quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

POEMA AO AMADO PAI OXALÁ POR CARLOS DE OGUM

 

Pai supremo de todos os Orixás,
senhor guardião e protetor do amor e da fé,
mestre amado em todos Jacutás,
reina com força na Umbanda e no Candomblé.

Seu poder todos respeitam e conhecem,
divindade suprema no céu e na terra,
de joelhos diante de ti permanecem,
aqueles que pregam a paz e odeiam a guerra.

Sua luz ilumina sempre meu caminho,
brilhante como o Sol refletido pelo mar,
com seu amor nunca estarei sozinho,
rezarei a ti e sempre vou te amar.

Querido Senhor rei do Sol e da vida,
a ti entrego meu estar e meu viver,
te busco em minha Umbanda querida,
e na Umbanda sempre sua benção vou ter.

Pai de todos os pais sagrados,
Orixá que comanda a terra e o universo,
a seu lado sempre terei caminhos iluminados,
me livrando de todo mal perverso.

Oxalá é o nome desse amado Orixá,
chegando a seus filhos como um facho de luz,
ilumina nossa vida e nosso Gongá,
esse é o filho de Deus nosso amado Jesus.

Tem nas mãos uma força divina,
um poder de amor e proteção,
na Umbanda traz luz e disciplina,
carregando todos filhos no coração.

Ele que faz o Sol nascer para nos aquecer,
e faz a noite para que nosso corpo possa descansar,
faz o vento, a chuva, as flores no jardim a crescer,
senhor de tudo e todos rei supremo que só nos faz amar.

Contigo não sofremos só temos melhoras,
mestre Jesus filho único de Deus,
Oxalá meu Pai e amigo de todas as horas,
protetor de todos, de espíritas aos ateus,

Sua imagem resplandece como um céu estrelado,
tuas mãos abençoadas acalmam meu ser,
preciso de ti sempre ao meu lado,
conduzindo meu corpo, minha alma e meu viver.

Contigo meu desespero se acalma,
tristezas em meu coração não terei,
tu meu Pai ilumina minha Alma,
pois tu és meu amigo, guardião, meu rei.

Teu manto branco me protegerá eternamente,
tirando do meu caminho o mal que teima em me derrubar,
a ti entrego meu espírito modestamente,
para que sua luz possa sempre me iluminar.

Senhor mestre do universo sagrado,
poderoso Pai da Umbanda e de todos os Gongás,
reconheço em ti um rei meu protetor amado,
divino cuidador de Médiuns e de todos os Orixás.

Sem ti o vento não ventava jamais,
a chuva deixaria de refrescar nossa terra,
seres humanos não teriam seus ideais,
sem amor e fé em ti, tudo seria guerra.

Ao Senhor entrego minha coroa para obter sua proteção,
para que nela possa estabelecer a caridade e a paz,
guardando todos ensinamentos no meu coração,
levando a caridade e a palavra de luz assim como o senhor faz.

Agradeço a amada Umbanda pelo caminho mostrado,
para que chegasse no bem das Entidades e na força de cada Orixá,
caminharei sempre por esse caminho iluminado,
levando a bandeira linda, a bandeira linda de meu amado Pai Oxalá.

Carlos de Ogum.


domingo, 20 de dezembro de 2015

Mensagem para fim de ano 2015 - Por Carlos de Ogum

     


    Amado Pai Supremo, senhor Deus do Universo.
Estamos chegando a mais um fim de ano.
E cá estou novamente abrindo meu coração  e entregando a minha Alma em
suas mãos, para que eu seja abençoado por ti, e que possa levar essa
sua maravilhosa benção a minha família consanguínea e também a minha
família espiritual, para que possamos ter a alegria de nos ajoelhar em
teus pés e lhe agradecer por tudo.

    Te agradecer por vencermos as batalhas do dia a dia, vencermos os
desânimos de caminhar, vencermos a vontade de vingança, vencermos o
desamor, o ódio, a desesperança, os males do corpo, as portas
fechadas, as pedras dos caminhos que tivemos que ultrapassar, a falta
de carinho com nossos semelhantes, e muitas vezes a falta de fé e
entendimento.

    Agradeço também Deus, pelo pão que não faltou em nossa mesa
matando a fome que teimava em querer ficar.
    Agradeço Pela água que acabou com nossa sede, pelo calor do Sol
que nos aqueceu em dias frios, pela chuva que molhou nossa terra, pelo
vento que nos refrescou a alma ardente, pelas flores que embelezaram
nossa caminhada.

    Agradeço também pelas pedras que estiveram em meu caminho, pois
sem elas não aprenderia a ultrapassar obstáculos, pelos males físicos
que me tomaram com intensidade, pois sem eles não entenderia que
poderia vencer as dores, pelo momento de desânimo que muitas vezes
tive com meus semelhantes, pois sem eles não perceberia o tanto de
egoísmo que ainda temos em nosso coração.

    Agradeço demais Pai pelos nãos que recebi quando buscava um sim,
pois assim entendi que o que eu recebo de ti são as coisas de que
necessito e mereço, e não daquilo que acho que preciso.

    Agradeço pela minha falta de entendimento nos acontecimentos do
mundo, pelo momento que não entendi o porque de algo, pela
incompreensão dos desígnios e vontades do próprio Deus, pois assim
percebo o quanto ainda tenho que evoluir e ser alguém melhor.

    Devo agradecer pelos novos amigos que juntamente com os antigos,
me acompanharam por todo o ano, e agradeço mais ainda pelos inimigos
que tu Senhor afastou de minha caminhada.

    Agradeço, meu Pai, pelo discernimento em perceber e saber responder
as questões colocadas pelas pessoas necessitadas de ajuda, e saber
mostrar a realidade da vida para aqueles que achavam que seus
problemas, muitas vezes mínimos, eram maiores do que de um semelhante
doente, faminto, desabrigado, desenganado.

    Agradeço meu Deus, pelas orientações recebidas pelos seus Anjos de
Luz, que chegaram a mim em formas de Orixás, Entidades de Luz e em
muitas vezes encarnados, para me mostrar o quanto precisamos nos unir
junto a fé para não desanimar.

    Agradeço a meu Pai Ogum pela força em guerrear pela paz, a minha
Mãe Oxum, por saber dividir meu carinho e minhas palavras a quem
necessitava, a meu Pai Xangô pela sabedoria de reflexão a cada caso, a
cada fato, a cada injustiça feita a um irmão, Agradeço também a
Iemanjá pelo amor que ela espalhou entre meus semelhantes, a Pai
Oxossi pela força para caminhar sempre a diante, a bela Mãe Iansã
pelas batalhas vencidas, a Pai Obaluaiê/Omulú por cada desencarnado
encaminhado a luz, a Nanã Buruquê por cada lição aprendida e ao meu
Pai Oxalá pelas horas de reflexão, de humildade, de recomeço, não só
para mim, mas para todos que elevaram sua fé as forças da natureza.

    Agradeço demais meu Deus, a possibilidade de poder responder
questões voltadas a espiritualidade. Responder de forma sensata as
questões de pessoas que realmente estavam em desespero, e responder
com convicção as pessoas que em suas mentes criavam fatos, e
acreditavam ser os maiores problemas, sem ao menos olhar seu
semelhante que sofria com fatos reais, como males do corpo, fome,
perdas.

    Por essa forma agradeço também as palavras que sempre me
conduziste a dizer a essas pessoas egoístas, injustas, mesquinhas, que
imaginam que a Umbanda é magia, bruxaria ou feitiçaria, tentando usar
de nossa religião algo que pudesse fazer mal a semelhantes.

    Ao Senhor, meu Deus, a todos os Orixás e a todas Entidades de Luz
entrego em vossas mãos tudo que foi realizado esse ano.

    Todas as vitórias, tanto minhas quanto de meus semelhantes que
passaram em nossa casa.

    Tudo que foi criado para entendimento de nossa religião, de nosso
viver, de nossa evolução, não só como de ser encarnado, mas também de
nosso espírito.

    Entrego em vossas mãos todo nosso trabalho espiritual realizado.
Todas as palavras ditas para elevação da fé.
Toda a ajuda cedida aos desesperados e desamparados.

    Amado Deus, gostaria de entregar para sua guarda e proteção,
todos os amigos que de alguma forma percorreram o caminho da caridade,
do amor e da paz.

    Desejaria entregar para sua sagrada benção, todos aqueles que se
aproximaram de mim por todo esse ano, em busca de um gesto de luz e
fé, para que o desânimo não tomasse conta de sua jornada tão difícil.

    As pessoas que estão hoje tão perto, mesmo distante, de nosso
convívio, pediria que os abraçassem com fervor, para trazer-lhes a
confiança e a esperança de um ano melhor.

    Peço querido Pai, uma proteção especial para aqueles que no
momento de angustia me pediram minhas mãos como auxilio, e peço também
para aqueles que nos meus momentos de tristeza, dor e desânimo me
estenderam as mãos para que eu pudesse caminhar.

    Faço um agradecimento especial a todas as Entidades de Luz que
sempre me deram uma resposta em momentos que me achava perdido. Que
sempre acenderam uma luz em forma de palavras para que eu tivesse a
resposta a quem a mim buscava um caminho.

    Mas como agradecer não é tudo, venho humildemente Senhor,
pedir-lhe perdão.

    Perdão pelas vezes que a paciência me faltou.

    Pelas palavras mal ditas que me escapavam.

    Pelo tempo gasto em coisas desnecessárias.

    Pelo dinheiro desperdiçado em coisas sem utilidade.

    Pela falta de preparo para lidar com algumas pessoas ou fatos.

    Perdão meu Pai, pela Oração que não foi feita em hora de
necessidade, ou não passada para a pessoa devida no momento correto.

    Perdão por eu não ter agradecido por alguma benção, e perdão por
eu pedir o que não era de meu merecimento.

    Perdão pelo mau humor, pela reclamação desnecessária, pelo
nervosismo excessivo, pela cobrança, pelo tom de voz mais alto e
agressivo.

    Perdão por não me lembrar da fome que se espalha pelo mundo,
enquanto fazemos nossas refeições.

    Perdão por eu não poder realizar sonhos de salvar crianças
famintas, desamparadas, sem lar. Talvez pelo fato de pensar muito em
minha própria família.


    Pai Eterno e amado, a ti peço forças para adentrar nesse novo ano.
Ano de luz, de paz e de esperanças, de sonhos e vitórias, pelo menos
que desejamos dentro de nosso ser. Mas que na realidade não sabemos o
que vem pela frente, como passaremos, quantas lágrimas perderemos e
sorrisos daremos. Ano no qual não temos a noção de quantas orações
precisaremos, de quantos caminhos abertos possuiremos, de quantos
obstáculos teremos que remover. E novamente após muitos e muitos dias
de esperanças e desesperanças, chegaremos de cabeça baixa, e
ajoelharemos a teus pés, para novamente rogar por bençãos, ajuda, luz
e paz, talvez nos esquecendo novamente de agradecer.

    Portanto Deus amado, antes desse esquecimento, venho a ti nesse
momento já agradecendo. Agradecendo por minha vida, pela vida de meus
familiares e meus amigos, pelas pessoas amadas, que mesmo distante se
tornam tão presentes. Também por todos nós peço muita paz,
compreensão, amor e humildade.
Peço sorrisos sempre abertos, força para sobrevivência, entendimento
sobre tudo, bondade e otimismo, caridade extrema.

    Peço também Pai, que feche meus ouvidos para as palavras de
falsidade, minha boca seja fechada para a maledicência.

    Peço que eu seja luz a quem busque um caminho na escuridão, paz
a quem se encontra desesperado e a quem perdeu a fé, que eu seja um
irmão afetuoso trazendo esperanças para um dia melhor.

    Deus, me de forças por todo esse ano, para que eu consiga espalhar
a bondade de seu nome pelos quatro cantos desse mundo, e assim criar
uma corrente de fortes elos, de amor, paz, caridade, fraternidade,
bondade, esperança e fé.


    Peço humildemente que plante no coração das pessoas que vierem a
ler essa mensagem, a pequena semente da caridade, para que assim essa
semente germine, cresça e frutifique em vários corações, fazendo de
nossa corrente de luz, um caminho de amor a nossos semelhantes, e ao
próprio Deus, por todo esse ano que está se iniciando.

    Que Deus Pai todo poderoso, todos os Orixás e todas as Entidades
de Luz abençoem a todos os irmãos ligados na fé, sejam eles
umbandistas ou não, de todas as raças, etnias, posição social ou
opção de vida, não só nesse ano que está nascendo, mas por toda a
vida encarnada e espiritual.

    Que as bençãos de luz sejam derramadas sobre todos!

Que assim seja, e assim será!

    Um maravilhoso ano de Oxalá a todos.

    Feliz 2016 com as bençãos de todos Orixás e todas as Entidades de Luz.



Carlos de Ogum

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

POEMA A MÃE IANSÃ - POR CARLOS DE OGUM


Guerreira suprema que peço proteção,
sublime rainha dona da beleza,
a ti entrego minha alma e meu coração,
senhora divina deusa da natureza.

Mãe amável de grande poder,
abençoa sempre os filhos teus,
peço minha guerreira venha me valer,
me abençoando em nome de Deus.

Iansã é o nome dessa bela Orixá,
que reina e domina a morte e a vida,
enviada do céu por Pai Oxalá,
Santa Bárbara minha protetora querida.

Iansã sempre me abençoando com sua luz,
chuvas para lavar a terra ela nos trás,
linda bela Oiá enviada por Jesus,
com seus ventos ela vem semeando a paz.

Menina bela de cabelos cor de ouro,
dominadora de raios que corta o céu de Oxalá,
é Iansã mãe divina meu grande tesouro.
poderosa guerreira linda Orixá.

Deusa bela da tempestade, fogo e sensualidade,
Mãe linda que protege todas as mulheres lutadoras e guerreiras,
nunca estaremos só se com ela tivermos cumplicidade,
Iansã a Orixá, que com Xangô reina nas pedreiras.

Iansã rainha do fogo, da faísca e do trovão,
tem força suprema no reino de Aruanda,
verdadeira guerreira lutando com a espada na mão,
retirando obsessores de nossas giras de Umbanda.

Pedimos a ti Santa Sagrada,
respostas para nossas orações,
secando nossas lágrimas minha Orixá amada,
abençoando e deixando em paz nossos corações.

A ti  pedimos ensinamentos para guerreiros nos tornar,,
para que nessa caminhada lutemos com amor e caridade,
e todas as dificuldades dessa vida possamos enfrentar,
e junto a ti levarmos amor, carinho e fraternidade.

Iansã divina Orixá da Umbanda,
a bela rainha de nosso Gongá,
saravá Oiá e toda sua linda banda,
trazendo luz suprema de nosso Pai Oxalá.

Dos raios, vento e tempestade,
essa linda Orixá é a Deusa suprema,
espalhando luz, amor e caridade,
mostrando sempre sua força extrema.

A ti amada e maravilhosa Iansã,
pedirei sempre proteção,
como raios do Sol pela manhã,
a divina Oiá sempre vai me estender a mão.

Não receie os ventos dessa guerreira bela,
pois são ventos para colocarem as coisas no lugar,
nos protegendo e guardando de uma maneira singela,
então deixe os ventos de Iansã, deixe os ventos ventar.

Com amor e grandioso carinho,
rogarei a ti minha amada Orixá,
tire sempre as pedras de meu caminho,
rezarei assim a minha sagrada e bela Oiá.

Com a força de Ogum, Oxum, Xangô, Iemanjá ou Nanã,
também de Obaluaiê, Oxossi, Omulú e de todos Orixás,
vencedora de mazelas, lutadora sem tréguas é minha Mãe Iansã,
aquela que reina pelo comando de meu Pai Oxalá.

Divindade tão linda do meu coração,
a teus pés me ajoelho em teu Jacutá,
rainha tão bela faço a saudação,
falando a todos Eparrei, oh Eparrei bela Oiá.

E com grande amor que temos por Iansã,
a saudamos pedindo proteção a mim e a você,
que esteja e nossos caminhos pela noite e pela manhã,
esse é o desejo dos filhos do Terreiro Pai Ogum Megê.

Saravá Iansã!

Eparrei Oiá!


Carlos de Ogum.



segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ORIXÁ REGENTE DO ANO DE 2016.




 
  Orixá Regente do Ano de 2016.

        E o ano de 2015 se vai, graças a Zambi. E já estamos
apreensivos, esperançosos e um tanto temerosos para o início de 2016.

    Que será que nos espera?

    O que vem pela frente?

    Perguntas e perguntas que não se calam.

    Ansiedades extremas, receios grandiosos,
instabilidades constantes, esperanças que devemos ter para uma
caminhada, ao menos básica nessa nação que tanto sofreu em 2015.

    E claro que estamos também curiosos em saber qual será o Orixá
regente desse ano que está para nascer. E como sempre é feito em nossa
casa, meu amado Mentor, nosso querido Rei Congo, jogou seus búzios e
nos revelou essa informação. Só frisando que foi dito pelo Vovô Rei
Congo, confirmado pelo nosso gracioso Vovô Benedito, e da mesma forma,
confirmado pelo nosso grande protetor Pai Antero.

    E aqui estamos passando a todos que se interessarem a informação
que nos foi divulgada em nossa última Gira.

    No ano de 2016 o Orixá regente será Pai Oxalá, estando sempre
atuante por todo o ano, que virá acompanhado pela vibração intensa de
Mãe Iemanjá, a partir do meado do ano.


    Resumindo para entendimento, ao ser indagado qual será o Orixá
regente do ano de 2015, será dito simplesmente Pai Oxalá, pois será o
Orixá dominante desse ano.

    Sendo assim, será um ano muito mais lento que o ano de 2015, pois
Oxalá, diferentemente de Pai Ogum, que regeu 2015, vem com passos
vagarosos, serenos, tranquilos.

    O ano de 2016 deverá passar menos rápido que 2015, e quem lutou por
um objetivo no ano de Ogum, poderá conquistá-lo como prêmio no ano de
Oxalá.

    Como Oxalá é o Orixá da criação, novas e maravilhosas oportunidades
poderão surgir nesse ano.

    Muitas nações buscarão a paz, que por intermédio de Oxalá reinará o
bom senso em prol da tranquilidade do planeta.

    Oxalá busca sempre a paz e o equilíbrio da terra, por mais ódio,
ganância, rancor que reinam nos corações dos seres humanos, nosso amado
Pai jogará suas bençãos para recomeçarmos uma nova jornada.

    Devemos lutar contra o ódio, elevar a fé e o perdão, para que assim
possamos refletir sobre nossas más atitudes, e buscar sempre, de todas
as formas, o acolhimento e o amor a nossos semelhantes.

    Para que consigamos caminhar em caminhos melhores, devemos
refletir muito, devemos analisar cada passo, cada decisão, cada
instante de nossa vida. Não devemos ser levados por palavras sem
fundamento, não nos deixarmos induzir por pessoas que trazem a
maledicência, ganância, rancor, ódio, mesquinharia, intolerância,
desamor ou inveja no coração, pois assim nossa caminhada vai ficar
cheia de obstáculos, e nunca sairemos do inicio da jornada rumo a
vitória.

    Resumindo, como estamos iniciando tudo de novo, um primeiro mau
passo nos levará para longe de conquistas.

    E claro, como estamos em iniciação, uma nova oportunidade de
superar os caminhos errados que tomamos, é muito aconselhável
mantermos nossos pés no chão, evitarmos gastos sem precisão,
abraçarmos nossos empregos com fé e dedicação, e só tomarmos decisões
que possam mexer com nossa caminhada, em relação ao profissional, com
extrema certeza, para que assim possamos ter essa nova inicialização
com base e sem dúvidas alguma.

    Estamos entrando em um grau de espiritualidade intensa, pois Oxalá
sendo o Pai de todos, tem como finalidade nos dar muita proteção, ainda
mais que pelo meio do ano seremos cobertos pelo manto sagrado de Mãe
Iemanjá.

    Poderemos esperar um ano bastante quente, pois como Oxalá é o Orixá
do Sol, o mesmo estará muito mais perto de nosso planeta, fazendo,
além de aquecer um tanto a mais, poderemos ter alguns desastres
naturais de alguma proporção, ligados a intensas chuvas no início e no
findar do ano de 2016, e também alguns fenômenos como tufões e
ciclones.

    Esperamos que todos os irmãos adentrem o ano de 2016 com muita fé,
buscando sempre fazer a caridade, conquistando todos os objetivos,
sempre com muita paz e muita saúde, sem mazelas, sem ódios, sem
rancores e com muita luz na caminhada, para que assim Pai Oxalá,
acompanhado de Mãe Iemanjá possam reinar de uma forma na qual possamos
ter mais esperanças de um ano melhor que 2015, que foi péssimo.

    Que Pai Oxalá e a linda Mãe Iemanjá nos abençoem por todo o ano de
2016 e que todos Orixás e todas as Entidades de Luz nos protejam
sempre, para que possamos nesse ano de inicialização vencermos todos
os obstáculos, para chegarmos a nossos objetivos, sempre com muito
amor, fé, caridade, saúde, paz, e claro um dinheirinho no bolso, que
não faz mal a ninguém.

Que assim seja!

Carlos de Ogum



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

CONHECENDO OS FALANGEIROS DE IANSÃ






    Mais uma vez vamos falar de Falangeiros, dessa vez vamos falar dos
Falangeiros de Iansã, a Orixá guerreira, deusa dos ventos e
tempestades.

    Sempre friso que os Falangeiros são Entidades que estão somente
abaixo do Orixá. Eles comandam as legiões de Entidades e Espíritos que
se afinizam na vibração do Orixá que os governa.

    E os Falangeiros de Iansã, que também chamamos de Oyá, vem
relacionados da seguinte forma:

Egunitá, Onira, Balé, Biniká, Senó, Abomi, Gunán, Bagán, Kodun,
Maganbelle, Yapopo, Onisoni, Bagbure, Topé, Filiaba, Semi, Sire,
Funán, Furé, Guere, Toningbe, Fakarebó, De, Min, Lario, Adagangbará.

    Esses Falangeiros vem em irradiação com Iansã e vibração ou
fundamento com os seguintes Orixás:


Oyá Egunitá: Vem em vibração ou fundamento com Oxalá, Ogum, Oxossi e
Nanã Buruquê.

Oyá Onira: Vem em vibração ou fundamento com Oxum, Ogum, Oxaguiã e
Obaluaiê.

Oyá Balé: Vem em vibração ou fundamento com Oxalá, Omulú e Nanã
Buruquê.

Oyá Biniká: Vem em vibração ou fundamento com Oxumaré, Oxum e Omulú.

Oyá Senó: Vem em vibração ou fundamento com Iemanjá, Oxumaré e Xangô
(Airá)

Oyá Abomi: Vem em vibração ou fundamento com Xangô e Oxum.

Oyá Gunán: Vem em vibração ou fundamento com Omulú, Xangô, Ogum e Exú.

Oyá Bagán: Vem em vibração ou fundamento com Oxossi, Ossãe, Ogum e
Exú.

Oyá Kodun: Vem em vibração ou fundamento com Oxum, Nanã Buruquê,
Iemanjá e com Oxaguiã.

Oyá Maganbelle: Vem em vibração ou fundamento com Xangô e Iroko.

Oyá Yapopo: Vem em vibração ou fundamento com Obaluaiê.

Oyá Onisoni: Vem em vibração ou fundamento com Omulú.

Oyá Bagbure: Não vem em vibração ou fundamento com nenhum Orixá.

Oyá Topé: Vem em vibração ou fundamento com Oxum, Xangô, Ogum e Exú.

Oyá Filiaba: Vem em vibração ou fundamento com Omulú.

Oyá Semi: Vem em vibração ou fundamento com Obaluaiê.

Oyá Sire: Vem em vibração ou fundamento com Ossãe e Xangô (Airá).

Oyá Funán: Vem em vibração ou fundamento com Oxalá, Nanã Buruquê, Ogum
e Omulú.

Oyá Furé: Vem em vibração ou fundamento com Nanã Buruquê, Oxalá, Omulú
e com a própria Iansã.

Oyá Guere: Vem em vibração ou fundamento com Ogum e Omulú.

Oyá Toningbe: Vem em vibração ou fundamento com Ogum, Exú e Omulú.

Oyá Fakarebó: Vem em vibração ou fundamento com Bará e Ogum.

Oyá De: Vem em vibração ou fundamento com Obaluaiê/Omulú, Oxossi e
Oxum.

Oyá Min: Vem em vibração ou fundamento com Exú, Omulú e Ogum.

Oyá Lario: Vem em vibração ou fundamento com Omulú, Ogum e Exú.

Oyá Adagangbará: Vem em vibração ou fundamento com Bará (Exú)

    Falaremos resumidamente sobre as características de cada um
desses Falangeiros de Iansã, para entendermos como se apresentam em
trabalho.

Oyá Egunitá: Tem como característica uma forma madura, nem muito
jovem, nem muito idosa. Do reino das Igbalés (Iansã ligado as Almas),
essa Falangeira tem um culto ligado aos eguns. É ela que encaminha os
espíritos arrependidos ao encaminhamento, pois ela caminha com os
mortos.

    Tem sua roupagem nas cores amarelo e branco. Traz nas mãos uma
espada de ouro, na qual abre caminho para encaminhar os espíritos
perdidos.

    Dizem que todo vento que atravessa o bambuzal e conduzido por Oyá
Egunitá, e quando se ouve o zumbido desse vento, é essa Falangeira
que está encaminhando os espíritos caídos.

Oyá Onira: Falangeira de característica jovem, arrojada e ao mesmo
tempo guerreira e doce (dependendo da vibração que venha).

    Ela é vista muitas vezes como uma ninfa das águas doces, as vezes
se confundindo com as outras Falangeiras por ser uma grande guerreira
igualmente.

    Oyá Onira tem uma ligação fortíssima com Oxum, e a lenda diz que
foi essa Falangeira que ensinou a Oxum Apará a lutar.

    Sua roupagem vem nas cores coral e amarelo, podendo ser também
totalmente rosa. Tem nas mãos uma espada curta e uma longa, na qual
utiliza ao chegar em Terreiros ou roças para seu trabalho de caridade.

    É vista como uma rainha dentre as Falangeiras de Iansã, sendo
respeitada como tal.

    Muitos a temem pela ligação com Ogum (guerreiro), Obaluaiê
(varíola) e Oxaguiã (poder).

Oyá Balé: Falangeira de forma e característica idosa. Também conhecida
como Gbalé. É aquela que retorna a terra, a Deusa dos mortos, a
senhora dos Eguns, ou a senhora dos cemitérios.

    É ela que tem domínio sobre os mortos para fazer o encaminhamento,
mostra o caminho as Entidades resgatadoras, e demonstra o
entendimento a quem busca por ele.

    Nunca se deve vestir essa Falangeira de vermelho, pois isso poderá
trazer quizilas, por sua ligação com Egum. Sua roupagem deve ser
totalmente na cor branco.

    Ao chegar em Terreiros ou roças, essa Falangeira dança como se
estivesse expulsando os espíritos errantes do ambiente onde se
encontra. Dizem que ela manda esses espíritos ao encontro de Omulú
para que ele os encaminhem fora do trabalho de caridade, para que
assim o trabalho não seja prejudicado.

Oyá Biniká: De formas e características não muito jovem, mas também
não muito idosa, essa Falangeira é conhecida como a Senhora dos ventos
quentes.

    Tem uma ligação muito especial com Oxum, e sempre se apresenta em
Terreiros e Roças trazendo a Falangeira dessa Orixá, Oxum Apará, na
qual tem um trabalho muito semelhante, e uma ligação espiritual
constante em prol da caridade.

    Sua roupagem vem nas cores azul escuro, amarelo, com detalhes em
preto e verde raiado de amarelo. Traz nas mãos uma espada, na qual
faz sua dança utilizando esse instrumento, fazendo assim que muitas
pessoas a confundam com Oxum Apará.

Oyá Senó: Também conhecida como Sinsirá, essa Falangeira De
características e formas jovem, tem um modo carismático de se
demonstrar, fazendo de seus consulentes verdadeiros protegidos.

    Uma Falangeira raríssima de se apresentar em Terreiros ou Roças,
sendo quase uma benção para aqueles que tiveram a sorte de um dia
poderem ver seu trabalho de caridade.

    Sua roupagem se consiste nas cores azul claro, marrom e amarelo
raiado de verde claro.

Oyá Abomi: Também conhecida como Oiá Bomin, é uma Falangeira de forma
e característica bem jovem. além de guerreira, se utiliza da razão e
da justiça para realizar seus trabalhos de caridade.

    Sua roupagem vem nas cores amarelo, azul anil e marrom em
detalhes. Traz nas mãos três pequenas conchas, na qual faz a limpeza
em seu consulentes com elas.

Oyá Gunán Falangeira que também pode ser conhecida como Gigan, tem
como característica a forma madura, trazendo a sabedoria no olhar
profundo.

    Tem um modo muito particular de chegar a Terreiros e Roças, as
vezes chega com uma grande força jovial, trazendo uma vibração a
muitos Médiuns que tenham na coroa a Orixá Iansã. Essa forma mais
rápida de chegada se consiste no momento de vibração com Exú. Caso
sua vibração do momento se consistir com Omulú, sua chegada vem mais
pesada, devagar, e muitas das vezes sem a dança tradicional.

    Sua roupagem vem na cor Marrom, com detalhes em vermelho e preto.
Algumas vezes pode ter nas mãos duas cabaças, na qual se dizem trazer
espíritos errantes, que ´por ela foram presos, para não trazer mazelas
para o trabalho de caridade a consulentes.

Oyá Bagán: Falangeira de características e formas muito jovial. Grande
guerreira, audaciosa, batalhadora, e que não deixa uma pergunta sem
resposta.

    Grande Deusa dos ventos estreitos corrente por entre as matas,
e essa Falangeira não admite que mencionem a ela algo injusto, não
aceita ouvir sequer palavras que vão contra os semelhantes.

    Se veste na cor amarelo e verde, com muitos detalhes em vermelho
e preto. Tem um capuz cobrindo a cabeça, para demonstração que essa
Falangeira não a tem. Nas mãos pode trazer uma espada curta ou um arco
e flecha, dependendo da vibração maior que esteja presente.

    Sua chegada em Terreiros e Roças se consiste em movimentos fortes
e rápidos, deixando muitas vezes algumas pessoas em dúvida, por
parecer a chegada de Exú.

Oyá Kodun: Falangeira de forma e característica jovem/madura, que
vibra sobre as águas. Protetora de seus filhos, amável e carinhosa.
Porém em algumas vezes pode vir de forma mais radical, com palavras um
tanto mais duras para alertar a seus consulentes.

    Como uma mãe protetora, sabe muito bem a hora de acariciar e a
hora de mostrar o erro.

    Sua roupagem vem nas cores amarelo, azul, com detalhes em roxo e
branco. Sua dança de chegada se consiste em erguer as mãos, e puxar
para si, como se estivesse buscando as forças de Oxalá para seu
trabalho de caridade.

Oyá Maganbelle: Também conhecida como Oyá Agangbele, tem como
característica a forma madura/idosa. Se utiliza da justiça e do tempo
passado, presente e futuro para seus trabalhos de caridade. De
semblante fechado, sem muitas palavras, se faz presente em Terreiros e
Roças sem a dança tradicional nas chegadas ou partidas. Aprecia o
silêncio, e demonstra irritação a aqueles que não entendem que tudo
tem o tempo certo de acontecer.

    Muitas Médiuns que tem essa Falangeira na coroa, possivelmente
terão dificuldades para engravidar, pois e nessa qualidade que é
demonstrado o qual a dificuldade para a gestação.

    Tendo essa Falangeira na coroa, e desejando engravidar sem
preocupações, se deve fazer um firmamento aos pés de uma grande
árvore, para que assim a gestação seja protegida.

    As vestes dessa Falangeira se consiste nas cores Marrom, amarelo e
branco, com detalhes em palha da costa.

Oyá Yapopo: Falangeira de forma e característica jovem. Tem grande
ligação com Obaluaiê, e nele vibra quando tem sua chegada em
Terreiros e Roças.

    Seu modo de trabalho é virado a cura de doentes, e traz nas mãos
uma pequena cruz em madeira, na qual faz limpeza em consulentes
tomados por males físicos.
    Sua roupagem é na cor branco com bordas em amarelo.

Oyá Onisoni: Falangeira de característica e forma idosa. De palavras
curtas, sem expressão na face, não se apega a conversas
desnecessárias, fazendo seu trabalho de uma forma lenta, calma,
serena, isso se caso o consulente não expressar algo que venham fora
da regra da religião, como pedir mal a semelhantes, ou amarrações de
diversas formas.

    Essa Falangeira tem um trabalho especial em encaminhamento e busca
de espíritos desencarnados. Tem como finalidade buscar e levar
espíritos errantes, para que não fiquem rondando nas caminhadas de
consulentes.

    Sua roupagem é nas cores amarelo e preto, tendo detalhes em
branco.
    Sua forma de chegada e partida de Terreiros e Roças é de forma
lenta, pesada, de fronte voltada ao chão.

Oyá Bagbure: Como não tem ligação ou fundamentos com nenhum Orixá,
essa Falangeira tem várias formas e características, podendo se
apresentar na forma jovial ou idosa.

    Seu trabalho é exclusivo ao culto de Egunguns, chamado de, Bamila
Âçô Eró Olufon. Sua roupagem é totalmente branca. E muito pouco vem em
Terreiros e Roças.

Oyá Topé: De formas e característica muito jovem, Oyá Topé é uma
Falangeira de extremo conhecimento que vai da paz a guerra no mesmo
instante. Tem um jeito carismático e de grande teor de inteligência.

    Dizem que essa Falangeira mora no templo onde reside Oxum e Exú, e
por isso sempre que vem a terreiros e roças, traz os dois junto a si.

    Em alguns casos a Oyá Topé é vista como uma Igbalé. E também pode
ser conhecida como Yatopé, ou Tupé. Tudo depende da região.

    Sua roupagem vem na cor branco, azul, marrom, com detalhes em
vermelho raiado de preto.

    Traz nas mãos uma espada curta e uma longa, que dança mostrando e
cruzando ambas. Isso para demonstrar que está ali tanto para a paz
quanto para guerra, claro que isso se referindo aos espíritos sem luz.

Oyá Filiaba: De forma e característica muito idosa, essa Falangeira vem
com passos pesados, lentos, de corpo um tanto curvado.

    Ligada diretamente a encaminhamento dos desencarnados, tem como
finalidade principal a demonstração de entendimento as almas recém
desencarnadas, caso essas não compreendam a nova situação.

    Tem suas vestes em cores branco e preto, raiadas de amarelo nas
bordas. Traz nas mãos uma pequena cruz de madeira, e tem em seu
semblante um ar de seriedade intenso. Nunca se viu essa Falangeira
esboçar um ar de sorriso, tem seu olhar muito penetrante, e algumas
vezes a vemos olhando para o vazio. Muitos dizem que nessa condição,
Oyá Filiaba está mostrando os caminhos a serem seguidos, pelos
espíritos errantes, que possam estar tentando atrapalhar uma Gira de
caridade.

Oyá Semi: Falangeira de característica e formas jovens. Pela sua ligação
ou fundamento com o Orixá Obaluaiê, tem o domínio das doenças e pestes.

    Suas vestes são nas cores amarelo e preto. Sua chegada em terreiros
ou roças vem de uma forma mais agitada,, com uma dança na qual levanta e
abaixa os braços, que quando no movimento de abaixar os braços, faz como
se puxasse algo para si. Dizem que seria a captura de males dos corpos
dos filhos presentes no ambiente religioso.

Oyá Sire: De formas e características jovem/madura, Oyá Sire tem como
finalidade principal questionar as coisas que acredita estar erradas,
tanto na casa onde vem, como nos pedidos de consulentes. Caso os
argumentos sejam satisfatórios, essa Falangeira faz de tudo, possível e
impossível para ajudar. Mas se caso os argumentos pedidos não respondam
as questões de Oyá Sire, não adianta pestanejar, pois a conversa acabou
naquele ponto.

    De grande inteligência e de enorme experiência em manipulação das
ervas, essa Falangeira sempre está presente na irradiação de outras
Falangeiras de Iansã, caso necessário ter algum tipo de auxílio com
ervas e raízes.

    Suas vestes vem nas cores marrom, amarelo e verde, raiadas nas
bordas de branco.
    Traz nas mãos o símbolo de Ossãe, na qual tem imensa ligação, esse
símbolo seria um Ferro com sete pontas com um pássaro na ponta central.
(Representa uma árvore de sete ramos com um pássaro pousado sobre ela).

Oyá Funán: Falangeira de característica e forma madura/idosa. De grande
poder, e imensa demonstração de força sobre tudo que venha a trabalhar
em prol da caridade.

    Senhora dos grandes ventos, deusa do interior dos bambuzais, força
superior que demonstra a rapidez de chegar da guerra a paz em pouco
tempo.
    Oyá Funán também pode ser conhecida como Igbalé Fumán ou Afefe Yku
Funan, a senhora do fogo e dos ventos da morte.

    Também encaminhadora de desencarnados,
    Suas vestes vem na cor branco, preto, com bordas raiadas de
vermelho e roxo.

    Sua chegada em terreiros e roças podem ser divididas em atos e ações
rápidas, ou em passos e dança pesadas. Tudo vai depender do Orixá que
está lhe acompanhando no momento do trabalho.

Oyá Furé: De característica madura mas de forma jovem, essa Falangeira é
guerreira, forte e poderosa nas ações contra as mazelas levadas as casas
espiritualistas. Pode ser conhecida também pelo nome de Oyá Tanan. É ela
que recebe os desencarnados na passagem da vida para a morte.

    Suas vestes vem na cor branco, por cima dessa roupagem tem palhas da
costa cobrindo a maioria dessas vestes.

    Ela usa uma foice na mão esquerda e um eruexim na mão direita. Chega
em terreiros e roças dançando como se estivesse carregando na cabeça uma
enorme cabaça.

    Em suas vestes são penduradas pequenas cabaças, e no tornozelo
direito uma pulseira de aço.

    Tem ligação direta com culto aos Eguns, pois ela preside a vida e a
morte.

Oyá Guere: De forma e característica madura/idosa, essa Falangeira é
extremamente guerreira e poderosa.
    Conhecida também como Logunere, essa Falangeira é um tanto temida
pela sua ligação com a força da guerra e a destreza da morte.

    Ao chegar em terreiros e roças, vem de uma forma sagaz, dançando de
uma forma como em ataque o tempo todo. Dizem que essa forma de dança
equivale aos ataques a espíritos obsessores que possam atrapalhar a
jornada dos trabalhos de caridade. E ela usa a força de Ogum com a
própria força de Iansã para esse ataque, e a sabedoria e o
encaminhamento do Orixá Omulú para levar para longe do ambiente essas
forças obscuras.

    Suas vestes vem nas cores amarelo ouro, vermelho e bordas raiadas em
preto. Traz nas mãos uma espada longa, na qual usa nas suas danças de
desobsessão

Oyá Toningbe: Forma e característica jovem/idosa, essa Falangeira tem
uma ligação muito grande com Exú e Ogum, também tendo ligação com Omulú,
fazendo disso então uma grande legião de força e poder
para vencer mazelas e pelejas.

    Elas estão ligadas ao culto dos mortos, assim como algumas outras
Falangeiras de Iansã, tendo a diferença da ligação com Exú e Ogum,
fazendo assim o trabalho de limpeza das cargas deixado por espíritos
errantes ficarem muito mais intensos.

    Ao chegar em Terreiros e Roças, essa Falangeira dança parecendo
expulsar os obsessores com os braços.

    Suas vestes vem na cor vermelho, com bordas pretas, raiadas na cor
branco.

Oyá Fakarebó: De característica e forma muito jovem, essa Falangeira tem
como finalidade principal guerrear, vencer sempre. e essa guerra
constante contra espíritos sem luz, nunca termina, pois como diz essa
Falangeira, são os sentimentos humanos que dão forças a esses
espíritos.

    Oiá Fakarebó, também pode ser conhecida como Fakarebô, ela não é
feita em seus eleitos. Dizem que é a verdadeira senhora dos Ebós, a
lenda diz que é a ela que se é entregue todos os Ebós feitos por seus
filhos.

    Tem uma ligação extrema com Exú e Egum, todos seus rituais são
feitos no morim (tipo de pano), cabaças (vasilha feita da casca da
abóbora depois de seca) e porrões (artefato de barro).

    Sua chegada em Terreiros ou Roças é de uma forma agitada, rápida,
dançante, rodopiante, modo raramente visto em outros Falangeiros.

    Tem atos e ações rápidos, que muitas vezes deixa até os consulentes
apreensivos.

    Sua roupagem vem nas cores preto e branco, raiado de vermelho nas
bordas.

Oyá De: Falangeira de característica jovem/idosa, tem grande ligação
com o momento inicial de uma doença física, até o momento da morte. Pela
sua ligação extrema com o Orixá Obaluaiê (forma jovem do Orixá) e Omulú
(forma idosa do Orixá), a Oyá De, tem esse controle sobre os males
físicos e desencarne.

    Sua roupagem é na cor branco, podendo em alguns casos terem as
bordas em azul anil e verde. Tem nas mãos duas cabaças, na qual traz e
leva as doenças.

    Ao chegar em Terreiros e Roças, essa Falangeira vem em uma dança
constante, girando, com as duas cabaças nas mãos.

Oyá Min: De característica e forma madura. Encaminhadora de Eguns,
guerreira que luta contra espíritos errantes.

    De poucas palavras, de olhar que se fixa no olhar de seu consulente,
como se estivesse vendo a alma de cada um. Não aceita a falsidade e nem
as mentiras. Caso seja colocado algum pedido, na qual o consulente tente
esconder algo relevante, essa Falangeira o olha bem no fundo dos olhos e
questiona o porque daquele ato.

    Quando chega nos Terreiros e Roças, chega de uma forma extrovertida,
mas sempre se focando em algum ponto da casa. Dizem que seria para
colocar nesse ponto todos os espíritos errantes, para quando levá-los
para o encaminhamento, levaria todos de uma só vez.

    Tem suas vestes nas cores amarelo ouro ou toda preta, podendo também
ser na cor preto com bordas em vermelho e branco. Traz nas mãos uma
espada longa, na qual em sua dança, guerreia contra todos os males.

Oyá Lario: Falangeira de característica e forma de idosa para jovem.
Tendo seu maior tipo, a forma jovem, pela sua ligação extrema com Exú.
Sendo Exú também quem domina o modo de roupagem, de chegada em
Terreiros e Roças.

    Tem um jeito extremamente extrovertido, falante, sorridente em suas
consultas de caridade. Está sempre se mexendo, falando com um e com
outro ao mesmo tempo que conversa com seu consulente.

    Não é difícil ver essa Falangeira parar uma consulta no meio para ir
ao centro do Terreiro dançar ao sons mágicos do atabaque. E logo que faz
sua performance, retorna a seu trabalho, sobre os olhares encantados de
todos os consulentes presentes.

    Sua roupagem vem nas cores vermelho e preto, muitas das vezes tem as
bordas raiadas em amarelo ouro.

    Nunca deixa um consulente sem resposta, mesmo que não seja a
resposta que o consulente deseja ouvir.

    Para essa Falangeira o que interessa é o entendimento das coisas, e
se caso um consulente pedir algo, esse algo for levar esse consulente a
um caminho de escuridão, ele será avisado com todos os detalhes, e se
mesmo assim esse consulente teimar com esse pedido, Oyá Lario vai ficar
mostrando a todo custo a cobrança que esse consulente sofrerá, até ele
entender.

Oyá Adagangbará: De forma e característica jovem, grande ligação com
Exú, essa Falangeira por muitas vezes se confunde com Oyá Lario, pois
tem características, forma de chegada em terreiros e roças, e até
roupagem muito parecido com a Falangeira Lario.

    A diferença maior se consiste em uma espada curta dourada, que Oyá
Adagangbará traz na mão esquerda, na qual gira enquanto dança. O
restante dos detalhes são praticamente iguais a Falangeira Oyá Lario.


    Essas são as Falangeiras dessa poderosa e linda Orixá, que
descrevemos resumidamente, pois precisaríamos muito mais que um texto
para descrever tamanho poder dessa linha de falangeiros.

    Saravá a Falange de Mãe Iansã!

Eparrei Bela Oiá!

Carlos de Ogum.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

POEMA A OBALUAIÊ/OMULÚ- POR CARLOS DE OGUM.





 
Poema a Obaluaiê/Omulú - Por Carlos de Ogum.

    A mãe terra nos deu a proteção,
nos entregando a um Orixá poderoso,
rei  supremo que nos estende a mão,
senhor da cura um pai amoroso.

Seu nome traz a saúde a nosso ser,
suas palhas divinas cobrem nossas chagas,
peço sua benção e sei que ela vou ter,
mestre supremo que alivia a dor destruindo as pragas.

Senhor que domina todas as epidemias,
que sempre cura meu corpo e minha alma,
pai eterno que me traz muitas alegrias,
que nos conforta em todas as horas e sempre me acalma.

Quando moço me liberta de todos os males,
levando sempre a doença para longe de mim,
quando velho me acompanha pelos vales,
encaminhando meu espírito e mostrando que não chegou o fim.

A ti mestre da terra entrego meu caminho,
sem ter o que temer na hora de desencarnar,
no céu de Zambi não estarei sozinho,
pois tenho meu protetor para me acompanhar.

Senhor que por dois nomes é conhecido,
e conhecido também pela vida e a morte,
um Orixá que nunca deverá ser esquecido,
que nos traz saúde, paz e boa sorte.

Estou falando de um grande Orixá,
que abençoa a mim e a você,
na forma jovem a saúde cuidará,
esse é nosso querido Pai Obaluaiê.

E desse mesmo Orixá ainda vou dizer,
sendo a forma idosa vem nos dar proteção.
o desencarne não vou temer,
pois Pai Omulú nessa hora sempre me estende a mão.

Meu corpo está protegido de todas as chagas,
sua benção me alivia e tira a dor,
meu espírito está protegido contra obsessores e pragas,
com o carinho desse grande protetor.

Omulú mestre encaminhador de Alma,
entrego-te minha vida e meu ser,
em tuas mãos meu espírito se acalma,
Orixá da morte que nos ensina a viver.

Obaluaiê que salva meu corpo doente,
retirando todas as mazelas pragas e dores,
em minha vida sempre está presente,
tornando a caminhada como em um jardim de flores.

Omulú que leva nossa alma para a luz,
nos dando entendimento e compreensão,
sempre nos entrega aos braços do Senhor Jesus,
e sempre nos guardando carinhosamente em seu coração.

Por Zambi e Oxalá foi abençoado,
e como Orixá luta contra o mal,
Obaluaiê e Omulú nomes lado a lado,
assim como São Roque e São Lázaro santos amados sem igual.

Orixá da terra que nos dá alimento e a vida,
que nos dá também as matas e flores para um lindo buquê,
filho de Nanã nossa vovó querida,
esse é nosso amado pai Omulú/Obaluaiê.

Carlos de Ogum.





sexta-feira, 30 de outubro de 2015

FALANGEIROS OU QUALIDADES DE OMULÚ/OBALUAIÊ

   

    Dentro da Umbanda ouvimos falar muito do Orixá Obaluaiê, que se
desdobra como Omulú, é dito que Obaluaiê é a forma jovem do Orixá, e
Omulú é a forma idosa do mesmo Orixá.

    Obaluaiê/Omulú também pode ser conhecido pelo nome de Xapanã.
Porém Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda,
não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente.


    Mas hoje não vamos entrar nesse mérito, pois esse texto é para
falarmos dos Falangeiros ou Qualidade desse tão adorável e temido
Orixá.

    Para quem desejar saber mais sobre o Orixá em si, abaixo anexo o
link de um texto em nosso blog que descreve mais sobre ele.

Saudando Obaluaiê - Omulú.

Http://umbandayorima.blogspot.com.br/2013/08/obaluaie-omulu.html

    Mas como já dissemos, agora vamos falar dos Falangeiros, lembrando
que Falangeiro de um Orixá é aquela Entidade que está somente abaixo
do Orixá, ele comanda as legiões de Entidades e Espíritos que se
afinizam na vibração do Orixá que os governa.

    Os Falangeiros de Obaluaiê/Omulú vem divididos na seguinte forma:

Afoman/Akavan, Agbagba Jagun, Agóró, Ajoji/Ajagun, Ajoji Segí,
Arawe/Arapaná, Arinwarun/wariwaru, Avimaje/Ajiuziun, Azoani,
Azonsu/Ajansu/Ajunsu, Ipópó, Itetú Jagun, Itubé Jagun, Jeholu, Sapatá,
Tetu/Etetu Jagun, e Xapanã.

    Esses Falangeiros vem em irradiação com Obaluaiê/Omulú e vibração
ou fundamento com os seguintes Orixás:


Afoman/Akavan: Vem em vibração ou fundamento com Exú, Ogum, Oxumaré e
com Oiá (Iansã).

Agbagba Jagun: Vem em vibração ou fundamento com Oiá (Iansã).

Agóró: Vem em vibração ou fundamento com Oxalá e Iemanjá.

Ajoji/Ajagun: Vem em vibração ou fundamento com Ogum e Oxaguiã (Oxalá
Jovem).

Ajoji Segí: Vem em vibração ou fundamento com Iemanjá, Oxumaré e Nanã
Buruquê.

Arawe/Arapaná: Vem em vibração ou fundamento com Oiá (Iansã) e Oxalá.

Arinwarun/wariwaru: Vem em vibração ou fundamento com Oxum, Oxalá e
Oxumaré. Também vem em fundamento com ele próprio sendo esse nome um
título de Xapanã.

Avimaje/Ajiuziun: Vem em vibração ou fundamento com Nanã Buruquê,
Ossãe e Odé (Oxossi).

Azoani: Vem em vibração ou fundamento com Iroko, Oxumaré, Iemanjá e
Oiá (Iansã)

Azonsu/Ajansu/Ajunsu: Vem em vibração ou fundamento com Oiá (Iansã) ,
Oxumaré, Oxalá, Oxum e Ogum.

Ipópó: Vem em vibração ou fundamento com Nanã Buruquê.

Itetú Jagun: Vem em vibração ou fundamento com Iemanjá e Oxalá.

Itubé Jagun: Vem em vibração ou fundamento com Ogum, Xangô, Exú,
Oxaguiã (Oxalá na forma jovem) e Oxalufã (Oxalá na forma idosa).

Jeholu: Vem em vibração ou fundamento com Iemanjá.

Sapatá: Vem em vibração ou fundamento com Oxalufã (Oxalá na forma
idosa).

Tetu/Etetu Jagun: Vem em vibração ou fundamento com Ogum e Oiá
(Iansã).

Xapanã: Vem em vibração ou fundamento com Exú.

    Agora vamos falar resumidamente um pouco de cada desses
Falangeiros de Obaluaiê/Omulú. Frisando em alguns deles a roupagem,
artefatos e utensílios usados, personalidade, entre outras coisas.


Afoman: Também conhecido nas roças e terreiros como Akavan. Ele tem
como característica a forma jovem de ser. É um lutador, guerreiro e
destemido. Ao chegar no terreiro, vem de forma rápida como o vento,
forte como um raio, além de manter uma dança erguendo as mãos como em
luta intensa. Tem sua roupagem as cores estampadas., podendo ser a
maior intensidade as cores amarelo e preto. Carrega sempre com ele
duas bolsas onde carrega as doenças.

De olhar penetrante, esse Falangeiro demonstra muita força em tudo e a
todos. Sendo ele o senhor das plantas trepadeiras, se denomina o dono
delas, assim como dono das doenças que sobem pelo corpo, vindo dos pés
para a cabeça de alguém.

    Em sua chegada aos terreiros, sua dança ele movimenta os braços
como se estivesse cavando a terra,dizem que seria a cova que ele cava
para depositar os corpos desencarnados, que possivelmente lhe
pertenceria.

Agbagba Jagun: Falangeiro forte e perspicaz. Porte de guerreiro, tem
como característica a forma jovial, porém madura. Em sua roupagem tem
as cores branco e amarelo. Em alguns casos pode trazer na mão uma
espada que tem na empunhadura uma cruz.

Agóró: Esse Falangeiro tem como característica a forma idosa. Nos
terreiros e roças chega de forma lenta, de passos pesados e de fronte
posicionado para terra. Sua roupagem é da cor branca, e usa biokô com
franjas de palha, demonstrando sempre a ligação entre o nome Obaluaiê
e Omulú.

Ajoji: Esse Falangeiro também é conhecido como Ajagun nos terreiros e
roças. Pode ter duas características, uma sendo jovial de modo
guerreiro e perspicaz, ou pode ser um jovial de uma forma mais branda
que tem a palavra como símbolo de levar a paz e a calmaria.

    Na primeira característica tem roupagem na cor branco com detalhes
em vermelho, traz na mão uma espada ou um escudo. Na segunda tem
roupagem toda na cor branco, trazendo na mão uma cruz em madeira.

Ajoji Segí: Falangeiro de forma e característica madura, não
demonstrando a jovialidade, mas também não chega a ser idoso completo.

    Tem sua roupagem nas cores em tons de azul, verde, e roxo. Todas
com detalhamento na cor branco.

    Sempre chega em calmaria nos terreiros, e tem como uma
característica fundamental, ouvir, refletir sobre tudo que um
consulente esteja falando.

Arawe: Falangeiro muito respeitado nas roças e terreiros, que também
pode ser conhecido como Arapaná. Vem de duas formas, a forma
guerreira, porém refletiva sobre fatos que envolvem os trabalhos, e a
forma discursiva, levando a calmaria a seus consulentes.

    Em ambas as formas traz nas mãos, de um lado uma espada em aço, de
outro uma cruz em madeira.

    Sua roupagem em branco tem detalhes em amarelo. Para que assim
demonstre a benevolência de seu mestre Oxalá e a força de luta de sua
deusa Oiá (Iansã).

Arinwarun: Também conhecido como wariwaru nas roças e terreiros. Esse
Falangeiro tem uma característica na forma idosa do Orixá.

    Sua personalidade e bem fechada, de poucos gestos amigáveis,
poucas palavras. Tem gestos lentos, até um pouco sombrio.

    Raramente vem em terreiros para trabalhos. Dizem que traz as
doenças e pragas, e distribui para aqueles que faltam com respeito a
seu nome.

    Sua roupagem tem muitos mistérios, ele por vezes pode estar de
branco com detalhes azul anil, em outras vezes branco com detalhes em
verde e amarelo, e em outras vezes branco com detalhes em roxo. Mas na
sua forma mais fechada, onde se tem uma ligação maior com Xapanã, pode
vir nas cores preto e vermelho, com pequenos detalhes de branco.

    Em todas as formas traz sempre nas mãos uma cruz de madeira, essa
cruz teria sido envolvida com palhas da costa em forma de trançamento.

Avimaje: Com uma característica jovial, esse Falangeiro vem de uma
forma bem rápida e está sempre atento a tudo. Como um felino em uma
mata, está buscando sons diferentes e imagens que lhe chamam atenção.
Ao mesmo tempo que age dessa forma, tem a serenidade e a maturidade
de um ancião.

    Tem muita ligação com ervas, flores, frutos, e tudo ligado a
floresta. Podendo ele curar as doenças e pestes através dos
ensinamentos e entendimentos sobre a flora.

    Sua roupagem é nas cores branco, verde, amarelo e roxo. Podendo em
alguns casos ele decidir e desejar uma lança, feita em madeira e
trançada com palha da costa.

Azoani: Esse Falangeiro tem como finalidade a forma jovem. Está
sempre atento a tudo e a todos.

    Tem na roupagem as cores preto e branco, em outros casos a
roupagem é em vermelho, tendo as palhas da mesma cor. Traz na mão uma
espada em forma de raio, que usa para espantar obsessores e doenças.

Azonsu: Também conhecido nas roças e terreiros como Ajansu ou Ajunsu.
Ele é muito extrovertido e perspicaz. Tem ligação extrema com o tempo,
as estações do ano e ao culto da terra.

    Ele é o verdadeiro dono do cuscuzeiro, mas normalmente só
carregava o apetrecho sem a massa.

    Sua roupagem vem nas cores vermelho, branco e preto, e sempre
leva na perna esquerda uma pulseira de aço. Também traz em uma das
mãos uma lança de madeira, enfeitada com palha.

Ipópó: Falangeiro de característica e forma idosa, sendo extremamente
sério nas palavras e nos gestos. Tem uma grande colocação no pensar de
seus filhos. Gosta de tudo dentro das normas, e detesta quando um
filho quebra uma regra. Se agrada bastante ao saber que um filho segue
da melhor forma suas colocações, principalmente no modo de agir.

    Sua roupagem é dividida nas cores branco e roxo, usa biokô, e em
alguns casos traz nas mãos um pedaço pequeno de madeira circulado por
palhas da costa.

    Sua dança é lenta, porém nessa dança se caso necessário for
preciso retirar um obsessor no ambiente que se encontra, a dança se
torna rápida de forma circulares, podendo ser feito dessa forma até
toda a limpeza do ambiente seja feito. Nesses casos de tempos em
tempos no período da dança, esse falangeiro bate no chão com seu
pequeno pedaço de madeira que traz nas mãos.

Itetú Jagun: Nessa forma de Falangeiro, o nome Omulú rege mais do que
o nome Obaluaiê, portanto a característica é uma forma idosa, porém
vibrando e tendo fundamento com Oxalá e Iemanjá, o Falangeiro Itetú
Jagun vem a trabalho com um ar sereno, calmo, amável, demonstrando
atenção e carinho a todos os seus consulentes.

    Sua roupagem pode ser toda em cor branco, ou toda em azul claro
com detalhes em branco.

Itubé Jagun: Falangeiro muito forte, sagaz, de extrema visão para
combate de obsessores. Tem Características e forma muito jovem,
batalhador e guerreiro. Do tipo que nunca foge a uma quizila, esse
Falangeiro deve ser respeitado ao extremo, nunca devendo ser
consultados com intenções escusas, desejos de mal aos semelhantes,
amarrações, pois, como são temas que não constam nas permissões
espirituais, ele pode se ofender e levar a quizila para o lado do
consulente que fora pedir essas coisas errôneas.

    Sua roupagem varia em demasia, pode usar cores fortes como o preto
e vermelho, até cores neutras como o branco com detalhes de diversas
cores, vindo do verde até o marrom, dependendo de sua irradiação do
momento.

    Ele leva em uma das mãos uma lança chamada de Ocó, e dessa lança
além de proteger os filhos de obsessores, ele também caça com ela o
Igbin (uma espécie de caracol), que somente ele come, trocando essa
iguaria pelo conhecido feijão preto e o cuscuz, que normalmente é a
comida dos outros Falangeiros de Obaluaiê/Omulú.

Jeholu: Falangeiro de nome sagrado, de forma e característica madura,
não chegando a se demonstrar idoso, mas também não tão jovial. É
considerado o senhor das pérolas, e de todos encantos que essa joia
proporciona.

    Tem como fundamento demonstrar segurança a seus filhos, e
interceder sempre ao Orixá pela proteção de quem busca ajuda a esse
Falangeiro.

    Sua roupagem vem na cor bege, normalmente sem detalhes de outras
cores. Traz nas mãos um pano azulado, que dizem que seria com ele que
cura as doenças que teimam em permanecer em nosso corpo. E com esse
próprio pano é que ele faz sua dança, como fosse um pequeno manto
sagrado, assim como sagrado seria o Falangeiro Jeholu.

Sapatá: De forma e característica idosa, esse Falangeiro vem
totalmente na linha branca. Raramente se manifesta em trabalhos ou
Giras, mas mesmo assim sua vibração é muito importante para esses
encontros, pois ele vibra em todos os Orixás que usam a cor branco ou
mesmo tenham detalhes nessa cor nas roupagens.

    Ele carrega na mão uma cruz em madeira clara, e sua roupagem é
literalmente toda na cor branco, determinando assim sua ligação
grandiosa com seu mestre Oxalufã.

Etetu Jagun: Também conhecido como Tetu nas roças e terreiros. Sua
característica e forma é bem jovem, e sem dúvida é o mais guerreiro
entre todos os Falangeiros de Obaluaiê/Omulú.

    Ao chegar em um terreiro, faz menções de luta entre ataque e
defesa nas colocações de sua dança. Tem nas mãos uma espada e um
escudo, nos pulsos braceletes em aço, como os medievais. Sua luta
constante contra obsessores e doenças, faz desse Falangeiro um grande
protetor de todos. Ele nunca desiste de uma guerra para trazer de
volta a paz e a saúde.

    Sua roupagem em tempo de calmaria e toda na cor branco, mas em
tempos de luta os detalhes dessa roupagem se dividem nas cores
vermelha e amarela. Ele também usa biokô.

Xapanã: Falangeiro de forma e característica jovem. Um lutador contra
tudo. Traz no semblante um sorriso de seriedade a ironia. Muito ligado
a Exú, se deve prestar bem atenção ao se pedir algo a esse Falangeiro,
para que não seja algo de ruim a um semelhante, para não sair da
consulta carregando uma mazela ou um mal físico.

    Dizem que Xapanã, assim como todo seu reino, é o que traz as
doenças e as distribui as pessoas, ou seja pelo mau ato da pessoa, ou
seja por um destino, sendo assim ele segue ordens do reino das
evoluções humanas.

    Sua roupagem é nas cores preto e vermelho, nunca usa branco ou
roupas claras. Traz na mão esquerda uma cruz cunhada em madeira e
detalhes em aço, amarrada e trançada com palhas nas cores preta e
vermelha, essa cruz tem um diferencial de outras que alguns
falangeiros de Obaluaiê/Omulú usam, ela tem entre duas a duas e meia
vezes o tamanho das outras, podendo assim ser usada como um cajado.

    Para finalizar, resumidamente descreveremos um pouco do próprio
Orixá na forma de sua roupagem e características, assim como foi feito
com seus Falangeiros.

    O Orixá Obaluaiê/Omulú é rei da terra, sendo essa sua fonte de
força e energia.

    Sua roupagem é feita de ikô, um tipo de fibra extraída do igí
ogoró, a palha da costa, que é um elemento de grande significado
ritualístico, em especial em ritos ligados a morte. e as coisas
sobrenaturais, demonstrando que sua presença algo deve permanecer
oculto.

    A roupagem de Obaluaiê/Omulú é composta em duas partes que são
conhecidas como "Filá" e o "Azé".

    A primeira parte, que se compõe na parte de cima e que cobre a
cabeça é um tipo de capuz, que é trançado de palha da costa acrescido
de palha por toda sua volta indo da parte de cima até a cintura. Já o
Azé, seu asó ikô (roupa de palha), é uma saia feita em palha da costa,
que vai da cintura até os pés.

    Também em alguns casos, pode ficar essas palhas acima dos
joelhos, e por baixo desse saiote vai um "Xocotô" ou um "Biokô", que
são uma espécie de calça, também conhecido como
"calçulú", que seria usado para ocultar o mistério da morte e do
renascimento.

    Nessa vestimenta descrita acima, temos como acompanhamento algumas
cabaças que vem penduradas, onde supostamente se carrega remédios para
todos os males. Ao vestir-se com ikô e cauris, obaluaiê/Omulú revela
sua importância e grandiosa ligação com a morte.

    Obaluaiê/Omulú é um dos mais temidos e respeitados Orixás, talvez
por essa ligação que tenha com a vida e a morte, mas muitos filhos de
Umbanda tem um certo receio de falar, admirar e entender os ritos
desse poderoso Orixá e seus Falangeiros.

    Mas como outros Orixás, Obaluaiê/Omulú e todos seus Falangeiros,
só trabalham para nosso bem, nossa saúde, nossa evolução. Eu, Carlos
de Ogum, particularmente, tenho uma grande devoção e admiração por esse
Orixá, e posso dizer por experiência própria que Obaluaiê/Omulú e
todos seus Falangeiros, nos atende nas horas de grande aflição diante
de um mal na saúde física. Basta termos fé, e a resposta sempre vem.

Atotô meu Pai Obaluaiê/Omulú!

Atotô Babá!

Saravá todos os Falangeiros desse grande Orixá.


Carlos de Ogum.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

A HISTÓRIA DA CIGANA SARA MENINA.







 A História da Cigana Sara Menina.

Foi numa noite de luar que a vi,
noite bela de céu estrelado,
sem pensar parei perto de ti,
com sua dança me deixou encantado.

    Menina Cigana ou Cigana Menina,
a ti peço para ler a minha mão,
ela a mim chegou e apenas sorria,
Cigana tão linda me dê proteção.

    No Céu estrelado a Lua a Brilhar,
na minha mão a sua mão tão pequenina,
encanta com fascínio a quem dela se aproximar,
Bela Cigana linda rainha Sara Menina.

    A linda Ciganinha Sara Menina, tem sua história encarnada em
várias regiões do Brasil., pois seu povo nômade por estar sempre a
viajar sem paradeiro, tinha a felicidade de conhecer várias e várias
regiões por todo o mundo.

    Essa Ciganinha era muito sorridente, tinha o dom da quiromancia
(arte de ver o futuro das pessoas pelas linhas da palma da mão), tinha
o frescor das flores, a leveza dos ventos no qual fazia dessa Cigana
uma dançarina sem igual. De pouca idade e com uma face digna de uma
princesa, a Cigana Sara Menina chamava a atenção em todos lugares que
estava, e tanto Ciganos ou Gadjos ficavam encantados com tanta beleza
daquela Cigana de olhar infantil.

    Logo que entrou na adolescência, a jovem Sara foi apresentada como
a mais nova futura noiva de algum Cigano, que deveriam ser levados
pelos pais até o pai da Ciganinha, a vontade de desposá-la, tendo que
para isso demonstrar as suas riquezas, pois aquele que mais tivesse
bens, seria o escolhido para ser o futuro noivo da menina.

    Mas na mente da menina Sara, não era justo essa colocação sobre a
vida dela. Ela tinha sonhos, vários sonhos, e entre esses sonhos, o de
se casar por amor, o de poder escolher a pessoa que iria acompanhá-la
pelo resto da vida, fora que ela se achava extremamente nova na idade
para ter um compromisso desses.

    Sara também tinha outros sonhos, o de ser tão respeitada como sua
Madrinha, uma Cigana de meia idade, que era a senhora das porções
mágicas, a que ajudava a todos, a que não era submetida as vontades
dos homens do clã, pois fazia o que desejava, na hora que desejava,
sem que o chefe de seu povo mostrasse insatisfação com isso.

    Sara queria ser independente assim como sua madrinha, e dessa
madrinha que aprendeu muitas e muitas lições sobre o mundo oculto e
espiritual dos Ciganos. E com isso ela percebeu que poderia mudar seu
destino, não que não se orgulhasse de sua mãe e de todas as outras
Ciganas, que realizavam um trabalho constante e duro que era feito nos
acampamentos, mas ela achava que poderia fazer muito mais, poderia
fazer a diferença, poderia ajudar muito mais com sua benevolência,
sua magia, seu carinho e seu amor para com todos os semelhantes,
sendo Ciganos ou Gadjos.

    Com acerto entre famílias, a Cigana Sara Menina teve seu
pretendente escolhido, era um jovem rapaz que tinha orgulho de seu
povo, e orgulho maior de suas tradições, entre elas a de fazer a
da esposa uma mulher submissa, que deveria seguir as ordens e a
vontade do marido, ser a guardiã dos filhos, e se submeter as ordens
não só do esposo mas também de toda a família dele.

    O pai de Sara gostou do acordo feito e ordenou que o entrelace
deveria ser feito dentro de 3 meses, e que todos deveriam se preparar
para a festa, que duraria ao menos 3 dias.

    Sara entristecida mas obediente aceitou sem mencionar a sua
verdadeira vontade, a vontade de ser livre, de ajudar a quem
necessitava, de fazer a caridade.

    Tudo aquilo ligado ao seu povo era muito pequeno para os sonhos da
menina, mas ela acreditava que não teria como fugir de seu destino.

    Certo dia Sara teve que ir ao encontro de uma velha Cigana, Cigana
essa que fazia as imantações, fazia os ensinamentos, fazia as regras
que uma jovem Cigana, que estava prometida em casamento a um Cigano,
deveria entender e fazer tudo conforme o ensinado e determinado.

    Entre essas lições, ela tinha que aprender a abordagem a pessoas
dos arraiais próximos, para que assim fosse demonstrado seu dom de
quiromancia, vidência, mostrar que estava preparada a falar do
passado, presente e futuro de alguém, ao troco de algumas moedas, ou
joias, sendo esses rendimentos levado ao esposo, como forma de
gratidão por ele a tê-la desposado.

    E assim foi feito pela menina Sara, sendo olhada de longe por sua
mestre de magias, ela se infiltrava no meio do povo, que demonstravam
um certo receio de chegar perto da pequena Cigana.

    Nesse momento ela sente alguém segurar em seu braço. com um leve
sobressalto ela olha fixamente em direção a pessoa que ainda estava a
segurando.

    Era um rapaz branco, de sorriso leve, olhos brilhantes, tinha suas
vestes surradas, e que logo foi lhe perguntando se ela poderia ver
seu futuro.

    A menina com um olhar desconfiado, mas um tanto encantada com o
rapaz, respondeu que sim, poderia mas queria algumas moedas em troca.

    Após o acordo feito ela pegando na mão do gadjo, começou a falar.

    "Você é um moço guerreiro, vive para e pela caridade. Tem no
sangue a vontade de justiça, e está aqui de passagem. Terá muitos
inimigos, mas terá muitos que vão guardar seu nome, seu rosto, seu
carinho e sua caridade até os últimos dias de vida. Não terá ouro nem
prata, mas terá a benção do Pai Maior em sua evolução espiritual. Sua
vida parece não ser longa, assim como longa também não será a vida de
sua companheira de jornada. Vejo sangue, muito sangue em seu caminho.
Desamor, injustiça, morte. Vejo crianças mutiladas, grandes crateras
tomadas por corpos inertes. Vejo você chorando. Vejo você abraçado a
uma moça, seu rosto não aparece. Ela parece chorar. Dois grupos estão
tentando eliminar vocês. Estão abraçados. Gritos, armas de fogo, armas
brancas. Vocês..."

    O rapaz atento pergunta: "Vocês?"

    Ela entristecida cerra os olhos, se cala, e diz: "Acho que estou
enganada. Desculpe, tome de volta suas moedas." E sai em disparada,
sem que o gadjo consiga a alcançar no meio da multidão.

    A menina Sara vai de encontro com sua mestre nas magias Ciganas,
em desespero pedindo para que voltassem ao acampamento. A mulher
Cigana a olha no fundo dos olhos e diz a pequena assustada que a vida
as vezes prega peças grandiosas, e que aquele momento tinha se criado
uma nova era para a pequena, daquele instante para frente muitas
coisas poderiam mudar, ela poderá conhecer novos horizontes e novos
caminhos, novas pessoas e novas caridades, novas alegrias e novas
tristezas, novos sentimentos, como o puro amor e a dor do ódio, poderá
entender e até ultrapassar a linha da vida com a da morte.

    Dizendo isso a Cigana que era a dona das magias pega na mão da
menina e a leva a passos largos para o acampamento, pedindo a ela que
rezasse, orasse e clamasse a Santa Sara Kali por proteção e luz na
hora de sua caminhada de aventuras e de dor extrema.

    A menina ainda sem entender muito bem todas aquelas palavras da
velha Cigana, fez o que lhe foi mandado. Contudo uma coisa ainda a
perturbava a mente entre uma oração e outra. E era a imagem do jovem
gadjo, a imagem de seu sorriso, a imagem de seu olhar.

    Sete dias se passaram, e numa tarde de primavera, Sol em alta, céu
azul cintilante, a jovem Sara foi aos pés da cachoeira se banhar, e no
caminho se depara com o gadjo, que tanto lhe chamou atenção.

    Ela se afasta um pouco das outras Ciganas, e por entre as árvores
para diante do rapaz.

    Após um pequeno diálogo, ela sente-se eufórica, feliz como nunca
havia se sentido antes. Sabia que era um sentimento que jamais
sentira, e sabia que era algo relacionado com a presença do gadjo.

    A partir desse dia os encontros se tornaram frequentes, dia após
dia a menina Sara conseguia escapar das vistas das Ciganas, do
acampamento e das correntes de seu clã para ir ao encontro do jovem
rapaz.

    Muitas eram as conversas, muitas eram as aventuras contadas pelo
rapaz. Ele era uma pessoa caridosa, tinha nas veias o sangue de um
guerreiro, que se importava com tudo e todos. E foi numa dessas
conversas que o jovem conto a menina sobre seu trabalho árduo de
libertar, acalentar, cuidar, proteger crianças órfãs judias e nômades,
que eram caçadas pelos atrozes homens da guerra.

    Sara se encantou com tudo isso, e decidiu que esse era o caminho
para demonstrar sua caridade. Desejava fortemente fazer parte desse
trabalho. Decidiu abandonar seu clã, suas tradições, seu pretendente,
sua vida cigana. Sentia no coração a chama da caridade. Seus olhos
brilhavam, seu coração pulsava rapidamente.

    Após uma longa conversa, os dois decidiram, partir para longe do
clã, em busca de auxiliar essas crianças. E assim foi feito.

    Durante algum tempo resgataram as crianças órfãs, levando-as para
esconderijos, dando-lhes alimentos, medicamentos, proteção e amor.

    Sara e o jovem gadjo, apaixonados, faziam juras de amor entre si.
E juntos planejavam novos resgates de crianças em campos de
extermínio, que eram usados pelos homens da guerra para assassinar
esses seres inocentes.

    Soldados nazistas que espalhavam um ódio sem limites, começaram a
perseguir o jovem casal, principalmente após saberem que era uma
Cigana que estava indo contra as ordens sangrentas dadas pelo primeiro
escalão da guerra.

    Muitas perseguições passaram a acontecer sobre o casal. Sara que
tinha a vidência Cigana, conseguia analisar e escapar de tantas e
tantas emboscadas. Mas com a mente voltada para tantas e tantas
covardias feitas pelos soldados nazistas, Sara se fixou somente a
esses atrozes, esquecendo-se de seu antigo prometido a entrelace.

    O jovem Cigano que antes tinha a menina Sara como prometida, não
poderia aceitar, pelas suas tradições, que sua futura esposa o
deixasse, que ela descumprisse o acordo firmado entre as famílias, que
ela fugisse do acampamento sem dizer nada. Ele estava desonrado, e só
teria um modo de voltar a ser respeitado dentro do clã. A morte de
Sara.

    Ele partiu em busca de limpar sua honra, principalmente após
descobrirem que a jovem tinha fugido com um gadjo. Ambos deveriam
morrer.

    Meses e meses se passaram, a guerra continuava, milhares de
crianças judias e nômades foram salvas pelas mãos do jovem casal. E o
Cigano que buscava pela justiça não desistia de encontrar a menina
Sara e seu amor proibido.

    Até que certo dia, em uma das milhares de fugas, Sara e o jovem
gadjo se encontraram encurralados pelos soldados do mal. Em uma
pequena clareira cercados por uma dezena deles, o casal não sabia o
que fazer. Vendo o ódio nos olhos dos soldados, Sara se lembrara das
palavras da velha Cigana no dia em que encontrou o jovem gadjo pela
primeira vez, lembrando-se também das suas próprias palavras ao ler as
linhas da mão do jovem que lhe trouxe tantos sentimentos lindos.

    Ela sente lágrimas rolarem em seus olhos. Sabia que o fim estava
próximo. Sabia que era o momento de se separar de seu amor, o momento
de não mais poder fazer a caridade para aquelas tão sofridas crianças.
Lembrou que ela mesma ainda era uma criança,.

    Olhou para o rosto sofrido de seu amado, escutou um estampido de
arma de fogo, viu o sangue do gadjo nascer do seu peito, viu o ultimo
sorriso tímido do rapaz para ela, viu seu corpo caindo inerte ao chão,
viu a morte chegando e levando a alma límpida do rapaz.

    Em sua volta soldados de armas em punho, gargalhavam a morte do
rapaz. Ela cai de joelhos, e no seu silêncio mental e entimo clama
por sua Amada Santa de devoção, a linda Santa Sara Kali, pedindo-lhe
que acolha o espírito de seu amado, que a proteja, e que sua dor dessa
perda sendo maior que a dor de seu próprio desencarne, ela pede
humildemente que a morte também a levasse, pois acreditaria que
nunca sentiria uma dor tão grande, como a dor de ver aquele jovem
rapaz com seu corpo ao chão banhado de sangue, o sangue do heroísmo e
da coragem de lutar em favor da caridade feita as pobres crianças
órfãs. As crianças que também deveriam ser eliminadas pelo terror da
guerra, se esse jovem gadjo não tivesse entregue sua própria vida para
tentar salvar, uma a uma desses pequenos seres que estavam morrendo,
sem ao menos entender o porque.

    A pequena Sara de cabeça baixa em suas orações, por um instante
ergue os olhos já esperando pela sua morte pelas mãos dos sangrentos
soldados, que já se preparavam para atacar a jovem, quando sem que
esperassem foram atacados por um grandioso grupo de Ciganos,
liderados pelo jovem Cigano que um dia a menina Sara fora prometida
por seu pai.

    Nesse ataque inesperado, muitos soldados desencarnaram, assim como
alguns Ciganos, mas como o número de Ciganos era maior, os soldados
nazistas bateram em retirada, tentando salvar a própria vida.

    O jovem Cigano chegando ao encontro de Sara, ergue-lhe as mãos
para auxiliar que ela se levantasse do chão empoeirado e com sangue a
todos os lados.

    Sara se encontrava ilesa, apesar da grande luta entre Ciganos e
Soldados, mesmo ela ao centro de todo acontecimento, ela não tinha
nenhum ferimento aparente, a não ser de seu coração dilacerado pela
perda de seu jovem gadjo.

    Os Ciganos rapidamente saíram do local em questão, pois era certo
que soldados retornariam para uma vingança sobre os seus atrozes
atacantes. Sara fora levada junto, mesmo desejando ficar, pois o corpo
de seu amado ainda se encontrava no local, que nesse momento estava
rodeado por curiosos e alguns aproveitadores, tentando pegar algo de
valor nos bolsos do jovem falecido, sem o menor constrangimento e o
menor respeito.

    Sara ao ver o que se passava, tentou se livrar das mãos dos
Ciganos que a puxavam fortemente para que ela acompanhasse o grupo. O
jovem Cigano, sem esboçar um só gesto facial, continuava seguindo a
frente de seu grupo, como que se as ações da menina Sara não lhe
chamasse atenção.

    Sara partiu chorando copiosamente, presa nas mãos de outros
Ciganos, como uma verdadeira prisioneira. E assim partiram em direção
do acampamento de seu povo.

    Ao chegar ao acampamento, o Cigano na qual a menina Sara era
prometida, manda reunir todos os clãs, que ali se encontravam para os
festejos do casamento de ambos.

    Os Ciganos se reuniram na clareira, onde estava uma grande
fogueira acesa, que na tradição daquele povo, era para iluminar o
futuro casal, para terem fartura, saúde e tudo mais que um jovem
casal Cigano buscava ao se entrelaçar matrimonialmente.

    Os pais e todos os familiares da menina Sara se encontravam em um
único canto do acampamento. Eles, ainda desonrados pela fuga de Sara
com um gadjo, não compreendiam o aceite do jovem Cigano, que mesmo
após a desonra, ainda fora buscar sua ex pretendida, e fazia todas as
honras que uma jovem Cigana receberia no dia de seu matrimônio.

    Mas algo estava incomodando, não só a Sara, mas a todos do
acampamento. O jovem noivo, diferentemente de outros Ciganos que
sorriam, dançavam, cantavam as músicas lindas ciganas, bebiam
festejando os noivos, ele apenas fixava seu olhar a Sara, sem dizer
uma palavra, sem esboçar um sorriso, demonstrando em seu olhar um ódio
grandioso por tudo que tinha ocorrido.

    Sara por sua vez, sem receio fixou o olhar nos olhos do rapaz, e
pausadamente diz com a voz um pouco rouca, ainda abafada pelo choro e
pela dor de perder seu amor.

    "Sei que seu ódio é maior que seu amor. Sei que toda essa festa é
para você demonstrar seu poder, e o poder de sua família diante de
nosso povo. Sei que essa noite irei ao encontro de meu amado. E sei
que esse amado não é você. Se você acha que me tirando a vida estará
me fazendo mal, está enganado, pois você não pode me tirar algo que já
não tenho mais. Minha vida se foi juntamente com a vida de meu herói,
herói que deu sua própria vida pela vida de crianças que ele nem
conhecia, coisa que você nunca faria. Pois você pode se considerar um
guerreiro Cigano, mas nunca chegará a ser um herói, pois só busca a
guerra, e a guerra apenas de seus interesses. Você nunca será um
herói, apenas um Cigano desonrado. Sei que vai me matar, não sei
quando, mas sei que vai. Vejo sangue, vejo ódio, vejo sua falsidade em
seus olhos. Mas estou em paz, pois vejo minha Santa Sara me
protegendo, me levando, me mostrando um caminho para que continue
minha caridade a meus semelhantes, coisa que seu egoísmo nunca o
deixará fazer."

    Ouvindo essas palavras o Cigano jovem, se levanta, vai até o
centro do acampamento, chama a atenção de todos, a música para, o povo
se silencia, a família de Sara se aproxima a pedido do rapaz.

    Ele com um tom de voz firme, mas um tanto irônico, começa seus
dizeres, que após alguns dias de buscas, cá estava ele pronto para seu
casamento com a jovem prometida. Pede para dois Ciganos trazerem a
menina Sara, que chega até junto do rapaz. Ele com os olhos vermelhos
de ódio, esboça um leve sorriso, dizendo: "Você Sara, está prometida a
mim, seu pai fez o acerto com o meu, não tem como fugir de seu
destino. Esteve distante por algum tempo, mas agora está aqui. Você é
minha, e eu determino o que será de seu futuro."

    Sara com um olhar serio mas sereno diz ao Cigano: "Meu destino
está nas suas mãos. Minha vida lhe pertence até o brilhar de sua
adaga pelo clarão da Lua e de sua covardia. Estou em suas mãos aqui,
mas logo estarei nas mãos e na proteção de Sara Kali, onde poderei
voltar a ser feliz fazendo o bem e sem precisar me esconder dos homens
da guerra e Ciganos do mal."

    O Cigano fecha o semblante, retira de seu bolso um anel de ouro,
tendo esse anel um detalhe de estar quebrado, que dentro das tradições
e crenças ciganas significa que o compromisso não existe mais. Mas
mesmo assim ele o coloca no dedo de Sara, enquanto todo povo não
compreende as verdadeiras intenções do Cigano.

    Ele abre um sorriso irônico, abraça a menina Sara, e nesse abraço
tira sua adaga da cintura e crava nas costas da Cigana sob o olhar
atônito de todos que ali se encontravam para acompanhar o casamento.

    Ele ainda abraçado ao corpo de Sara, diz em seu ouvido: "Esse é
meu presente para você, a minha prometida, estou livrando a ti de
passar o resto de sua vida com um homem que você não ama, que você não
admira, que você não vê como um herói. Meu presente para você é a
morte"

    Sara, sentindo seu sangue ser perdido, as forças sendo
exterminadas, a dor que percorria todo corpo, sussurra baixinho a seu
atroz assassino dizendo: "Agradeço seu presente, perdi a vida, mas
ganhei a luz em poder evoluir ajudando a quem necessita, ganhei a
felicidade de poder estar junto com minha amada Santa Sara, ganhei a
benção de poder tirar essa dor de não estar com quem realmente me
mostrou a verdadeira caridade, ganhei a liberdade de poder caminhar
sem ser escrava de um Cigano covarde que não sabe o significado da
palavra amor. Só posso dizer-te, muito obrigado."

    Ele retira a adaga das costas de Sara, e ela cai ao chão, inerte,
mas com um semblante calmo e sereno. Ele olha suas próprias mãos com o
sangue da jovem, se desespera, grita, se joga ao chão, abraça o corpo
da menina sem vida, e vendo que ela não responde seus apelos, se
levanta em um desespero extremo, vai para o centro da fogueira, salta
para dentro das chamas ardentes, e com a adaga na mão a insere em seu
próprio peito já em chamas.

    Seu corpo queimado desaparece em meio das chamas. Ciganos e
Ciganas sem saber o que fazer, apenas olham com um olhar atônito, os
familiares gritam pelo seu nome, mas o rapaz nesse momento já se
encontrava morto.

    A noite com o clarão da Lua, fica mais clara com um grande feixe
de luz, que saia das estrelas vindo ao encontro com o corpo da menina
Sara. Desse feixe os Ciganos boquiabertos, viram a imagem da Santa
padroeira daquele povo, e claro da jovem menina, essa imagem desce
até o local que Sara se encontrava, e diante de todos, a imagem de
Santa Sara Kali retorna levando pelas mãos o espírito da menina Sara,
uma espírito iluminado, que demonstrava sorrir, roupas claras, e em
sua mão esquerda o anel de ouro partido.

    O feixe de luz foi se desaparecendo, enquanto muitos Ciganos
caíam de joelhos em orações, outros choravam a partida da menina, e
outros rogavam proteção.

    Sara Menina a partir desse dia foi conduzida ao reino de Entidades
de Luz, e hoje trabalha em prol da caridade em terreiros de Umbanda,
trazendo ensinamentos, pedindo proteção as crianças, mostrando os
males da guerra, os males do ódio, os males que todos seres humanos
buscam com seus sentimentos mesquinhos e intolerantes, sendo esses
seres humanos de todas as raças, etnias, posição social, modo de
pensar, seja eles Ciganos ou Gadjos.

    Que a Cigana Sara Menina nos proteja, nos guarde e nos mostre como
podemos evoluir para um caminho de luz que nos leve aos braços do Pai
Maior.

    Saravá a Cigana Sara Menina!

Opchá Povo Cigano!

Carlos de Ogum.