Por
muitos anos venho observando algo que é um tanto incômodo para quem é um verdadeiro
umbandista e que leva a religião com a seriedade que se deve levar. Às vezes
pode parecer aos olhos de pessoas leigas que o fato que vamos mencionar não tem
tanta importância, contudo tem sim uma grande importância e será sobre esse
fato que vamos escrever hoje, e esse fato que tanto incomoda os umbandistas que
levam a religião a sério é o da incorporação de ditos médiuns fora de um ambiente
preparado para tal manifestação.
Já
me deparei com centenas de consulentes que tem o mesmo enredo, ou seja, estava
em casa, ou estava na casa de um amigo, ou de um parente qualquer e do nada
veio uma Entidade dar-lhes uma consulta.
Devemos entender primeiramente que toda e qualquer Entidade de Luz tem
como regra respeitar acima de tudo as leis da Umbanda e não haver incorporação fora
de um terreiro de Umbanda é uma dessas regras, portanto, certamente as Entidades
de Luz não estariam ali naquele ponto de mistificação do suposto médium
incorporado.
Vindo desse princípio que já sabemos que as Entidades de Luz não incorporariam
em um médium fora do terreiro de Umbanda, buscamos em nossa compreensão o que
poderia estar acontecendo quando o médium diz que está com a sua Entidade
naquele local não assentado para tal manifestação, nesse caso podemos imaginar
algumas situações, tais como:
- O Médium poderia estar realmente bem intencionado
em auxiliar o próximo, contudo não está preparado para tal.
- O médium não está bem intencionado e sabe
que dessa forma estaria prejudicando ainda mais o semelhante.
- O médium estaria tomado pelo vício de sentimento
da vaidade, e estaria ali enganando ao seu semelhante e a si próprio.
- O médium estaria tomado pela obsessão de espíritos
Zombeteiros, e estaria sendo usado para roubar energia de seu semelhante e
assim energizar esses espíritos obsessores.
- O médium se utiliza de seu orgulho e de seu
ego para demonstrar as pessoas leigas que ele tem um falso poder de trazer suas
supostas Entidades na hora e no local que desejar, e com isso crê que realmente
tem tal Entidade a seu dispor.
Esses exemplos acima são apenas alguns que poderíamos citar em meio de
tantos outros exemplos desastrosos para uma suposta incorporação fora de
terreiro por médiuns mistificadores.
Agora vamos frisar apenas a boa intenção, vamos pressupor que o médium realmente
esteja preocupado com algum fato de seu semelhante, e que deseja auxiliar a
esse semelhante, porém ainda esteja faltando algum tempo para a Gira acontecer,
e esse médium mistifica uma suposta incorporação em algum local que não seja
adequado para tal realização, poderemos dizer que a intenção é muito boa, pois
esse médium está buscando uma maneira de auxiliar seu semelhante, porém nem
toda boa intenção é sinal de um bom resultado, pois na verdade já tivemos
inúmeros relatos de tentativas de auxilio a um semelhante necessitado de ajuda
espiritual, pois na ânsia de tentar ajudar esse médium buscou a incorporação
fora de uma casa de Umbanda, e o resultado foi desastroso, tanto para o
consulente quanto para o médium em questão.
E
quando casos assim acontecem, algumas pessoas podem dizer que o médium não estava
preparado, ou que as Entidades desse médium não tinha força suficiente para tal
gesto, na verdade não é bem assim, pois o fato é que o local não adequado para
tal manifestação, ou que está sem assentamento e firmamento, deixa portas
abertas a diversas outras manifestações obsessoras que certamente vão
aproveitar a oportunidade para se energizar com as energias alheias. Então muitos
desses médiuns que não compreendem esses fatos vão tentar argumentar que tem
uma fé inabalável, que as Entidades deles são extremamente fortes, nesse ponto
sem dúvida alguma, porém devemos entender que não só as Entidades de Luz tem
sua força, pois espíritos obsessores, escravizadores, trevosos, como Kiumbas,
Eguns e Zombeteiros também tem sua força, uma força voltada para o mal, mas
sim, tem suas forças, e sendo assim podem atacar um local que não esteja
protegido com os assentamentos e firmamentos adequados.
Vamos refletir um pouco, se fosse algo tão simples a incorporação fora
de um terreiro de Umbanda, se fosse para ter essa incorporação na casa do consulente
ou mesmo dentro de sua própria casa, então qual a necessidade em termos os
terreiros? realmente não haveria motivo algum.
Sabemos que os terreiros tem sua tronqueira muito bem assentada e
firmada, da mesma forma se tem o Gongá; sem dizer que no terreiro temos as
correntes formadas, com seus médiuns preparados, e claro todos firmados antes
de qualquer Gira.
Se
temos tudo isso detalhado dentro de um terreiro, que é sempre passado e repassado
pelo Zelador de Santo, que com sua experiência não deixa passar nenhum detalhe,
e se esse Zelador de Santo é auxiliado tanto por uma Yakekerê, um Babakekerê,
uma Dagã, ou por outros diversos auxiliares que estão ali para deixar tudo a
contento para termos uma Gira tranquila, firme e segura, simplesmente que no
terreiro que é o lugar para as incorporações verdadeiras e seguras, sem riscos
de obsessão para o consulente e para o próprio médium, fazendo assim que o
atendimento aconteça dentro das regras e leis da Sagrada Umbanda.
Para
finalizar esse texto, vamos colocar os males que podem surgir quando um médium
não se atenta na importância de não entregar a sua mente, seu corpo e sua mediunidade
para uma incorporação fora de um terreiro de Umbanda, mesmo sendo dentro de uma
boa intenção.
Vamos imaginar a quantidade de Falanges de espíritos trevosos,
sofredores, Zombeteiros, Kiumbas, Eguns e de baixo grau de espiritualidade que
acompanharão tanto o médium, quanto o consulente, e logicamente ficarão
embutidos como vermes dentro dos lares utilizados para tais manifestações
errôneas, e isso trará para ambos diversas sensações desagradáveis, como dores
sem causa aparente, mal estar, doenças diversas, raiva, ociosidade, desarmonias,
depressões, misérias, isso certamente não tardará a surgir.
E
as suas Entidades vão deixar de lhe ajudar?
Na
verdade não, elas estarão tentando lhe auxiliar de toda e qualquer forma, porém
quando um médium desavisado tenta esse tipo de trabalho espiritual, e com isso
traz tantas manifestações contrárias, as Entidades tem que lutar intensamente
para afastar todas essas obsessões, e como o médium está se utilizando de seu
livre arbítrio para tais supostas incorporações, ele estaria dando muito mais
espaço para diversos tipos de espíritos de baixo teor espiritual, trazendo mais
e mais, portanto as Entidades tem um trabalho extremo, acima do imaginável para
tentar proteger o médium, o próprio consulente, e quem mais estiver em volta
daquele ambiente sujo espiritualmente, e como vêm do livre arbítrio do médium,
as Entidades devem pela lei da Umbanda respeitar, e só resta a elas tentar
afastar o máximo possível desses obsessores, contudo o número é tão estrondoso
que não haveria como afastar todas elas sem um assentamento para auxiliar, e
por esse motivo que os terreiros têm a Tronqueira onde os Exús e as Pombos
Giras trabalham, a Casa das Almas, onde temos o Orixá Omulú e sua Falange para
afastar Eguns, o Gongá onde é firmado cada um dos médiuns trabalhadores daquela
Gira junto as suas Entidades, a seus Anjos de Guarda e a seus Orixás.
Agora sabemos a importância de não incorporarmos fora de um local
adequado, sabemos que a responsabilidade de fazer o certo ou errado em uma
incorporação é do médium, pois é o médium que abre as portas de sua casa, ou da
casa do consulente, ou mesmo da vida de ambos para essas energias de
obsessores, pois não basta apenas acender vela a seu anjo de guarda, ou mesmo
para seu Povo de Esquerda, pois dentro de um terreiro os assentamentos são
muito mais complexos, e o ambiente de uma casa de Umbanda foi feito para isso,
trabalhar com o desconhecido, com os desencarnados, com as Entidades de Luz, e
nossa residência de morada é para encarnados, para podermos ter tranquilidade e
paz, apenas para encarnados.
Resumindo, manifestações de Entidades de Luz e todo outro tipo de incorporação
é para se limitar dentro de um terreiro, a consulta a quem necessita é para ser
feita dentro de uma casa de Umbanda, e a única exceção a essa regra seria se o
consulente estiver totalmente impossibilitado de se locomover, e nesse caso
somente médiuns extremamente desenvolvidos mediunicamente, e nesse caso se dá a
preferência a um Babalaô, um Babalorixá, a um Babakekerê, ou a uma Yakekerê, e
esses sempre acompanhados de uma Dagã ou um Ebâmi, caso contrário, se caso não
tem um desses médiuns disponíveis para tal trabalho, um médium mais antigo da
casa poderá então fazer, porém com autorização do seu Zelador de Santo e tendo
um pré firmamento dentro de um terreiro.
Se
não for dessa maneira não é para ser feito, pois caso contrário é mistificação,
falta de preparo, ou vaidade do médium, e é justamente isso que faz regressar
todo tipo de desenvolvimento mediúnico, médium vaidoso, mistificador e sem
preparo.
Portanto, respeitar essa regra da Umbanda é respeitar suas Entidades, os
Orixás de sua Coroa, a si próprio, a seus consulentes e a própria Umbanda.
Lembre-se, o médium não é detentor da verdade e não tem certeza se vai resolver
os problemas de seu consulente fora das regras e leis da Umbanda.
Respeite seus irmãos de fé e respeite o terreiro que lhe acolheu, e
acima de tudo respeite as suas Entidades de Luz e seus Orixás de Coroa.
Carlos de Ogum
OBS.: Para quem deseja saber seus Orixás de
Coroa ou seu Exú de frente através dos Búzios, entrem em contato conosco
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