Nesse texto vamos dar continuidade falando
sobre a Linha e Falange dos Malandros na Umbanda, e como já foi dito no texto
anterior, essa é uma das Falanges e Linhas mais buscadas, queridas e conhecidas
nos Terreiros de Umbanda, expressamos resumidamente na primeira parte desse
texto, que pode ser encontrada clicando no link abaixo.
*Conhecendo a Linha e Falange dos Malandros (parte 1)
Agora nessa segunda parte falaremos um
pouco mais da origem e das características dessas Entidades de Luz tanto na vida
como encarnados, quanto na trajetória espiritual.
Na visão social, os Malandros simbolizaram
a inclusão de negros, mulatos, mestiços, tanto homens quanto mulheres que viviam
de certa forma marginalizados perante a sociedade desde o período pós-abolição,
e muitos sofreram extremamente com o preconceito pela sua cultura, sua fé, seu
modo de ser, pela cor de sua pele, enfim, por tudo que não estava dentro dos
ditos padrões para a classe branca, classe essa que se distribui-a como fazendeiros,
coronéis da época, sinhás, e todos chamados erroneamente de "grupo de
elite".
Esses ditos "excluídos" foram
retirados das fazendas e colocados a sua própria sorte logo após a lei da
abolição dos escravos, pouquíssimos senhores de engenho, fazendeiros ou
produtores de café utilizaram a mão de obra dos negros e mestiços para
trabalharem em suas fazendas, pois muitos acreditavam que essas pessoas só
serviam enquanto eram escravizadas, e jamais aceitariam que um negro ou mestiço
trabalhasse em uma fazenda em troca de uma vida digna e uma remuneração
verdadeira, apenas serviam para trabalharem sem condições alguma de bem estar,
escravizados e sofrendo torturas no tronco de castigos sendo açoitados pela
dolorida ponta de uma chibata. E assim sendo esses negros e mestiços foram
colocados para fora das fazendas, enquanto esses fazendeiros contratavam a mão
de obra de colonos europeus para ocuparem as colocações de trabalho.
E assim um grandioso número de homens e mulheres
mestiços e negros recém-libertos ficavam perambulando pelas ruas, sem uma
moradia, sem alimentação, sem dignidade e sem uma colocação de trabalho
remunerado.
A visão de antigos escravocratas era que os
negros e mestiços só se rendiam ao trabalho em suas roças sendo forçados, através
de castigos, assim como era no tempo da escravidão, e se expandindo esses pensamentos,
os fazendeiros tinham a preferência de trazerem os colonos europeus a
trabalharem em suas terras.
E assim foi feito, e esses colonos ocupavam
todas as colocações de trabalho, e assim esses antes escravizados ficavam sem
uma ocupação condigna, sem acesso a educação, a moradia descente, e muitas
vezes sem alimentação digna.
E pouco a pouco iam se formando os primeiros
grandes grupos de pessoas a serem colocadas a viverem a margem da sociedade.
Após toda essas colocações podemos então
imaginar como era a vida desses negros e mestiços, com toda a pressão social
dos brancos elitizados, porém esses negros e mestiços não se deram por rogados
e nem vencidos, e pouco a pouco iam buscando aos arredores dos arraiais e
morros um modo de ter uma vida no mínimo dignamente básica. Fizeram seus
casebres, pequenas plantações, criavam alguns animais para alimentar suas
famílias.
Mesmo se esforçando ao extremo para sobreviverem
de um modo geral, os negros, mulatos e mestiços não eram bem vistos perante a
sociedade branca, e assim começou para eles uma condição de vida a margem do
quadro social, pois a musica, a dança, o modo de ser apreciados por aqueles em
que a sociedade marginalizava não eram bem vistas, principalmente as suas
atividades de recreação, como jogos, carteados, capoeira, entre outros tipos de
recreação.
Assim sendo, com essa visão discriminatória
da sociedade, foram surgindo grupos localizados para essas atividades, e
bastava frequentá-los para ser motivo de alvo da polícia, e como esses ambientes
não só estavam abertos para grupos seletos, poderia sim entrar todo tipo de
pessoa, e obviamente também chamava a atenção de pessoas já antes voltadas para
o crime, fazendo desses lugares um tanto perigosos, perigosos o bastante para
explicar que muitos desses seus frequentadores andarem armados, normalmente com
facas, navalhas, punhais, ainda que não fossem criminosos, e assim vem à tradição
de muitos dos Malandros terem suas armas brancas nas mãos.
Quando é dito a nomenclatura
"Malandro", na linguagem cotidiana, logo ocorre à ideia em nossas
mentes, do boêmio, do jogador de cartas de baralho, do amante das rodas de
danças, amante das noites regadas de alegria, aquele que carregava facas e navalhas,
e com muito disfarçar fugia dos homens da lei.
Esses negros, mulatos e mestiços, apesar de
todos os acontecimentos, nunca perderam a alegria, o gosto pela música, pela
dança, pelo jogo de carteado, pelas conversas com amigos durante toda a noite, e
principalmente nunca perderam suas raízes religiosas e tradições de seus ancestrais,
deixando assim entre eles uma felicidade intensa.
Já colocando na linha espiritual, dentro da
religião de Umbanda, onde esses espíritos, após se tornarem Entidades de Luz,
demonstram um grande apego a seus consulentes, buscam estar sempre interligados
nos relatos que estão sendo levados a eles, grandes analisadores de fatos contidos
nesses relatos, muitos reflexivos, e assim buscam um melhor caminho para auxiliar
aquele consulente naquele fato, e isso de uma forma extremamente simpática, com
uma alegria sem igual, além da força espiritual sobre todos os pontos
necessários, dentro e fora da vida pessoal do consulente.
A presença dessas Entidades nos Terreiros
de Umbanda é sempre uma atração a mais, pois eles são chamarizes para todos os
frequentadores de terreiros, com seus jeitos despojados, sorridentes,
carinhosos, brincalhões, acolhendo a todos de uma forma simpática, abraçando os
mais humildes, humildes esses que se identificam com essa maneira despojada de ser
dos nossos amigos fieis, os Malandros.
Essas Entidades de Luz despertam a autoconfiança,
fazendo assim com que possam se expressar e progredir, caminhando para um
caminho de vitórias e iluminado.
A melhor colocação de um Malandro é que nós
devemos aprender com os nossos próprios erros, refletir bastante sobre um
caminho tomado, e se esse caminho não for o melhor, devemos então nunca mais
tomá-lo, e assim temos as melhores lições para uma vida repleta de felicidade.
Dentro da linha dos Malandros podemos notar
que a espiritualidade deseja demonstrar pela religião de Umbanda corrigir grandes
equívocos e especialmente grandes injustiças sociais de alguns encarnados sobre
outros encarnados, fazendo assim com que devemos refletir sobre tudo isso pelas
décadas e décadas que houveram essas injustiças, e enquanto refletimos ainda
somos auxiliados nos problemas do cotidiano, e assim sendo, hoje na presença da
linha dos Malandros nos terreiros de Umbanda uma ótima oportunidade para
refletirmos sobre várias questões, como por exemplo que nem tudo que possa
parecer ruim não tem uma saída, ou que tudo que nos acontece podemos extrair
coisas boas e positivas, assim como a linha dos Malandros fizeram.
E assim sendo, podemos entender que a Falange
dos Malandros vieram até nós através dos Orixás para nos ensinar a caminhar sobre
os obstáculos, vencer todos e qualquer tipo de contratempo, tirar uma boa lição
de tudo que nos acontece de bom ou ruim, nunca perder a compostura nem entrar
em desespero, e saber jogar o jogo da vida, jogo esse que podemos até perder, porém
nunca deixar que esse jogo destrua nossa fé.
E assim os Malandros nos ensinam tudo isso
de uma forma bem humorada, brincando com as palavras, com seu carisma e sua
espontaneidade.
Certamente a frase "no final tudo dará
certo, e se não der certo é porque ainda não chegou o final", reflete
muito naquilo que a Falange dos Malandros desejam nos passar, basta
entendermos.
E assim fechamos essa segunda parte que
falamos da Linha e Falange dos Malandros na Umbanda, seguiremos com a terceira
parte demonstrando um pouco mais dessa maravilhosa Linha já falando mais
diretamente do lado espiritual e o modo de trabalho dessa Falange.
Salve os Malandros !
Salve a linha e a Falange da Malandragem!
Carlos de Ogum
OBS.: Para quem deseja saber seus
Orixás de Coroa através dos Búzios, entrem em contato conosco através do
endereço de e-mail:
contato.umbandayorima@gmail.com
Passaremos todas as informações do que se
faz necessário.
91 comentários:
Amo demais essa linha! Encantadora, sábia e alegre <3
Salve a Malandragem!!!
Paizinho, lindissimo texto sobre os Malandros, da outra visão sobre essas Entidades. Muitas pessoas não entendiam muito bem sobre elas, e ai você vem e dá essa aula nota mil, muita luz na Umbanda, eu li a primeira parte e ansiosa para ler essa segunda e agora você com esse jeitinho especial de escrever as coisas me deixou muito mais ansiosa para ler a terceira parte. Beijinhos da sua fã fã fã Clarinha. P.S.: Estou apaixonada pelo seu blog de poemas, encantador demais, como tudo que faz. Beijocasss
Que delícia saber dos Malandros assim. Sou encantada por eles.
Salve lindos Malandros e Malandras. Saravá
Salve os Malandros
Que linha maravilhosa. Saravá.
Adorei mais essa parte falando dos Malandros, parabéns.
Linda Falange amo
Salve a Malandragem, uma aula linda.
Uma aula de Malandragem, saravá.
Pai Carlos esse texto diz tudo, parabens
Salve salve os Malandros.
Maravilhoso texto
Salve
Falange bela e mais que maravilhosa.
Saravá.
Valei-me seu Zé Pilintra.
Maravilha de texto, adorei a aula.
Adorável linha da Umbanda
Nota mil para essa falange bela
Pai Carlos seus textos são divinamente bem explicados muito aprendi sobre Umbanda aqui. Beijos.
Salve a malandragem salve a Umbanda
Que lindo falar sobre os Malandros uma das linhas que mais amo
Umbanda é linda mesmo, salve os malandros
Carlos de Ogum, o verdadeiro umbandista, você é muita luz.
Salve salve
Saravá povo malandro, salve Umbanda
Malandragem linda
Salve a Umbanda da linha dos Malandros
Falange das mais belas da Umbanda axé
Salve seu Zé e todos os Malandros
Salve todos os Malandros e Malandras.
Amo essa linha divina paizinho queridinho, aprendi um montão aqui hoje. Beijocas
Horrivel como eram tratados os Malandros, assim como pretos velhos.
Feio essa colocação de racismo né pai, como sofreram nossos amigos malandros
Salve
Linda! História extremamente linda!
Salve Os Malandros, salve sua proteção.
Salve o Mestre Zé Pilintra,
Salve os Malandros!!!
Saravá todos os Malandros. Salve as Almas.
Mais uma linha linda Pai. Um Saravá aos Malandros.
Grandioso povo Malandro, Saravá.
Salve malandros belos
Que os Malandros nos proteja das pessoas de má fé. Saravá.
Salve Malandros, Salve Os Zé Pilintra.
Linda linha do povo Malandro.
Maravilhosa linha, salve todos os Malandros.
Pai Carlos adoro essa linha. Saravá.
Gostaria muito de conhecer essas Entidades de Luz, nunca conversei com um
Malandro.
Eu amo essas Entidades eu amo os malandros de umbanda. Saravá
a malandragem.
Um saravá especial a os Zé Pilintra.
Outra linda linha no blog da Umbanda Yorimá.
Amei, lindos e emocionantes. Agradeço por nos dar essa chance de conhecer essa
falange.
Saravá todos os Malandros.
Saravá os Malandros. Laroiê.
Parabéns pela linda linha. Saravá.
Os Malandros são verdadeiros herois. Saravá a malandragem.
Amo a gira dos Malandros. Saravá e linda linha.
Uma linha demasiadamente linda. Saravá os Malandros, Saravá os Zé
Pilintra.
Que linha divina. Parabéns. Salve Os Malandros.
Uma realeza sem igual. Saravá Os Malandros.
E tem gente sem informação que ainda falam mal dessas Entidades lindas.
Malandro não é vagabundo, Malandro é esperto e usa dessa esperteza
para auxiliar os menos favorecidos.
Salve os Malandros.
Saravá malandros de luz.
Pra mim é a melhor linha que tem.
Malandros são luzes em nossa caminhada.
Salve toda a malandragem.
Malandros lindos demais.
Salve os Malandros.
Sarava malandros
Salve amigos Malandros. Saravá.
Saravá
Salve os Malandros.
Uma linha maravilhosa.
Maravilha de povo lindo.
Grande amigos.
Saravá Seu Zé.
Salve
Gostei Carlos, beijão.
Saravá povo lindo
Salve os malandros
Saravá os malandros. Linda linha.
Salve todos os Malandros. Uma verdadeira e emocionante linha de fé.
Saravá Malandros
Sarava linha bonita
Salve Seu Zé.
Uma linha de tirar o chapéu. Lindos e carismáticos. Salve todos os Malandros.
Saravá
Gostei demais.
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