Vejamos o que nos diz o Aurélio:
Verbete: umbanda
[Do quimb. umbanda, 'magia'.] S.
m.
1. Bras. Forma cultual originada
da assimilação de elementos religiosos afro-brasileiros pelo espiritismo
brasileiro urbano; magia branca.
UMBANDA é religião!
Se dentro da Umbanda conseguimos
nos religar com Deus, conseguimos tirar o véu que cobre nossa ignorância da
presença de Deus em nosso íntimo, então podemos chamar nossa fé de Religião.
Como mais uma das formas de sentir Deus em nossa vida, a Umbanda cumpre a
função religiosa de nos levar à reflexão sobre nossos atos, sobre a urgência de
reformularmos nosso comportamento aproximando-o da prática do Amor de Deus.
A Umbanda é uma religião
lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás e seus
servidores: Crianças, Caboclos, Preto-velhos e Exus. Estes grupos de espíritos
estão na Umbanda "organizados" em linhas: Caboclos, Preto-velhos,
Crianças e Exus. Cada uma delas com funções, características e formas de
trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas às forças da natureza que os
regem, os ORIXÁS.
Na verdade a Umbanda é bela
exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso é uma religião
totalmente brasileira.
Mas, torna-se imperioso, antes de
ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião,
expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais
que precipitaram o surgimento, na 1ª década do século XX, da mesma. Em 1500,
quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade
Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e
já habitada por nativos. Os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias,
denominaram a estes aborígines de índios.
Os primeiros contatos entre os
dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se
com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a
convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome
indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco nobres.
O relacionamento,
até então pacífico, começa a se desmoronar como um castelo de areia. São
inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel lavoura.
Reagem, resistem, e muitos são
ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o escravizador faz
desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote,
são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de
castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.
Desta forma, índios e negros,
unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e
encarnavam nas Terras de Santa Cruz. Ora laborando no plano astral, ora como
encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do
homem branco, e fazer com que seus irmãos de raça se livrassem do rancor, do
ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.
Além disso, muitas das crianças
índias e negras, eram mortas, quando meninas (por não servirem para o trabalho
pesado), quando doentes, através de torturas quando aprontavam suas
"artes" e com isso perturbavam algum senhor. Algumas crianças
brancas, acabavam sendo mortas também, vítimas da revolta de alguns índios e
negros.
Juntando-se então os espíritos
infantis, os dos negros e dos índios, acabaram formando o que hoje, chamamos
de: Trilogia Carmática da Umbanda. Assim, hoje vemos esses espíritos
trabalhando para reconduzir os algozes de outrora ao caminho de Deus.
A igreja católica, preocupada com
a expansão de seu domínio religioso, investiu covardemente para eliminar as
religiosidades negra e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o
intuito "nobre" de "salvar" a alma dos nativos e dos
africanos.
A necessidade de preservar a
cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as imagens dos
santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa
sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto as
forças da natureza, a esta associação, deu-se o nome de "Sincretismo
religioso".
O candomblé iorubá, ou jeje-nagô,
como costuma ser designado, congregou, desde o início, aspectos culturais
originários de diferentes cidades iorubanas, originando-se aqui diferentes
ritos, ou nações de candomblé, predominando em cada nação tradições da cidades
ou região que acabou lhe emprestando o nome: queto, ijexá, efã. Esse candomblé
baiano, que proliferou por todo o Brasil, tem sua contrapartida em Pernambuco,
onde é denominado xangô, sendo a nação egba sua principal manifestação, e no
Rio Grande do Sul, onde é chamado batuque, com sua nação oió-ijexá (Prandi,
1991). Outra variante ioruba, esta fortemente influenciada pela religião dos
voduns daomeanos, é o tambor-de-mina nagô do Maranhão. Além dos candomblés
iorubas, há os de origem banta, especialmente os denominados candomblés angola
e congo, e aqueles de origem marcadamente fom, como o jeje-mahim baiano e o
jeje-daomeano do tambor-de-mina maranhense.
Os anos sucedem-se. Em 1888 é
assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-escravos é de total
miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de
inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao
mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata.
No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos
(mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos agrupamentos
religiosos existentes. O catolicismo, religião de predominância, repudiava a
comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado
apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o
rótulo de "doutores". Os Senhores da Luz (Orixás), atentos ao cenário
existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela
que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que
quisessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas
encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no
Brasil.
Começa a se plasmar, sob a forma
de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções,
atributos e finalidades. Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904,
o livro Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de
Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras. No livro,
o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no
Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro sócio-político-cultural
do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os
vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito
Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas,
sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos. Não obstante tal obra
ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa
edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.
A formação histórica do Brasil
incorporou a herança de três culturas : a africana, a indígena e a européia.
Este processo foi marcado por violências de todo o tipo, particularmente do
colonizador em relação aos demais. A perseguição se deveu a preconceitos e a
crença da elite brasileira numa suposta alienação provocada por estes cultos
nas classes populares.
No início do século XX, o choque
entre a cultura europeizada das elites e a cultura das classes populares
urbanas, provocou o surgimento de duas tendências religiosas na cidade do Rio
de Janeiro. Na elite branca e na classe média vigorava o catolicismo ; nos
pobres das cidades (negros, brancos e mestiços) era grande a presença de
rituais originários da África que, por força de sua natureza e das perseguições
policiais, possuíam um caráter reservado.
Na segunda metade deste século,
os cultos de origem africana passaram a ser frequentados por brancos e mulatos
oriundos da classe média e algumas pessoas da própria elite. Isto contribuiu,
sem dúvida, para o caráter aberto e legal que estes cultos vêm adquirindo nos
últimos anos.
Esta mistura de raças e culturas
foi responsável por um forte sincretismo religioso, unificando mitologias a
partir de semelhanças existentes entre santos católicos e orixás africanos,
dando origem ao Umbandismo.
Ao contrário do Candomblé, a Umbanda
possui grande flexibilidade ritual e doutrinária, o que a torna capaz de adotar
novos elementos. Assim o elemento negro trouxe o africanismo (nações); os
índios trouxeram os elementos da pajelança; os europeus trouxeram o
Cristianismo e o Kardecismo; e, posteriormente, os povos orientais
acrescentaram um pouco de sua ritualística à Umbanda. Essas cinco fontes
criaram o pentagrama umbandista:
Os seguidores da
Umbanda verdadeira só praticam rituais de Magia Branca, ou seja, aqueles feitos
para melhorar a vida de determinada pessoa, para praticar um bem, e nunca de
prejudicar quem quer que seja. Os espíritos da Quimbanda (Exus) podem, no
entanto, ser invocados para a prática do bem, contanto que isso seja feito sem
que se tenha que dar presentes ou dinheiro ao médium que os recebe, pois o
objetivo do verdadeiro médium é tão somente a prática da caridade.
Algumas casas de
Umbanda homenageiam alguns Orixás do Candomblé, como por exemplo: Oxumarê,
Ossãe, Logun-Edé. Mas os mesmos, na Umbanda, não incorporam e nem são orixás
regentes de nenhum médium.
Nós temos os nossos
guias de trabalho e entre eles existe aquele que é o responsável pela nossa
vida espiritual e por isso é chamado de guia chefe, normalmente é um caboclo,
mas pode ser em alguns casos um preto-velho.
Aspectos Dominantes do Movimento
Umbandista:
1. Ritual, variando pela
origem.
2. Vestes, em geral brancas.
3. Altar (Gongá ou Congá) com
imagens católicas, pretos velhos, caboclos, Boiadeiro e
Crianças (Ibeijada ou Erê).
4. Sessões espíritas, formando
agrupamentos em pé, em salões ou
terreiro.
5. Desenvolvimento normal em
corrente.
6. Bases; africanismo, kardecismo,
indianismo, catolicismo, orientalismo.
7. Serviço social constante
nos terreiros.
8. Finalidade de cura material
e espiritual.
9. Magia branca.
10. Batizados, consagrações e
casamentos.
Ritual:
A Umbanda não tem,
infelizmente, um órgão centralizador, que a nível nacional ou estadual, dite
normas e conceitos sobre a religião ou possa coibir os abusos. Por isso cada
terreiro segue um ritual próprio, ditado pelo guia chefe do terreiro, o que faz
a diferenciação de ritual entre uma casa e outra. Entretanto, a base
de todo terreiro tem que seguir o
principio básico do bom senso, da honestidade e do desinteresse material, além
de pregar, é claro, o ritual básico transmitido através dos anos pelos praticantes.
O mais importante,
seria que todos pudessem encontrar em suas diferenças de culto, o que seria o
elo mais importante e a ele se unissem. Tal elo é a Caridade!
Não importa se o
atabaque toca, ou se o ritmo é de palmas, nem mesmo se não há som. O
que importa é a honestidade e o amor com que nos entregamos a nossa religião.
A Umbanda é uma
Religião, e como uma Religião temos que seguir os preceitos do Pai Maior, sendo
chamado de Deus, Zambi ou outra nomenclatura qualquer, isso não importa, o que
importa é ser fiel a esses preceitos, amando, respeitando e sendo caridoso com
quem vem ao nosso encontro em busca de uma ajuda espiritual.
Ame essa
linda Religião!
Carlos de Ogum.
Se todos os caminhos levam a Deus, o que passa pelo terreiro é o mais bonito! :)
ResponderExcluirUma lição maravilhosa sobre o que é Umbanda. Adorei. Patricia Fernandes Gomes
ResponderExcluirReligião maravilhosa que eu amo. Odete Maia
ResponderExcluirColocação perfeita do que é a nossa Umbanda. Parabens. Maravilhoso. Sonia Anchieta
ResponderExcluirGostei muito desse texto. Minha visao sobre a Umbanda mudou. Obrigado. Fábio Shuchres
ResponderExcluirA Umbanda é uma flor linda que perfuma minha vida. Nandinha
ResponderExcluirLindas palavras de nossa linda religião. Grande paz a todos. Carminha Figueiredo
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