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quinta-feira, 30 de novembro de 2017
HISTÓRIA DAS MALANDRAS ROSA DA ESTRADA E ROSINHA DA ESTRADA.
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No cair da madrugada estrelas vi brilhar,
em um céu iluminado segui a caminhada,
encantado vi duas lindas moças a me abençoar,
mostrando-me o destino daquela longa estradda.
Meus olhos brilharam de emoção,
quando vi as belas se transformarem em facho de luz,
ali sabia que recebi uma grande proteção,
das lindas Malandras enviadas por Jesus.
Uma felicidade tomou conta de mim,
pois a noite se transformou em cores de aquarelas,
tudo brilhava do inicio ao fim,
descobri que Rosa e Rosinha eram os nomes delas.
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Essa história teve inicio no final do século XIX e começo do
século XX, na região Sudeste do Brasil, exatamente na cidade do Rio de
Janeiro.
Uma jovem mulata de uns 21 anos aproximadamente, que residia nos
miseráveis cortiços da região, fora violentada por um coronel da
época, a deixando, além de desonrada, grávida.
A bela mulata desesperada pelo fato ocorrido, fugiu para o alto do
morro onde tantos e tantos negros descriminados pelos senhores brancos
residiam.
E em uma dessas casas de uma negra caridosa, a mulata foi se
abrigar, e claro se esconder do sanguinário coronel, que se
descobrisse a gravidez, assassinaria a mulata sem a menor dor na
consciência por ela está grávida de um filho provindo de uma violência
sem limites.
O tempo passou, e a mulata cai em uma tristeza profunda. A espera
de uma criança que não desejava, a fazia chorar dias e noites a fio,
porém sempre tranquilizada pela velha negra caridosa que a abrigava em
seu casebre.
E chegou o dia da mulata dar a luz. Com auxilio das negras mais
experientes ela foi cuidada com carinho para o trabalho de parto. No
entanto as horas passavam, mas a criança não nascia. As dores da mãe
estavam se tornando insuportáveis. Ela chorava copiosamente, sofria
intensamente, a cada contração. Então nesse instante algo de inusitado
acontece. A velha negra caridosa, de olhos fechados coloca as mãos
sobre o ventre da mulata, dizendo assim:
"Você não tem apenas uma criança em seu ventre. Você tem duas,
duas meninas, duas divindades enviadas por Deus. Porém essas meninas
trazem com elas os dois lados da vida. Sendo o bem, vinda da mãe, e o
mal, vindo do pai.
Esses dois sentimentos se uniram em carne, fazendo com que as
meninas nasçam como se fosse apenas uma pessoa, e o momento de decisão
será agora, e essa decisão virá da própria mãe. Essa decisão será
respeitada por Deus, e somente um ser prosseguirá com a vida."
Ouvindo isso a mulata chorou e entendeu o que era sugerido, ou
ela, sacrificando suas filhas, ou as gêmeas ganhariam o direito a
vida, sacrificando a própria mãe.
A mulata tomada por um carinho maternal, não teve dúvidas,
entregou a sua própria vida nas mãos do Pai Maior, para salvar a vida
das filhas. Mesmo sem entender o que significava tudo aquilo que a
velha negra dissera sobre o bem e o mal, e estarem ligadas pela
carne, ela compreendeu que a vinda das meninas era algo maior que seu
entendimento, e clamou as negras para que salvassem as filhas.
E assim foi feito, a mulata se utilizou de todas as forças de seu
corpo, e com a ajuda das negras, muitas orações, as crianças nasceram,
e nesse instante após um olhar carinhoso as meninas, a mulata
dando seu último suspiro, desencarna.
A velha negra faz uma oração ao espírito da pobre mãe
desencarnada, enquanto as outras negras que acompanhavam tudo, olhavam
com espanto para as duas meninas recém nascidas.
Eram duas meninas lindas, de rostos angelicais, porém com um
detalhe que deixaram as negras reflexivas.
As meninas eram ligadas uma no corpo da outra, essa ligação se
fazia através dos ombros, das palmas das mãos, das pernas e partes
traseiras dos pés, próximo aos calcanhares. Isso sendo todos do lado
esquerdo de ambas, ou seja, elas estavam sempre uma de costas para a
outra, e assim nunca poderiam se olhar frente a frente, olho no olho.
Então para entendimento as meninas eram gêmeas xifópagas, ou no
popular, gêmeas siamesas, e isso ocorre quando um óvulo que começou a
se dividir em gêmeos idênticos para no meio do processo (ou, como diz
a teoria alternativa, dois embriões que acabam se fundindo). Este
capricho da natureza pode unir duas pessoas pelos mais diferentes
lugares do corpo, tornando a vida desses seres, no mínimo difícil.
E assim as meninas viraram atração no morro, todos os moradores da
localidade desejavam ver e entender aquele fenômeno, porém por mais
que chamassem atenção, eram respeitadas extremamente por todos dali,
como que se cada homem ou mulher daquela localidade tivessem as
adotado como filhas, afilhadas ou um membro da família.
O tempo passou, e as meninas iam crescendo, muitas coisas
aconteceram na região, coisas como a fome, doenças contagiosas,
ataques dos homens brancos e nobres contra os paupérrimos negros
moradores do morro, e isso ia deixando as meninas um tanto
incomodadas e reflexivas, não entendiam essa divisão e esse
preconceito contra os negros, pois esses mesmos negros não tinham
preconceitos contra elas por serem diferentes de todos ali.
O século XX chegou rápido, e com ele a intensa luta contra os
negros dos morros aumentava ainda mais. Grandes fazendeiros, os
antigos coronéis do café, não aceitavam ainda a libertação de
escravos, mesmo se passando quase vinte anos do fato, e os atacavam,
agora não com a chibata e o tronco de castigos, mas com a falta de
alimentos e medicamentos que tanto era necessário naquele lugar tão
pobre.
Muitas pessoas de bom coração, ligadas a caridade e a Deus, que
tinha o intuito de auxiliarem esses negros, se uniam em prol de uma só
ideia, salvar a vida de um semelhante, e assim sendo, com um jeito
muito peculiar iam ludibriando a guarda comandada pelos poderosos,
para que assim pudessem levar alimentos e remédios aos necessitados.
Entre esses Anjos de Deus existiam três nomes muito conhecidos na
região, um era José Amadeu da Silva, conhecido como Zé Amadeu, e
dentro da espiritualidade ficou conhecido como Zé Pilintra, outro era
conhecido como Zé da Lapa, que depois passou a ser conhecido como
Malandro da Navalha Sagrada, e dentro da espiritualidade ficou
conhecido como Malandro Navalha, e o terceiro era conhecido como João
Estradeiro, pois ele era quem conhecia cada viela do morro fazendo
assim facilitar a entrada dos auxiliadores dos negros, esse mais tarde
ficou conhecido na espiritualidade como Malandro das Sete Estradas, e
foi ele que ao conhecer as gêmeas siamesas teve a ideia de
apresentá-las aos amigos Zé da Lapa e Zé Amadeu a fim de buscar ajuda
no fato que tanto incomodava o viver das meninas.
E assim foi feito, após as explicações do caso aos amigos, João
Estradeiro os leva até o pequeno barraco de madeira na qual as gêmeas
estavam. Ao verificarem as meninas Zé da Lapa e Zé Amadeu ficam
penalizados com a situação. Zé Amadeu fixa os olhos nas gêmeas e vê
envolta delas dois vultos, um extremamente embranquecido e outro
totalmente negro. Ele fecha os olhos e clama ao Senhor Deus ajuda
para auxiliar as meninas, e nesse momento diante deles surge o
espírito da mulata, mãe das siamesas, e ao lado dela uma linda mulher
de manto azul, que sem falar nada apenas os olhavam com carinho.
O espírito da mulata então disse com a voz serena:
"Essas são as minhas filhas, fruto de meu ventre, luz de meu
caminhar. A elas entreguei a minha vida. Elas são duas pessoas, porém
um só ser, e esse ser tem dois caminhos, o primeiro o caminho do bem,
caminho esse que vibra em minha alma, e o segundo o caminho do mal,
caminho esse que vibra no espírito sanguinário do pai das gêmeas.
Uma auxilia a outra a não se entregar a esse mal. E por esse
motivo devem estar sempre juntas. A separação carnal pode ser a perda
de uma das almas, a não ser que elas continuem unidas em prol da
caridade extrema.
Por serem minhas filhas, e mesmo eu sabendo qual está do lado da
bondade, e qual está do lado da perversidade. Não relatarei, e nem
esclarecerei, pois assim posso protegê-la das obsessões que poderia
sofrer por estar ligada ao mal vibracional dos sentimentos escusos do
próprio pai.
Peço ao senhor que viu qual das minhas meninas está com a força da
maledicência paternal, que não revele esse segredo, pois devemos
manter as duas meninas em trabalho em conjunto, para que assim o mal
não cresça e tome toda a humanidade."
Ao ouvir esse relato, Zé Amadeu entendeu a gravidade dos fatos,
uma das meninas era tomada pela luz da caridade e da bondade, e a
outra deveria lutar contra o ódio, rancor e maldades provindas do
espírito paternal, e para isso as duas deveriam continuar juntas
buscando fazer a caridade aos necessitados.
Mesmo assim não deveriam estar ligadas pela carne, e sim pelo amor
fraternal entre ambas, e esse amor deveria se estender aos semelhantes
necessitados, e só assim a alma da siamesa tomada pelo lado ruim
imposto por seu pai seria salvo e levado aos braços do Pai Maior.
Ao ver a compreensão de Zé Amadeu, o espírito da mulata sorri, e
agradece, partindo juntamente com a imagem da mulher que lhe
acompanhava.
A decisão de separar as gêmeas siamesas foi tomada, e esse ato
seria feito por Zé da Lapa e sua navalha sagrada. Ele se concentrou
nos bons espíritos, pedindo forças para uma boa realização do ato.
Após alguns minutos de reflexão espiritual, Zé da Lapa começa a
fazer a separação das meninas com sua navalha. Com uma pericia divina,
veio ele de corte em corte separando as partes presas de ambas, até
que as separou por completo.
No mesmo momento que fazia o corte, ele molhava as feridas com o
seu marafo. As negras que acompanhavam de joelhos ao chão, ficavam
boquiabertas ao verificarem as gêmeas sorrindo sem o mínimo de dor.
O trabalho fora terminado, após a separação, foram feitas
compressas com ervas na qual a velha negra havia trazido com a
finalidade de auxiliar na cura das meninas.
Se passaram três dias após a separação corporal das gêmeas. As
feridas estavam completamente fechadas. E assim foram retiradas as
compressas, podendo assim que as meninas realizassem um sonho antigo
delas, se abraçarem frente a frente. E diante de muitas lágrimas e
muita emoção, as ex siamesas se abraçaram com muito carinho, como se
fosse a primeira vez que estavam juntas. E depois de 15 anos vivendo
como gêmeas siamesas, as duas se olham fixamente, olhos nos olhos
demonstrando o grande carinho que existia entre ambas.
O tempo passa, as meninas agora jovens lindas e caridosas, seguem
o mesmo passo de seus três Anjos, João Estradeiro, Zé da Lapa e Zé
Amadeu, que lutam pela caridade a favor dos desafortunados. As gêmeas
agora fazendo parte do grupo dos chamados "Malandros do morro"
lutam da mesma forma com intensidade para levar a caridade a quem
necessita.
Muitas foram as noites nas quais as gêmeas saiam em busca de
medicamentos, alimentos e água para serem levados e entregues aos
moradores dos morros. Muitas e muitas vezes elas se arriscavam diante
da guarda que só atendiam aos poderosos que odiavam os negros
empobrecidos. Se utilizando de muitas conversas, de muita lábia, de
muito jogo de cintura, que aprenderam com seus amigos Zé da Lapa, Zé
Amadeu e João Estradeiro, elas conseguiam sair e entrar do morro
sempre trazendo algo que fosse para sanar a dor de seus companheiros
negros.
Certa noite as jovens se aventuram por mais uma jornada de buscas,
com a intenção de trazer remédios a alguns negros que sofriam com uma
febre interminável, dentre esses negros a velha negra que cuidou da
mãe mulata, e também das pequenas gêmeas quando em idade tenra. Ao
descerem o morro se depararam com a guarda armada, e tentaram se
afastar dali. Porém viram que os guardas pegaram um garoto negro que
por infantilidade andava sem o menor receio por entre os brancos da
região. Ao alegarem que o menino havia furtado algo, começaram a
torturá-lo com socos e chutes. O garoto já caído na estrada úmida,
parecia inerte. Ao avistar isso Rosinha sai correndo gritando com a
guarda, enquanto Rosa retorna para buscar ajuda com seus amigos. E
assim elas se separaram, e não mais uma protegia a outra.
Rosinha é pega pelos guardas, é levada a prisão, e lá foi
torturada a mando dos ditos nobres. Rosa fica desesperada sem saber
exatamente o que tinha acontecido com sua irmã. Sai pela cidade em
busca de notícias dela, porém por medo dos poderosos ninguém dizia
nada, a não ser que os guardas levaram o corpo do pequeno negro que se
encontrava já sem vida.
Rosa ao encontrar com seus amigos relatou todo o caso, e eles
juntos foram em busca da jovem Rosinha.
Sete dias se passaram até que conseguiram as notícias buscadas,
descobriram que Rosinha estava na prisão, e assim planejaram de
tirá-la de lá. Após algumas tentativas sem sucesso, enfim conseguiram
resgatá-la, a levando de volta ao morro e a casa da negra caridosa.
Rosinha estava muito machucada, fraca, sem forças para lutar pela
sua vida, e ainda tinha adquirido uma doença nos pulmões dentro da
prisão.
Rosa chorava intensamente com a dor da irmã. Vendo ela sem forças,
começou a se entregar a uma tristeza sem fim.
Alguns dias se passaram, e mesmo com todo auxilio das negras, com
todos os cuidados dos Malandros, Rosinha desencarnou, não suportando
seu estado febril intenso, e todas as dores causadas pela tortura
extrema sofrida pelos guardas a mando dos senhores brancos.
No mesmo momento que Rosinha desencarna, Rosa sua irmã amada
entra em um desespero profundo, tão profundo que seu corpo que sentia
as mesmas dores da irmã, se entrega vindo a desencarnar quase ao mesmo
tempo, caindo inerte sobre o corpo da jovem.
Nesse instante todos se ajoelham e clamam misericórdia, e sobre os
olhares entristecidos dos amigos surge a imagem da mulher que antes
acompanhava a mulata mãe das gêmeas. Ela estende as mãos e de uma luz
intensa surge as imagens das gêmeas indo a seu encontro, e dali as
três partem com um sorriso meigo no rosto.
Zé Amadeu, Zé da Lapa e João Estradeiro se entreolham, sorriem e
se abraçam dando graças ao Pai, por ter colocado as irmãs juntas
novamente, e assim não deixando o mal provindo do coronel sanguinário
tomar conta de uma das gêmeas fazendo com que esse mal se espalhasse
pela humanidade.
Hoje as gêmeas são conhecidas como Rosa Malandra da Estrada e
Rosinha Malandra da Estrada, trabalhando em prol da caridade nos
terreiros, retirando males, obsessores, e não deixando que o mal
cresça.
Friso que essas Malandras trabalham sempre juntas, sendo assim é
normal que elas vibrem sempre no mesmo terreiro, ou seja, onde uma
vibra certamente a outra ira vibrar também. É normal onde se tem um
médium que trabalhe com Rosinha Malandra, haja sempre outro para
incorporação e trabalho com a Rosa Malandra, ou vice e versa.
Os médiuns que trabalham com essas duas Malandras, sentem um
repuxar no lado esquerdo do corpo, como se fosse jogado para frente, e
também pode acontecer um andar inclinado para o mesmo lado, além de
uma falta de sensibilidade no pé esquerdo. E tudo isso pelo fato das
Malandras terem sido xifópagas quando encarnadas.
Elas tem a necessidade de trabalharem juntas, pois até os dias de
hoje não sabemos o segredo tão bem guardado pelo espírito de sua mãe e
pelo nosso querido Zé Amadeu, conhecido como Zé Pilintra nos terreiros
de Umbanda, segredo esse que talvez nunca seja revelado, qual das duas
Malandras traz na vibração o lado amargo, rancoroso e de ódio do pai.
Sabemos que separadas esse mal pode crescer, porém juntas a
caridade domina e a luz divina dessas Malandras faz iluminar o caminho
de quem necessita.
Salve as Malandras Rosa e Rosinha da Estrada!
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segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Pontos Cantados Para Rituais de Umbanda
Sabemos que os
pontos cantados são verdadeiras orações dentro da Umbanda. Temos a compreensão
de que são esses pontos que energizam nossos terreiros e templos a fim de
podermos ter rituais e trabalhos de caridade de uma forma acentuada e tranqüila.
Muitos terreiros
têm suas regras e uma colocação muito particular desses pontos, de acordo com o
trabalho sugerido; porém hoje vamos demonstrar uma forma básica para um ritual
de Umbanda, ou seja, faremos uma seqüência de pontos desde a entrada até o
fechamento da Gira, para que todos possam buscar o entendimento e não ficarem perdidos
em uma possível visita a um terreiro.
Frisando que essa
colocação dos pontos não são regradas, todo Zelador de Santo tem a liberdade de
estabelecer a seu critério, ou a critério do Mentor da casa. Aqui estamos
apenas fazendo uma forma bem básica para essa demonstração.
Não vamos seqüenciar
todo ritual, ou seja, não vamos descrever cada passo da Gira, como orações,
gestos, atos, enfim, demonstraremos apenas os pontos cantados em uma seqüência
básica.
INÍCIO DE GIRA:
Pode ser cantado o
Hino da Umbanda:
Refletiu a luz divina com todo seu esplendor,
é do reino de Oxalá onde há paz e amor.
Luz que refletiu na terra Luz que refletiu no mar,
luz que veio de Aruanda para todos iluminar.
A Umbanda é paz e amor. É um mundo cheio de luz. É a força que nos dá
vida e a grandeza nos conduz.
Avante filhos de fé, Como a nossa lei não há,
levando ao mundo inteiro a Bandeira de Oxalá! (bis)
ABERTURA DE GIRA:
Eu abro a nossa Gira com Deus e Nossa Senhora,
eu abro a nossa Gira com Tambores e Pemba de Angola. (bis)
A nossa Gira foi aberta com Deus e Nossa Senhora,
com aqueles mensageiros que vieram do Reino da Glória. (bis)
CRUZAMENTO DO
TERREIRO:
Vou cruzar nosso terreiro,
vou cruzar nosso Gongá. (bis)
Com a força de meu Pai Ogum, (diz o nome do Orixá que desejar)
e a benção de Pai Oxalá. (bis)
DEFUMAÇÃO:
Nossa Senhora incensou seus bentos filhos,
para o mal de seus filhos retirar.
Mas eu incenso essa aldeia de Caboclo,
pro mal sair e o bem entrar. (bis)
SAUDAÇÃO A COROA DO
ZELADOR DE SANTO DA CASA:
Ô salve a pemba,
também salve a toalha. (bis)
Salve a coroa de Babalorixá. (bis)
SAUDAÇÃO A COROA DA
MÃE PEQUENA:
(Se canta para o Orixá regente da coroa)
(No caso do TUPOM: Omulú)
Meu Pai Oxalá é o Rei venha me valer. (bis)
É o velho Omulú Atotô Obaluaiê. (bis)
Atotô Obaluaiê, Atotô Babá,
Atotô Obaluaiê, ele é Orixá. (bis)
SAUDAÇÃO A COROA DO
PAI PEQUENO:
(Se canta para o Orixá regente da coroa)
(No caso do TUPOM: Oxossi)
Eu vi chover eu vi relampear.
Mas mesmo assim o céu estava azul.
Firma seu ponto na folha da Jurema,
Oxossi reina de Norte a Sul.
SAUDAÇÃO A COROA DA
FILHA PEQUENA:
(Se canta para o Orixá regente da coroa)
(No caso do TUPOM: Iemanjá)
Ê Iemanjá Rainha das ondas Sereia do mar.
Ê Iemanjá Rainha das ondas Sereia do mar.
Como é lindo o canto de Iemanjá,
faz até o pescador chorar,
quem escuta a Mãe D'água cantar,
vai com ela pro fundo do mar.
Vai com ela pro fundo do mar.
Iemanjá.
SAUDAÇÃO AS ALMAS:
Já deu seis horas,
deu meio dia,
as Almas pedem uma Ave Maria. (bis)
Ave Maria cheia de graça,
o Senhor és convosco, bendito sois vós,
entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre
Oh Senhor Jesus!
SAUDAÇÃO A TRONQUEIRA
(MALANDROS):
(No caso do TUPOM, Senhor Zé Pilintra)
Ô, boa noite pra quem é de boa noite.
Bom dia pra quem é de bom dia.
"Abenção" meu papai "abenção".
Seu Zé Pilintra é rei da boemia.
Seu Zé fecha a porteira,
cancelas e tronqueiras,
não deixa o mal entrar. (bis)
Porque o galo já cantou na Aruanda,
farofa na "fundanga" é que vai queimar. (bis)
SAUDAÇÃO A TRONQUEIRA
(EXÚS):
(No caso do TUPOM, Senhor Tranca Ruas, Senhor Sete
Encruzilhadas e
Senhor Tiriri)
(Tranca Ruas)
O sino da Igrejinha
faz belém blem blom. (bis)
Deu meia noite o galo já cantou,
Seu Tranca Ruas que é o dono da Gira,
ô corre Gira que Ogum mandou. (bis)
(Sete Encruzilhadas)
Odara,
morador da encruzilhada,
firma seu ponto com sete facas cruzadas. (bis)
Filho de Umbanda,
peça com fé,
a seu Sete Encruzilhadas,
que ele dá o que você quer. (bis)
(Tiriri)
É meia noite em ponto o galo cantou. (bis)
Cantou para anunciar que Tiriri chegou. (bis)
Ele vem da Calunga de capa e cartola e tridente na mão,
esse Exú de fé é quem nos traz axé e nos dá proteção.
Ele é Exú Odara,
e vem nos ajudar,
com seu punhal ele fura,
ele corta demanda ele salva ele cura,
Exú é Mojubá, Laroiê.
Laroiê Exú, Exú é Mojubá.
Eu perguntei a ele o que é Exú ele veio me falar, Laroiê Exú. (bis)
Exú é caminho, é energia, é vida, é determinação,
é cumpridor da lei, Exú é esperto, Exú é guardião.
Exú é trabalho, é alegria, é veloz, Exú é viver.
É a magia, é o encanto, é o fogo, é o sangue na veia vibrando, Exú é
prazer. Laroiê.
Laroiê Exú, Exú é Mojubá.
Traz sua Falange Exú Tiriri para trabalhar, Laroiê Exú. (bis)
Vem seu Tranca Ruas, Maria Padilha e Exú Marabô,
Sete Encruzilhadas, seu Zé Pilintra aqui chegou.
Maria Mulambo, Maria Farrapo e dona Figueira,
dona Sete Saias, Pombo Gira Menina e Rosa Vermelha.
Sete Catacumbas, Exú Caveira firmou ponto aqui.
E o Exú Capa Preta anunciou a festa do Exú Tiriri.
É meia noite em ponto.
FECHAMENTO DA
TRONQUEIRA:
Ô lá na beira do caminho,
esse Gongá tem segurança,
na porteira tem vigia,
meia noite o galo canta. (bis)
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Com a Gira iniciada,
os pontos cantados vão de acordo com os acontecimentos não rotineiros dos
trabalhos. São cantados para as Entidades da casa, sendo assim fundamentados
pontos para Pretos Velhos, Caboclos, Boiadeiros, Erês, Malandros, Ciganos, Exús
ou Pombo Giras, de acordo com que for determinado pelo Mentor da casa, ou pela Gira
que estiver agendada. Também é cantado para Orixás, principalmente nos dias de
festejos a eles.
Com essa parte da
Gira sendo finalizada, vamos agora aos pontos de encerramento dos trabalhos.
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FECHAMENTO DE GIRA:
Eu fecho a nossa Gira
com Deus e Nossa Senhora,
eu fecho a nossa Gira
com Tambores e Pemba de Angola. (bis)
A nossa Gira foi
fechada com Deus e Nossa Senhora,
com aqueles
mensageiros que vieram do Reino da Glória. (bis)
SAUDAÇÃO AOS
ATABAQUES E A CORIMBA:
Tambor você fica ai,
já é hora vou me retirar. (bis)
Adeus tambor,
adeus Gongá,
adeus Umbanda,
adeus meus Orixás. (bis)
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E assim se fecha a
Gira, frisando que essa colocação não é uma regra, pois vai de terreiro para
terreiro, e de Zelador para Zelador de Santo.
O importante é
fazer o possível para acompanhar as canções, com boa vontade, vibração, carinho
e fé.
Salve os
pontos de Umbanda!
Carlos de Ogum
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Falando de Exú Mulambo e de Pombo Gira Maria Mulambo
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Em uma escura noite
de inverno,
no caminho que eu
seguia,
buscando um reino
eterno,
encontrei o meu Guia.
Ao seu lado uma
mulher bela,
que nas mãos trazia a
luz,
nas cores da
aquarela,
mostrando o caminho
que me conduz.
Como Senhor Exú
Mulambo ele se apresentou,
me abraçando como se
abraça um irmão,
o nome dela era Maria
Mulambo como assim demonstrou,
Exú e Pombo Gira que
acalentaram meu coração.
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A história conta
que Senhor Exú Mulambo e Dona Maria Mulambo eram irmãos gêmeos nascidos nos
meados do século XIII, provindos de uma família humilde que vivia na região
noroeste da Inglaterra. Eram caçulas de um grupo de 11 irmãos, e foram
separados desses irmãos por serem gêmeos.
Nessa época alguns
líderes religiosos importantes ligados aos nobres e a grandes fazendeiros,
pregavam que crianças gêmeas eram a demonstração do mal na terra, que ao
nascerem essas crianças estavam ligadas a feitiçarias e bruxarias, e deveriam
ser mortas, queimadas ou afogadas nos grandes rios, para que esse mal não
crescesse diante do povo humilde.
Ao nascerem os
gêmeos, seus pais ficaram desesperados, tinham receio de que esses líderes
descobrissem que naquela gestação tão esperada surgiriam um lindo casal de
gêmeos, e certamente seriam assassinados em nome da falsa pregação demoníaca
inventada pelos religiosos atormentados pelas suas próprias mentiras, que se
prolongavam e iam criando vida.
No desespero o pai
dos gêmeos os esconderam em uma caverna próxima dali juntamente com a sua
esposa, afim de deixá-los em segurança. A partir dai espalhou a notícia de que
a criança que nascera não suportou o parto, e desencarnou ao nascer.
Foi uma comoção na
região, pois a família era muito querida pelos trabalhadores rurais que ali
sobreviviam.
O pai dos gêmeos
também disse que sua esposa se encontrava muito fraca, e que teria que buscar
forças nos ares montanheses, e assim conseguiu omitir o nascimento dos gêmeos.
Essa omissão ficou
fora do conhecimento dos líderes religiosos por dez anos. Mas infelizmente algo
de inesperado aconteceu.
Certa tarde os irmãos gêmeos brincavam fora
da caverna, e começaram a cogitar novas aventuras, indo até o pequeno arraial
onde nasceram. E lá não deixaram de ser notados pela grandiosa semelhança entre
ambos.
O povo um tanto
assustado os observavam muitos se afastavam pelo receio de estarem indo ao
encontro de seres das trevas, pois por dezenas e dezenas de anos os líderes
religiosos pregavam o mal que supostamente vinha de pessoas gêmeas.
O falatório se
espalhou entre todos, e as notícias chegaram até os grandes líderes religiosos,
que estupefatos não acreditavam que poderiam ter deixados esses seres
demoníacos, isso na visão deles claro, chegarem ao ponto de crescerem e se
aventurarem por entre as pessoas da região.
Foi um alvoroço
enorme, todos cogitavam estar sendo atacados por feitiçarias, os líderes saíram
em busca dos irmãos gêmeos, até que os encontraram inocentemente brincando pela
cidade.
De uma forma
abrupta os capturaram, e os levaram presos até o mosteiro no qual esses líderes
viviam. Lá foram apresentados ao grande supremo da religiosidade da época e
local, e rapidamente foram jogados em um pequeno calabouço.
Sem entenderem os
fatos reais, as crianças choravam de pavor da situação, e nesse local que
tiveram a primeira experiência espiritualista.
No teor do pavor,
na escuridão do calabouço, no desespero das lágrimas perdidas, diante das
crianças surge uma linda imagem de um homem, forte e com a serenidade nos
olhos, dizendo-lhes assim:
"Não temam,
logo estarão livres. E assim que a liberdade vier vocês partirão para uma nova
vida, vida essa que estará cheia de prata e ouro. Porém, o tempo vai mostrar
dois caminhos a vocês. O primeiro caminho será da caridade, do amor e da paz. O
segundo caminho será de ostentação, prepotência e desamor. O livre arbítrio de
vocês é que responderá por um terceiro caminho, no qual vão receber de acordo
com o que for escolhido.
Reflitam bem sobre
essas palavras, pois a escolha será difícil, sofrerão pelo frio, fome e dor,
mas poderão não sofrer e viver com a riqueza, nobreza, mas lhe faltando algo
muito maior.
Tudo dependerá do
que tiverem dispostos a abandonar e a doar no futuro."
E assim o homem
desapareceu, deixando ali sobre intensa reflexão os irmãos gêmeos.
Fora do mosteiro o
pai dos gêmeos desesperado buscava uma maneira de ajudar os filhos, sem
imaginar como poderia fazer isso, pois o poder dos líderes sobre o povo era
intenso, tanto que centenas de pessoas se aglomeravam em frente ao mosteiro com
tochas nas mãos com intuito de levarem às crianças a fogueira para serem
queimados vivos.
O pai em intenso
desespero clamava a Deus. Lágrimas rolavam em seu rosto, precisava salvar seus
pequenos.
Na sacada do
mosteiro apareceu um dos líderes religiosos dizendo ao povo a decisão tomada
pela cúpula, e essa decisão seria levar os gêmeos a fogueira no dia seguinte
para serem queimados vivos, e assim afastar os demônios que os seguiam, e
desejavam tomar a cidade.
A população ao
ouvirem esses dizeres foram se afastando mais tranqüilos, imaginando que esse
seria o melhor caminho a ser tomado para assim proteger a cidade da suposta
tomada do demônio.
Pouco a pouco o
local era esvaziado, restando apenas o pai dos gêmeos, que continuava de
joelhos a chorar copiosamente.
Diante dele surge
um dos líderes religiosos, no qual lhe estendeu as mãos e o pôs de pé, dizendo
com uma voz amigável:
"Meu irmão,
sei do seu sofrimento, sei de sua dor como pai. Não prego o mesmo pensamento
que meus companheiros de mosteiro. Não creio que irmãos gêmeos sejam enviados
do demônio. Não tenho poder para lutar contra essa ideia, porém posso tentar
ajudá-lo a resgatar seus filhos antes do amanhecer, para que assim possa fugir
com eles para longe daqui.
Uma luz de
esperança surgiu no coração do pai desesperado. Ele cai de joelhos em frente ao
missionário, agradecendo com lágrimas nos olhos.
A madrugada se entranhou
pela noite estrelada. O religioso adentra ao calabouço do mosteiro juntamente
com o pai dos gêmeos disfarçado com as vestes usadas no ambiente de orações.
Chegaram rapidamente até as crianças, que ao verem o pai se emocionaram
extremamente.
Com um máximo de
cuidado conseguiram fugir do fatídico mosteiro do terror, e ainda pela
madrugada fugiram da cidade, indo para um local desconhecido dos líderes
religiosos.
Andaram alguns
dias e noites. O frio era intenso, a fome companheira extrema, o medo tomava os
corações desesperados.
Chegaram até uma
localidade distante, e ali o pai teve que se separar das crianças e retornar ao
arraial, pois com a fuga dos gêmeos e o desaparecimento do pai, que era antigo
morador da localidade, poderiam os líderes desconfiar de algo, e fazerem algum
tipo de mal a mãe das crianças e a seus irmãos.
O dia já raiava, o
homem chega a uma velha senhora, pede-lhe ajuda, explica que deixou a esposa
adoentada na cidade vizinha, e tinha necessidade de ir buscá-la, porém tinha
obrigação de deixar as crianças em boas mãos para que pudesse fazer uma viagem tranqüila.
A velha senhora
com todo carinho disse-lhe que o ajudaria, e que poderia buscar sua esposa
sossegado.
E assim o homem mais
tranqüilizado partiu para buscar sua esposa e filhos, e assim tentar deixar
tudo para trás e recomeçar uma nova vida. Porém a fúria dos líderes sem coração
não tinha limites. Quando ele retornou a sua casa, o pai esperançoso teve uma
surpresa extremamente desagradável. Sua casa tinha sido invadida, e presos foram
sua mulher e filhos pelos líderes fanáticos.
Ele desesperado
corre até o mosteiro, e ao chegar acaba sendo capturado, acusado de fazer parte
de feitiçarias, e por ter resgatado os gêmeos, que eram vistos como seguimento
do demônio.
De uma maneira
covarde e impensável, os líderes, e o povo daquela região levaram a família dos
gêmeos para serem condenados a fogueira. E em um grau de intensa de crueldade
foram queimados com aval dos líderes religiosos.
O tempo passou, a
família foi esquecida pela população. E os gêmeos continuaram fora da cidade
natal deles, vivendo com a velha senhora que lhes cuidavam como se fosse os
próprios filhos, esperando a volta do pai que um dia os deixaram sobre os
cuidados da anciã.
E o pai não
retornou, e não retornaria jamais. Alguns anos se passaram a velha senhora,
agora fraca, doente, frágil, sofria por entender que seus dias de encarnada
estavam para terminar, e com isso receosa em deixar os gêmeos desamparados, foi
até um velho castelo, no qual ela trabalhou por toda a vida, e lá foi estar com
um senhor muito caridoso Conde nobre da região, e com ele buscou auxilio para
os gêmeos desamparados.
Ele ouvindo todo o
relato da velha conhecida, disse que ela não deveria se preocupar, pois
cuidaria dos gêmeos, e assim o fez quando a anciã desencarnou.
As crianças
viveram no castelo por 10 anos, e nesse tempo aprenderam com o Conde que
deveriam sempre buscar fazer o bem, trazer a paz e entregar a caridade. Porém
os jovens se sentiam limitados, e desejavam auxiliar mais e mais pessoas,
contudo naquela região já tinham feito o que era preciso, desejavam buscar algo
ou alguém que realmente estava necessitado.
Mesmo sem a
autorização do Conde, os gêmeos saíram à noite em busca de uma cidade próxima,
e assim avaliarem as condições de vida de outras pessoas. E esse foi um erro
grandioso. Ao adentrarem na cidade natal deles e de sua família, logo foram
percebidos por populares, e esses logo chamaram a atenção dos líderes
religiosos, que sem demora foram ao encontro dos gêmeos. Após estarem de cara a
cara, não havia dúvida, perceberam que eram os mesmos gêmeos fugitivos. E nesse
momento, após muita falação, os jovens descobriram o triste destino de sua
família, e talvez o mesmo para eles, a fogueira.
O Conde dando
falta dos jovens, após algumas perguntas descobriu o paradeiro deles. Sabendo
de toda a história referente à lenda sobre gêmeos e os líderes cruéis, partiu
com uma pequena comitiva no intuito de resgatar os jovens das mãos dos
sanguinários falsos religiosos. Porém ao chegar ao local onde se encontravam, o
Conde e sua pequena comitiva foram atacados por rebeldes que tomados pela
ignorância imposta pelos líderes religiosos, assassinaram a todos sem a menor piedade.
Ao observar toda
essa crueldade o mesmo líder que antes havia auxiliado os gêmeos e seu pai na
fuga do mosteiro, novamente buscou ajudar os jovens. O velho religioso dando
roupas em farrapos aos jovens mandou que as usasse e separadamente se
misturassem com a população. Não deveriam ser vistos juntos, até que
conseguissem sair da cidade.
E assim foi feito,
partiram em fuga, com as vestes em farrapos para não serem reconhecidos.
De cidade em cidade,
os jovens iam caminhando, porém as notícias se espalhavam como pólvora, e como
os líderes não admitiam por um motivo de orgulho serem contrariados, passaram a
perseguir os gêmeos por várias cidades.
Mesmo sendo
perseguidos, os jovens continuavam buscando fazer a caridade aos semelhantes
necessitados. Tratavam de doentes, auxiliavam as crianças, os idosos, recolhiam
roupas e comida para os menos afortunados. Andavam com as vestes em molambos
para não serem reconhecidos, só se encontravam a noite para serem protegidos
pela escuridão, e de caridade a caridade feita, iam se mostrando seres de luz,
paz e amor, como anjos enviados por Deus.
Certa noite em uma
pequena cidade na qual os gêmeos estavam auxiliando alguns andarilhos
adoentados, entre eles várias crianças, um dos líderes que os perseguiam os
visualizaram, e ficando de tocaia em observação onde os jovens se escondiam, e
quando teve a certeza do local, se debandou apressadamente ao encontro dos
outros líderes, com intuito de pegar os gêmeos de surpresa.
Ao retornarem no
local os gêmeos já não se encontravam mais, isso deixou os líderes raivosos ao
extremo, e os fizeram sair dali com intenções de muita perversidade. Eles foram
até o grupo de andarilhos no qual os jovens estavam cuidando, dentre esse grupo
os religiosos pegaram as crianças a força, e espalharam o boato pela cidade que
iam sacrificar um a um caso os gêmeos não aparecessem.
A cidade ficou em
desespero, as notícias se espalharam como fogo em pólvora, até que chegaram até
os jovens gêmeos, que mesmo sabendo de seus destinos nas mãos dos líderes
assassinos, foram até eles pedindo a soltura das crianças.
Os religiosos
capturaram os gêmeos, os torturaram até a morte. Seus corpos foram arrastados e
jogados no meio da cidade diante dos olhares incrédulos da população.
Os líderes
simplesmente se viraram e partiram, deixando para trás o gosto amargo da
vingança sobre dois inocentes que o único mal feito foi terem nascido gêmeos.
As pessoas um
tanto assustadas, se aproximaram dos corpos ainda vestidos com os molambos, os
pegaram e os sepultaram um ao lado do outro. Sobre o sepulcro, flores nas cores
azuis e rosas nasceram perfumando todo o ambiente, dessas flores saiam um
pequeno néctar que milagrosamente auxiliava na cura de males das pessoas
daquela região.
Hoje em dia Senhor
Exú Mulambo e Dona Maria Mulambo, trabalham em prol da caridade em terreiros de
Umbanda, trazendo entendimento, retirando obsessores, como Kiumbas, Eguns e
Zombeteiros, abrindo caminhos, retirando magia negra e feitiçarias, para
aliviar a caminhada dos semelhantes rumo a Jesus.
Laroiê Dona Maria Mulambo!
Carlos de Ogum