sexta-feira, 28 de junho de 2013 40 comentários

Saudação a Pai Xangô






XANGÔ:
    Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no
Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer,
que pisou em terras brasileiras.
     Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido
como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos
hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro
lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração,
do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade
constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil
diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais
especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé
recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões
existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos
de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a
expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos
de Candomblé de Caboclo.
     Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso,
é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das
lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é
questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
       Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas,
hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é
o Orixá do raio e do trovão.
     Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário
paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele
incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os
escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo
relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras,
mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos
raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
     Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em
contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus
envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são
o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os
contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto
está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos
rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são
inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio
Orixá.
     Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas
existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica
mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado
estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta
em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia
olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de
vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer
um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de
totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Segundo Pierre
Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado
em Creta. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça,
detendo poderes sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a
seu respeito, uma intensa atividade amorosa.
     Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece
ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça;
este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma
a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem
carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um
fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é
simulado.
     Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar
pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para
não servir apenas como consultor.
     Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau
relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor
se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos,
Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que,
quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona,
retirando-se de sua cabeça e de sua essência, entregando a cabeça de
seus filhos a Obaluaiê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal o
grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
     Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao
seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho
que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em
cemitérios nem acompanhar a enterros.
     Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito,
contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
     Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o
prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa atividade
sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas: Obá, a mais
velha e menos amada; Oxum, que era casada com Oxossi e por quem Xangô
se apaixona e faz com que ela abandone Oxossi; e Iansã, que vivia com
Ogum e que Xangô raptou.
       No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Oyó,
filho de Oranian e Torosi, e teria reinado sobre a cidade de Oyó
(Nigéria), posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão
Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de
seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.

     Conta a lenda que ao ser vencido por seus inimigos, refugiou-se
na floresta, sempre acompanhado da fiel Iansã, enforcou-se e ela
também. Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do
qual saiu uma corrente de ferro - a cadeia das gerações humanas. E ele
se transformou num Orixá. No seu aspecto divino, é filho de Oxalá,
tendo Yemanjá como mãe.
     Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e
chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos
Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças
sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos
políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações
humanas ou nos governos, de um modo geral.
      Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a
rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o
progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de
vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É
o espírito nobre das pessoas, o chamado "sangue azul", o poder de
liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela,
nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante
que o medo.
     Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Yemanjá. Diz a lenda
que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar
rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder.


CARACTERÍSTICAS

Cor:
Marrom

Fio de Contas:
Marrom leitosa.

Ervas:
Erva de São João, Erva de Santa Maria, Beti Cheiroso, Nega Mina, Elevante, Cordão de Frade, Jarrinha, Erva de Bicho, Erva Tostão, Caruru, Para raio, Umbaúba. (Em
algumas casas: Xequelê).

Símbolo:
Machado.

Pontos da Natureza:
Pedreira.

Flores:
Cravos Vermelhos e brancos.

Essências:
Cravo (flor).

Pedras:
Meteorito, pirita, jaspe.

Metal:
estanho.

Saúde:
fígado e vesícula.

Planeta:
Júpiter.

Dia da Semana:
Quarta-Feira.

Elemento:
Fogo.

Chacra:
cardíaco.

Saudação:
Kaô Cabecile (Opanixé ô Kaô).

Bebida:
Cerveja Preta.

Animais:
Tartaruga, Carneiro, leão.

Comidas:
Agebô, Amalá.

Número:
12.

Data Comemorativa:
29 de junho ou 30 de Setembro, (depende da região).

Sincretismo:
São Pedro, São Gerônimo.

Incompatibilidades:
Caranguejo, Doenças.

Qualidades:
Dadá, Afonjá, Lubé, Agodô, Koso, Jakuta, Aganju, Baru, Oloroke, Airá
Intile, Airá Igbonam, Airá Mofe, Afonjá, Agogo, Alafim.


 ATRIBUIÇÕES

     Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é
a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já
que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a
evolução se processa num fluir contínuo



As CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE XANGÔ

       Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das
pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra
básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural
e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem
os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que
apresentam em todos os sentidos.
     Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa
quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que
se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós
(segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa
tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea
bem-desenvolvida e firme como uma rocha.
     Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo,
ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena
estatura;
     A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta
de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem,
graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por
indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que
é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber
escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve
estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato
não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais,
mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser
cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode aproximar-se mais
dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos,
ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre
lembrando sua consistência de pedra.

Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus
filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam
mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de
Xangô são tidos como grandes conquistadores, são fortemente atraídos
pelo sexo oposto e a conquista sexual assume papel importante em sua
vida.
     São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros,
porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto
sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito
desejo.
     Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de
energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são
importantes, dignos de respeito e atenção, principalmente, que sua
opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa
um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os
filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais
importante que eles e até mesmo quando não são considerados
especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião.
     Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que
não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros,
especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão
encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última
palavra em tudo, se bem que saibam ouvir. Quando contrariados porém,
se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento,
resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei,
retornam a seu comportamento mais usual.
     Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota
esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não
admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos
segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco
discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente
cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou
amizades.
     Os filhos de Xangô são extremamente enérgicos, autoritários,
gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos, são
líderes por natureza, justos honestos e equilibrados, porém quando
contrariados, ficam possuídos de ira violenta e incontrolável.


COZINHA RITUALÍSTICA

Caruru
Afervente o camarão seco, descasque-o e passe na máquina de moer.
Descasque o amendoim torrado, o alho e a cebola e passe também na
máquina de moer. Misture todos esses ingredientes moídos e refogue-os
no dendê, até que comecem a dourar. Junte os quiabos lavados, secos e
cortados em rodelinhas bem finas. Misture com uma colher de pau e
junte um pouco de água e de dendê em quantidade bastante para cozinhar
o quiabo. Se precisar, ponha mais água e dendê enquanto cozinha. Prove
e tempere com sal a gosto. Mexa o caruru com colher de pau durante
todo o tempo que cozinha. Quando o quiabo estiver cozido, junte os
camarões frescos cozidos e o peixe frito (este em lascas grandes), dê
mais uma fervura e sirva, bem quente.

Ajebô
Corte os quiabos em rodelas bem fininhas em uma Gamela, e vá batendo
eles como se estivesse ajuntando eles com as mãos, até que crie uma
liga bem Homogênea.

Rabada
Cozinhe a rabada com cebola e dendê. Em uma panela separada faça um
refogado de cebola dendê, separe 12 quiabos e corte o restante em
rodelas bem tirinhas, junte a rabada cozida. Com o fubá, faça uma
polenta e com ela forre uma gamela, coloque o refogado e enfeite com
os 12 quiabos enfiando-os no amalá de cabeça para baixo.


LENDAS DE XANGÔ


A Justiça de Xangô:

     Certa vez, viu-se Xangô acompanhado de seus exércitos frente a
frente com um inimigo que tinha ordens de seus superiores de não fazer
prisioneiros, as ordens era aniquilar o exército de Xangô, e assim foi
feito, aqueles que caiam prisioneiros eram barbaramente aniquilados,
destroçados, mutilados e seus pedaços jogados ao pé da montanha onde
Xangô estava. Isso provocou a ira de Xangô que num movimento rápido,
bate com o seu machado na pedra provocando faíscas que mais pareciam
raios. E quanto mais batia mais os raios ganhavam forças e mais
inimigos com eles abatia. Tantos foram os raios que todos os inimigos
foram vencidos. Pela força do seu machado, mais uma vez Xangô saíra
vencedor. Aos prisioneiros, os ministros de Xangô pediam os mesmo
tratamento dado aos seus guerreiros, mutilação, atrocidades,
destruição total. Com isso não concordou com Xangô.
     - Não! O meu ódio não pode ultrapassar os limites da justiça,
eram guerreiros cumprindo ordens, seus líderes é quem devem pagar!
     E levantando novamente seu machado em direção ao céu, gerou uma
série de raios, dirigindo-os todos, contra os líderes, destruindo-os
completamente e em seguida libertou a todos os prisioneiros que
fascinados pela maneira de agir de Xangô, passaram a segui-lo e fazer
parte de seus exércitos.


A Lenda da Riqueza de Obará:

     Eram dezesseis irmãos, Okaram, Megioko, Etaogunda, Yorossum, Oxé,
Odí, Edjioenile, Ossá, Ofum, Owarin, Edjilaxebora, Ogilaban, Iká,
Obetagunda, Alafia e Obará. Entre todos Obará era o mais pobre,
vivendo em uma casinha de palha no meio da floresta, com sua vida
humilde e simples.
     Um dia os irmãos foram fazer a visita anual ao babalaô para fazer
suas consultas, e prontamente o babalaô perguntou: Onde está o irmão
mais pobre? Os outros irmão disseram-lhe que avia se adoentado e não
poderia comparecer, mas na verdade eles tinham vergonha do irmão
pobre. Como era de costume o babalaô presenteou a cada irmão com uma
lembrança, simples, mas de coração e após a consulta foram todos a
caminho de casa. Enquanto caminhavam, maldiziam o presente dado pelo
babalaô, Morangas? Isso é presente que se dê? Abóboras? .
     A noite se aproximava e a casa de Obará estava perto, resolveram
então passar a noite lá. Chegando a casa do irmão, todos entraram e
foram muito bem recebidos, Obará pediu a esposa que preparasse comida
e bebida a todos, e acabaram com tudo o que havia para comer na casa.
O dia raiando os irmãos foram embora sem agradecer, mas antes lhe
deixaram as abóboras como presente, pois se negavam a come-las.
     Na hora do almoço, a esposa de Obará lhe disse que não havia mais
nada o que comer, apenas as abóboras que não estavam boas, mas Obará
pediu-lhe que as fizesse assim mesmo. Quando abriram as abóboras,
dentro delas haviam várias riquezas em ouro e pedras preciosas e Obará
prosperou.
     Tempos depois, os irmãos de Obará passavam por tempos de miséria,
e foram ao Babalaô para tentar resolver a situação, ao chegar lá
escutaram a multidão saldando um príncipe em seu cavalo branco e
muitos servos em sua comitiva entrando na cidade, quando olharam para
o príncipe perceberam que era seu irmão Obará e perguntaram ao Babalaô
como poderia ser possível e ele respondeu: Lembram-se das abóboras que
vos dei, dentro haviam riquezas em pedras e ouro mas a vaidade e
orgulho não vos deixaram ver e hoje quem era o mais pobre tornou-se o
mais rico.
     Foram então os irmãos ao palácio de Obará para tentar recuperar
as abóboras e lá chegando, disseram a Obará que lhes devolvessem as
Abóboras e Obará assim o fez, mas antes esvaziou todas e disse: Eis
aqui meus irmãos, as abóboras que me deram para comer, agora são vocês
que as comerão. E quando o babalaô em visita ao palácio de Obará lhe
disse: Enquanto não revelares o que tens, tu sempre terás. E foi assim
que se explica o motivo que quem carrega este Odú não pode revelar o
que tem, pois corre o risco de perder tudo, como os irmãos de Obará.


    Dentro da justiça de Pai Xangô, buscamos ajuda quando precisamos
de emprego, causas na justiça, vitórias em guerras psicológicas,
entre outras coisas que estejam em nosso merecimento.

    Xangô é Pai poderoso, sua pedreira é forte, seu machado nos
protege de nossos inimigos. Hoje saúdo Pai Xangô:

Kaô Cabecile, Opanixé ô Kaô.

Carlos de Ogum.

 

 



quinta-feira, 20 de junho de 2013 40 comentários

Classificação dos Exús

    Dando continuidade ao último post que falava sobre os Exús e Pombo
Giras, descreverei abaixo agora como se classifica os Exús. Esse texto
é bem interessante para aquelas pessoas que acham que essas Entidades
de luz, que muitos veem como trabalhadores para o mal, entendam a
diferença entre um Exú e um Kiumba. E que essa visão faça como
entendimento que quando se deseja o mal a alguém, e busca esse mal em
lugares que se encontram médiuns mal preparados, dando abertura a
espíritos sem luz a usarem o nome de um Exú ou uma Pombo Gira dizendo
que fará o malefício pedido em troca de algo, esse mal poderá a voltar
ao consulente mal intencionado, conforme vamos ver nesse texto.

    Mas agora vamos a classificação em si.

CLASSIFICAÇÃO MORAL (BEM OU MAL): EXÚ PAGÃO OU EXÚ BATIZADO?

     Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exú, procuram
realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na
realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente
contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses
feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exú, atraindo
os obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para suas falanges
que trabalham visando a própria evolução.
     O chamado "Exú Pagão" é tido como o marginal da espiritualidade,
aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na magia
para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição.

     Já o Exú Batizado, é uma alma humana já sensibilizada pelo bem,
evoluindo e, trabalhando para o bem, dentro do reino da Umbanda, por
ser força que ainda se ajusta ao meio, nele podendo intervir, como um
policial que penetra nos reinos da marginalidade.
     Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exú com um
espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores,
que recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam
mistificar, iludindo os presentes, usando nomes de "Guias".
     Para evitar essa confusão, não damos aos chamados "Exús Pagões" a
denominação de "Exú", classificando-os apenas como Kiumbas. E
reservamos para os ditos "Exús Batizados" a denominação de "Exú".


CLASSIFICAÇÃO PELOS PONTOS DE VIBRAÇÃO DOS EXÚS.

Exús do Cemitério:

     São Exús que, em sua maioria, servem à Obaluaiê. Durante as
consultas são sérios, reservados e discretos, podem eventualmente
trabalhar dando passes de limpeza (descarregando) o consulente. Alguns
não dão consulta, se apresentando somente em obrigações, trabalhos e
descarregos.

Exús da Encruzilhada:

      São Exús que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como
os Exús da estrada, mas também não são tão fechados como os do
cemitério. Gostam de dar consulta e também participam em obrigações,
trabalhos e descarregos. Alguns deles se aproximam muito (em suas
características) dos Exús do cemitério, enquanto outros se aproximam
mais dos Exús da estrada.

Exús da Estrada:

      São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas
de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta
com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim
estas "brincadeiras" devem partir SEMPRE do guia e nunca do
consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exú, se
movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta
a várias pessoas ao mesmo tempo.


ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIA DOS EXÚS:

Os Exús, estão também, divididos em hierarquias. Onde temos desde Exús
muito ligados aos Orixás até aqueles Exús ligados aos trabalhos mais
próximos às trevas. Os Exús dividem-se hierarquicamente, em três
planos ou três ciclos e em sete graus e a divisão está formada "de
cima para baixo" :

TERCEIRO CICLO:

Contém o Sétimo, Sexto e Quinto graus.

Neste Ciclo encontramos os chamados Exús Coroados. São aqueles que tem
grande evolução, já estão nas funções de mando. São os chefes das
falanges. Recebem as ordens diretas dos chefes de legiões da Umbanda.
Pouco são aqueles que se manifestam em algum médium. Apenas alguns
médiuns, bem preparados, com enorme missão aqui na Terra, tem um Exú
Coroado como o seu guardião pessoal. São os guardiões chefes de
terreiro. Não mais reencarnam, já esgotaram há tempos os seus karmas.

* Sétimo Grau - Estão os Exús Chefe de Legião e para cada Linha da
Umbanda, temos Um Exú no Sétimo Grau, portanto, temos Sete Exús Chefes
de Legião.

* Sexto Grau - Estão os Exús Chefes de Falange. São Sete Exús Chefes
de Falange subordinados a cada Exú Chefe de Legião, portanto, temos 49
Exús Chefes de Falange.

* Quinto Grau - Estão os Exús Chefes de Sub-Falange. São Sete Exús
Chefes de Sub-Falange subordinados a cada Exú Chefe de Falange,
portanto, são 343 Exús Chefes de Sub-Falange.

SEGUNDO CICLO:

Contém o Quarto Grau.

Neste Ciclo encontramos os chamados Exús Cruzados ou Batizados. São
subordinados dos Exús Coroados. Já tem a noção do bem e do mal. São os
Exús mais comuns que se manifestam nos terreiros. Também, tem funções
de sub-chefes. Fazem parte da segurança de um terreiro. O campo de
atuação destes Exús está nas sombras (entre a Luz e as Trevas). Estão
ainda nos ciclos de reencarnações.

* Quarto Grau - Estão os Exús Chefes de Agrupamento. São Sete Exús
Chefes de Agrupamento e estão subordinados a cada Exú Chefe de
Sub-Falange, portanto, são 2401 Exús Chefes de Agrupamento.

PRIMEIRO CICLO:

Contém o Terceiro, Segundo e Primeiro Graus.

Temos dois tipos de Exús neste ciclo :

o Exús Espadados - São subordinados do Exús Cruzados. O seu campo de
atuação encontra-se entre as sombras e as trevas.

o Exús Pagãos (Kiumbas) - São subordinados aos Exús de nível acima.
São aqueles que não tem distinção exata entre o bem e o mal. São
conhecidos, também como "rabos-de-encruza". Aceitam qualquer tipo de
trabalho, desde que se pague bem. Não são confiáveis, por isso. São
comandados de maneira intensiva pelos Exús de hierarquias superiores.
Quando fazem algo errado, são castigados pelos seus chefes, e querem
vingarem-se de quem os mandou fazer a coisa errada.São kiumbas,
capturados e depois adaptados aos trabalhos dos Exús. O campo de
atuação dos Exús Pagãos, é as trevas. Conseguem se infiltrar
facilmente nas organizações das trevas. São muito usados pelos Exús
dos níveis acima, devido esta facilidade de penetração nas trevas.

Observação: Quando um consulente pede algo que um Exú batizado não
aceita fazer, tipo amarrações, males a saúde de alguém ou qualquer
coisa virada ao mal, e esse mesmo pedido for feito a um Kiumba, quem
pediu pode estar certo que esse mesmo mal poderá ser usado contra o
pedinte, pelo mesmo ser sem luz a quem foi feito o pedido. Portanto
muito cuidado com médiuns que dizem estar incorporados com Exús e se
sujeita a fazer o malefício, pois com toda certeza esse médium é um
despreparado, deixando um espírito sem luz tomar conta de sua coroa, e
com toda certeza também todo esse mal uma hora vai virar contra a quem
pediu.

* Terceiro Grau - Estão os Exús Chefes de Coluna. São Sete Exús Chefes
de Coluna e estão subordinados a cada Exús Chefes de Agrupamento,
portanto, são 16807 Exús Chefes de Coluna.

* Segundo Grau - Estão os Exús Chefes de Sub-Coluna. São Sete Exús
Chefes de Sub-Coluna e estão subordinados a cada Exú Chefe de Coluna,
portanto, são 117649 Exús Chefes de Sub-Coluna.

* Primeiro Grau - Estão os Exús Integrantes de Sub-Colunas e são
milhares de espíritos nesta função.

     Os Exús, em geral, não são bons nem ruins, são apenas executores
da Lei. Ogum, responsável pela execução da Lei, determina as execuções
aos Exús.

7º Grau:
7 - Chefes de Legião.

6º Grau:
49 - Chefes de Falange.

5º Grau:
343 - Chefes de Sub-Falange.

4º Grau:
2401 - Chefes de Grupamento.

3º Grau:
16807 - Chefes de Coluna.

2º Grau:
117649 - Chefes de Sub-Coluna.

1º Grau:
? - Integrantes de Coluna.


Além destes aspectos já abordados, vale à pena mencionar os diversos
níveis vibracionais, onde os espíritos ligados à Terra, habitam.

     Estes níveis são e foram criados de acordo com cada grau
evolutivo. Os níveis estão mais relacionados com o mundo da
consciência do que com o mundo físico, ou seja, são mais estados de
consciência do que um lugar fisicamente localizado.

     Como são níveis gerados por espíritos ligados de alguma forma com
a evolução da Terra, estes níveis estão vinculados ao próprio planeta.
Portanto, quando vemos descrições de camadas umbralinas localizadas em
abismos sob a crosta terrestre, devemos entender que embora elas
estejam localizadas com estes espaços físicos, elas estão no lado
espiritual deste plano físico.

Temos então, Sete Camadas Concêntricas Superiores e Sete Camadas
Concêntricas Inferiores.

A divisão está sempre formada "de cima para baixo" :

Camadas Concêntricas Superiores:

Sétima, Sexta e Quinta Camadas - Zonas Luminosas.

Seres iluminados, isentos das reencarnações. Cumprem missões no
planeta. Estão se libertando deste planeta, muitos já estagiam em
outros mundos superiores.

Quarta Camada - Zona de Transição:

Espíritos elevados, que colaboram com a evolução dos irmãos menores.

Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zonas Fracamente Iluminadas:

A maioria dos espíritos que desencarnam, estão nestas camadas. Estão
em reparações e aprendizados para novas reencarnações.

Superfície:

Espíritos encarnados.

Camadas Concêntricas Inferiores:

Sétima Camada - Zona Sub-Crostal Superior.

Espíritos sofredores de um modo geral que serão em seguida socorridos
e encaminhados a planos mais elevados para adaptação e aprendizado,
antes de reencarnarem.

Sexta, Quinta e Quarta Camadas - Zona das Sombras, Zona Purgatoriais
ou de Regeneração:

Espíritos sofredores purgando parte de seus karmas, e que serão
encaminhados o mais rápido possível à reencarnação para novas provas e
expiações.

Quarta Camada - Zona de Transição:

Entre as sombras e as trevas. Zona de seres revoltados e dementados.

Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zona das Trevas ou Zona
Sub-Crostal Inferior:

Estes espíritos estão em estágio de insubmissos, renitentes e
rebelados às Leis Divinas. Não reconhecem Deus como o Ser mais
superior.

     A atuação dos Exús, está praticamente em todas as camadas
inferiores, com exceção das Terceira, Segunda e Primeira Camadas, que
eventualmente eles "descem" para missões especiais ou mandam os
rabos-de-encruza, pois estão mais "ambientados" com as baixas e
perniciosas vibrações. Não que os Exús não possam "descer" até lá, mas
porque é desnecessário criar uma guerra com os seres infernais, apenas
porque se invadiu aquelas zonas.
     A maioria dos livros espíritas, que tratam do assunto dos níveis
vibracionais, não chega sequer a mencionar algo além das camadas
intermediárias ou médio e alto umbral. Descrevem na maioria das vezes
as camadas que ficam as sombras e não as trevas, pois os espíritos que
fazem tais incursões não podem ou não devem "baixar" mais, pois
somente cabe aos Exús, espíritos especializados "descer" tanto.


CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS EXÚS E AS DIFERENTES IRRADIAÇÕES DOS ORIXÁS.

Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Oxalá:

EXÚ SETE ENCRUZILHADAS
Comando negativo da linha
Exú Sete Chaves
intermediário para Ogum
Exú Sete Capas
intermediário para Oxossi
Exú Sete Poeiras
intermediário para Xangô
Exú Sete Cruzes
intermediário para Yorimá
Exú Sete Ventanias
intermediário para Yori
Exú Sete Pembas
intermediário para Yemanjá


Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Yemanjá:

POMBO GIRA RAINHA
Comando negativo da linha
Exú Sete Nanguê
intermediário para Ogum
Maria Mulambo
intermediário para Oxossi
Exú Sete Carangola
intermediário para Xangô
Exú Maria Padilha
intermediário para Yorimá
Exú Má-canjira
intermediário para Yori
Exú Maré
intermediário para Oxalá


Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ibeiji:

EXÚ TIRIRI
Comando negativo da linha
Exú Toquimho
intermediário para Ogum
Exú Mirim
intermediário para Oxossi
Exú Lalu
intermediário para Xangô
Exú Ganga
intermediário para Yorimá
Exú Veludinho
intermediário para Oxalá
Exú Manguinho
intermediário para Yemanjá


Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Xangô:

EXÚ GIRA MUNDO
Comando negativo da linha
Exú Meia-Noite
intermediário para Ogum
Exú Mangueira
intermediário para Oxossi
Exú Pedreira
intermediário para Oxalá
Exú Ventania
intermediário para Yorimá
Exú Corcunda
intermediário para Yori
Exú Calunga
intermediário para Yemanjá


Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Ogum:

EXÚ TRANCA-RUAS
Comando negativo da linha
Exú Tira-teimas
intermediário para Oxalá
Exú Veludo
intermediário para Oxossi
Exú Tranca-gira
intermediário para Xangô
Exú Porteira
intermediário para Yorimá
Exú Limpa-trilhos
intermediário para Yori
Exú Arranca-toco
intermediário para Yemanjá


Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Oxossi:

EXÚ MARABÔ
Comando negativo da linha
Exú Pemba
intermediário para Ogum
Exú da Campina
intermediário para Oxalá
Exú Capa Preta
intermediário para Xangô
Exú das Matas
intermediário para Yorimá
Exú Lonan
intermediário para Yori
Exú Bauru
intermediário para Yemanjá


Os Setes Exús Chefes de Falange da Vibração Espiritual de Yorimá:

EXÚ CAVEIRA
Comando negativo da linha
Exú do Lodo
intermediário para Ogum
Exú Brasa
intermediário para Oxossi
Exú Come-fogo
intermediário para Xangô
Exú Pinga-fogo
intermediário para Oxalá
Exú Bára
intermediário para Yori
Exú Alebá
intermediário para Yemanjá


RELAÇÕES EXISTENTES ENTRE AS LINHAS DA QUIMBANDA E UMBANDA:

     Uma vez se entendendo que há uma perfeita harmonia entre as ações
dos elementos que compõe as linhas da Quimbanda e da Umbanda, cada
elemento destes há um paralelo, um elo de ligação entre a Umbanda e a
Quimbanda.

Linhas da Umbanda (U)
 Linhas da Quimbanda (Q)
Linha de Oxalá (U)
Linha Malei (Q)

Linha de Ogum (U)
 Linha do Cemitério (Q)

Linha de Oxossi (u)
 Linha dos Caboclos Quimbandeiros (Q)

Linha de Xangô (U)
 Linha de Mossorubi (q)

Linha de Yorimá (U)
 Linha das Almas (q)

Linha de Ibeji (u)
 Linha Mista (q)

Linha de Yemanjá (U)
 Linha Nagô (Q)



Há ainda outros elos de ligação entre os Orixás da Umbanda com os Exús
da Quimbanda.

No caso de Ogum, há uma manifestação de Ogum, para corresponder com
cada uma das sete Linhas da Quimbanda. Vejamos:

Ogum de Malei
 Linha Malei

Ogum Megê
 Linha do Cemitério

Ogum Rompe Mato
 Linha dos Caboclos Quimbandeiros

Ogum Rompe Mato que é também para:
 Linha de Mossorubi

Ogum Megê
 Linha das Almas

Ogum Xoroquê
 Linha Mista

Ogum de Nagô
 Linha Nagô


EXÚ PARA JORGE AMADO.


Não sou preto, branco ou vermelho
Tenho as cores e formas que quiser.
Não sou diabo nem santo, sou Exú!
    mando e desmando,
    traço e risco
    faço e desfaço.
    estou e não vou
    tiro e não dou.
    sou Exú.
Passo e cruzo
Traço, misturo e arrasto o pé
Sou reboliço e alegria
Rodo, tiro e boto,
Jogo e faço fé.
Sou nuvem, vento e poeira
Quando quero, homem e mulher
Sou das praias, e da maré.
    ocupo todos os cantos.
    sou menino, avô, maluco até
    posso ser joão, Maria ou José
Sou o ponto do cruzamento.
durmo acordado e ronco falando
    corro, grito e pulo
    faço filho assobiando
    sou argamassa
De sonho carne e areia.
    sou a gente sem bandeira,
    o espeto, meu bastão.
    o assento? O vento!..
    sou do mundo,nem do campo
    nem da cidade,
    não tenho idade.
Recebo e respondo pelas pontas,
Pelos chifres da nação
Sou Exú.
    sou agito, vida, ação
    sou os cornos da lua nova
    a barriga da rua cheia!...
Quer mais? Não dou,
Não tô mais aqui!


Salvador, 17 de maio de 1993.

Homenagem aos Exús. (Pelo autor do texto).

    Nossa Umbanda é linda,
cheia de força e luz,
aquece corações e a vida,
para um encontro com Jesus.

    Sabendo a força que tem na Umbanda,
que nos ajuda a caminhar,
temos Exú e sua banda,
sempre  com disposição a ajudar.

    Protegendo e fechando a gira até o fim,
os Exús fazem assim seu trabalho,
como madeira que não dá cupim,
forte e formoso como o carvalho.

    Tronqueiras fechadas trabalho girando,
mostrando a força de linha e camada,
sua força na Umbanda chega vibrando,
chegou Exú no terreiro, sem Exú não se faz nada.

Saravá todos os Exús, saravá todas as Pombo Giras.

Carlos de Ogum.
terça-feira, 11 de junho de 2013 64 comentários

Saravá Os Exús e Pombo Giras











     Exús são espíritos que já encarnaram na terra.  Na sua maioria, tiveram vida difícil como  mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré, etc.
     Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade,  incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito  e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Pretos-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás.
     Apesar das imagens de Exús, fazerem referência ao "Diabo" medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados a prática do "Mal", pois como são servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus "patrões".  Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a  gira ou obrigações.
     Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exús" dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e  etc. de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Pretos-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o terreiro  e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada.

EXÚ É MAU?

     Muitos acreditam que nossos amigos Exús são demônios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar .
     Mas por que este Orixá, irmão de Ogum, animado, gozador, alegre, extrovertido, sincero e, sobretudo amigo é comparado com demônios das profundezas macabras dos Infernos? Bem, para conhecer esta história vamos viajar para 6.000 anos atrás, até a antiga Mesopotâmia.
     A Demonologia Mesopotâmica influenciou diversos povos: Hebreus, Gregos, Romanos, Cristãos e outros. Sobrevive até hoje nos rituais Satânicos que muitos já devem ter escutado e visto notícias
 na televisão e lido nos jornais, principalmente na Europa e EUA.
     Na Mesopotâmia os males da vida que não constituíssem catástrofes naturais eram atribuídos aos demônios (No mundo atual as pessoas continuam a fazer isso).
    Os Bruxos, para combater as forças do mal tinham que conhecer o nome dos demônios e perfaziam enormes listas, quase intermináveis. O demônio mau era conhecido genericamente como UTUKKU. O grupo de 7 (sete) demônios maus é com freqüência encontrado em encantamentos antigos. Se dividiam em machos e fêmeas. Tinham a forma de meio humano e meio animal: Cabeça e tronco de homem ou mulher,
cintura e pernas de cabra e garras nas mãos. Com sede de sangue, de preferência humano, mas aceitavam de outros animais. Os demônios frequentavam os túmulos, caminhos ( encruzilhadas), lugares ermos,  desertos, especialmente à noite.
    Nem todos eram maus, havia os demônios bons que eram evocados para combater os maus. Demônios benignos são representados como gênios guardiões, em número de 7 (sete), que guardam as porteiras, portas dos templos, cemitérios, encruzilhadas, casas e palácios.
     Os negros africanos em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos achavam que eram a forma deles saudarem os santos, incorporavam alguns Exús, com seu brado e jeito maroto e extrovertido, assustavam os brancos que se afastavam ou agrediam os médiuns dizendo que eles estavam possuídos por demônios.
     Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam a Exú, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de incorporação era devido a demônios. As cores de Exú, também reafirmaram os medos e fascinação que rondavam as pessoas mais sensíveis.


MAS ENTÃO QUEM É EXÚS?
  
   Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado.
       Exú, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e que representa o vigor, a energia que gira em espiral. No Brasil, os Senhores conhecidos como Exús, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exú, e tanto assim, em todo o resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação. Preservando e atuando dentro do mistério Exú.
      Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade.
     Em seus trabalhos Exú corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
     Seu dia é a Segunda-feira, seu patrono é Santo Antônio, em cuja data comemorativa tem também sua comemoração. Sua bebida ritual é a cachaça, mas não é permitido o uso de cachaça para ser ingerida dentro do terreiro durante as sessões, para este fim, cada um tem a sua preferência.
     Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e branca, ou conter outras cores, dependendo da irradiação a qual correspondem. Completa a vestimenta o uso de cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e até mesmo bengalas e punhais em alguns casos.
     A roupagem fluídica dos Exús varia de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme adequado. Seu aspecto tem sempre a  função de amedrontar e intimidar. Suas emanações vibratórias são pesadas, perturbadoras. Suas irradiações magnéticas causam sensações mórbidas e de pavor.
    É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa. Em centros espíritas, podem aparecer como "guardas". Em caravanas espirituais, como lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos, chapéus, etc.
     Eles têm grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres horrendos, animais grotescos, etc.
     Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre, honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exú.

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE OS EXÚS:

* Tem palavra e a honram;
* Buscam evoluir;
* Por sua função cármica de Guardião, sofrem com os constantes choques energéticos a que estão expostos;
* Afastam-se daqueles que atrasam a sua evolução;
* Estas Entidades mostram-se sempre justas, dificilmente demonstrando emotividade, dando-nos a impressão de serem mais "Duras" que as demais Entidades;
* São caridosas e trabalham nas suas consultas, mais com os assuntos Terra a Terra;
* Sempre estão nos lugares mais perigosos para a Alma Humana;
* Quando não estão em missão ou em trabalhos, demonstram o imenso Amor e Compaixão que sentem pelos encarnados e desencarnados;

     "Pela Misericórdia de DEUS, que me permitiu a convivência com essas Entidades desde a adolescência, através dos mais diferentes filhos de fé, de diferentes terreiros, aprendi a reconhecê-los e dar-lhes o justo valor. Durante todos estes anos, dos EXÚS e POMBO-GIRAS  recebi apenas o Bem, o Amor, a Alegria, a Proteção, o desbloqueio emocional, além de muitas e muitas verdadeiras aulas de aprendizado variado.
Esclareceram-me, afastando-me gradualmente da ILUSÃO DO PODER. Nunca me pediram nada em  troca.  Apenas exigiram meu próprio esforço. Mostraram-me os perigos e ensinaram-me a reconhecer a falsidade, a ignorância e as fraquezas humanas. Torno a repetir, jamais pediram algo para si próprios.   Só recebi e só vi neles o Bem."


EXÚS E KIUMBAS - O COMBATE

       Ao contrário do que se pensa, os exús não são os diabos e espíritos malignos ou imundos que algumas religiões pregam, tampouco são espíritos endurecidos ou obsessores  que um grande número de espíritas crêem.
      Os "diabos" ou demônios são seres mitológicos, já "desvendados" pela doutrina espírita, portanto, não existem.
     Espíritos trevosos ou obsessores são espíritos que se encontram desajustados perante a Lei. Provocam os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio.
      Aguardam, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente).
      São conhecidos, pelos umbandistas, como kiumbas. Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas.
      Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vingança, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem mais fortalecidos.
      O baixo astral, mesmo sendo um imenso caos, tem diversas organizações, fortemente esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes prodigiosas, táticas de guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem aparelhados e treinados, compõe o quadro destas organizações.
      Muitas delas agem na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina, onde confundem a Lei da Ação e Reação com o "olho por olho, dente por dente".Vingam-se pensando que fazem a coisa certa.      Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto a vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus "inimigos". Acham que não plantam o mal, nem que a reação se voltará mais cedo ou mais tarde.
      Cada mal praticado por um espírito, o leva a cada vez mais para "baixo". As quedas são freqüentes e provocam mais e mais revoltas.
     Alguns espíritos caem tanto que perdem a consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos astrais (perispíritos) em verdadeiras feras, animais, besta e assim são usados por outro espíritos como tais. Alguns se transformam em lobos, cães, cobras, lagartos, aves, etc.
     Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as características humanas, transformando os seus perispíritos em ovóides. Esta queda provoca além da perda de energias, a perda da consciência ficando, com isso subjugados por outros espíritos.
     Apesar de todo este quadro, pouco esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que no nosso orbe o mal prevalece sobre o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem. E este lado é ainda mais organizado que as organizações das trevas.
     Existem, também, diversas organizações, com variados trabalhos e ações, mas com um único objetivo de resgatar das trevas e do mal, os espíritos "caídos".
     Vemos colônias espirituais, hospitais no astral, postos avançados da Luz nos Umbrais, caravanas de tarefeiros, correntes de cura, socorristas, etc., afeitos e afinizados aos trabalhos dos centros espíritas. Vemos também, outros trabalhadores espirituais, ligados aos cultos afros.
     Especificamente, na Umbanda, vemos através das Sete Linhas, vários Orixás hierarquizados. Existem vários níveis na hierarquia dos Orixás. Começando pelos mais altos espíritos, que estão próximos do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários (aqueles que são ligados e responsáveis por cada orbe, pela sua evolução).
     Abaixo destes Orixás, estão os chefes de legiões e suas hierarquias, Estes espíritos "chefes" usam as três roupagens básicas: Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças.
     Outras entidades tais como: baianos, boiadeiros, marinheiros, etc., são espíritos que compõe as sub-linhas afeitas e subordinadas às sete linhas e aos chefes de legiões.
     Alguns caboclos, crianças ou pretos-velhos, às vezes, usam algumas destas roupagens para determinados trabalhos ou missões.
     Como em nosso Universo (Astral) as manifestações se dividem em duas e manifestam-se como pares: positivo-negativo, ativo-passivo, masculino-feminino, etc.
     A Umbanda, que é paralela ativa, tem como par passivo a Kimbanda (não confundir com a kiumbanda, que é a manifestação das trevas).
     A Kimbanda, que é a força paralela passiva da Umbanda, força equilibradora da Umbanda. A Kimbanda - São os Sete Planos Opostos da Lei, é o conjunto oposto da Lei. Quando falamos em "oposto" à Lei, não queremos dizer aquilo que está em desacordo à Lei, mas a maneira oposta de como a Lei é aplicada. Na Kimbanda que os Exus se manifestam, a Kimbanda, portanto é o "reino" dos Exús.
     Os Exús são os "mensageiros" dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os Orixás podem se manifestar nas trevas. Então, para cada chefe de falange, sub-chefe, etc..., na Umbanda, temos uma entidade correspondente (ou par) na Kimbanda.
     Os exús são considerados como "policiais" que agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado. As "equipes" de Exús sempre estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela. Passam a maior parte do tempo nela, mas, não fazem parte dela. Devido a esta característica, os Exús, são confundidos com os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá.

MÉTODO E ATUAÇÃO DOS EXÚS.

     A maneira dos Exús atuarem, às vezes nos choca, pois achamos que eles devem ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal? Os exús usam as ferramentas que sabem usar: a força, o medo, as magias, as capturas, etc. Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem "amor", mas eles sabem como agir quando necessitam que a Lei chegue à trevas.
     Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam aqueles que querem "cair" nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, Eles a executam da melhor maneira possível doa a quem doer.
     Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, como se fosse a picada de uma cobra venenosa Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar:
     Uma pessoa quando está desequilibrada no campo da fé, precisa de um tratamento de choque.  Normalmente ela, após muitas quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota  o seu desequilíbrio, com outro desequilíbrio: a falta de fé com o fanatismo. Parece um paradoxo? Sim, parece, mas é extremamente necessário.
     Outro exemplo é o vicio as drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar este vicio: ou a prisão, a morte, uma doença, etc.
     A Lei é sempre justa, às vezes somente um tratamento de choque remove um espírito do mau caminho. E são os exús que aplicam o antídoto para os diversos venenos.
     Os Exus estão ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra (dinheiro, disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, Eles atendem aos diversos pedidos materiais dos encarnados.
     Os Exús tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em: sangue, cadáveres, esperma, etc.
     Por isso, seus campos de atuação são: cemitérios, matadouros, prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão, porque frenam (bloqueiam) as investidas dos Kiumbas e espíritos endurecidos que se comprazem nos vícios e na matéria.
     Os kiumbas, seres astutos, conseguem se manifestar como um Exu, num terreiro muito preso às magias negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se manifestarem,  pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores fúteis. Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcoólicas e fumo.
    Chegam a enganar tanto (ou fascinar) que fazem as mulheres que procuram estes "terreiros", pagarem as suas "contas" fazendo sexo com o médium "deles". Ou seja, eles vampirizam o casal, quando o ato sexual se efetua.
     Mas, e os verdadeiros exús deixam?
     É uma pergunta que comumente fazemos, quando estes disparates ocorrem.
     Os exus permitem isso, para darem lição nestes falsos chefes de terreiros ou médiuns. Como foi dito, os métodos dos exus, para fazer com que a Lei se cumpra, são variados.
     Muitas vezes, também, a obsessão é tão grande e profunda que os exus, não podem separar de uma só vez obsedado e obsessor, pois isso causaria a ambos um prejuízo enorme.
     Outras vezes, os exus, deixam que isso aconteça, para criar "armadilhas" contra os kiumbas, que uma vez instalados nos terreiros, são facilmente capturados e assim, após um interrogatório, podem revelar segredos de suas organizações, que logo em seguida, são desmanteladas. Alguns terreiros, depois disso, são também desmantelados pelas ações dos exus, causando doenças que afastam os médiuns, as pessoas, etc.
     Existem algumas coisas com as quais um guia da direita (caboclo, preto-velho e criança) não lida, mas quando se pede a um Exu, ele vai até essa sujeira, entra a tira a pessoa do apuro.
     Se tiver alguém para te assaltar ou te matar, os Exus te ajudam a se livrar de tais problemas, desviando o bandido do seu caminho, da mesma forma a Pombo-Gira, não rouba homem ou traz mulher para  ninguém, são espíritos que conhecem o coração e os sentimentos dos seres humanos e podem ajudar a resolver problemas conjugais e sentimentais.
     Para finalizar, se você vier pedir a um Exú de Lei (de verdade) para prejudicar alguém, pode estar certo que você será o primeiro a levar a execução da Justiça.
     Mas, se você não estiver em um centro sério, e a entidade travestida ou disfarçada de Exú aceitar o seu pedido... Bom, quando esta vida terminar, e você for para o outro lado... Você será apenas cobrado!

DEVEMOS OFERENDAR AOS EXÚS?

     Os exús, como já foi dito, atuam intensamente no submundo astral. Grandes batalhas são travadas entre o bem e o mal. Muita energia é despendida nestas investidas
e os exús, por atuarem assim, acabam gastando enormemente as suas reservas energéticas.
     Depois de vários "dias" trabalhando, eles se recolhem em seus "quartéis" e repõem parte destas energias e aproveitam e estudam, discutem novas táticas, etc.
     Quando fazemos alguma oferenda para os Exús, eles "capturam" as energias dos elementos oferendados, ou a parte etérica e "recarregam as suas baterias".
     Mas, se o exú é um espírito, porque ele precisa de oferendas materiais ?
     Como eles estão ligados ao terra-a-terra e ao sub-mundo astral que é muito denso, os exus precisam retirar dos elementos materiais a energia que gastaram em seus trabalho.
     Quais elementos podemos oferendar ?
     Devemos tomar muito cuidado com o que oferendamos, pois, os elementos mais densos (sangue, carne, cadáveres, ossos), são atratores de espíritos endurecidos, que sentem necessidade de elementos materiais. Portanto, é melhor manipular elementos sutis nas oferendas (frutas, incensos, ervas, etc.)
     Posso então oferecer um animal sacrificado para um exú?
     Pensemos bem, um animal inocente, tem que pagar, com a vida para que possamos reabilitar a nossa ligação com um exú?
     Creio que não devemos destruir uma vida por isso. Para harmonizar algo devemos desarmonizar outro?  Não há muita lógica nisso.
     O sangue, por ter um alto teor energético, com certeza restauraria rapidamente as "baterias" de um exu.
     Mas, além deste aspecto pouco prático que é o sacrifício de um pobre animal, devemos considerar mais duas coisas:

1. Os inimigos da Umbanda, sempre se apegam a este tipo de oferenda para dizer que é uma religião demoníaca. Quando uma pessoa passa em frente a um despacho numa encuzilhada, aquela cena causa-lhe desagradáveis sensações e os seus pensamentos negativos vão se juntar à egrégora negativa já criada com um despacho.
2. Oferendas com sangue ou carne, atraem muitos kiumbas, às vezes, impedindo que o próprio exú se aproxime, portanto, estaremos alimentando os vícios destes espíritos.

     Resumindo, é melhor não utilizar e manipular este tipo de elemento em oferendas, ebós, sacudimentos, etc., pois os resultados podem ser negativos e prejudiciais.
     Além disso, a verdadeira oferenda tem a principal função de reenergizar ou sublimar o próprio médium. Então, o melhor é oferendar elementos não densos, tais como frutas, ervas, velas, incensos, etc.
     Lembremos ainda que a UMBANDA não aceita o sacrifício de animais.


AS POMBO-GIRAS

     O termo Pombo-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que significa em Nagô, Exú.
     A origem do termo Pombo-Gira, também é encontrada na história.
     No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e foi uma ordem formada em sua maioria por mulheres, daí a associação.
     Se Exú já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pombo-Gira? Dizem que Pombo-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pombo-Gira é mulher de Sete Exú .As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.
     Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade, dos Sete Exús Chefes de Legião, apenas um Exú é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pombo-gira é mulher de Sete Exús e, por isso, prostituta.
     É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas, em alguma encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que as pombo-giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem.
     A função das pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as destruições.
     A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que destroem o homem: a volúpia. Este vicio é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem neste campo emocional.
       As pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer exú, executoras da Lei e do Karma.
     Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão a ele "overdoses" de sexo, para esgotá-lo de uma vez por todas.
     Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para "descarregar" o ambiente deste tipo de energia negativa.
     São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.
     Devemos conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do lado da Lei e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como bichos-papões.
     Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma conversa franca, honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles.

Agora, eu te pergunto:  o que você sente ao ser incorporado pelo teu Exú?

       Pense e depois me diga, se o que você sente não é uma poderosa força neutra que te retesa o corpo e as mãos.  Você não sente ódio, rancor, maldade, perversidade, desejo de vingança, enfim, nada da caracterização de um ser monstruoso que alguns pensam ser nossos irmãos Exus.  Não se esqueça que Exú muitas vezes é chamado de "Compadre", ou seja, aquele em quem você confia tanto, a ponto de dar seu filho para batizar.
     Observe que, comportamentos negativos como a agressividade e sensualidade exageradas demonstradas em determinadas incorporações podem ser derivadas do próprio médium. Se forem, o médium deve buscar conhecer e resolver o próprio problema.

EXÚS SÃO DEMÔNIOS?

     Pelo contrário... Os Exús, são os Senhores Agentes da Justiça Kármica, são quem guardam a cada um de nós e ao terreiro como um todo (Quem você acha quem são os vigilantes tão mencionados nos livros de Chico Xavier/ André Luiz?).
     Estão acima dos princípios do bem e do mal. Tem-se que entender que "demônio" vem do grego "demo". Termo utilizado por Sócrates para definir "espírito" e "alma". Por sua vez, em função dos valores "do bem e do mal", pelo fato de vivermos no mundo da forma, precisou-se estereotipar este "mal". Na realidade, "os demônios" estão dentro de cada um.
     Com relação aos espetáculos, que certas religiões mostram na televisão, com incorporação de "Exus" que dizem querer destruir a vida dos encarnados; podem até ocorrer manifestações mediúnicas, mas com certeza não são os Verdadeiros Exus da Umbanda que conhecemos. E sim os obsessores, vampirizadores e Kiumbas que usando o nome dos Exus, que os combatem, tentam marginalizá-los e difamá-los junto ao povo, que em geral não tem acesso a uma informação completa sobre a natureza dos nossos irmãos Exús.
     Outro fato muitíssimo importante, que ocorre em centros não sérios, é a manifestação de uma kiumba passando-se por uma Pombo-gira. Deve-se tomar muito cuidado, pois certamente ela estará apenas vampirizando as emanações sensuais do médium, podendo prejudicá-lo seriamente.
     Vale lembrar que às vezes, um consulente pode ficar fascinado ou encantado com uma Pombo-gira. O que fazer então?
     "Orai e vigiai" é o lema de todo médium. Devemos estar atentos não com os vícios alheios, mas com os nossos. Devemos direcionar as energias desequilibrantes e  transformá-las em energias salutares,  em ações benéficas.
     Resumindo, EXÚ NÃO É O DIABO!!!

Basicamente existem três correntes de pensamento, que tentam explicar o nascedouro do vocábulo "Exú".

1. A primeira corrente afirma que a palavra Exú seria uma corruptela ou distorção dos nomes Esseiá/Essuiá, significando lado oposto ou outro lado da margem, nomenclatura dada a espíritos desgarrados que foram arrebanhados para a Lemúria, continente que teria existido no planeta Terra.
2. A Segunda corrente assevera que o nome Exú seria uma variante do termo Yrshu, nome do filho mais moço do imperador Ugra, na Índia antiga. Yrshu, aspirando ao poder, rebelou-se contra os ensinamentos e preceitos preconizados pelos Magos Brancos do império. Foi totalmente dominado e banido com seus seguidores do território indiano. Daí adveio a relação Yrshu / Exú, como sinônimo de povo banido, expatriado. Saliente-se que entre os hebreus encontramos o termo Exud, originário do sânscrito,
significando também povo banido.
3. A terceira corrente afirma que o nome Exú é de origem africana e quer dizer Esfera.

     Ainda hoje, apesar dos esforços direcionados a um maior estudo no meio umbandista, os Exús são tidos, pelos que não conhecem suas origens e atribuições, como a personificação individualizada do mal, o diabo incorporado. Tal imagem é fruto de más interpretações dadas por pessoas que, não tendo a devida cautela em avaliar fatos e objetos de culto, passaram a conferir aos Exús o título de mensageiros das trevas.
     Esta imagem pejorativa de Exú-Orixá foi erroneamente absorvida e difundida por alguns umbandistas, sobretudo aqueles que tiveram passagem por cultos africanistas, o que fez com que uma gama de espíritos de certa evolução que vieram à Umbanda desempenhar funções mais terra-a-terra, fossem equiparados a falangeiros do mal, sendo até hoje os Exus simbolizados por figuras grotescas,  com chifres, rabos, pés de bode, tridentes, sendo tal imagem do mal pertinente a outros segmentos religiosos.
       Em realidade os Exus constituem-se em uma notável falange de abnegados espíritos combatentes de nossa Umbanda. São hierarquicamente organizados e realizam tarefas atinentes à sua faixa vibratória. São os elementos de execução e auxiliares dos Orixás, Guias e Protetores, tendo, entre outras tarefas, a de serem as sentinelas das casas de Umbanda, de policiarem o baixo astral e anularem trabalhos de baixa magia. Ao contrário do que pensam alguns, têm noção exata de Bem e Mal. São justos, ajudando a cada um segundo ordens superiores e merecimento daquele que pede auxílio.
     São os Exús que freiam as ações malévolas dos obsessores que atormentam os humanos no dia-a-dia. São os vigilantes ostensivos, a tropa de choque que está alerta contra os Kiumbas,  prendendo-os  e encaminhando-os à Colônias de Regeneração ou Prisões Astrais.
     Em algumas ocasiões baixam em templos de Umbanda, ou mesmo em templos de outras religiões, espíritos que tumultuam o ambiente, promovendo espetáculos circenses, galhofas, e se comportando de maneira deselegante para com os presentes, xingando-os e proferindo palavras de baixo calão. Comportamento como estes não devem ser imputados aos Exus, e sim aos Kiumbas, espíritos moralmente atrofiados e que ainda não compreenderam a imutável Lei de Evolução, apegados que estão aos vícios, desejos e sentimentos humanos.
    Os Kiumbas, para penetrarem nos terreiros, fingem ser Caboclos, Pretos-Velhos, Exus, Crianças etc., cabendo ao Guia-chefe da Casa estar sempre vigilante ante a determinadas condutas, como palavrões, exibições bizarras, ameaças etc.
     Um outro aspecto importante que merece ser suscitado diz respeito a alguns "médiuns" infiltrados no movimento umbandista. Despidos das qualidades nobres que o ser humano necessita buscar para seu progresso espiritual, contaminam e desarmonizam os locais de trabalhos espirituais. Tentam impressionar os menos esclarecidos com gracejos, malabarismos, convites imorais, encharcados de aguardente.
     "Desincorporados", atribuem aos Exús e Pombo-giras tais comportamentos.
     Fatos como estes são afetos a pessoas sem escrúpulos, moral ou ética, pessoas perniciosas que aproveitam a imagem distorcida de Exu para exteriorizarem o seu verdadeiro "eu". Estes "médiuns", não raras vezes, acabando caindo no ridículo, ficam desacreditados, dando margem, segundo a Lei de Afinidades, a aproximação e posterior tormento por parte dos obsessores.
     Os Exus são espíritos que, como nós, buscam a evolução, a elevação, empenhando-se o mais que podem para aplicarem as diretrizes traçadas pelo Mestre Jesus. É bem verdade que em seu estágio inicial os Exus ainda têm um comportamento às vezes instável, cabendo aos verdadeiros umbandistas o dever de não deixar que se desvirtuem de seu avanço espiritual.
     Alguns maus-Umbandistas, que se não agem por má-fé, o fazem por falta de vontade de estudar a respeito, difundem esta visão negativa de Exú, fazendo com que os iniciantes no culto fiquem  temerosos quando um Exu se manifesta.
     Estes elementos prestam um desserviço à religião, promovendo o terror, a obscuridade, o conflito, a confusão. Diminuem os Exús à condição de espíritos interesseiros, astutos e cruéis, que são maus para uns e bons para outros, dependendo dos agrados ou presentes que recebam; de moral duvidosa, fumando os melhores charutos e bebendo os melhores uísques.
     A que ponto pode chegar a ignorância humana em visualizar estes seres espirituais como meros negociantes ilícitos, fazendo dos terreiros balcão de negócios, em total dissonância com o bom senso e a Lei Suprema.
     "Lamentável!!! Profundamente lamentável!!!"
      Esta é uma das expressões que mais passam pela mente dos verdadeiros e estudiosos umbandistas ao percorrerem alguns terreiros e verificar quão distorcido é o conceito sobre a figura dos Exús. Espíritos mal compreendidos, mas que, apesar disto, continuam a contribuir eficazmente para os trabalhos de Umbanda, como humildes trabalhadores espirituais, que não medem esforços para minorar o sofrimento humano.

CARACTERÍSTICAS:

Cor:
Preto e Vermelho.

Fio de Contas:
Preto e Vermelho.

Ervas:

Pimenta, capim tiririca, urtiga. Arruda, salsa, hortelã.

Símbolo:
Bastão - agô, Tridente.

Pontos da Natureza:
Encruzilhadas e passagens.

Flores:
Cravos Vermelhos.

Pedras:
Granada, Rubi, Turmalina Negra, Onix.

Metal:
Ferro.

Saúde:
Dores de cabeça relacionadas a problemas de fígado.

Planeta:
Mercúrio.

Dia da Semana:
Segunda-feira.

Elemento:
Fogo.

Chakra:
Básico, Sacro.

Saudação:
Laroiê Exú, Exú ê, Exú Amojibá.

Bebida:
Cachaça.

Animais:
Gato, Galinha Preta.

Comidas:
Padê.

Data Comemorativa:
13 de Junho.

Sincretismo:
Santo Antônio.

Incompatibilidades.
Leite, Comidas Brancas e Sal.

ATRIBUIÇÕES:

     Vigia as passagens, abre e fecha os caminhos.Por isso ajuda a resolver problemas da vida fora de casa e a encontrar caminhos para progredir, além de proteger contra perigos e inimigos.

    Saravá Exú, Saravá as Pombos Giras.

    Não poderia deixar de homenagear meus compadres trabalhadores que a cada dia de nossa Gira, fecha nossa tronqueira nos dando assim a segurança para cada trabalho.

Salve Senhor Tranca Ruas, Senhor João Caveira, Senhor Mulambo, Senhor 7 Catacumbas, Senhor 7 Tronqueiras, Senhor 7 Covas.

Também as Pombo Giras Maria Padilha, Maria Mulambo e Pombo Gira Cigana.

    Agradeço também Senhor Zé Pilintra, Senhor Malandro Navalha e todos os Malandros e Malandras que chegam em nossas Giras, pois mesmo sendo da linha dos Baianos sempre nos dão a honra de sua presença junto aos Exús.

Laroiê Exú, Exú ê, Exú Amojibá.

Emôcibáu as Pombo Giras, Pombo Gira Amojibá.

Saravá Os Malandros e Malandras, Saravá Seu Zé Pilintra.

Carlos de Ogum.



 


terça-feira, 4 de junho de 2013 5 comentários

Quem Sou Eu?

Fuga para alguns, coragem para outros;
Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e senzalas;
O cântico que chama ao convívio com seres de outros planos;
A senzala do preto-velho, a cerimônia do Pajé, a encruzilhada do Exu, o jardim da Ibejada, o nirvana do Hindu, o céu dos Orixás;
O cachimbo dos pretos velhos, o charuto dos caboclos, o cigarro da pomba gira, o doce dos ibeijis.

Sou o fluido que se desprende das mãos dos médiuns levando saúde e paz;
Sou o templo dos sinceros;
Determinada e forte. E a minha força, esta no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade;
Minha força esta nas entidades que me utilizam para seu aprimoramento;
Está na água, na terra, no fogo e no ar... na pemba, na pólvora, no ponto riscado;
Está na tua fé, que é o elemento mais importante de minha alquimia. A minha força esta em ti, em seu interior, onde liga-te ao criador.

Quem sou eu???

Sou humilde mas cresço quando combatida!
Sou a prece, sou a magia, sou a cultura;
Sou a cura.

Sou de ti, sou de Deus.

EU SOU A UMBANDA!!!


Enviada ao nosso Blog pela amiga Talita Sousa.
 
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