terça-feira, 19 de novembro de 2013

Logum Edé

     Logum Edé à filho de Oxossi e de Oxum. É mulher durante seis
meses, vivendo na água, e nos outros seis meses é homem, vivendo no
mato, propicia a caça e a pesca. Quando em seu aspecto feminino,
veste-se com saia cor-de-rosa, usa uma coroa de metal dourado (não o
Adé das rainhas), um arco e uma flecha. Com seu aspecto masculino usa
capacete de metal dourado, capangas, arco e flecha ou espada. Só se
veste com cores claras. Sempre acompanha na dança Oxum e Oxossi.

     Um Orixá essencialmente Ijexá (da Nigéria). Caçador e pescador.
Sendo filho de Oxossi e Oxum, assume características de ambos. É dito
que ele vive metade do ano nas matas - domínio do pai, comendo caça; e
a outra metade nas águas doces - domínio da mãe, comendo peixe.

     No Brasil tem numerosos adeptos.Logun-Edé, é o ponto de encontro
entre os rios e florestas, as barrancas, beiras de rios, e também o
vapor fino sobre as lagoas, que se espalha nos dias quentes pelas
florestas. Logum Edé representa o encontro de naturezas distintas sem
que ambas percam suas características. É filho de Oxossi Inlé com Oxum
Yeyeponda. Assim, tornou-se o amado, doce e respeitado príncipe das
matas e dos rios, e tudo que alimenta os homens, como as plantas,
peixes e outros animais, sendo considerado então o dono da riqueza e
da beleza masculina.

É considerado o príncipe dos orixás. Tem a astúcia dos caçadores e a
paciência dos pescadores como principais virtudes.

     Dizem os mitos que sendo Oxossi e Oxum extremamente vaidosos, não
puderam viver juntos, pois competiam pelo prestígio e admiração das
pessoas e terminaram separando-se. Ficou combinado entre eles que
Logun-Edé viveria seis meses nas águas dos rios com Oxum e seis meses
nas matas, com seu pai Oxossi. Ambos ensinariam a Logum Edé a natureza
dos seus domínios. Ele seria poderoso e rico, além de belo.

       No entanto, o hábito da espreita aprendido com seu pai, fez com
que, um dia, curioso a respeito da beleza do corpo de sua mãe, de que
tanto se falava nos reinos das águas, Logun-Edé vestindo-se de mulher
fosse espiá-la no banho. Como Oxum estivesse vivendo seu romance com
Xangô, tio de Logum Edé, e Xangô tivesse exigido como condição do
casamento que ela se livrasse de Logum Edé, Oxum aproveitou a
oportunidade para punir Logum Edé com sua transformação num orixá meji
(hermafrodita) e abandoná-lo na beira do rio. Iansã o encontra, e
fascinada pela beleza da criança leva Logum Edé para casa onde,
juntamente com Ogum, passa a criá-lo e educá-lo.

     Com Ogum Logun-Edé aprendeu a arte da guerra e da forja e com
Iansã o amor à liberdade. Diz o mito que Logum Edé tinha tudo, menos
amor das mulheres, pois mesmo Iansã, quando roubada de Ogum por Xangô,
abandona Logum Edé com seu tio, criando assim um profundo antagonismo
entre Xangô e Logum Edé, já que por duas vezes Xangô lhe tira a mãe.

     Logum Edé nunca se casou, devido a seu caráter infantil e
hermafrodita e sua companhia predileta é Ewá, que também vive, como
ele, solitária e no limite de dois mundos diferentes.

     Possui o conhecimento dos elementos da natureza, onde reinam seus
pais, como florestas, matas, rios, cachoeiras, etc. Seu próprio
domínio está situado nas margens de rios, córregos e cursos d'água em
geral, desde que tenham vegetação, ou seja, o encontro dos dois
reinados.
     Na verdade, esse orixá tem livre acesso aos dois reinados,
adquirindo o conhecimento de ambos. Consegue adaptar-se, com
facilidade, aos mais diversos ambientes, agindo e comportando-se de
diferentes formas, dependendo da situação.

     Ele herdou, também, muitas das características de seus pais, como
a habilidade de caçar e conseguir fortuna, o encanto e a beleza, bem
como um grande conhecimento de feitiçaria, como sua mãe. Além desses
atributos, é, também, responsável pela fertilização das terras,
através da irrigação, contribuindo, assim, com a agricultura.
     Esse orixá possui muita riqueza e sabedoria, não admitindo a
imperfeição em suas oferendas e rituais. Tem aparência doce e calma,
mas, quando contrariado, torna-se muito enfurecido.

Uma outra característica de Logum Edé é a de importar-se com o
sofrimento dos outros, distribuindo riquezas e caças para os que não
têm.



Características:

Cor:
Azul Celeste com Amarelo

Fio de Contas:
Contas e Miçangas de Cristal Azul Celeste e Amarelo

Ervas:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Símbolo:
Abebê e Ofá

Pontos da Natureza:
Margens dos rios que ficam na mata.

Flores:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Essências:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Pedras:
Turquesa, Topázio

Metal:
Latão e Ouro

Saúde:
problemas nos órgãos localizados na cabeça, problemas respiratórios

Dia da Semana:
quinta-feira e sábado

Elemento:
Água e Terra

Saudação:
Lossi Lossi Logum Edé

Bebida:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Animais:
cavalo marinho

Comidas:
As mesmas de Oxum e Oxossi

Data Comemorativa:
19 de Abril

Sincretismo:
Santo Expedito

Incompatibilidades:
Cor Vermelha ou Marrom, cabeça de bicho, abacaxi

Atribuições:

     Dá alegria, sorte e beleza; protege os que trabalham com águas.


Lendas de Logum Edé

Logum Edé é salvo das águas:
 
 Oxum proibiu Logum Edé de brincar nas águas fundas, pois os rios
eram traiçoeiros para uma criança de sua idade. Mas Logum Edé era
curioso e vaidoso como os pais. Logum Edé não obedecia à mãe. Um dia
Logum Edé nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona
daquele rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas
querelas, começou a afogar Logum Edé. Oxum ficou desesperada e pediu a
Orumilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse no seu desespero de
mãe. Orumilá que sempre atendia à filha de Oxalá, retirou o príncipe
das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra. Então deu-lhe a
missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas
doces. Alguns dizem que Iansã foi quem retirou Logum Edé da água e
terminou de criá-lo juntamente com Ogum.


Logum Edé - O Orixá da Magia e da Boa Sorte:

     Estava Oxossi o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em
companhia de sua amada esposa Oxum, dona da beleza da riqueza e
portadora dos segredos da maternidade.
     Quando de seu passeio, foi avistado por Oxum um lindo menino que
estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido. Oxum de
pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato
momento uma grande identificação, entre ele, Oxum e Oxossi. Durante
muitos anos Oxum e Oxossi, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Oxum
procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso,
resolveu tê-lo como próprio filho. O tempo foi passando e Oxossi,
vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais,
proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e
empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da fraternidade para
com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e
a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza,
provenientes de um verdadeiro caçador. Oxum por sua vez, ensinou ao
garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a
arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o
mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios. Foi batizado
por sua mãe e por seu pai de Logum Edé, o príncipe das matas e o
caçador sobre as águas. Viveu durante anos sobre a proteção de pai e
mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso,
herdando a riqueza de Oxum e a fartura de Oxossi, adquirindo
princípios de um e de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje
de tudo que seu pai Oxossi carrega e sua mãe Oxum leva. Esse é Logum
Edé.

Logum Edé ganha domínio dado por Olorum: 

     No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da
natureza, não permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse. Guardavam
sua sabedoria como a um tesouro. É nesse contexto que vivia a mãe das
água doces, Oxum, e o grande caçador Oxossi. Esses dois orixás
constantemente discutiam sobre os limites de seus respectivos
reinados, que eram muito próximos. Oxossi ficava extremamente irritado
quando o volume das águas aumentavam e transbordavam de seus
recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta.

     Oxum argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à
irrigação e fertilização da terra, missão que recebera de Olorum.
Oxossi não lhe dava ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com
a inundação. Olorum resolveu intervir nessa guerra, separando
bruscamente esses reinados, para tentar apaziguá-los. A floresta de
Oxossi logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas. A
vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era
mais fértil. Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água
para beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez
mais raras. Oxossi não se desesperou, achando que poderia encontrar
alimento em outro lugar. Oxum, por sua vez, sentia-se muito só, sem a
companhia das plantas e dos animais da floresta, mas também não se
abalava, pois ainda podia contar com a companhia de seus filhos peixes
para confortá-la.

     Oxossi andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia
encontrar caça em lugar algum. Em todos os lugares encontrava o mesmo
cenário desolador. A floresta estava morrendo e ele não podia fazer
nada. Desesperado, foi até Olorum pedir ajuda para salvar seu reinado,
que estava definhando. O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta
d'água estava matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que
fez foi necessário para acabar com a guerra. A única salvação era a
reconciliação. Oxossi, então, colocou seu orgulho de lado e foi
procurar Oxum, propondo a ela uma trégua. Como era de costume, ela não
aceitou a proposta na primeira tentativa. Oxum queria que Oxossi se
desculpasse, reconhecendo suas qualidades. Ele, então, compreendeu que
seus reinos não poderiam sobreviver separados, unindo-se novamente,
com a benção de Olorum.

     Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logum Edé,
que iria consolidar esse "casamento", bem como abrandar os ímpetos de
seus pais. Logum Edé sempre ficou entre os dois, fixando-se nas
margens das águas, onde havia uma vegetação abundante. Sua intervenção
era importante para evitar as cheias, bem como a estiagem prolongada.
Ele procurava manter o equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor
maneira para estabelecer a paz e a fertilidade. Conta uma outra lenda
que as terras e as águas estavam no mesmo nível, não havendo limites
definidos. Logum Edé, que transitava livremente por esses dois
domínios, sempre tropeçava quando passava de um reinado para o outro.
Esses acidentes deixavam Logum Edé muito irritado. Um dia, após ter
ficado seis meses vivendo na água, tentou fazer a transição para o
reinado de seu pai, mas não conseguiu, pois a terra estava muito
escorregadia. Voltou, então, para o fundo do rio, onde começou a cavar
freneticamente, com a intenção de suavizar a passagem da água para a
terra. Com essa escavação, machucou suas mãos, pés e cabeça, mas
conseguiu fazer uma passagem, que tornou mais fácil sua transição.

Logum Edé criou, assim, as margens dos rios e córregos, onde passou a
dominar. Por esse motivo, suas oferendas são bem aceitas nesse local.

Logum Edé Rouba Segredos De Oxalá:

      Logum Edé era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso. Era
um caçador pretensioso e ganancioso, e muitos os bajulavam pela sua
formosura. Um dia Oxalá conheceu Logum Edé e o levou para viver em sua
casa sob sua proteção. Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão.
Mas Logum Edé queria mais, queria muito mais...
     E roubou alguns segredos de Oxalá. Segredos que Oxalá deixara à
mostra, confiando na honestidade de Logum Edé. O caçador guardou seu
furto num embornal a tiracolo, seu adô. Deu as costas a Oxalá e fugiu.
Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador que levara
seus segredos. Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e
muito calmamente sentenciou que toda a vez que Logum Edé usasse um dos
seus segredos todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
     "Que maravilha o milagre de Oxalá!". Toda a vez que usasse seus
segredos alguma arte não roubada ia faltar.
     Oxalá imaginou o caçador sendo castigado e compreendeu que era
pequena a pena imposta. O caçador era presumido e ganancioso,
acostumado a angariar bajulação. Oxalá determinou que Logum Edé fosse
homem num período e no outro depois fosse mulher. Nunca haveria assim
de ser completo. Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça,
e noutro tempo, no rio, comendo peixe. Começar sempre de novo era sua
sina. Mas a sentença era ainda nada para o tamanho do orgulho de Logum
Edé. Para que o castigo durasse a eternidade, Oxalá fez de Logum Edé
um orixá.


Saravá Logum Edé!!!

Lossi Lossi Logum Edé!!!



    "Dentro da Umbanda não se é cultuado rotineiramente o Orixá Logum Edé. Esse pequeno texto tem como finalidade apenas demonstrar e assim fazer de conhecimento de todos mais um Orixá. Que mesmo não sendo da linha cultuada da Umbanda, sempre é interessante esse entendimento."


Carlos de Ogum

11 comentários:

Cris Moço disse...

Lindo post emocionada!!! Axé!!!

Anônimo disse...

Parabéns pelo belo texto. Sempre é bom aprender mais sobre Orixás

Jorge Sampaio

Anônimo disse...

Parabéns Pai Carlos, adorei conhecer esse Orixá.

Cristina Almeida

Anônimo disse...

Sensacional texto, parabens pelo ensinamento.

Claudio Gustavo

Anônimo disse...

Como sempre um belo e magnífico texto de nosso amigo Carlos.

Jessica Rocha

Anônimo disse...

muito bom. Adorei o post. Inteligente e explicativo.

Tatiana Morim

Anônimo disse...

Amo seu blog. Sou fã incondicional.
Eliane de Oxum

Anônimo disse...

Saravá todos os Orixás.

Ana Clara

Anônimo disse...

Sempre achei que tinha algo a ver com Ogum. Vivendo e aprendendo.
Abraços

Anônimo disse...

Logun ede nao trabalha na umbanda por que xango nao deixou. .achava que Logun ede era muito vaidoso e irresponsável. .atrapalhando assim o andamento da missão umbandista na terra..o mesmo aconteceu com ewa e oba..xango proibiu esses orixas de trabalharem na umbanda ..dizem que nem oxumare ele queria..tanto que na umbanda oxumare parece que tem suas forcas anuladas..nao toma coroa nem tem linha de trabalho definida..nao sei se isso é verdade. .sao apenas coisas que escutei em mais velhos n decorrer de minha vida..mas tenho um granse respeito por esses grandioso s orixas...

leo disse...

Maravilhoso texto, que manifesta a divindade, dos nossos orixás,tais divindades com poder divino, com os quais nos abençoa e protege.

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