quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018 69 comentários

Senhor Tranca Ruas e Dona Maria Padilha


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Em uma noite serena,
vi duas luzes passar,
senti uma proteção plena,
como uma energia a me abençoar.

De um lado um homem poderoso,
de outro uma linda mulher a gargalhar,
ele forte mas generoso,
e ela encantadora em seu dançar.

Senhor Tranca Ruas e Dona Maria Padilha,
vieram aqui me estender as mãos,
e assim nunca cairei nas armadilhas,
desses obsessores que se disfarçam de irmãos.

A luz desse Exú e dessa Pombo Gira,
brilham junto com nosso Pai Oxalá,
retirem do meu caminho a inveja e a mentira,
iluminando e protegendo sempre nosso Gongá.

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    Quando falamos em Umbanda e Gira de Exús, logo vem em nossas mentes duas Entidades extremamente conhecidas, duas forças da esquerda, dois caridosos mensageiros de Deus, duas divindades de luz máxima, e essas divindades são o Exú Senhor Tranca Ruas, e a Pombo Gira Dona Maria Padilha.

    Essas Entidades de Luz são extremamente respeitadas em terreiros, centros, casas, templos de Umbanda, não só pelo carinho que muitos consulentes tem por eles mas também por tudo que eles representam para nossa religião umbandista.

    Senhor Tranca Ruas, assim como Dona Maria Padilha, são chefes de Falange, e sendo assim diversos Exús e Pombos Giras, que trabalham nessas Falanges chefiadas por eles, levam o mesmo nome do chefe geral da falange, sendo assim poderemos encontrar diversos Exús com o nome de Tranca Ruas, assim como diversas Pombos Giras com nome de Maria Padilha, sendo diferenciados apenas pela linha, irradiação, ou função de atuação.

    Para esclarecermos isso, vamos imaginar que estamos em um terreiro, e nesse terreiro se encontram dois médiuns desenvolvidos mediunicamente, estando os dois preparados para trabalho de incorporação, imaginemos que estamos em uma Gira de Exú, e os dois médiuns estão incorporados com uma Entidade de Luz cujo nome é Tranca Ruas, nesse exemplo vamos prestar atenção em detalhes, como por exemplo o ponto riscado deles, ou mesmo poderemos pedir que falem o nome e a função de atuação, nesse caso observaremos que um poderá dizer por exemplo, Tranca Ruas das Almas, e o outro Tranca Ruas da Encruzilhada. E ai certamente já entendemos a diferença, pois um atua com as forças das Almas e o outro com as forças da Encruza. E da mesma maneira a Pombo Gira Maria Padilha, que não há nada de errado em ter duas ou mais médiuns trabalhando com essa divindade em um mesmo terreiro, na mesma hora.

    Por esse exemplo acima já entendemos a grande paixão de assistentes e consulentes a essas duas Entidades de Luz, pois por muitas vezes consulentes adentram em terreiros já em busca de falar com essas duas Entidades.

    Porém muitas informações erradas são difundidas, não só por pessoas preconceituosas, normalmente de outras religiões e dogmas, mas também por próprios umbandistas mal informados, sem a menor noção de conhecimento de que se refere o trabalho, o amor e a caridade dessas duas Entidades de Luz.


    Muito fácil encontrarmos em terreiros sem nenhum entendimento sobre a religião Umbanda, Zeladores e filhos de santo, se dizendo estar incorporados com Senhor Tranca Ruas e a Pombo Gira Maria Padilha, dando consulta a pessoas muito mais desavisadas ainda, falando sobre magias inexistentes, amarrações, oferendas sem nexo, despachos enormes sem sentido, e muito pior que tudo isso, usando bebidas alcoólicas sem nenhuma necessidade, fumando grandes quantidades de cigarros, cigarrilhas, charutos, enfim, tudo em um grau de extremo, que não conduz com a realidade da Entidade.

    Muitas pessoas associam a bebida, o fumo, as drogas, a promiscuidade, a vingança, a escuridão a essas Entidades tão caridosas, esquecendo que elas vem com a permissão de Deus, e jamais iriam entrar em fatos tão desagradáveis assim.

    Senhor Tranca Ruas, sendo chefe de falange, assim como Dona Maria Padilha, coordena uma legião de Exús e Pombo Giras, que trabalham em prol da caridade, resgatando espíritos perdidos ou encaminhados por obsessores que levam esses espíritos para serem escravizados nas trevas.

    Agora vamos parar um instante para refletirmos. Imaginemos o trabalho intenso que essas belas Entidades de luz tem demonstrado, a garra e a luta contra obsessores de todos os tipos e forças, o tipo de ajuda dada por esses guerreiros de Deus, imaginemos tudo isso feito em uma intensidade extrema, apenas para salvar espíritos que se deixaram serem levados por Kiumbas, Eguns e Zombeteiros, através de maus pensamentos, sentimentos ruins, vícios extremos, falta de honestidade, promiscuidade, enfim, tudo de mais sórdido que um ser humano mal informado, sem fé, e sem amor pode expressar durante sua encarnação.

    E essas divindades lutam para salvar esses espíritos das garras das trevas, levando-os de encontro a luz divina de Deus, fazendo esse trabalho com maestria, com dedicação, com caridade. E infelizmente muitos umbandistas ou não, desconhecem a verdadeira essência dessas Entidades, pois limitam a os colocarem como feiticeiros, trabalhadores de magias, que estão em terreiros apenas para gargalhar, beber, fumar, fazer amarrações amorosas, fazer mal a um semelhante, enfim, uma falta de informação grandiosa, fazendo assim que lendas sejam criadas em volta do nome dessas Entidades de Luz, e pior ainda, fazendo médiuns acreditarem que essas lendas sádicas são reais, e assim trazendo Zombeteiros na coroa desses médiuns despreparados, que se passam por Entidades de Luz. Quando isso acontece vemos em terreiros, centros, casas de Umbanda, médiuns mistificando, inventando trabalhos em encruzas, cemitérios, despachos enormes, oferendas exorbitantes, sem o menor sentido., sem a menor noção e sem o menor nexo, fazendo com que essas oferendas só sirvam para energizar Kiumbas, Eguns e Zombeteiros, e se utilizando do nome das Entidades Tranca Ruas e Maria Padilha, assim como é feito com tantas outras Entidades de Luz.

    Então devemos ter em mente que todos os Exús e todas as Pombos Giras trabalham para o bem, pela paz, pela justiça, pelo amor e pela caridade, e jamais devemos ficar levando pedidos que só se referem a nossos pensamentos sórdidos, nossas vontades orgulhosas, nossos dissabores, nossa falta de compreensão, nossas ganâncias, nossas invejas, nossa arrogância, enfim todo e qualquer sentimento ruim e nossas vontades que vão em desencontro com o livre arbítrio de nossos semelhantes.

    Devemos respeitar extremamente todas as Entidades de Luz, e isso não se faz diferente com o Mestre Tranca Ruas e nem com a bela Maria Padilha, que são Entidades maravilhosas, de muita luz e de muita força, mas só fazem o bem.

    Fora isso é só mistificação, hipocrisia, falsidade de Zeladores, e médiuns não preparados e dominados por espíritos sem luz.

    Frisando mais sobre Senhor Tranca Ruas e Dona Maria Padilha, recomendo lerem também os textos que descrevo os links abaixo:




    Laroiê Exú Tranca Ruas!

    Laroiê Pombo Gira Maria Padilha!

    Senhor Tranca Ruas e Dona Maria Padilha são Mojubá!

Carlos de Ogum

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018 103 comentários

A História da Pombo Gira Maria Quitéria

                          

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Eu tenho nome tão lindo,
mas eu só uso em tempo de guerra.
Quer saber o meu nome?
Eu sou Maria,
mas não vão se confundir por aí,
porque eu sou Maria,
Maria Quitéria

 Fui convidado para um baile na calunga,
mas quando eu cheguei lá,
quem comandava era Maria Quitéria.

Quando eu bato palmas,
Saravá a encruzilhada,
Saravá Exú mulher,
quando eu bato palmas,
Saravá Maria Quitéria,
Rainha da madrugada.
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    A Pombo Gira Maria Quitéria é uma das mais conhecidas no reino
umbandista. Com seu jeito peculiar, forte, batalhadora, guerreira, ela
chama atenção por onde passa, deixando sempre saudades quando parte.

    Maria Quitéria trabalha na mesma banda ou legião da Pombo Gira
Maria Padilha, e é normal uma médium bem preparada em seu
desenvolvimento mediúnico, que tenha dona Maria Padilha na Coroa, ter
também a bela senhora Maria Quitéria.

    Dona Maria Quitéria, como já falamos acima é uma Entidade muito
forte, e sendo assim ela comanda uma enorme falange de mulheres, entre
tantas se destaca a Pombo Gira Maria Navalhada, que é sua subordinada.
Maria Quitéria em terreiros bem firmes, sem mistificação e com médium
preparado é acompanhada por sete Exús, Exús esses que formam uma
legião de trabalho e proteção onde dona Maria Quitéria for e estiver.

    Essa bela Entidade se apresenta sempre sem rodeios quando bem
incorporada, porém se notar que seu médium não esteja tão preparado,
ela simplesmente se vai, por não aceitar que seu trabalho seja
prejudicado.

    A história dessa linda Pombo Gira teve início na cidade de Lisboa
em Portugal, nos meados do século XIX, quando nascia uma bela menina
de olhos negros e penetrantes na casa de uma família economicamente
abastada.

    Seu nascimento fora uma festa para a família, pois sua mãe, uma
jovem portuguesa, após alguns anos de matrimônio com um militar
brasileiro, não conseguia realizar seu grande sonho, que era ter um
filho de seu amado. Após as esperanças se findarem, veio a grande
surpresa, uma gravidez, gravidez essa que foi a grande felicidade de
todos.

    E então chegou o tão esperado dia, o nascimento da criança que já
era tão amada e aguardada.

    O primeiro choro emocionou a todos, a jovem portuguesa, em
lágrimas, abraça o esposo e mostra a bela menina de pele não muito
clara.

    Uma pequena princesa, que teve como nome a tradicional Maria, para
seguir a tradição familiar, e o composto de Quitéria, pois a mãe da
menina era muito devota e extremamente agradecida a Santa Quitéria.

    E sete anos se passaram, a menina Maria Quitéria era muito esperta
e falante, e assim criava muitas amizades com todos da região.

    Nessa época o rei de Portugal estipulou uma lei na qual eram
tomadas a coroa terras que mesmo produtivas viraram propriedades do
poder, deixando os trabalhadores rurais sem ter onde morar e o que
comer. E assim foi nascendo grandes revoluções e invasões em torno da
região.

    Em uma dessas invasões alguns malfeitores se entraram em meio dos
trabalhadores rurais, e assim aproveitando a confusão, assaltavam as
casas das pessoas que residiam na cidade, e faziam isso com extrema
covardia, chegando a assassinar moradores inocentes.

    E uma dessas casas foi a da pequena Maria Quitéria, que ao ver a
invasão na casa de seus pais ficou desesperada, pois os assassinos já
tinham alcançado os mesmos.

    Uma serviçal da residência ao notar o acontecido pegou a menina
pela mão e saiu escondida pela parte de trás da casa, indo se esconder
por entre as árvores que ficavam em um pomar.

    Ficaram ali por horas escondidas, enquanto dentro da residência
os malfeitores roubavam tudo, agrediam os pais de Maria Quitéria e os
serviçais.

    Diante de uma fúria incontrolável esses larápios atacaram a todos
que ali estavam com punhais pontiagudos, assassinando a todos, e sem o
menor arrependimento, os sanguinários atearam fogo por toda a casa
queimando os corpos, até mesmo os que ainda não tinham desencarnado,
sobre os olhos mareados de lágrimas da pequena Maria Quitéria que
observava tudo.

    Os assassinos saíram apressadamente, e sem olhar para trás
deixaram aquela grande dor no coração da menina.

    Sem ter onde ir, a serviçal levou a menina a um acampamento de
Ciganos, implorando ajuda e explicando o que havia acontecido. Pedia
ela que os Ciganos tomassem conta da pequena criança, pois não tinha
condições de ficar com a menina.

    O Povo Cigano tinha na alma a caridade extrema, e acolheram a
menina como se fosse uma deles. E ali ela ficou por dez anos, viajando
de cidade a cidade em Portugal como uma verdadeira nômade, até que por
questões do rei, começaram perseguições implacáveis sobre os Povos
Ciganos, fazendo assim com que o grupo no qual se encontrava Maria
Quitéria, partisse para o Brasil.

    E foi assim que Maria Quitéria veio para o Brasil, já uma jovem,
linda, guerreira, sabendo as magias ciganas, caridosa e extremamente
forte.

    E o tempo foi passando, e de cidade em cidade, agora no Brasil,
Maria foi tendo novas experiências, até que um belo dia o chefe do clã
Cigano na qual ela fazia parte decidiu retornar a Portugal, porém a
jovem estava decidida a ficar, e assim houve a despedida dela daquele
tão generoso Povo Cigano que a acolheu com tanto carinho e dedicação.

    Ela então se tornou uma nômade solitária, como uma andarilha
buscava lugares para pernoitar, e assim foi conhecendo muitas pessoas
e tendo novas experiências. Entre essas pessoas ela passou por meio de
grandes fazendeiros, de prostitutas, de malandros, pessoas do bem e do
mal, e a todos elas buscava demonstrar palavras de auxilio, de luz,
de caridade. Auxiliou diversas pessoas com que aprendera com os
Ciganos, trouxe paz aos desesperados, comida aos famintos, água aos
sedentos, luz aos que se encontravam na escuridão.


    Por viver nas ruas ela aprendeu se defender e defender seus
semelhantes, e tinha nessa colocação a sua dádiva de vida.

    E em um fato assim Maria Quitéria teve seu desencarne já com seus
trinta anos, pois em uma das suas andanças pelas noites e sem destino,
encontrou uma jovem prostituta desesperada a correr, e chorando muito,
e vendo esse fato logo se pôs a tentar ajudá-la.

    A jovem esclarece que está sendo perseguida por covardes homens na
qual ela não aceitou ceder a proposta que lhe fizeram, e com a
negativa eles decidiram matá-la. E nesse momento chega a frente delas
um homem forte e com olhar covarde, gritando que ela deveria o
acompanhar, e a jovem em negativa se esconde atrás de Maria Quitéria,
que toma a frente da situação, tirando de sua saia um punhal afiado. O
homem avança sobre as duas, e nesse momento Maria o ataca acertando o
punhal na barriga, fazendo um grande e profundo corte. Ele cai, e as
duas correm pela escuridão.

    Nesse momento chega até o homem os outros que também estavam
perseguindo a jovem prostituta, e ao vê-lo ao chão ferido e
desacordado, ficam sem entender o acontecido. Acreditando que o homem
ferido estava morto, um dos perseguidores se joga de joelhos ao chão,
e em um grito de desespero e dor grita a frase: "Meu irmão, quem fez
isso com você?"

    Nesse momento Maria Quitéria vê o desespero do rapaz e diz a
jovem para fugir, pois ela iria retornar para auxiliar o ferido e
assim acalmar o coração de seu irmão.

    E assim foi feito, ela retornou, e chegando junto ao homem ferido
e seu irmão, ela diz:

    "Meu rapaz, tome esse frasco com essa poção Cigana, dê um bom gole
a boca de seu irmão, e depois jogue o restante no ferimento."

    O rapaz seguindo as orientações da mulher, fez o que devia fazer,
enquanto ela sumia na escuridão, sem ser notada, pois todos estavam
apáticos ao verem a reação do homem, e da ferida que fechava e
cicatrizava na frente dos olhos de todos.

    E assim se passaram sete dias, o homem que antes ferido já andava
normalmente pelas vielas da cidade, e andava não a esmo, pois em seus
olhos brilhavam o sentimento de vingança.

    Em certo ponto de uma viela escura, ele vê Maria Quitéria
dormindo ao relento, e se aproximando como uma serpente, decide se
vingar estocando um punhal no coração da mulher que dormia indefesa.

    E assim Maria Quitéria desencarna, e em seu redor e diante dos
olhos assustados do assassino, espíritos obsessores tentavam levar o
espírito de Quitéria para a escuridão, pois viam nela uma grande
força. Porém diante desse fato foram surgindo espíritos de luz, uma
legião de sete Exús, que vieram resgatar Maria e levarem ela para o
lugar das divindades de luz, para que pudesse, com a benção de Oxalá,
se tornar uma Entidade de Luz lutadora em prol da caridade e guerreira
contra a escuridão da maldade.

    Os Exús pegaram Maria Quitéria pela mão, dando-lhe o caminho a
seguir, e ela sorridente se foi formando um lindo caminho de luz
brilhante.

    Sem quase acreditar o assassino se põe de joelhos, sem perceber
que os espíritos sem luz que antes tentavam desviar o caminho do
espírito de Maria Quitéria, colocavam-se em volta dele, sugando suas
energias, até o ponto de seu desencarne, e assim o levaram para o
reino da escuridão, como mais um escravo.

    Hoje Maria Quitéria trabalha nos terreiros de Umbanda, sua linha é
a das Pombo Giras, e ela tem um jeito muito peculiar de falar,
parecendo um tanto radical, e bastante brava, assim como demonstrava
nas ruas e vielas que vivia, não como demonstração de prepotência,
mas sim pela sobrevivência.


    Saravá as Pombos Giras !

    Laroiê Dona Maria Quitéria !


Carlos de Ogum.
                            
sábado, 10 de fevereiro de 2018 62 comentários

A Homossexualidade na visão da Umbanda




    Antes de começarmos esse texto gostaríamos de frisar que o tema que falaremos hoje, não tem nenhuma ligação com a visão social ou com a opinião pessoal de um ou de outro. Esse texto é uma visão espiritual umbandista, ou seja, o que é ensinado ou demonstrado dentro do dogma descrito. Estamos frisando isso, pois não desejamos ser taxados como incoerentes, preconceituosos, radicais, ou mesmo que não nos importamos com o que é feito ou dito, dentro e fora do terreiro pelos filhos de nossa casa ou mesmo por consulentes assíduos.

    Devemos entender primeiramente que esse fato não se limita apenas como a explicação obtida em dicionários, ou seja:

"Significado de Homossexualismo: Substantivo masculino.
Psiquiatria: Refere-se aos que se sentem atraídos (sexualmente e/ou emocionalmente) por pessoas do mesmo sexo. Que pratica relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. “Pessoa que se envolve tanto sexualmente quanto emocionalmente com pessoas do mesmo sexo.”

    Como podemos observar na explicação obtida em alguns dicionários, tudo se limita aos relacionamentos e relações sexuais com alguém do mesmo sexo, porém isso só é visto a grosso modo, pois dentro da Umbanda se deve olhar mais profundamente caso a caso.

    Na mente do ser humano, quando se fala de homossexualidade, nasce à imagem apenas de uma relação sexual, inclusive na mente do próprio homossexual, e assim se cria o preconceito, a intolerância, a promiscuidade, enfim, sentimentos e vícios que sempre vão atrasar a evolução espiritual.

    Outra coisa que devemos entender é que nos tempos modernos temos dois tipos de homossexualidade:

A que é estabelecida pela "moda atual", ou seja, muitas pessoas se dizem homossexuais apenas para fazer parte de um grupo. Talvez acreditem que possam ser, porém é mais para atacar a sociedade hipócrita do que realmente ter uma alma feminina em corpo masculino ou vice-versa. Porém não falaremos desse grupo, pois como sabemos isso é livre arbítrio, e a Umbanda respeita o livre arbítrio de todos.

A homossexualidade de alma, ou seja, a pessoa nasce realmente em um corpo masculino e com a alma feminina ou vice-versa, e é sobre esse grupo que falaremos.

    Para a Umbanda essa questão vai muito além da relação sexual, a questão envolve afetividade, relação de atração, relação de amor a outra pessoa na qual dedicamos carinho verdadeiro, construir uma vida.

    Devemos pensar antes de tudo que o espírito não tem gênero, pois não são criados por Deus como masculino ou feminino, e será que em nossas inúmeras reencarnações sempre vestimos a roupagem de um só gênero?

    Certamente tivemos e teremos ainda diversas reencarnações, e reencarnaremos em diversas roupagens materiais, sendo algumas vezes essas roupagens sendo masculina e em outras vezes feminina; entretanto temos a maior tendência em reencarnarmos em determinada roupagem.

    Porém devemos entender que estamos aqui para evoluirmos, e essa evolução deve ser feita de acordo com a vontade e os ensinamentos de Deus, nosso Pai Maior, e devemos aceitar sem revelias o que está em nosso destino de crescimento espiritual.

    A Umbanda nos ensina que muitos casos de homossexualidade verdadeira, ou desencarnamos em uma roupagem masculina e reencarnamos em um tempo considerado curto, em uma roupagem feminina, ou vice-versa, que esse tempo foi tão curto que o espírito não entendeu os novos hábitos, mesmo estando em um corpo contrário do referente ao espírito, ou que viemos reencarnando por séculos e séculos em uma mesma roupagem, e devemos passar por outra para podermos evoluir e dar continuidade ao trabalho dessa evolução, para aprendermos algum tipo de lição que ainda nos resta, como o aceite aquele corpo tão diferenciado do espírito que estamos acostumados a demonstrar.

    Em casos assim devemos refletir da seguinte maneira, se Deus nosso Pai Maior, nos deu a missão de seguirmos a caminhada evolutiva em um corpo diferente daquele que nosso espírito possa estar ligado, talvez estejamos indo contra a Deus e suas lições quando por falta de informações, transformamos nosso corpo de acordo com a roupagem que nosso espírito estivesse acostumado em reencarnações passadas, pois certamente necessitamos vir de forma diferenciada do costume espiritual para termos novas lições e aceites.

    Vamos dar um exemplo básico do que foi dito acima para ficar mais claro:

    Imaginemos um espírito que por séculos vem com a roupagem feminina, e nesse tempo de encarnação e reencarnações esse espírito é reprimido por espíritos em roupagem masculina em diversas épocas diferentes. Essa repressão faz com que cresça rancores e sentimentos de ódio, e esses sentimentos atrasam a evolução espiritual desse ser. Nesse ponto Deus decide que esse espírito deverá passar por uma reencarnação na roupagem masculina, para entendimento sobre o ser que odeia, e assim buscar a retirada dos sentimentos adversos de reencarnações passadas. E assim é feito conforme a vontade de Deus, uma roupagem masculina, com uma alma acostumada com a forma e hábitos femininos. Porém esse ser não consegue dentro de si aceitar essa missão de evolução, e busca a entrega de transformação da roupagem decidida por Deus a uma roupagem na qual o espírito está acostumado, e ai vem à entrega a homossexualidade, e claro a perda da chance de evolução pretendida por Deus a nós, evolução essa necessária para alcançar mais um patamar no degrau espiritual que nos leva a busca de uma perfeição, com objetivo de chegarmos a Deus e a não reencarnação novamente, pois o grande objetivo dos espíritos é não precisarmos mais reencarnar.

    E ai perguntamos: Isso tudo não seria pecado?

    Não posso dizer nem que sim e nem que não, pois a Umbanda não está ligada a pecados, e sim ligada no livre arbítrio de cada um, ou seja, errado ou não, todos nossos atos e ações serão cobrados ou vão ser bonificados na hora do desencarne de cada um de nós, para a demonstração do quanto tivemos de evolução na reencarnação que está se findando, ou seja, isso não é apenas ligado à homossexualidade e sim a tudo que nosso livre arbítrio possa estar preparado para decidir.

    Portanto a visão da Umbanda é acima de tudo respeitar todos os seres, independente de opção sexual, cor, raça, posição social ou econômica.

    Sendo assim a homossexualidade para a Umbanda é irrelevante, pois o aceite da missão dada por Deus, só pode ser bonificada ou cobrada à própria pessoa que recebeu a missão de evolução, e se essa pessoa por um acaso pedir orientações a qualquer Entidade de Luz da Umbanda sobre esse fato, certamente vai ser mostrado o porquê disso ou daquilo, mas jamais será cobrado ou julgado.

    A Umbanda jamais dirá que um filho ou filha que seja homossexual deverá ser tratado, curado, ou que está "endemoniado", jamais dirá que esse filho ou filha não poderá frequentar seus terreiros, casas, barracões ou templos, pois a Umbanda está de braços abertos a todos.

    A única coisa que a Umbanda e suas Entidades de Luz podem desejar demonstrar a um filho homossexual é que a homossexualidade não pode ser confundida com promiscuidade, e infelizmente muitas e muitas pessoas acreditam que essa ligação é o que rege o gênero, fazendo assim acontecer uma grande falta de respeito com o próprio corpo e certamente com o próprio espírito.

    A Umbanda ama seus filhos acima de tudo, de todos os sentimentos, de todos os atos e ações.

    E por que não amar sendo um desses filhos homossexual?

Sabemos que muitos deles já travam suas próprias batalhas interiores, sabemos também que muitos espíritos aceitam os novos corpos onde farão essa nova jornada terrena, porém outros espíritos não aceitam os corpos que reencarnaram, fazendo assim um conflito emocional enorme.

    Sendo assim, por que qualquer dogma ou religião deveria ver um homossexual com olhos diferenciados a um heterossexual, por exemplo?

    Certamente muitos já tem pensamentos e emoções suficientes para ter com o que se preocupar. E sendo assim será que cabe a nós ou a Umbanda, ou a qualquer religião julgar seus atos ou atitudes?


    Logicamente não!

    E nessa colocação é que a nossa amada Umbanda demonstra que sua visão para a homossexualidade é a mesma do que para a heterossexualidade, para qualquer pessoa, de qualquer raça, qualquer cor, qualquer grau de instrução, qualquer nível social e qualquer nível econômico, ou seja, portas abertas, amor e caridade a todos que buscam a Umbanda, seus Orixás e suas Entidades de Luz.


    Salve a Umbanda!




Carlos de Ogum
 
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