Como já sabemos a
religião de Umbanda prega as leis da caridade, do amor, da dedicação, do
auxilio ao próximo, assim como Jesus determinou, e além dessas leis, a Umbanda
também prega que deve ser respeitado acima de qualquer dogma, de qualquer casa,
ou de qualquer opinião de líderes religiosos, o nosso livre arbítrio.
Sendo assim quando
somos de uma casa de Umbanda devemos colocar em nossa mente que o nosso livre
arbítrio é a parte mais importante para nós mesmos para seguirmos um caminho
espiritualista, da mesma forma que devemos fazer em nosso dia a dia.
Só assim temos a
capacidade moral, pessoal, psicológica e principalmente espiritual de seguirmos
o caminho determinado a nós mesmos, sem ter desculpas, engrandecer ou culpar
nossos semelhantes por fatos que podem ser certos ou errados nessa nossa
caminhada rumo a nossa evolução espiritual.
Sendo explicado
esse ponto do livre arbítrio na visão da religião umbandista, podemos ficar com
algumas perguntas em nossa mente.
Por que então que uma religião que prega
respeitar o livre arbítrio tem junto a seus filhos a divisão da hierarquia?
Por que colocarmos uma nomenclatura para
demonstrar graus nessa hierarquia diferenciando um filho da casa de outro
filho, sendo que todos estão ali por seu livre arbítrio, e com as mesmas
intenções de caridade a seu próximo?
Será que essa hierarquia não trará certo
grau de militarismo para dentro do terreiro, onde o mais graduado inibe o livre
arbítrio do menos graduado?
As respostas podem
ser várias, porém essa possível inibição do livre arbítrio de um filho de um
terreiro de Umbanda feito por outro que tenha uma hierarquia maior dentro da
casa, também é um livre arbítrio, o livre arbítrio da compreensão de que essa
hierarquia é apenas para dividir as tarefas e as responsabilidades dos filhos
dentro do terreiro, além de demonstrar o que é desejado pelo responsável, pelo
Mentor e pelas as Entidades daquela casa, para o filho em questão.
Portanto essa
hierarquia deve ser conduzida por uma Entidade de Luz da casa, sendo ela
Mentora ou não, para que assim os vícios de sentimentos humanos não tragam
constrangimentos ao filho que tenha um grau hierárquico menor, fazendo com que
um filho que não esteja preparado espiritualmente e psicologicamente, receber a
função de ter um poder hierárquico maior, e abusar dessa confiança nele
colocada.
Sendo assim, quando
se é dividido hierarquicamente responsabilidades do terreiro dentre os filhos
da casa, as Entidades de Luz sabem exatamente quem as merece, quem está
preparado para recebê-las, quem é digno, quem utilizará esse poder hierárquico
para trazer luz para a casa e para os médiuns dessa casa, além de ter um
desenvolvimento mediúnico e espiritual compatível com seu lugar dentro dessa
hierarquia.
Abaixo colocarei
algumas nomenclaturas que seguem a hierarquia dentro da Umbanda, sendo que
algumas dessas vem do Candomblé, e uma boa parte de médiuns de Umbanda nunca
ouviram falar, porém em alguns terreiros esses termos são utilizados para
diferenciar os médiuns e suas responsabilidades.
Estaremos colocando
as hierarquias de uma forma crescente, ou seja, da menor para a maior, dentro
do tempo de terreiro, da responsabilidade de cada um, do grau de
desenvolvimento mediúnico e espiritual de cada um e dentro das recomendações
dadas pelas Entidades de Luz e os Mentores da casa.
- ABIÃ: Também chamado em algumas casas de
Noviço ou Noviça, essas nomenclaturas são dadas para aquelas pessoas que
iniciam frequentando o terreiro primeiramente como assistente, e tem na maioria
das vezes o desejo de ingressar na religião de Umbanda, pode ser dado essa nomenclatura
tanto para os filhos, quanto para as filhas que estão com intenção de fazerem
parte da casa.
Essas pessoas
frequentam regularmente as Giras e sessões, e elas não são iniciadas dentro do
terreiro ainda, normalmente vem como consulentes por algum motivo particular se
interessam em demasia pela religião, se tornam fiéis e dessa maneira viram
assistentes, porém sem serem iniciados na religião e nem no terreiro.
Os filhos que levam
a nomenclatura de Abiã tem como responsabilidade pequenas tarefas no terreiro
- COTA: Seria a mesma coisa que Abiã ou
Noviça, porém apenas as mulheres recebem esse nome em alguns terreiros. Assim
como o Abiã as suas responsabilidades são pequenas tarefas determinadas pela
Yalorixá ou pelo Babalorixá da casa. Elas também não são iniciadas na religião,
e são vistas como assistentes.
- CAMBONO: Apesar de estar em uma condição
hierárquica menor, o Cambono ou Cambone, é um personagem muito importante
dentro de qualquer terreiro de Umbanda, ele é um grande ajudante anônimo dentro
de todas as Giras, tem várias responsabilidades, mesmo que essas sejam mais
modestas, um trabalhador sem igual, em que as Entidades de Luz podem confiar em
sua descrição junto a qualquer consulta feita. Ele pode ser tanto do sexo feminino
quanto masculino, e em muitas vezes uma Entidade de Luz só permite que o mesmo
Cambono trabalhe junto a ela, pois tem afinidade e confiança extrema nesse
nobre personagem.
Lembrando que a
maioria dos Cambonos ao fazerem sua iniciação deixam de ser Cambonos.
- YAÔ: São os filhos ou filhas de santo,
pessoas iniciadas na religião de Umbanda, e tem o propósito de se manter dentro
do terreiro para aprendizagem, trabalhos e auxílios nas Giras da casa. Esses
podem ser considerados os verdadeiros e únicos filhos e filhas de santo.
Poderá esse filho
ou filha, dentro da determinação das Entidades de Luz, dentro do livre arbítrio
desse filho ou filha, dentro das regras do terreiro em questão e dentro das
leis umbandistas, quem poderá tomar conta desse terreiro futuramente ou fundar
o seu próprio.
- YABACÊ: Ela é responsável pela preparação
das comidas ritualísticas do terreiro, conhecida também como "cozinheira
de santo", porém são pouquíssimos os terreiros que tem essa função em
destaque, pelo modo diferenciado de oferendas feitas na Umbanda.
- YATABEXÊ: Na maioria dos terreiros esse nome é
desconhecido, pois chamam essa função de Ogã, e ele é o solista da casa, tem a responsabilidade
de cantar para todas as Entidades de Luz que se apresentam no terreiro naquele
Xirê (cerimônia). E essa apresentação deve ser feita juntamente com os Ogãs
Alabês.
- OGÃ ALABÊ: Eles são os responsáveis pelo toque
nos atabaques, auxiliam nas cantigas, e firmam a corimba para as vibrações necessárias
para as incorporações nos médiuns desenvolvidos para receberem as Entidades de
luz.
- DAGÃ: É a filha com maior tempo nas
obrigações do terreiro, é que auxilia e ensina os filhos mais novos todas as
obrigações, regras e leis do terreiro segundo as determinações das Entidades de
Luz, do Babalorixá ou Yalorixá. Tem como uma das responsabilidades principais o
firmamento da Tronqueira quando assim é determinada pelos responsáveis do terreiro,
também pode auxiliar nas cantigas solistas, na defumação, no cruzamento da
casa, além de supervisionar os trabalhos de Cambonos.
A Dagã só receberá
esse título após completar 7 anos de aprendizagem dos conceitos umbandistas e
das regras gerais da casa e da Umbanda, e isso se for determinado pelas
Entidades de Luz e com o aval do Babalorixá ou Yalorixá.
Quando se tem Giras
de linha de esquerda anteriores do da direita, a Dagã também tem a função de
solicitar a partida dos Exús antes do próximo culto, para que assim se possa
dar andamento aos trabalhos.
- EBÂMI ou EBAMÍ: É o filho com maior tempo nas
obrigações do terreiro, tendo as mesmas funções e obrigações da Dagã, inclusive
a solicitação da partida de Exú quando se está se findando uma Gira de Esquerda
e iniciando uma de direita.
Uma observação
importante é que o Ebâmi ou Ebamí é o mesmo nível da Dagã, a diferença é que
Ebâmi ou Ebamí é nomenclatura para o sexo masculino e Dagã é para o sexo
feminino.
- APETEBI: Mulher que obrigatoriamente deverá
ter Oxum como Mãe e regente de sua Coroa, preparada após 7 anos de terreiro
para ser a única mulher que poderá jogar os Búzios. Em terreiros de Umbanda a
Apetebi é uma raridade, normalmente só os homens tem a função de abrir o Ifá.
- YAKEKERÊ: Na maioria dos terreiros de Umbanda
a Yakekerê é chamada de "Mãe Pequena", porém a Mãe Pequena é uma
função determinada pela Yalorixá ou pelo Babalorixá, enquanto a Yakekerê vem
por determinação direta das Entidades de Luz, e essa é preparada dentro da
aprendizagem das leis e regras tanto do terreiro quanto os da Umbanda. Ela, a Yakekerê
após 21 anos de trabalhos no terreiro pode se tornar uma Yalorixá, pois ela é a
substituta direta da chefe do terreiro.
A filha que tem por
determinação de se intitular Yakekerê tem a possibilidade do aceite ou não,
porém ao aceitar essa função ela deverá entender que se tornará o braço direito
da Yalorixá ou mesmo do Babalorixá, caso a casa não tenha um Babakekerê.
A Yakekerê poderá
abrir trabalhos, firmar Giras, fazer assentamentos, firmamentos, e se caso
necessário ficar no lugar da Yalorixá ou do Babalorixá, na chefia da Gira,
dentre abertura até o fechamento.
- BABAKEKERÊ: Conhecido na maioria dos terreiros
de Umbanda como "Pai Pequeno", e da mesma forma que a Mãe Pequena, ele
tem essa função determinada pelo Babalorixá ou pela Yalorixá, e o Babakekerê
vem por determinação das Entidades de Luz.
Assim como a
Yakekerê, o Babakekerê também poderá se tornar um Babalorixá após seus 21 anos
dentro da aprendizagem no terreiro.
Portanto tanto o
Babakekerê quanto a Yakekerê tem o mesmo nível dentro do terreiro, sendo quase
a mesma coisa, a diferença está que o Babakekerê é uma nomenclatura para as pessoas
de gênero masculino e a Yakekerê são para as pessoas de gênero feminino, e
outra diferença é que o Babakekerê tem a possibilidade de conduzir o Ifá, ou
seja, o jogo de Búzios.
- YALORIXÁ: Na maioria dos terreiros é conhecida
também como "Mãe de Santo", é a maior autoridade feminina dentro de
um terreiro de Umbanda. Responsável pelos trabalhos espirituais, pelo
desenvolvimento mediúnico e espiritual dos filhos, aberturas e fechamentos de
Giras, pelos trabalhos administrativos de uma casa.
- BABALORIXÁ: Conhecido na maioria dos terreiros
como "Pai de Santo", ele é a segunda maior autoridade encarnada
dentro da Umbanda, exerce toda e qualquer função dentro do terreiro, deverá ser
respeitado como líder da casa, grande conhecedor de trabalhos espirituais, tem
todas as possibilidades de determinar níveis hierárquicos a todos os filhos do terreiro,
grande conhecedor do desenvolvimento mediúnico, espiritual ou pessoal, de todos
os frequentadores das Correntes e Giras, tem a sabedoria espiritual para
conduzir os Ogãs, solistas, Cambonos, Ebâmis, Dagãs, entre outros.
Está preparado para
verificação de Pontos Riscados de todas as Entidades, determinar os erros e
acertos desse ponto para ver a preparação do médium, fazer todo e qualquer tipo
de firmamento, assentamento, descarregos, desobsessões, entre outros tipos de
trabalhos especiais possíveis no terreiro.
O Babalorixá pode
fazer batizados, casamentos, extremunções, tanto dentro do terreiro quanto fora
dele, além de poder abrir o um jogo de Búzios, pois ele é um grande conhecedor
do Ifá.
- BABALAÔ: É o Babalorixá após 21 anos de
feitura, a maior autoridade encarnada dentro da Umbanda, o grande conhecedor de
todas as regras, leis, atos, ações, ensinamentos, assentamentos, firmamentos, o
grande desvendador de todas as dúvidas de todos os filhos de Umbanda, o que deverá
ter todas as respostas a qualquer pergunta ou questionamento espiritual.
Grande conhecedor
de todas e quaisquer funções da Umbanda, ele está preparado para qualquer
situação espiritual, desde um simples passe (mesmo não estando incorporado),
até uma busca de espíritos perdidos nas profundezas da Quimbanda (eterna
desavença da Umbanda) caso necessário.
Tem o Ifá como seu
companheiro aliado, e dentre a busca de respostas para as questões das mais
simples até as mais complexas, tem a possibilidade de ter essas respostas nas
leituras de velas, na chama de fogueira, na brasa do carvão, na água, na borra
da terra, entre outras diversas maneiras, cada uma dessas maneiras dentro do grau
e tipo de mediunidade do Babalaô.
O Babalaô como já
dito anteriormente recebe essa nomenclatura após 21 anos de preparo como
Babalorixá, e ele não tem a possibilidade do não aceite ao cargo e a função,
assim como outros níveis hierárquicos dentro da Umbanda, pois essa determinação
é feita exclusivamente pelas Entidades de Luz, pelos Falangeiros, por todas as
linhas de trabalho umbandista e pelos Orixás, portanto quando se é determinado
que um filho será Babalaô, essa determinação ultrapassa até o livre arbítrio,
fato que é extremamente respeitado pela Umbanda.
O Babalaô é o mais
conhecedor de toda a religião umbandista, e após receber esse título deverá se
entregar ao sacerdotismo de uma forma profunda e completa, isso porque são extremamente
raros os verdadeiros Babalaôs.
Dentro da Umbanda,
quando um Babalorixá ou uma Yalorixá tiverem algum tipo de dúvida, desejarem
fazer um Yaô, ou algum tipo de trabalho que esteja fora do alcance desse Babalorixá
ou Yalorixá, eles recorrem ao Babalaô, mesmo sendo esse Babalaô de outro
terreiro ou linha.
E assim se finda as
principais formas de hierarquia dentro da Umbanda, lembrando que nem todos os
terreiros seguem esses preceitos, porém deveriam, para que assim as tradições
umbandistas não se percam, e não fossem abertas tantas casas se dizendo
umbandistas, com preceitos, atos, ações e ensinamentos fora das regras e leis
da nossa sagrada Umbanda.
Para quem deseja saber seus Orixás através do Ifá, entre em
contato com o seguinte endereço de E-mail:
contato.umbandayorima@gmail.com
Por esse endereço de E-mail passaremos o que se faz
necessário para todas as imantações e o Jogo de Búzios propriamente dito.