassem na
decisão de tentar ajudar aquelas pessoas, mesmo com o mínimo que
conseguissem.

    E assim começaram sua jornada heroica, pelas vielas, as
escondidas, levando sustos, mas vencendo todas as barreiras, com muita
boa vontade, caridade e sempre com um sorriso no rosto e brincadeira
entre ambos.

    Dia após dia, as duas crianças saiam escondidas de casa,
carregando alimentos, roupas, remédios, e tudo mais o que conseguissem
arrumar para aliviar as dores de seus novos amigos moradores dos
morros.

    Davam preferência em ajudar as crianças, os doentes e os idosos.
E esses em eterna gratidão os chamavam de Anjos de Oxalá.

    O pai das crianças, o sargento da polícia, que tinha como objetivo
não deixar os negros "invadirem" a dita cidade da elite, desconfiou
das saídas escondidas das crianças, e passou a segui-las, e não
demorou muito para entender o que estava acontecendo. Ele ficou
furioso, castigou as crianças, culpou a esposa por não estar a par do
fato, e decidiu deixar os filhos em cárcere privado até eles
entenderem que os negros não deveriam se misturar com os brancos e com
a dita classe elitizada.

    Mas eles não se fizeram de rogado, tinham um objetivo, tinham uma
missão a cumprir, e iam cumprir. Crianças com o coração flamejando de
amor e caridade, crianças que não aceitavam que algumas pessoas
pudessem se achar melhores que as outras pela raça, cor ou posição
social. Crianças com a idade cronológica infantilizada, mas a idade
mental de um adulto guerreiro e caridoso.

    Após várias tentativas de fuga, eles conseguem seu objetivo, sair
do cárcere e novamente partir para ajudar aos necessitados.

    E após as crianças conseguirem roupas, alimentos, remédios, entre
outras coisas com muitas das crianças caridosas filhos da elite
branca, partiram para a jornada de mais um dia de missão no morro.

    Ao chegarem viram com olhar desesperado vários soldados fardados
atacando cruelmente homens, mulheres e crianças, sem o menor
sentimento de culpa.

    Em um dado momento eles viram a menina que conheceram na primeira
vez que estiveram no morro, ela estava caída, ensanguentada, e como
não podia correr pelo seu problema que tinha na perna, virou alvo
fácil dos algozes soldados assassinos.

    O menino Zezinho se escondendo e disfarçando chega até a menina
negra e a leva para um lugar seguro. E dessa forma decidiram fazer com
todas as crianças que naquele momento sofriam agressões por parte dos
soldados.

    Viram um barracão no fundo de uma viela, onde os negros se
encontravam para fazer suas orações aos Orixás. Esse barracão ficava
um pouco mais afastado do centro da confusão em massa, e os irmãos
decidiram que ali eles poderiam esconder as crianças.

    E assim fizeram, saíram em busca de todas as crianças que
encontravam pelo caminho, tentando de todas as formas se esconderem
dos homens fardados.

    A cada criança que encontravam, para eles era uma vitória, sabiam
que era uma vida inocente que tentavam salvar das garras da
intolerância.

    Entre o desespero, o corre corre, tiros dados pelos soldados,
sangue por todos os lados e o cheiro de morte, as crianças ficaram
receosas. Mas mesmo com muito medo, eles tinham a concepção de que
deviam tentar, deviam buscar as crianças. E assim fizeram durante um
tempo, pegavam crianças de todas as idades, e levavam para o
barracão, que para os negros era um local sagrado.

    Em certo instante, os irmãos trazendo duas meninas, ambas
machucadas, chorando copiosamente, observam algo que os levaram ao
desespero extremo. Diante do barracão, o pai de ambos, ordena a seus
soldados que incendeiem o que ele chamava de "amontoado de madeira que
protegiam os porcos". E que não deixassem nenhum deles vivos, se caso
tentassem fugir das chamas, que fossem alvejados pelas armas de fogo
dos soldados.

Quando atearam o fogo ao barracão, a fumaça negra e sufocante se
espalhou, tomando conta de todo ambiente interno e externo, fazendo
assim as crianças que estavam escondidas no recinto buscar uma maneira
de respirarem para sobreviver.

    A porta de madeira se abre rangendo, e dela a primeira criança
aparece, era justamente a menina que os irmãos teriam conhecido
inicialmente, ela tenta sair se arrastando, tossia muito, e a fumaça
queimava seus olhos.

    No mesmo instante os soldados já apontavam seus mosquetões para a
porta de saída. A menina desaba em frente ao barracão e em meio da
fumaça negra. Os soldados impiedosos se preparam para ceifar a vida da
criança, os irmãos correm ao encontro da menina negra, chegam a ela,
se abraçam, e os soldados atiram as cegas pela grandeza da fumaça que
não os deixavam ver quem era ali caídos ao chão. E atiraram sem
piedade, sem a mínima compaixão.

    As munições flamejantes alcançam os corpos das três crianças, que
ainda abraçados, choravam.

    Seus olhos lacrimejados se cerravam pouco a pouco, o sangue dos
três se misturavam ao escorrer no chão de terra. A fumaça se
dissipava, e com isso os soldados atônitos ao ver as crianças brancas
caídas ao chão sem vida juntamente com a menina negra.

    Nesse momento o sargento vem ao local do acontecimento e se depara
com seus dois filhos já sem vida, ele não entende o que ocorreu, e
como se estivesse louco de dor e desespero se joga sobre os três
corpos inertes das crianças.

    Com a cena inusitada, os soldados não se deram conta que todas as
outras crianças fugiam pelas vielas do morro, buscando assim salvarem
suas vidas. Quando de repente como por magia pararam e retornaram,
indo novamente até o barracão em chamas. Alguns começaram a empurrar
o sargento, enquanto outros tentavam tirar as crianças dali, achando
que assim poderiam salvar a vida de seus Anjos de Oxalá.

    Quando notaram que as crianças já estavam sem vida, começaram a
rezar, se ajoelhando, um a um,  em frente ao corpo das três crianças.

    Alguns soldados apontaram seus mosquetões para as crianças, e o
sargento interveio, e num grito de ordem e desespero, manda que todos
os homens de farda se afastassem.

    Com a voz abafada pelo choro, ele diz que entende agora a dor de
perder um filho, e que nunca mais levantaria um só dedo contra os
negros do morro. Pois se os filhos deles, que eram apenas duas
crianças no início da vida entendia que era errado essa caçada
injusta, ele devia entender também, e a partir daquele dia seria um
dos grandes defensores de toda essa gente.

    As crianças se mantinham em oração e ajoelhadas. Dezenas delas.
Outros negros chegavam, e sem dizer nada, apenas se ajoelhavam e
rezavam aos Orixás.

    Um velho negro, de fala mansa, olhar sereno, apoiado a um cajado
de madeira, se aproxima. Vai até diante das três crianças, faz uma
pequena oração e diz:

    "Que Oxalá, nosso Pai, mande seus Orixás para encaminhar para a
luz da caridade e da espiritualidade, essas crianças de luz. O
espírito da criança
que tem que ainda passar por essa vida para sua evolução seja entregue
aos encaminhadores que tem como missão levar essa alma aos braços do
Senhor, para que entenda e evolua. E as crianças que são chamadas de
"Anjos de Oxalá" que sejam entregues aos seus Orixás irradiadores,
para que assim possam voltar com a vibração desses, e continuar  a
fazer a caridade que foi iniciada nessa terra."

    Diante dos olhos de dezenas de negros, soldados e do sargento pai
das crianças, duas imagens brilhantes apareceram. Uma era um senhor
idoso, olhar baixo, sem expressão no rosto, vestido com vestes nas
cores branca e preta, com um longo cajado na mão. E a outra era uma mulher
linda, de cabelos longos, olhar maternal, vestida de azul claro. Ambos
levantaram as mãos em direção aos irmãos, e para a surpresa de todos,
mais duas imagens iluminadas apareceram juntos as duas anteriores.

    Eram as imagens dos irmãos. A menina se encontrava sorridente,
saltitante, linda como a rosa. O menino estava com um sorriso largo,
segurando no braço da mulher, como que se pedisse proteção, sua roupa
era azul como o mar e seus olhos brilhavam como a estrela Dalva.

    O facho de luz foi elevando as quatro imagens, que foram se
distanciando, virando apenas pequenos vultos, até desaparecerem
diante de todos.

    O sargento se joga ao chão de joelhos juntamente com os negros, e
no meio de lágrimas se entrega as orações.

    O velho negro que se encontrava de pé, abre os braços, e salda o
Velho Omulú e a linda Iemanjá, os agradecendo por fazerem dos "Anjos
de Oxalá", Entidades de Luz, que trabalhariam na linha das Ibeijadas,
levando a paz, o amor, a saúde e a caridade a todos os necessitados.

    E hoje nos terreiros de Umbanda essas duas crianças de luz
trabalham, ela em irradiação com Pai Omulú, curando enfermos,
trazendo harmonia, levando paz, quebrando magias, com suas pipocas
sagradas, com seus trabalhinhos de luz. E ele em irradiação com Mãe
Iemanjá, trazendo saúde, abrindo caminhos, retirando males, com suas
conchinhas sagradas, com suas orações. Sem esquecer de suas
brincadeiras de criança, de suas travessuras, de suas guloseimas,
como doces, balas, pipocas, água doce e frutas.

    Essas são as crianças de luz, os Anjos de Oxalá, os enviados a
fazer a caridade por Pai Omulú e Mãe Iemanjá.

    Salve Rosinha de Omulú!

        Salve Zezinho da Praia!

    Salve todas as crianças de Umbanda!

    Oni Ibeijada, que proteja sempre nossa caminhada.


Carlos de Ogum.



 

domingo, 20 de setembro de 2015

Falangeiros de Pai Xangô

                     


    Mais uma vez vamos falar sobre falangeiros, dessa vez será os
Falangeiros de Xangô, o nosso amado Orixá da justiça, protetor dos
estudantes, o Pai e regente da inteligência humana, o dito senhor,
o Rei.


    Relembrando, os Falangeiros são as Entidades que vem logo após o
Orixá dominante, eles comandam as legiões de Entidades e Espíritos que
se afinizam na vibração do Orixá que os governa. Em algumas casas
podem também ser chamados de "qualidade do Orixá".

    No caso de Xangô é dito que seus Falangeiros fazem parte de sua
família, ou seja, como diz a lenda os aparentados de Xangô, como
irmãos, primos, etc. São as qualidades desse Orixá, se tornando a sua
Falange dentro da Umbanda.

    Os Falangeiros de Pai Xangô são divididos da seguinte maneira:

1. Dadá, 2. Afonjá, 3. Lubé, 4. Agodô/Agogo, 5. Koso, 6. Jakuta,
7. Aganjú, 8. Baru, 9. Oloroke, 10. Airá Intile, 11. Airá Igbonam,
12. Airá Mofe, 13. Alafim.

    Abaixo descreveremos qual o Orixá que vibra com cada um desses
Falangeiros:

1. Dadá: Vem em vibração com Nanã Buruquê, Iemanjá e Oxum.

2. Afonjá: Vem em vibração com Iansã, Oxalá e Ogum (mesmo existindo
demanda entre Xangô e Ogum)

3. Lubé: Vem em vibração com Obá, Oxum e Iansã.

4. Agodô/Agogo: Vem em vibração com Iansã, Oxum e Iemanjá.

5. Koso: Vem em vibração com Obá e Iansã.

6. Jakuta: Vem em vibração com Olorum e Iansã.

7. Aganjú: Vem em vibração com Ogum, Obaluaiê/Omulú e Oxum.

8. Baru: Vem em vibração com Iansã, Oxalufã (Oxalá na forma idosa) e
Omulú.

9. Oloroke: Vem em vibração com Ewa, Nanã Buruquê, Omulú e Obaluaiê.

10. Airá Intile: Vem em vibração com Oxalá, Iemanjá e Oxum.

11. Airá Igbonam: Vem em vibração com Iansã e Exú.

12. Airá Mofe: Vem em vibração com Oxum.

13. Alafim: Vem em vibração com Oxalá, Ogum e Oxossi.


    Abaixo vamos falar um pouco de cada um desses Falangeiros.

Dadá:

    Xangô Dadá, conhecido também como Dadá Ajaká ou Bayanin, é um
Falangeiro de forma madura, que se demonstra bem ativo e concentrado a
tudo e a todos. Normalmente aprecia as cores das vestes em azul e
roxo, e usa uma coroa de búzios chamada de "Adê Bayani".

    Dadá Ajaká é visto como protetor e cuidador das crianças, tem
gestos calmos e pacíficos, não demonstra força física, mas tem grande
poder em demonstrar a inteligência.

AFONJÁ:

    Xangô Afonjá, também conhecido como Obá Afonjá, é um falangeiro
jovem, porém maduro. Sábio, feiticeiro, de espírito libertino,
galante, obstinado. Muito orgulhoso, jamais perdoa um inimigo, dizem
que as vezes pode ser até um pouco violento. Adora uma peleja.

    Aprecia as cores marrom e vermelho em suas roupagens, traz nas
mãos um talismã como proteção, dizem que esse talismã foi lhe dado por
Iansã, mandado pelo próprio Obatalá.

    Esse falangeiro tem como característica a grande peleja com Ogum e
seus falangeiros. Ele é senhor dos raios, e com eles que ele liberta
seus filhos das mazelas.

    Se acredita que Xangô Afonjá tenha sido o primeiro Orixá a ser
cultuado no Brasil.

Lubé:

    Xangô Lubé, também conhecido como Obá Lubé, é um falangeiro de
forma jovem, batalhador, guerreiro e dominador. É dito que foi nessa
forma que ele destronou do reino de Oyó seu irmão Dadá Ajaká.

    Os trabalhos de Xangô Lubé tem fundamentos com as Orixás Oxum,
Iansã e Obá, fazendo assim a forma triangular tendo Lubé ao centro
para firmamentos. Portanto ao chegar ao terreiro, ele vai em busca
dessas falangeiras das Orixás, caso houver algum médium com essa
irradiação, após a incorporação, eles dançam juntos.

    Aprecia as cores vermelho e branco para sua roupagem, e determina
que deverá ter algum tom de amarelo e azul.

Agodô/Agogo:

    Xangô Agodô, também conhecido como Agogo ou Ogodo, é um falangeiro
de forma idosa, visto como radical e bruto. Nessa forma ele tem  a
tradição de dar ordens e detesta ser desobedecido.
    Agodô é o que determina a hora dos raios e trovões. E ele que rege
os tremores de terra e o fogo. Dizem que foi ele que destruiu o
próprio reino jogando raios e fogo sobre suas terras.

    Aprecia as cores marrom e branco em suas roupagens, mas tem mais
apreço apenas em roupas brancas. Ele também tem apreço pelos dois Oxês
(machados de corte), que tem dois gumes, e sempre os carrega mostrando
a todos no momento de sua dança de chegada.

Koso:

    Xangô Koso, também conhecido como Obakossô, é um falangeiro na
forma jovem, determinado, guerreiro, que busca vencer todos os
obstáculos e fazer de tudo para chegar a seu objetivo.

    Koso em suas vindas aos terreiros, temos que observar muito bem o
momento de sua chegada, pois ele e intempestivo, podendo estar em
diferentes estágios, ou seja, um falangeiro de Xangô na forma de Koso
podem ser serenos, tiranos, cruéis, agressivos, severos, amorosos ou
moralistas. Portanto não se deve levar falsos problemas a esse
falangeiro.

    Aprecia as cores vermelho e branco em suas roupagens.

Jakuta:

    Xangô Jakuta, também conhecido como Jakutá, é um falangeiro na
forma idosa, é aquele que atira as pedras, é a encarnação dos raios e
trovões. É a própria ira de Olorun, o Deus criador. É o senhor do
"edun ará", a pedra de raio.

    Jakuta tem espírito de um velho pensador, justiceiro, incansável,
brutal, colérico, impiedoso, preocupado com a causa dos outros. Está
sempre tentando buscar todo tipo de ajuda a quem realmente necessita.

    Aprecia as cores branca, marrom e amarela em sua roupagem, e tem
nas mãos um Oxê (machado de corte) que ergue como se estivesse obtendo
forças do céu.

Aganjú:

   Xangô Aganjú, é um poderoso falangeiro que é o senhor dos vulcões,
das montanhas e da terra. Ele é visto como o falangeiro que estava
presente na criação da terra.

    Ele é conhecido também como falangeiro das terras incultas, senhor
das cavernas.

    Aganjú é um doador de força e da saúde. É o transportador da carga
(os ombros e as costas pertencem a ele), é o defensor dos menos
favorecidos, oprimidos e escravizados.

    Aganjú fornece acesso ao desconhecido, as profundezas no qual o
mundo foi e é criado. Ele é o governante que propicia acesso a todas
as áreas inexploradas, inacessíveis. Ele, propicia, também, acesso a
climas hostis e potencialmente hostis à existência humana, como o
deserto, floresta, Ártico, Antártico, a altura das montanhas, grutas,
cavernas, abismos, minas e etc.

    Aganjú se encontra nas profundezas da terra, dos oceanos, nas
profundezas do espaço, na energia que ainda não foi explorada, na
compreensão da mente e da emoção. Aganjú é o guardião, o canal através
do qual, profundidades inexplicáveis das emoções, humanas, são vividas
e expressadas. Medos paralisantes são do âmbito de Aganjú, é através
dele que aprendemos a suprir nossos medos. Quentes emoções, perigosas,
mortal, incontroláveis é Aganjú.

    Aganjú tem uma estreita ligação com Oxum. Eles estão ligados de
diversos modos: pela emoção, Aganjú é a emoção em sua forma bruta, a
profundidade da emoção. Encarnação grosseira, rude. Em quanto Oxum, é
a profundidade da emoção e sua forma suave, em sua forma comovente,
doce. Amargo e doce. Aganjú explora, supera e vence o rio à cima. Em
quanto Oxum, promove o comercio e as relações, pelos mesmos meios.
Aganjú supera os obstáculos para ver o que está do outro lado. Oxum,
planta a cultura e traz a luz da civilização. Aganjú é o proprietário
do rio e o deu para Oxum.  Aganjú é a abertura de novas
possibilidades, o inesperado. É, também, todas as riquezas do mundo.
Aganjú é o desafio, a luta do impedir, do desejo que leva a
superá-los. Aganjú é primordial. O homem do fogo de todos os tipos, o
sol e outras estrelas e cometas.

    Aprecia as cores azul e vermelho em suas roupagens, e sempre
carrega em uma mão um Oxé e na outra uma espada.

Baru:

    Xangô Baru, também conhecido como Obá Irú, é um falangeiro de
forma jovem, muito astuto e humilde. Ele também e muito desconfiado e
extremamente elegante e hospitaleiro. Deixando seus filhos sempre a
vontade em falar sobre qualquer assunto, desde que não tenha nenhuma
ligação com a morte.

    Ele tem como finalidade buscar Omulú e seus falangeiros para assim
poder ficar em terra, pois Baru tem aversão a morte, e sempre entrega
o ambiente de trabalho antecipadamente a Omulú para que os Eguns sejam
levados para longe dele.

    Baru é o senhor absoluto dos raios, trovões e do fogo, em todas as
suas formas.

    Aprecia as cores branco, ou vermelho raiado de branco em suas
roupagens. Normalmente carrega uma coroa com pontas em formato de fogo
sobre sua cabeça, demonstrando assim ser o grande senhor do fogo.

    Quando chega em terra muitos acham que pode ser um falangeiro de
Ogum, pois ele chega parecendo estar sobre um cavalo, mas ele se
apresenta dessa forma para demonstrar o grande orgulho que tem por ter
sido presenteado por Oxalá com um cavalo branco, quando ele foi a uma
visita ao reino de Xangô na cidade de Baru.

Oloroke:

Xangô Oloroke, também conhecido como Olorokê, é um falangeiro da forma
idosa. Ele é o dono das montanhas, tem o poder sobre as pedras.

    Oloroke tem a mesmas tradições de trabalho e modo de agir como o
falangeiro Xangô Agodô, e assim pode ser muitas vezes confundido com
ele dentro dos terreiros, porém são falangeiros distintos.

    Aprecia a cor branca com detalhes marrom em sua roupagem, e sempre
demonstra sua força segurando um Oxé em uma das mãos, o erguendo como
estivesse em guerra contra o mal, soltando um grito forte como trovão.
Sendo esse Oxé na cor prateada.

Airá Intile:

    Xangô Airá Intile, também conhecido como Intilé, é um falangeiro
de forma jovem para madura. Ele demonstra sua força nos trovões
longos, e tem uma personalidade difícil, sendo até rebelde.

    Por essa rebeldia, Airá Intile está sempre sendo conduzido por
Obatalá, sendo assim todos os filhos trabalhadores em prol da caridade
que carregam esse falangeiro na coroa, devem ter por obrigação uma
guia de contas leitosas, sendo essas contas divididas entre uma conta
vermelha e uma conta branca alternadamente.

    Aprecia a cor branca em suas vestes, e em algumas ocasiões pode
estar com um oxé na mão e em outras ocasiões uma espada.

    Ele é também relacionado com os raios, mas também tem uma grande
ligação com os vendavais, furacões e redemoinhos.

    Em muitas casas Airá Intile não é visto como um falangeiro de
Xangô, pois os mesmos tem uma grande quizila, mas não devemos julgar
quem o vê como um falangeiro, temos que respeitar todas as opiniões.

Airá Igbonam:

    Xangô Airá Igbonam, também conhecido como Airá Igbonã, Agoynham ou
Ibonã, é um falangeiro muito jovem, brincalhão bastante intolerante e
aprecia muito dançar. Ao chegar ao terreiro se demonstra receptivo,
sorri largamente, chamando atenção de todos.

    Ele é conhecido como o Pai celeste do fogo, senhor das fogueiras e
dono das brasas. Em algumas casas ele faz questão de caminhar sobre
essas brasas para demonstrar que o médium está realmente incorporado
com ele.

    Também como Airá Intile, ele pode não ser reconhecido como um
falangeiro de Xangô em algumas casas.

    Ele aprecia e faz questão de cor branca em suas roupagens, para
que assim mostre a todos que foi ele que auxiliou a Obatalá quando
esse necessitou de ajuda.

Airá Mofe:

    Xangô Airá Mofe, também conhecido como Mòfé, Modé, Alamodé,, Osi
ou Adjaos, assim como Airá Intile e Airá Igbonam em muitas casas não é
visto como um falangeiro de Xangô. Mas aqui vamos falar dele conforme
os preceitos de falangeiros irradiados pelo nosso Orixá da justiça.

    Airá Mofe é um falangeiro na forma idosa, tem como modo de
apresentação um jeito muito mais delicado e ardiloso. Em rituais na
Umbanda a sua chegada por muitas vezes se confunde com a chegada de
Oxum, pois ele chega por muitas vezes chorando, demonstrando emoção ao
máximo.

    Ele é visto como o Pai das águas quentes, está sempre em trabalho
com Oxum, e quando em incorporação em um médium, logo que chega na
roça vai em busca de um médium com um falangeiro da Orixá da
cachoeira. Ele não é muito difundido nos terreiros, talvez pelo jeito
emotivo ao extremo.

    Aprecia extremamente as cores brancas e azuis em suas roupagens,
podendo ter em alguns casos os tons de amarelo ou dourado. Normalmente
sempre pedem uma guia de contas leitosas na cor azul, e sem ela não
vem ao terreiro.

Alafim:

    Xangô Alafim, é o falangeiro mais conhecido entre todos os outros.
Ele é um falangeiro na forma bem jovem, um grande guerreiro, dedicado
a vencer todas as mazelas e pelejas que por ventura passem pelo seu
caminho. Não teme nada nem a ninguém.

    É dito que Xangô Alafim foi o primeiro  falangeiro de Xangô a vir
a terra, ele e considerado o grande pai, o poderoso, o Xangô Branco,
talvez por sua adoração nessa cor, sendo ela a cor de todas as suas
roupagens. Também é chamado assim  pela sua grande ligação com Oxalá.

    Em alguns casos Xangô Alafim pode vir de vestes brancas e detalhes
em vermelho, isso quando vibra com Ogum, e em outros casos de branco
com detalhes em verde, isso com a vibração vinda com Oxossi, mas a
normalidade mesmo e ele se apresentar todo de branco.

    Independente da roupagem, Alafim sempre traz nas mãos um Oxé e
uma espada, fazendo sua dança como se cortasse o ar com suas
ferramentas.

    Xangô Alafim tem como personalidade uma demonstração de força
extrema, quando em consulta com quem a ele busca ajuda, ele olha
penetrante dentro dos olhos do consulente, buscando o sofrimento da
alma de cada um, para que assim veja com clareza se esse consulente
está realmente com um problema que afete sua caminhada rumo a
evolução, ou se é um problema criado na mente da pessoa. Se ele
entender que a justiça deve ser feita nessa busca de ajuda, pode ter
certeza que ela vem. Mas caso perceba que o consulente busca algo que
não é exclusivamente algo em prol da caridade de um semelhante, ou
algo que fará esse consulente se desviar do caminho a evolução, como
fazer mal a um irmão, desejar algo de terceiros, entre outras vontades
supérfluas, ele mostrará que a justiça divina é feita para todos,
tanto para quem pede o mal, quanto para quem deseja o bem.


    Todos esses falangeiros tem uma coisa em comum, a liderança e a
justiça. Independente da irradiação que ele venha eles tem como regra
a força da pedreira, tendo seus elementos sendo o ar e a terra, o dia
da semana para todos é na quarta feira. onde tem a vibração maior.
Eles vibram na linha da justiça e do conhecimento (estudo de maneira
geral), equilíbrio das forças de um modo geral, ligadas a questões de
Justiça.

    Em relação com o sincretismo, não seguem a mesma linha, conforme
descrevemos abaixo:

1. Dadá: Sem sincretismo.
2. Afonjá: São Pedro - 29 de junho.
3. Lubé: Sem sincretismo.
4. Agodô/Agogo: São João Batista - 24 de junho.
5. Koso: Sem sincretismo.
6. Jakuta: Sem sincretismo.
7. Aganjú: São José - 19 de março.
8. Baru: Sem sincretismo.
9. Oloroke: Sem sincretismo.
10. Airá Intile: Sem sincretismo.
11. Airá Igbonam: Santo Antônio - 13 de junho.
12. Airá Mofe: Sem sincretismo.
13. Alafim: São Gerônimo - 30 de setembro.


    Xangô e seus falangeiros são nossos protetores. Devemos confiar na
justiça por eles determinada, confiança nessa falange de trabalhadores
incansáveis, que estão sempre buscando formas de acalentar nossa
caminhada rumo a evolução espiritual.

    Salve Xangô!

Salve os Falangeiros de Xangô!

Caô Cabecile Axé!


Carlos de Ogum

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

POEMA AS IBEIJADAS DO TUPOM - POR CARLOS DE OGUM.







Poema as Ibeijadas do TUPOM - Por Carlos de Ogum.

Em um dia de grande festa e luz,
essas crianças eu vi brincar,
trazendo a alegria do menino Jesus,
crianças de Umbanda que nos fazem amar.

Tem no rosto um sorriso aberto,
no coração a caridade e amor,
elas vem tanto do mar como do deserto,
da cachoeira ou de um jardim de flor.

São  as amadas crianças de Umbanda,
que vem trabalhar em nosso Gongá,
com carinho vem trazendo sua banda,
todas trabalhando em nome de Pai Oxalá.

São amadas e nos fazem rir bastante,
nos trazendo paz ao coração,
com suas caretas e travessuras gigantes,
elas vem brincando e nos dando proteção.

Choram e gritam, dando até gargalhada,
fazendo sempre seus trabalhinhos,
nossas crianças, nossas queridas Ibeijadas,
correndo, pulando e cantando como os passarinhos.

Cada uma vem na Umbanda para saravá.
jogam bola, brincam de carrinho e de boneca,
sempre respeitando a luz do Gongá,
mesmo sendo aquela criança a mais sapeca.

Seja de Ogum, oxum, Iansã ou de Iemanjá,
de Oxossi, Nanã, Xangô, Omulú ou de Obaluaiê,
não importa a irradiação do Orixá,
elas vem para abençoar e proteger a você.

Em nossa roça as crianças podem brincar,
pipocas, frutas, doces ou balas todas vão comer,
depois sentadinhas seu guaraná tomar,
diversão, alegria e felicidade aposto que vão ter,

São crianças tão belas meigas e carinhosas,
que agora nessas linhas vou apresentar,
com seus trabalhos de grande forças poderosas,
em nossa casa sempre vem nos ajudar.

A linda Aninha Estrelinha do Mar,
sempre atenta a tudo que acontece no Terreiro,
a ela peço para me abençoar,
e que nos livre de todos os mandingueiros.

Ela vem sempre com cabelo amarradinho,
com suas fitas vermelhas para embelezar,
tem no coração muito amor e carinho,
e um sorriso que só nos faz encantar.

Tenho agora aqui a Mariazinha da Praia,
que na verdade temos a pequenina e a mocinha,
são duas com esse nome sacudindo a saia,
enquanto uma chora a outra parece uma sinhazinha.

A pequenina parece ser sempre envergonhada,
e a mocinha com olhar muito atento,
as Mariazinhas deixando a Umbanda encantada,
e a todos com o coração sem tormento.

A sapeca Rosinha menina linda de nosso Gongá,
com seu jeitinho meigo e sempre muito falante,
trabalha na linha de Obaluaiê, Omulú e até de Iemanjá,
nunca para parecendo uma pipoca saltitante.

Ela sabe que tem como nos ajudar,
e com fala meiga assim sempre faz,
obsessores ela sabe enganar,
acabando com o mal e o bem ela sempre traz.

Zezinho menino lindo e muito esperto,
vem na Umbanda e diz "vamos saravar",
conquista a todos com seu sorriso aberto,
esse é o Zezinho menininho das ondas do mar.

Quando chega se agarra no braço de alguém,
balançando pra lá e pra cá,
sempre diz assim seja ou amém,
de olhos fechadinho ajoelhado no Gongá.

Juquinha negrinho que está para aparecer,
ainda não desce no terreiro para trabalhar,
sua história Preto Velho contou e você pode crer,
que Juquinha logo chegará em nosso Gongá.

Negrinho lindo de olhos arregalados,
sempre de roupa rasgada e de pés no chão,
esse é Juquinha protetor dos indiscriminados,
guardando todos no coração.

Joãozinho com esse nome temos dois no Terreiro,
sempre comendo frutas e bebendo guaraná,
Joãozinho das Matas o pequeno Curumim guerreiro,
e Joãozinho de Xangô que ilumina nosso Gongá.

Um indiozinho com seu arco e flecha na mão,
o outro pequenininho tem a grande força da pedreira,
o caçador corajoso ele não tem medo não,
e o miudinho tem magia que não é brincadeira.

Agora vamos falar de um menino esperto e corajoso,
que é sapeca, carinhoso, travesso e brincalhão,
ele também é amigo, fiel e muito amoroso,
e carrega todos que ama dentro do coração.

Seu nome é Cosmezinho de Oxum é sua irradiação,
aquele que vive brincando com a ponta do nariz,
vê todas as crianças assim como um irmão,
fazendo de suas brincadeiras um modo de nos fazer feliz.

Cosmezinho é o menino que puxa o trem da diversão,
trazendo a Rosinha, Mariazinha, Joãozinho para fazer a festa,
vem a Aninha, Juquinha e Zezinho lhe dando a mão,
todos juntinhos dançando e cantando seresta.

Sua força maior está dentro do coração,
e nunca deixa um amigo chorando e com dor,
ele se faz de desentendido mas é um espertalhão,
e entende muito bem a diferença de ódio e de amor.

De azul ele vem dos pés a cabeça,
mostra a esperteza de Oxossi e força de Ogum,
mas independente de tudo que aconteça,
ele é meigo e amável como sua mãe Oxum.

Essas são as crianças amadas de nosso Terreiro,
crianças que com brincadeiras nos abrem caminhos,
são todos graciosos, amáveis e companheiros,
com esses Anjos sabemos que não estamos sozinhos.

A cada trabalhinho feito acende uma luz,
estendendo suas mãozinhas a mim e a você,
são Ibeijadas as crianças de Jesus,
que para nossa felicidade estão no Terreiro Pai Ogum Megê.

Salve as Ibeijadas!

Salve as Crianças de Umbanda!

Carlos de Ogum.